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O currículo escolar para Educação Inclusiva e sua importância no processo ensino aprendizagem da Educação Inclusiva

Fernanda Lemos da Rosa

Nathaline Amorim de Oliveira

Suzana Garcia de Faria

 

DOI: 10.5281/zenodo.17581079

 

 

RESUMO

Esta pesquisa trata de uma reflexão sobre as questões pertinentes ao processo de inclusão e de adaptação curricular, para garantir a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais no cenário educacional com qualidade e sucesso na escola. A educação inclusiva vem tornando possível atender às necessidades especiais dos alunos com deficiências, principalmente se for aplicada a adaptação curricular (quando necessária). Tal adaptação, além de nortear e subsidiar a prática docente é ferramenta importante na sua escolarização, pois faz com que os alunos se sintam respeitados e que, também, este espaço de aprendizagem possibilite aos alunos ter sucesso escolar. Este trabalho se propôs analisar como são realizadas as adaptações curriculares, buscando compreender a visão do professor frente à educação inclusiva. Para tanto, foi realizada uma pesquisa, voltada à investigação, por meio de questionários. Foram estudados sobre Currículo, Políticas Públicas para Educação Inclusiva e documentos como LDB, PCNs e a Declaração de Salamanca, para a fundamentação teórica foram estudados autores como:  Mantoan (1997; 2003), Sassaki (1997; 2003). Enfim, esse espaço de aprendizagem de educação inclusiva, deve ensejar situações que possibilitem também aos professores o entendimento de que o grande desafio da escola inclusiva é buscar respostas educativas para atender aos interesses e necessidades de todos os alunos.

 

PALAVRAS-CHAVE: Currículo. Inclusão. Escola.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho analisa o currículo escolar para educação inclusiva e sua importância no processo de Ensino e Aprendizagem. Sabe-se que a inclusão de um indivíduo na sociedade depende do patrimônio cultural que ele recebe, isto faz da educação um pilar fundamental para o desenvolvimento deste, pois a educação inclusiva é um tema que, nas últimas décadas, tem ganhado significativo espaço nos debates em torno da construção de uma educação de qualidade e para todos. Assim a função da escola é em estar proporcionando a estas maiores interações com as demais pessoas à sua volta, enquanto instrumento de atenuação da discriminação e do preconceito da própria sociedade. Além disso, analisa a questão dos desafios encontrados na Educação Inclusiva, onde por falta de informação, preconceito e exclusão tanto por parte dos professores quanto da própria família, a criança com deficiência encontra barreiras que a impedem de crescer junto com as demais crianças.

No momento em que nós enquanto cidadãos entendermos que somente através da educação as possibilidades de inclusão das pessoas com necessidades especiais podem se concretizar, a sociedade abrirá de forma processual os espaços a quem tem alguma limitação física ou psicológica, modificando suas estruturas e serviços oferecidos, tornando-se a cada dia um lugar onde as pessoas de todos os tipos e inteligências possam sentir-se a vontade para desenvolver suas habilidades e aptidões de acordo com suas possibilidades, sendo reconhecidas pelas suas potencialidades e não discriminadas e excluídas por suas limitações.

Qual o papel do professor na Educação Inclusiva?  Quais os desafios e dificuldades para a aprendizagem com alunos com deficiência? Como a inclusão pode ser abarcada pela escola? Estas foram algumas questões que suscitaram a presente pesquisa. Portanto, este trabalho surge das dúvidas, dificuldades e barreiras que o educador que trabalha com a educação inclusiva, numa classe regular, enfrenta diariamente.

O presente trabalho tem em vista o seguinte problema: qual a importância do currículo escolar frente à Educação Inclusiva para aprendizagem significativa dos alunos com deficiências?

Os objetivos deste trabalho são:

1º conhecer a proposição legal de Educação Inclusiva e seus desdobramentos nos entes federados e suas propostas educacionais.

2° Compreender a importância do currículo para aprendizagem significativa dos alunos com deficiência.

É parte importante e essencial neste processo o preparo do professor que deve estar envolvido e motivado. Trabalhar com a inclusão é um desafio para os professores, pois precisam criar meios para aprender a trabalhar com a educação inclusiva. Assim, o professor, cuja função é ensinar, tem também a necessidade de aprender e aprender a incluir.

Na primeira seção, busca-se uma abordagem teórica sobre o conceito de inclusão, e também a respeito das políticas públicas para a inclusão. Na segunda seção, procura-se elucidar alguns conceitos sobre o processo de inclusão e aprendizagem, os diversos tipos de dificuldades de aprendizagem, o papel do professor e da escola para atender as diversidades de inteligências da qual se depara nas salas de aulas e qual a melhor maneira de lidar com estas diferenças existentes e o papel do currículo.

E por fim na terceira e última seção deste trabalho, estão às considerações e análises a respeito do estudo, onde o questionário foi baseado a partir das entrevistas no que diz respeito ao tema educação inclusiva.

A proposta metodológica deste estudo é de caráter qualitativo, com base em dados extraídos de pesquisa de campo com professores de uma rede escolar Municipal, localizada na zona urbana de Comodoro, Estado de Mato Grosso, com professores do 2º e 4º ano dos anos iniciais do ensino fundamental.

 

 

METODOLOGIA

 

A pesquisa foi iniciada durante o mês de julho de 2025. Os sujeitos da pesquisa foram duas professoras que lecionam em classes regulares do ensino fundamental a P.E que leciona a classe do 2º ano do ensino fundamental e P.T que leciona a classe do 4º ano do ensino fundamental. As professoras foram chamadas de P (participante), seguida da letra inicial dos seus nomes. Assim denominaram-se as mesmas de P.E e P.T.

A utilização de questionário como instrumento de pesquisa aplicada na realização da coleta de dados justificou-se por se apresentar como o melhor método para alcançar os objetivos propostos.

