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Literatura infantil: fanzine, uma ferramenta para releitura dos contos de fadas

Suzana Garcia de Faria

Fernanda Lemos da Rosa

Nathaline Amorim de Oliveira

 

DOI: 10.5281/zenodo.17581540

 

 

INTRODUÇÃO

 

Este trabalho propõe uma reflexão sobre o uso dos fanzines como ferramenta pedagógica voltada ao desenvolvimento da leitura e da escrita literária no Ensino Fundamental. Para fundamentar essa discussão, apresenta-se inicialmente uma análise da literatura infantil sob a perspectiva da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), destacando seus princípios e orientações para a formação do leitor literário.

Conforme a BNCC, a Literatura Infantil pode ser vista como uma porta de entrada para o universo maravilhoso da leitura, só que por vezes a escola apenas direciona ou prioriza a função didática dos textos direcionados à infância. Sendo assim, a orientação é que a escola precisa compreender como a literatura coloca sujeito em contato com os que vieram antes de, além de permitir a criação de laços com os estão ao redor, logo, é nutrição, socialização e humanização, assim, quando bem trabalhada no espaço escolar, revela-se como um verdadeiro tesouro na preparação das crianças para a vida. Nesta perspectiva, este trabalho visa contribuir para a inserção da literatura no ambiente escolar, principalmente, nos anos iniciais e finais, como uma forma de incentivar leitores e escritores. 

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

A literatura infantil ocupa um papel essencial na vida da criança, integrando-se de forma significativa ao seu processo de aprendizagem. Conforme explica Cademartori, esse gênero literário é definido principalmente pelo público a que se destina. Dessa forma, incluem-se como literatura infantil os textos que os adultos consideram apropriados para a leitura infantil, o que evidencia que sua classificação está diretamente relacionada à concepção social de criança e à compreensão cultural do que se entende por infância. Outrossim,

 

Um livro de literatura infantil, portanto, constitui uma forma de comunicação que prevê a faixa etária do possível leitor, atende aos seus interesses e respeita as suas possibilidades. A estrutura e o estilo das linguagens verbais e visuais procuram adequar-se às experiências da criança. Os temas são apresentados de modo a corresponder às expectativas dos pequenos e, ao mesmo tempo, superá-las, mostrando algo novo. A literatura infantil apresenta diversas modalidades de processos verbais e visuais. As melhores obras são aquelas que respeitam seu público, permitindo ao leitor infantil possibilidades amplas de dar sentido ao que lê. (Cademartori)

 

Dessa maneira, delimita-se, para este trabalho, os contos de fadas, que, conforme a redação do site Brasil Paralelo[1], “são histórias populares com origem no folclore oral de tempos remotos.”, além disso, é um gênero textual com narrativas curtas e cheio de fantasias em um mundo belo e onírico já que os personagens que englobam o enredo seres fantásticos tais como:  “fadas, elfos, magos, dragões, gnomos, anões e orcs.” tornando assim, as histórias instigantes. Vale ressaltar outra consideração do Brasil Paralelo que é “uma das suas principais características e propósitos é justamente apresentar os mistérios da vida, da realidade, cuja quantidade é imensurável.”.  

Nessa perspectiva, a BNCC (p.64) orienta que a área de Linguagem tem como finalidade possibilitar aos estudantes que participem de práticas de linguagens diversificadas, para que assim possam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais, linguísticas e também seus conhecimentos sobre essas linguagens.  

Desta forma, compreende-se que trabalhar o gênero textual conto de fadas em conjunto com o gênero fanzine proporcionará ao estudante o desenvolvimento de diversas habilidades e conteúdo, principalmente a leitura e a escrita, uma vez que, o fanzine é capaz de promover a curiosidade e a leveza no ensino. Vale considerar que o aluno necessita de aulas interativas colocando o como centro da aprendizagem e essa prática pedagógica é capaz de alcançar diversos objetivos que possibilita ao aluno seu desenvolvimento pleno.  Para CAMPOS[2],

 

[...] o fanzine pode ser reproduzido e também dar origem a outros fanzines. No caso da escola, o fanzine pode ser uma produção interessantíssima, realizada como criação coletiva de professores e alunos, a partir de um tema de conteúdo escolar. Pode também assumir o papel de um veículo de comunicação entre os diversos segmentos que compõem a escola. Para a área de Língua Portuguesa, visando à produção de textos, o trabalho com fanzines pode trazer inúmeros benefícios. Um deles é o de demonstrar o caráter abrangente, criativo e prático da língua – atributos que nem sempre ficam claros nas aulas expositivas sobre os temas mais comuns da disciplina. O fanzine pode contribuir para formar alunos crítico-criativos, pois põe à prova o fato de que todos podem e devem escrever, e têm o que dizer sobre fatos e situações que os rodeiam.

