Educação socioemocional e clima escolar: o impacto da empatia e autogestão na redução do bullying
Jady Isabela Rodrigues Ligor
RESUMO
O presente artigo científico, de natureza dominantemente teórico-bibliográfica, propõe-se a analisar a relevância fundamental da Educação Socioemocional como uma metodologia educacional prioritária e imprescindível para a edificação de um Ambiente Escolar que seja, simultaneamente, positivo, acolhedor e seguro. O estudo fundamenta-se na premissa de que a instituição escolar, em seu mandato constitucional de viabilizar o desenvolvimento pleno do indivíduo – indo além da dimensão puramente cognitiva –, possui a responsabilidade de confrontar e atenuar os complexos desafios contemporâneos que ameaçam a saúde do convívio.
Palavras-chave: Educação socioemocional. Empatia. Bullying.
Desenvolvimento
No atual cenário, a alta incidência de indisciplina, violência e bullying são interpretadas não como meros desvios de conduta, mas sim como evidências inequívocas de uma lacuna crítica no desenvolvimento das habilidades de convivência e autorregulação emocional dos estudantes. Tais ocorrências geram um clima escolar negativo, que não apenas compromete a eficácia do processo de ensino-aprendizagem, mas também acarreta sérios prejuízos ao bem-estar e ao desenvolvimento psicossocial de toda a comunidade educacional.
A investigação buscou analisar metodologicamente de que forma a promoção intencional de duas competências cruciais, exigidas pelo currículo atual – a Empatia e a Autogestão – contribui de maneira direta e substantiva para a melhoria da qualidade do convívio e para a redução da frequência de comportamentos disruptivos no contexto do Ensino Fundamental. A análise demonstra que a Empatia opera como o principal elemento de salvaguarda contra a hostilidade e o preconceito, na medida em que permite ao estudante transcender o egocentrismo, reconhecer o sofrimento do outro e, consequentemente, inibir o ciclo da agressão. Esta habilidade é fomentada ativamente através da implementação de dinâmicas de diálogo, como as Rodas de Conversa para a resolução colaborativa de conflitos, e o uso sistemático de recursos narrativos que estimulam o exercício da perspectiva e da escuta ativa rogeriana.
Em paralelo, a Autogestão revela-se indispensável para o desenvolvimento do controle interno e da responsabilidade individual. Seu trabalho é operacionalizado por meio do ensino do vocabulário das emoções e da aplicação de técnicas de modulação emocional, como exercícios de Respiração Consciente ou a criação de "Cantos da Calma". Essa intervenção pedagógica oferece aos alunos um intervalo reflexivo essencial, permitindo que as funções executivas do cérebro intervenham na reação puramente impulsiva, o que é um passo decisivo para a construção de um comportamento mais maduro e responsável.
Conclui-se, portanto, que o pedagogo assume um papel de catalisador de transformação e mediador da cultura escolar, sendo o responsável por garantir que a Educação Socioemocional seja aplicada com transversalidade em todo o currículo. O esforço de gestão, que inclui a liderança na formação continuada dos docentes, não apenas valida o programa como um valor institucional, mas o consolida como um investimento contínuo na saúde emocional e no sucesso acadêmico dos estudantes, promovendo efetivamente uma cultura de paz permanente.
Conclusão
A análise realizada evidencia que a indisciplina, o bullying e as manifestações de violência observadas no ambiente escolar não são problemas isolados, mas sintomas de uma carência profunda nas competências socioemocionais dos estudantes, especialmente no que se refere à empatia e à autogestão. Quando promovidas de forma intencional, planejada e contínua no cotidiano pedagógico, essas habilidades contribuem de maneira efetiva para a construção de um clima escolar mais respeitoso, acolhedor e equilibrado. O desenvolvimento da empatia favorece a compreensão do outro, inibindo práticas agressivas, enquanto a autogestão oferece aos alunos instrumentos concretos para lidar com suas emoções e impulsos. Assim, o pedagogo destaca-se como figura central no processo de mediação e transformação da cultura escolar, garantindo que as práticas socioemocionais permeiem o currículo e influenciem positivamente as relações entre todos os membros da comunidade educativa. Investir nessa perspectiva é promover não apenas aprendizagem acadêmica, mas a formação integral do sujeito, contribuindo para a construção de uma cultura de paz duradoura.
Referências
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