Segundo Gil entende-se por questionário “[...] um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado [...]” e por isso “[...] apresentará sempre algumas limitações [...]”.

No entanto, apesar das limitações, Gil afirma que o questionário é uma técnica útil e rápida na obtenção de dados e informações (2002, p.115).

A pesquisa qualitativa busca uma compreensão particular daquilo que estuda, o foco da atenção é centralizado no específico, levantando questões que podem gerar futuras investigações, contribuindo para o entendimento da educação nas áreas afins, possibilitando ampliar o tema e objeto desta. Este tipo de pesquisa valoriza o ser humano, estimula os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explicitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. São usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação (GODOY, 1995).

Por fim, conclui-se que os dados adquiridos possibilitaram uma maior compreensão sobre a atual importância da educação inclusiva, assim como do papel da escola, da família, da sociedade, do professor, voltando-se, portanto, para a integração do aluno com deficiência.

 

1- Como a inclusão pode ser abarcada pela escola?

2- Quais os desafios e dificuldades para a aprendizagem com alunos com deficiência?

3- Tem na sua formação alguma especialização (ou outra formação) na área de Educação Inclusiva?

 4- Que forma metodológica utiliza em suas aulas sobre educação inclusiva ou que envolva a inclusão?

5- Como o tema Educação inclusiva tem sido abordado em sala de aula?

6- Como professor, você acredita que os alunos/futuros professores estão sendo capacitados a identificar alunos com necessidades educacionais específicas? E como trabalhar com eles? Procure justificar sua resposta com um exemplo.

7- É trabalhado em sala de aula temas como Novas tecnologias da informação e comunicação como metodologias de estudos relacionados com educação inclusiva? Se sim de que maneira isso ocorre.

8- E em relação às adaptações curriculares é ensinado aos alunos fazerem-na de acordo com as necessidades individuais educacionais de cada aluno? Pode exemplificar

9- Seus alunos aprendem a adaptar instrumentos de avaliação para alunos com necessidades educativas? Quais?

10- Instrumentos como o computador e a própria internet costumam ser adaptados e utilizados na melhoria da aprendizagem focando as individualidades? Como?

11- Você considera que os alunos graduandos possuem conhecimentos suficientes para selecionar recursos educativos proporcionando um melhor aprendizado aos alunos com necessidades educacionais?

12- Os alunos estão preparados a enfrentar uma sala com diversidades? Pode justificar sua resposta?

13- Na sua graduação teve contato sobre as novas tecnologias da informação e da comunicação como metodologias de estudo relacionadas com educação inclusiva?

14- Qual o papel do professor na educação inclusiva?

15- Na sua classe alguns alunos identificam-se com algumas dessas necessidades especiais? Marque um X nas correspondentes:

( ) TEA                                             

( ) deficiente auditivo

( ) com dificuldades na fala

( ) TDHA

( ) TDA

( ) deficiente físico

( ) deficiente visual

( ) superdotado

 

 

CAPÍTULO I

 

CONCEITO DE INCLUSÃO

 

Incluir, antes de qualquer coisa, é garantir a igualdade no sentido mais amplo da palavra, a todos, sem distinção de raça, de crença, de culturas, de deficiências. É a partir da inclusão social que se torna possível uma sociedade igualitária, justa, mais consciente de seus direitos e deveres.

Como destaca Mantoan (2003):

 

A inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora. Ela provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com que seja resinificada a identidade do aluno. O aluno da escola inclusiva é outro sujeito, que não tem uma identidade fixada em modelos ideais, permanentes, essenciais. (MANTOAN, 2003, p.32)

 

Na opinião de Magalhães (2003):

 

Na inclusão, a ideia subjacente é que o aluno não se amolda à escola, ou seja, o problema não estaria centrado na pessoa que tem necessidades específicas, mas nas interações que estabelece com as condições de ensino-aprendizagem que a escola possibilita. (MAGALHAES, 2003, p.41)

         

Já Sassaki (1997) ao referir-se à inclusão afirma que:

 

Este movimento tem por objetivo a construção de uma sociedade realmente para todas as pessoas, sob a inspiração de novos princípios dentre os quais se destacam: celebração das diferenças, direito de pertencer, valorização da diversidade humana, solidariedade humanitária, igual importância das minorias e cidadania com igualdade de vida. (SASSAKI,1997, p.17)

 

Pela inclusão podem-se experimentar novas possibilidades que vão originar um conjunto de ações de inclusão, que podem ser impostas ou bem articuladas e trabalhadas, e que se originam de relações professor-aluno-cultura escolar, próprios do contexto educacional em que se vive e da sua realidade.

 

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INCLUSÃO

 

Pontuar sobre as políticas públicas é condição para compreender seu significado, sentido, amplitude e mediações necessárias para a efetivação do direito à educação. Inicialmente, cabe ressaltar que não é suficiente a constituição de uma política pública educacional bem definida, com conteúdo bem construído, formulado; o importante e imprescindível é trabalhar para que a política aconteça, contemplando de forma efetiva o processo de desenvolvimento e aprendizagem do principal sujeito da esfera educacional: o aluno. Ao tratarmos da construção do conceito de políticas, nos remetemos ao princípio do termo que o originou, assinalando as mudanças advindas ao longo dos tempos.

Segundo Shiroma (2007, P.7) termo “política” prenuncia uma multiplicidade de significados, presentes nas múltiplas fases históricas do Ocidente. Em sua acepção clássica, deriva de um adjetivo originado de polis – politikós – e refere-se à cidade e, por conseguinte, ao urbano, ao civil, ao público, ao social.