 

Para tanto, trabalhar com o gênero contos de fadas através de adaptações em fanzines, possibilita ao professor colocar em prática tais orientações. Tendo em vista que os fanzines é uma mídia de produção independente em que os fãs de ficção científica escrevem pequenos textos trazendo ilustrações, histórias em quadrinhos, dentre outros, pode-se considerar esse gênero como uma expressão artística e um recurso para disseminar ideias. 

Cabe ressaltar que Vasconcellos (2023), orienta o professor a tomar alguns cuidados ao se adotar o fanzine como ferramenta de aprendizagem, pois para possibilitar que os alunos se tornem críticos-criativos na produção de seus fanzines, faz-se necessário uma orientação prévia. Sendo assim, o professor precisa explicar sobre a organização dos assuntos e conteúdo a ser abordado, como os objetivos que devem ser alcançados com a produção, o tempo de elaboração e distribuição, além dos recursos materiais e financeiros que serão necessários à produção. Logo, para a autora o papel do professor é o de incentivador, mediador e articulador dos conhecimentos obtidos durante as aulas, a partir das discussões dos temas da disciplina escolhida e a maneira como eles serão abordados no fanzines.

Seguindo essa orientação, é importante considerar que o primeiro passo é pedir aos alunos a leitura dos contos de fadas, podendo escolher entre as oito opções: A Bela Adormecida no Bosque; Chapeuzinho Vermelho; O Barba Azul; O Gato de Botas; As Fadas; Cinderela ou A Gata Borralheira; Henrique do Topete e O Pequeno Polegar. Depois de fazer a escolha do livro, o professor orientará na construção, fazendo leituras de diferentes fanzines para que o estudante entenda a estrutura e o funcionamento do texto. 

Considerando que as escolas públicas normalmente possuem poucos recursos, a proposta é construir em uma folha de papel sulfite, seguindo a orientação do vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=iAd9xJwuDIU

 

Na sequência, os alunos produzirão a releitura em forma de Histórias em Quadrinhos ou narrativa, podendo produzir seus próprios desenhos ou utilizar a colagem como opção. Desta forma, ativa-se a criatividade e as habilidades que às vezes não foram exploradas pelo estudante, fazendo com que ele seja capaz encarar novos desafios recriando histórias. 

 

 

CONCLUSÃO

 

Conclui-se que a articulação entre o gênero conto de fadas e o gênero fanzine configura-se como um recurso pedagógico eficaz, capaz de favorecer o desenvolvimento das práticas de leitura e escrita no contexto escolar. Ambos os gêneros despertam o interesse dos estudantes pela literatura e pela produção textual, além de promoverem a construção de conhecimentos sobre diferentes temas. Enquanto o conto de fadas oferece uma leitura prazerosa e acessível, o fanzine, por sua estrutura simples e atrativa, aproxima-se do universo infantil e juvenil, estimulando a expressão criativa e o desejo de escrever.

Dessa forma, considera-se que o professor pode alcançar resultados significativos ao incorporar essas ferramentas em suas práticas pedagógicas, possibilitando aos alunos explorarem o imaginário, exercitar a criatividade e desenvolver habilidades linguísticas de maneira lúdica e envolvente.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

BNCC disponível em:

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-depraticas/ensino-medio/203-literatura-infantil-reflexoes-epraticas#:~:text=A%20literatura%20nos%20coloca%20em,nossas%20crian%C 3%A7as%20para%20a%20vida . Acesso em: 09/10/2023. 

 

CADEMARTORI, Lígia Literatura infantil.  Disponível em:

https://www.ceale.fae.ufmg.br/glossarioceale/verbetes/literatura-infantil. Acesso em: 09/10/2023.

 

VASCONCELOS, Emanuella Silveira; RIZZATTI, Ivanise Maria; MACHADO, Ana Carolina Ferreira; SANTOS, Verônica Soares dos; RODRIGUES, Hellen

 

Cris de Almeida; SANTOS, Miqueias Ambrósio dos; SILVEIRA, Elda da Silva. O uso do fanzine como recurso pedagógico para a produção de conhecimento e divulgação científica do tema água. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 8, 7 de março de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/8/o-uso-do-fanzine-comorecurso-pedagogico-para-a-producao-de-conhecimento-e-divulgacao-cientificado-tema-agua. Acesso em: 09/10/2023.

 

[1] Disponível em: https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/o-que-sao-contos-de-fadas. Acesso em: 10 de outubro de 2023. 

[2] Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/atelaeotexto/ARTIGO_5_fanzine.htm . Acesso em: 18 de outubro de 2023.