Silva (2002, p. 7) também contribui afirmando:

 

... que políticas se referem ao conjunto de atos, de medidas e direcionamentos abrangentes e internacionais, estabelecidos no campo econômico e estendidos à educação pública pelo Banco Mundial, dirigidas aos Estados da América Latina e assumidos pelos governos locais, que tratam de disciplinar, de ordenar e de imprimir a direção que se deseja para a educação nacional.

 

Geralmente o desejo de muitos gestores, educadores, alunos e seus pais para com a educação não são correspondidos pela proposta dos organismos financeiros internacionais, nacionais e os governos Estadual e Federal ao imprimirem a direção desejada sem contextualização da prática e das vivências que existem no atual paradigma educacional. Um exemplo disso é o Plano Nacional de Educação (PNE), prescrito no art. 214 da Constituição de 1988 e reafirmado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/96, art. 9º, § I e art. 87, § 1, que é um instrumento político de prioridades e conteúdos sistematizados, por meio do qual o governo Federal, através do Ministério da Educação, coordena, controla e fiscaliza a educação em todo o país, em todos os níveis de ensino. Além disso, após a sua aprovação, é um documento de referência aos estados e municípios para a elaboração dos seus planos. (SILVA, 2002). Na realidade, todo o contexto educacional é monitorado e controlado. Em partes é sugerido a escola exercer sua autonomia, mas por outro há o domínio por parte dos órgãos interessados em direcionar os passos da educação.

Para Ball e Mainardes (2011, p. 13): as políticas envolvem confusão, necessidades (legais e institucionais), crenças e valores discordantes, incoerentes e contraditórios, pragmatismo, empréstimos, criatividade e experimentações, relações de poder assimétricas (de vários tipos), sedimentação, lacunas e espaços, dissenso e constrangimentos materiais e contextuais. Na prática as políticas são frequentemente obscuras, algumas vezes inexequíveis, mas podem ser, mesmo assim, poderosos instrumentos de retórica, ou seja, formas de falar sobre o mundo, caminhos de mudança do que pensamos sobre o que fazemos. As políticas, particularmente as políticas educacionais, em geral são pensadas e escritas para contextos que possuem infraestrutura e condições de trabalho adequada (seja qual for o nível de ensino), sem levar em conta variações enormes de contexto, de recursos, de desigualdades regionais ou das capacidades locais.

O Estado deve apresentar propostas de políticas que não beneficiem somente uma parcela da população. Nesse entendimento, afirma Sidney (2010, p.39)

 

... não caberia ao Estado assumir a perspectiva ético-política de uma comunidade promovendo um bem comum relacionado com uma tradição local (como, por exemplo, definir a identidade e a cultura de um grupo específico como componente obrigatório do currículo da educação pública) ou com os valores nacionais, em nome dos quais certas políticas públicas deveriam ser promovidas. O Estado deve proteger os indivíduos de imposições comunitárias, ou de uma maioria no poder, de uma forma de vida ou valor específico a ser seguido. Atrelado a uma concepção de democracia formal, cabe ao Estado, sobretudo, garantir os direitos civis, entre os quais estão a liberdade de escolha cultural e educacional.

 

Quando houver políticas públicas educacionais que respeitem o ser humano em suas diferenças, que possibilitem a eles estarem na escola, interagir, socializar-se e aprender, podemos acreditar que as políticas estarão cumprindo o seu papel. Para tanto, não basta o aumento das matrículas em escolas comuns e em classes especiais, pois mesmo sendo satisfatórios os dados quantitativos, eles não substituem o atendimento especializado a esses alunos. Quando em uma proposta política o direito ao acesso e ao acompanhamento educacional for para todos os que possuem necessidades educacionais especiais, a implementação dessa política não deve acontecer somente em algumas realidades, para um pequeno contingente de alunos e de forma fragmentada, principalmente na ausência de professores-monitores com especialização para auxiliar o professor titular e o aluno, sendo que o primeiro não está preparado para atuar com o aluno com necessidade especial e este deseja aprender.

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no art. 58 § 1º, garante que haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. Neste artigo, há a afirmação do dever do Estado de fornecer, quando necessário, serviços de apoio especializado na escola regular, visando atender às necessidades especiais dos alunos, sabendo que as efetivações desses serviços devem ser permanentes, visto as próprias “peculiaridades dos alunos da educação especial”. Ainda o art. 59 preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos com necessidades educacionais especiais currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. O que entendemos que deva ser levado em conta são a realidade e as potencialidades de cada aluno até que se tenha uma definição da proposta pedagógica para a educação dos alunos com necessidades educacionais especiais, de preferência uma política que contemple toda a estrutura e organização educacional e principalmente o processo de desenvolvimento e aprendizagem de todos os alunos.

Em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos vem assegurar o direito de todos à Educação pública e gratuita, oportunidades sociais iguais para todos contribuindo para a criação dos serviços de educação especial e classes especiais em escolas públicas do Brasil. Mais adiante, surge à política Nacional de Educação, LDB nº 4021/61 com a recomendação de integrar no sistema geral de ensino a educação de excepcionais, como eram chamadas as pessoas com necessidades educacionais especiais. Nesse documento, a educação especial foi colocada no Título X, art. Nº 88 e 8920, separadamente da educação geral, tida até então como “normal”. No entanto, de forma contraditória, a educação especial deveria no que fosse possível, enquadrar-se no sistema geral da educação. Entretanto, o Estado não atribuía a si nenhuma responsabilidade e não mencionava seu dever, ficando restrito apenas a um direito de todos. É bom lembrar que antes desse panorama em que a educação especial foi destacada na legislação brasileira; no século XIX, a escolaridade elementar não era obrigatória para crianças não vacinadas, com doenças contagiosas, escravos, a população residente num espaço geográfico longe da escola e, menores de 5 (cinco) anos e maiores de 15 (quinze) anos.

Nesse sentido, a educação como direito e sua efetivação em práticas sociais converte-se em instrumento de luta pela redução progressiva das desigualdades e extinção das discriminações e possibilita uma aproximação pacífica entre os povos do mundo. (CURY, 2005, p. 22). Apenas a partir de 1980 se iniciou um reconhecimento legal do direito à diferença. Pode-se citar a Constituição Federal de 1988, que veio incorporar em seu preâmbulo, entre outros princípios, o de assegurar ao Brasil uma sociedade mais pluralista, ressaltando o artigo 206, do capítulo voltado para a educação, que se refere aos currículos como documentos que devem respeitar os valores culturais, artísticos, nacionais e regionais. A década de 90 iniciou com a aceitação política da Proposta de Educação para Todos, produzida em Jomtien, Tailândia, na Conferência Mundial da UNESCO. Nesse contexto, em 1994, realizou-se a Conferência Mundial de Educação Especial que deu origem a Declaração de Salamanca, que propõe a escola inclusiva, isto é, uma escola aberta às diferenças, na qual crianças, jovens e adultos devem aprender juntos, independentemente de suas características, origens, condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas ou emocionais, econômicas ou socioculturais. A Declaração de Salamanca é um importante instrumento para a consolidação da inclusão escolar, ela representa um marco diferencial no movimento da escola inclusiva, até mesmo porque foi elaborada com a participação de 88 governos e 25 organizações internacionais. Ainda assim, vale lembrar que mesmo a Declaração expondo que todos devem ser incluídos, independente das diferenças, ela reforça as deficiências como desafio da educação.

 

 

CAPÍTULO II

 

2- COMPREENSÃO DE CURRÍCULO

 

Ele pode ser compreendido como um contexto de produção de significações, onde habitam as diversas identidades que são forjadas em meio a um campo de luta e conflitos, pelo domínio do saber e do poder. Sobre isso, atesta Lunardi (2008), citando Silva (1999):

 

... o currículo pode ser entendido como território de produção, circulação e consolidação de significados. Nesse sentido, ele é também um espaço privilegiado de política de identidade. A cultura, nesse contexto, é um campo de lutas em torno da significação social. É ‘onde se define não apenas a forma que o mundo deve ter, mas também a forma como as pessoas e os grupos devem ser’. (LUNARDI, 2008 apud SILVA, 1999, p. 44-5).

 

O currículo escolar é um artefato de natureza política, social e histórica que guarda em si determinadas finalidades que se expressam na formação dos sujeitos.

Antigamente concepção de currículo era somente os conteúdos programados para a aula. Hoje, currículo é mais que conteúdos, é a formação humana, intelectual, formação políticas, a cidadania.

 

2.1- O CURRÍCULO ESCOLAR PARA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

 

A escola é concebida como instituição, capaz e capacitada, para disseminar o conhecimento, assim sendo, todos os alunos que a frequentam necessitam desenvolver de forma adequada suas potencialidades, independentemente de possuírem ou não uma necessidade mais específica na aprendizagem. Porém, quando há estudantes que não estão tendo evolução em seu processo de ensino e aprendizagem (no caso aqueles com necessidades educacionais especiais), o Currículo embutido no Projeto Pedagógico construído na escola, pode vir a tornasse um mecanismo de exclusão, um estigma da diferença.

Quanto aos discursos em torno do processo da inclusão da pessoa com deficiência, Silva (2010, p.2) destaca que “[...] parece refletir o modo pelo qual são representadas e expressadas, historicamente, as principais inquietações das práticas de escolarização desses indivíduos, particularmente, àquelas relacionadas à escola e ao Currículo”.

Por isso, entendemos que, é de suma importância realizar uma reflexão construtiva sobre a pessoa com deficiência, nesse contexto educacional inclusivo, onde cada sujeito apresenta uma característica peculiar em que o discurso inclusivo, por tendência, massifica. Desta forma, quando se defende a inclusão sem a valorização de fato da alteridade e das especificidades que a constitui, está se compreendendo o grupo das pessoas com deficiência de forma hegemônica, colocando estes sujeitos, como seres que apresentam características e necessidades únicas e comuns. É nessa conjuntura que o Currículo se configura como lócus de importância no que diz respeito à discussão quanto à questão da diferença e da diversidade.

De acordo com os Parâmetros Curriculares para a educação inclusiva (1998), o Currículo é construído a partir do projeto pedagógico da escola e deve viabilizar a operacionalização do mesmo, orientando as atividades educativas, as formas de executá-las e definindo as suas finalidades. O mesmo documento usa as palavras “Adequações Curriculares” para referir-se ao mesmo como sendo um elemento dinâmico da educação para todos e que a sua viabilização para os alunos com necessidades educacionais especiais, pode ser realizando através da flexibilização, na prática educacional, com o objetivo de atender todos os alunos.

 

Pensar em adequação curricular significa considerar o cotidiano das escolas, levando-se em conta as necessidades e capacidades dos seus alunos e os valores que orientam a prática pedagógica. Para os alunos que apresentam necessidades educacionais especiais essas questões têm um significado particularmente importante (PCNs, 1998, p. 32).

 

Porém o que se vê é despreparo na prática para lidar com toda a situação que permeia a inclusão. Além do mais, não bastam somente Leis, Decretos, Portarias, Resoluções em âmbito federal, estadual e municipal que digam o que fazer, necessita-se urgentemente articular a legislação com a prática executada no dia a dia nas escolas. Tendo em vista que, as dificuldades que emergem do cotidiano escolar, nos mostraram que o tema inclusão escolar ainda permanece como um problema a ser resolvido pelas escolas e pela sociedade. Ter acesso à instituição escolar, em si, não garante que os alunos estão tendo o suporte necessário para o desenvolvimento do seu processo de ensino e aprendizagem.

Por isso, quando há o ingresso de um estudante com necessidades educacionais especiais, por mais que, a professora faça um trabalho de aceitação dos demais estudantes e isso aconteça com sucesso, à prática diária escolar demonstra o quanto à mesma demonstra dificuldade, em desenvolver os conteúdos do Currículo junto a esse aluno, e a reconhecer aonde inicia a capacidade de aprendizagem desse estudante e como fazer com que ele se aproprie de tais conteúdos curriculares.

Segundo Silva:

 

Não mais será entendido como: [...] um instrumento pedagógico neutro, ao contrário (o currículo) é um campo de conflitos, tensões e relações de poder do qual resulta um conjunto de prescrições sobre os conteúdos, as organizações e as práticas que refletem (e reproduzem) as relações sociais e políticas existentes em cada momento histórico, que são negociadas, efetivadas, construídas e reconstruídas na escola (SILVA, 2010, p. 06).

 

É de fundamental importância salientar que o currículo não deve ser concebido de maneira a ser o aluno quem se adapte aos moldes que a escola oferece, mas como um campo aberto à diversidade. Essa diversidade não é no sentido de que cada aluno poderia aprender conteúdos diferentes, mas sim aprender conteúdos de diferentes maneiras. Para efetivar tal acontecimento, ao planejar, professor precisa estabelecer expectativas altas e criar oportunidades para todos os alunos aprenderem com sucesso, incluídos todos.

 

2.1.1 PROCESSOS DE INCLUSÃO E APRENDIZAGEM

 

Participar de um processo inclusivo é estar predisposto, sobretudo, a considerar e respeitar as diferenças individuais, criando a possibilidade de aprender sobre si mesmo e sobre cada um dos outros em uma situação de diversidade de ideias, sentimentos e ações. Embutida nesta questão considera-se que a construção de um projeto pedagógico envolve necessariamente as ideias provenientes da comunidade escolar, buscando um equilíbrio entre expectativas e possibilidades para o desenvolvimento enquanto ser humano.

Conforme destaca Sassaki (1997, p.33):

 

... o processo de inclusão, como veementemente venho enfatizando, é um processo de construção de uma sociedade para todos, e dentro dessa sociedade um dos direitos básicos de todo ser humano é a aspiração à felicidade ou, como outros lhe preferem chamar, à qualidade de vida.

 

Sassaki (2003) aponta o caminho para que uma escola comum se torne inclusiva, dizendo que ela deve se reestruturar para atender à diversidade do novo alunado, sendo este visualizado não só em termos de necessidades especiais decorrentes de deficiência física, mental, visual, auditiva ou múltipla, como também aquelas resultantes de outras condições atípicas; em termos de estilos e habilidades de aprendizagem dos alunos e em todos os outros requisitos do princípio da inclusão, conforme estabelecidos no documento.

O movimento atual de inclusão escolar visa reverter o percurso de exclusão de qualquer natureza e ampliar as possibilidades de inserção de crianças, jovens e adultos em escolas regulares. O movimento mundial por uma educação para todos vem se fortalecendo, sobretudo, a partir das últimas décadas. Uma decorrência desse movimento é a aprovação e ratificação de recomendações e princípios proclamados, internacionalmente, em convenções, conferências e documentos dos quais o Brasil é signatário. Lembrando também que é um dos deveres básicos do Estado Democrático transmitir a todos os cidadãos, informações honestas e transparentes sobre seus direitos e a forma de como garanti-los na prática.

A escola deve assegurar aos alunos uma educação de qualidade, mediante currículos apropriados, mudanças organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos financeiros com pessoal qualificado e avanços tecnológicos, além de parcerias com a comunidade. Desta forma, o modelo institucional é que deve se adaptar às necessidades dos alunos e não o inverso. Isso só será possível num modelo que veja seus alunos como tendo diferentes interesses e capacidades.

Sem conhecer os seus alunos e os que estão à sua margem, não é possível à escola elaborar um currículo que reflita o meio social e cultural em que se insere. A integração entre áreas do conhecimento e a concepção transversal das novas propostas de organização curricular consideram as disciplinas acadêmicas como meios e não fins em si mesmas e partem do respeito à realidade do aluno, de suas experiências de vida cotidiana, para chegar à sistematização do saber. (MANTOAN, 2001, p.114).

É através da educação que se atinge um aperfeiçoamento moral e político dos praticantes da ação (agente – professor e paciente – aluno), mediante o manejo de conhecimentos gerais. Moral e político no seu sentido mais amplo, encarando o homem na plenitude da ânsia de satisfação de suas questões internas e externas, como indivíduo ou como membro de um grupo social.

A partir do movimento pela escola inclusiva, torna-se possível a construção de uma visão ampliada e humanista sobre a educação, e uma nova qualidade de formação dos educandos está sendo demandada na educação básica. Desta forma, a escola, como espaço educativo, deve ter como desafio o sucesso de todos os alunos, sem exceções, numa perspectiva de educação inclusiva que vai além da inserção do aluno com necessidades educacionais especiais em sala de aula regular, mas que inclui atitudes daqueles que convivem no espaço escolar. É o que Carvalho (1998, p. 183) chama de “dimensão atitudinal” – que é responsável pela “condução do processo decisório relativo à educação escolar de todos os alunos”.

Para Mantoan (1997, p. 114): A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos os envolvidos para que obtenham sucesso. Nesse aspecto, é evidente o fato de que o sucesso do aluno é o sucesso da escola e o contrário também é verdadeiro: o fracasso do aluno também é o fracasso da escola. Esta é, sem dúvida, uma conclusão bastante dolorosa para os educadores, se utilizada como afirmativa, porém, ao ser submetida à reflexão, é capaz de promover a melhoria das práticas educativas e a busca de soluções viáveis. Uma contribuição importante para a concretização da educação inclusiva está na concepção de Vygotski (1998) acerca da aquisição do conhecimento através da interação do sujeito com o meio. Para ele, o desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização da interação social, com contribuições da cultura, sendo que o processo se constrói de fora para dentro e do que já se sabe para chegar ao conhecimento novo. Desta forma, a construção do conhecimento que se dá a partir das relações consigo mesmo e com o outro, transforma o sujeito não apenas em ativo, mas interativo. O aluno é o verdadeiro sujeito do processo educativo, e não o seu objeto. Sendo assim, a escola tem papel fundamental nesta construção, uma vez que é espaço de interação e de construção do conhecimento.

Assim, a inclusão torna-se consequência natural numa sociedade que se diz para todos, pois para Ross (2004, p. 42) “aceitar as diferenças não significa revestir o trabalho de docilidade ou irracionalidade, mas significa aprender com a riqueza dos encontros e das interações entre as pessoas”.

 

2.1.2 O PAPEL DA ESCOLA E PROFESSOR PARA A INCLUSÃO

 

Para que a escola se torne realmente um espaço inclusivo, para que, segundo Freire (1996) o professor se envaideça de sua boniteza ao ser um transformador social, é necessário mais do que a eliminação de barreiras arquitetônicas ou adequações curriculares, é preciso que haja mudança atitudinal por parte dos envolvidos com o processo educativo, neste caso, particularmente, dos educadores. A postura dos profissionais da educação frente à inclusão é fator relevante no processo, uma vez que é ele que operacionaliza a prática educativa em sala de aula, sendo, por vezes mediador entre o conhecimento do aluno e o conhecimento formal, e por outras, o facilitador, o estrategista para que o conhecimento formal se torne tão acessível ao aluno de forma que este o absorva fácil e prazerosamente, de modo a demonstrar esta apreensão em suas atividades cotidianas.

Conforme postula Oliveira (2002) que a escola faz, de maneira essencial e fundamental, é aquilo que circula no seu interior, como sua atividade principal, como sua matéria-prima fundamental: “o currículo que deve ser seguido como base da construção das atividades a serem expostas em uma sala de aula”. O currículo é o instrumento através do qual a escola vai preparar o indivíduo para o exercício da cidadania.

A escola também tem papel fundamental para a aprendizagem e facilitação da inclusão, como fornecer materiais didáticos adaptados, oferecer cursos aos educadores com a finalidade de conhecer novas práticas de ensino e adaptação no currículo escolar, por exemplo.

Coll (2004, p.43) afirma que: “Quando uma escola estabelece entre seus objetivos prioritários a inclusão de todos os alunos fica mais simples transferir a estratégia posteriormente à prática educativa nas salas de aula”.

Desta forma a escola deve estar empenhada com a mudança, com a modificação da cultura e da organização da escola. Coll ainda afirma que a participação da escola deve passar primeiramente pela transformação do currículo. “É preciso haver um currículo comum para todos os alunos que posteriormente deve ser adequado ao contexto social e cultural de cada escola e às necessidades diferentes de seus alunos”. O currículo então de acordo com o autor deve ser preparado de forma distinta para cada instituição educacional, sendo baseado de acordo com as necessidades e possibilidade de cada escola, tendo sensibilidade para as diferenças que há na escola. O segundo passo é o desenvolvimento profissional dos professores que segundo Coll (2004, p.43) é: “... O modo mais seguro de melhorar as atitudes e as expectativas dos professores é desenvolver seu conhecimento da diversidade dos alunos e suas habilidades para ensinar-lhes”. A formação dos professores dá condições necessárias para que as práticas integradoras sejam positivas, pois o professor ao se sentir pouco competente pode vir a desenvolver além de expectativas negativas, menor interação e atenção dos alunos.

É preciso que o professor entenda o verdadeiro significado de uma escola inclusiva, ou seja, uma escola em que o objetivo maior seja a garantia de sucesso a todos os alunos, sejam eles com necessidades educacionais especiais ou não. Da mesma forma, esse professor deve entender que os alunos são diferentes e desenvolvem meios diferentes de aprender, utilizando caminhos que, nem sempre são os caminhos indicados pelo professor. Para tanto, a Diretriz Curricular para a Construção de Currículos Inclusivos propõe a adoção de uma proposta de inclusão responsável, onde as dificuldades severas sejam respeitadas e atendidas em suas peculiaridades, porém, sem esquecer que, por trás destas dificuldades está uma pessoa, com direito à educação.

Como bem refere Tricoli (2002, p. 98): “(...) para que um professor possa oferecer uma boa formação para seus alunos, ele precisa também estar bem formado”. Partindo desse pressuposto, acredita-se que o desafio de incluir todos os alunos no ensino regular é perpassado pelo desafio da qualificação profissional dos docentes que atuam junto a este alunado. Se o professor acreditar que incluir é destruir barreiras e que ultrapassar as fronteiras é viabilizar a troca no processo de construção do saber e do sentir, ele exercerá seu papel, fundamental, para assegurar a educação inclusiva que todos nós desejamos, semeando assim um futuro que sugerirá menos discriminação e mais comunhão de esforços na proposta de integrar e incluir.

 

 

CAPÍTULO III

 

CAMPO DA PESQUISA

 

ESCOLA MUNICIPAL PROF. HELENA MATIUZZO FÉLIX

 

O local escolhido para a realização da pesquisa foi uma escola de rede municipal, localizada na zona urbana de Comodoro, Estado do Mato Grosso, Escola Municipal “Prof.ª Helena Matiuzzo Felix”, onde a mesma foi criada sob o Projeto de Lei nº 933/2006 de 01/12/2006, sendo aprovada e sancionada pelo Prefeito Municipal Aldir Bal Marques Morais, sob a forma da Lei nº01/12/2006, sendo constituída por turmas da Educação Infantil e os Anos Inicias do Ensino Fundamental. A pesquisa foi realizada durante o mês de julho de 2025. Os sujeitos da pesquisa foram duas professoras que lecionam em classes regulares do ensino fundamental a P.E que leciona a classe do 2º ano do ensino fundamental e P.T que leciona a classe do 4º ano do ensino fundamental. As professoras foram chamadas de P (participante), seguida da letra inicial dos seus nomes. Assim denominaram-se as mesmas de P.E e P.T.

 

3.1.1    EDUCAÇÃO

 

O Município de Comodoro conta com 04 (quatro) Escolas Municipais na Zona Rural, 04 (quatro) Escolas Municipais na Zona Urbana Ensino Fundamental e 03 (três) de Educação Infantil, 02 (duas) Escolas na área Indígenas, 03 (três) Escolas Estaduais.

 

FILOSOFIA DA ESCOLA

 

A escola Municipal Profª. Helena Matiuzzo Felix atende aproximadamente uma clientela de 324 alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental de 09 anos, por ser uma escola centralizada no Bairro São Francisco e de melhor acesso a essa comunidade atende uma clientela estudantil de classe média e baixa, tendo alunos brancos, negros indígenas e alunos especiais fazendo uma socialização com a inclusão escolar.

A filosofia da escola é trabalhar uma pedagogia crítica social dos conteúdos, acreditando que a partir de discussões de temas sociais e políticos e de ações possíveis sobre a realidade social, os alunos poderão refletir sobre suas experiências de vida e defender o interesse da coletividade na construção de uma comunidade melhor para todos.

Para conseguirmos a escola que queremos, nosso ensino basear-se-á em: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; aprender a ser.

O grande desafio é tornar a aprendizagem significativa e abrangente com melhor qualidade, inserindo o “Ensino Integrado”, com o objetivo de proporcionar um ensino diferenciado.

 

CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO

 

Consideramos que a escola é uma instituição onde se busca o saber, o fazer e o ser, orientando o educando na construção e no exercício da cidadania, através da sistematização do conhecimento formal de acordo com a realidade vivenciada pelo mesmo. Então, nossa escola deve funcionar em torno de uma equipe, que inclua professores, orientadores, coordenadores, direção, administradores, funcionários, tendo sempre em vista seu objetivo maior: a Educação.

Entendemos que a aprendizagem por projetos, por problematização e as atividades lúdicas, (brincadeiras, brinquedos e jogos), desenvolvidas em ambientes desafiadores, tem a função de facilitar de forma mais natural e, graficamente a maneira de entender a vida, a resolução de problemas, a tomada de decisões e o desenvolvimento da criatividade. FAGUNDES (1999, p. 16) define a aprendizagem por projeto como: formulação de questões pelo autor do projeto, pelo sujeito que vai construir conhecimento.

O projeto de aprendizagem é o momento em que o estudante, calcado em suas dúvidas, suas indagações e seu interesse de buscar respostas irá construir sua aprendizagem. O crescimento reside no fato do aluno conseguir formular um problema e tentar solucionar, satisfazendo sua curiosidade, liberdade e criatividade.

Entendemos que o currículo é uma ligação entre a teoria educacional e a prática pedagógica, entre o planejamento e o que realmente acontece nas salas de aula; é ação, caminhada, trajetória flexível e aberta, construída coletivamente pela comunidade escolar.

Para organizar nossa proposta de currículo, tivemos que desenvolver uma reflexão sobre a natureza e função da educação escolar na sociedade atual. Julgamos a partir daí, que a inovação curricular não consiste em apenas mudar, ou tentar mudar, o que se ensina e aprende na escola. Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é como se ensina e como se aprende.

 

 

CONSIDERAÇÕES

 

No Brasil, a política de inclusão escolar e social é reconhecida a partir do direito de todos os alunos matricularem-se na rede regular de ensino, de qualquer estado ou município. Essa política determina que as escolas devam estar aptas a trabalhar com as diferenças. No entanto, o que se observa é que a adaptação desses alunos é muito difícil. Principalmente, pela má preparação dos professores e consequentemente, de toda a instituição. Sua meta, no campo educacional é não deixar nenhum aluno fora da escola, preferencialmente no ensino regular, desde o início de sua escolarização. Desta forma, questiona os meios e busca os fins, porque todos têm direito à educação, sem discriminação, com o devido respeito às diferenças individuais.

Enfim, incluir é despojar de preconceitos, discriminações, aceitarem as diferenças, respeitar a diversidade. Incluir é garantir espaços, abrir horizontes, respeitar o outro, o diferente, em síntese, possibilitar que todos possam mesmo sendo diferente gozar de direitos sociais, políticos, culturais. O processo de inclusão educacional exige planejamentos e mudanças sistêmicas político-administrativas em gestão educacional, que envolvem desde a alocação de recursos governamentais até a flexibilização curricular que ocorre em sala de aula. Nesse sentido, percebemos então que o currículo deve alcançar todos os sujeitos, independente das características apresentadas por estes, considerando todos os aspectos culturais que fazem parte do meio social onde os sujeitos habitam. Dessa forma, contribuindo para a superação do paradigma de normalidade/anormalidade construído sobre as pessoas, e mais evidente com a pessoa deficiência, existentes na sociedade e na escola. Nessa perspectiva, compreendeu-se que a construção de uma escola inclusiva exige a mudança e adaptação de todos os sujeitos envolvidos com o processo educacional: governantes, gestores, professores, alunos, familiares e a sociedade. Foi chamada também a atenção para a questão do currículo escolar e a formação do professor como elementos importantes de serem considerados para uma prática educacional inclusiva de sucesso. A questão da adaptação curricular deve ser uma consequência da conscientização e reflexão sobre o tema, bem como resultado das mudanças legais nos paradigmas educacionais brasileiros, que, influenciado por essas conquistas no campo educacional, quanto à diversidade e inclusão, tem proposto sensíveis transformações neste setor. Deste modo, a adaptação curricular deve considerar a abertura para o desenvolvimento de competências, bem como apoio ao trabalho multidisciplinar, heterogêneo, plural, inclusivo e democrático.

Concluindo, o professor também precisa, em sua prática docente, envolver toda sua experiência e conhecimento no sentido de proporcionar ao aluno o máximo de estímulos, possibilidades de vivências e ampliação de sua aprendizagem. Por exemplo, neste sentido, o professor que lida com uma criança com altas habilidades se não busca conhecimento para continuar estimulando sua capacidade pode acabar desestimulando seu desejo pela aprendizagem. De um modo geral, cabe aos envolvidos nessa prática inclusiva voltada para atender a diversidade, promover ações de aceitação, respeito, diálogo, cooperação, flexibilização tanto na adaptação curricular quanto na formação docente, ampla e contínua. Além disso, deve-se investir na construção de uma escola com ambientes, ferramentas e recursos educacionais que rompam com a prática homogeneizadora de ensino e aprendizagem, produtoras de exclusões.

 

 

RESULTADOS

 

Sabe-se que pensar em escola inclusiva nos remete a um esforço redobrado, esta requer mais responsabilidade, compromisso e dedicação. Faz-nos refletir da importância que a Educação Especial tem e que esta visa atender educandos com necessidades educacionais especiais. Outra questão importante na Educação especial e desenvolver habilidades que estão adormecidas, requerendo assim, conhecimento e dedicação. Pensando na educação especial, não podemos classificar como sendo apenas as deficiências físicas, visuais, auditivas, intelectuais e múltiplas, mas também os transtornos de desenvolvimento globais, altas habilidades, deficiência mental, deficiências múltiplas, distúrbios da aprendizagem, dentre outros.

 

A Educação inclusiva melhora a qualidade do ensino para todos, atua como impulsionadora das mudanças nas práticas educacionais nas escolas, desafiando os professores a desenvolverem novas metodologias para a participação ativa que beneficie todos os alunos. Além das competências de que os professores necessitam para proporcionar uma educação de qualidade para todos, muitas vezes, são necessárias ajudas técnicas ou equipamentos específicos para atender às necessidades educacionais especiais, bem como a atuação conjunta de outros profissionais na promoção da acessibilidade (ALVES, 2006, p. 10).

 

As professoras se empenham para incluir todos os alunos nas atividades escolares, é um pouco difícil, pois elas alegaram também não ter o conhecimento e experiências que deveriam. Outro desafio encontrado foi à qualificação docente, que os órgãos competentes responsáveis pela qualidade da educação deveriam oferecer cursos de formação continuada aos professores das escolas públicas. Daí a importância de o sistema educacional de ensino público oferecer com mais intensidade a “formação continuada” aos professores, pois eles alegam a necessidade e a importância da capacitação para a escola inclusiva.

Os professores das salas de ensino regular são os que mais sentem dificuldades em trabalhar em sala de aula, uma vez que o número de alunos tem uma quantidade elevada, isso é outro desafio, a superlotação das salas. Não podemos apenas nos preocupar em colocar os alunos especiais nas escolas regulares, sem pensar no desenvolvimento de suas habilidades, para isso é necessário que se reduza a quantidade de alunos por sala.

Diante dos resultados, constatamos que a escola ainda tem dificuldades no processo de inclusão, mas que não os intimidou para que o ponta pé inicial fosse dado, isso é significante, pois o essencial é começar e a cada dia galgar vencendo os desafios que mesmo por algum momento possa parecer dar errado.

 

1-Como a inclusão pode ser abarcada pela escola?

P.E – “Como uma nova experiência de trabalho a ser cultivada, fazendo com que alunos e professores tenham novas visões acerca do processo ensino aprendizagem”.

P.T – “A escola não deve ser vista como o local para incluir e sim o lugar que irá apoiar essas pessoas com deficiência, ajudando a desenvolver cada uma dentro do limite de cada deficiência. Para que a inclusão aconteça, a sociedade e a escola precisam reconhecer que todos são diferentes”.

2-Quais os desafios e dificuldades para a aprendizagem com alunos com deficiência?

P.E – “É desafio porque na faculdade temos uma visão teórica e quando nos deparamos com a prática é tudo diferente, deficiências diferentes, alunos com temperamentos diferentes, é muito difícil, porque além deles, temos salas cheias e pouco apoio”.

P.T –“Para o ensino de alunos com alguma deficiência, tais proposições são de fundamental importância, uma vez que ensinar significa provocar o desequilíbrio no organismo (mente) do indivíduo para que ele, procurando o reequilíbrio (equilibração), se reestruture cognitivamente e, consequentemente, aprenda, e se referindo as dificuldades ressalto a falta de recursos e de infraestrutura; as jornadas de trabalho excessivas; os limites da formação profissional e o número elevado de alunos por sala de aula.

3-Tem na sua formação alguma especialização (ou outra formação) na área de Educação Inclusiva?

P.E – “Não, só a de grade da formação”.

P.T – “Não, somente graduação em Pedagogia. ”

4- Que forma metodológica utiliza em suas aulas sobre educação inclusiva ou que envolva a inclusão?

P.E – “O primeiro passo é conhecer o aluno, sua deficiência, para que possamos fazer um planejamento adequado para o mesmo”.

P.T – “Utilizo diversos recursos, tais como: textos, livros, vídeos, consultas na internet, entre outros”.

5-Como o tema Educação inclusiva tem sido abordado em sala de aula?

P.E – “De maneira sucinta”.

P.T – “É abordado através de leituras e discussão em pequenos grupos de livros sobre a Inclusão Escolar, vídeos, entre outros”.

6-Como professor, você acredita que os alunos/futuros professores estão sendo capacitados a identificar alunos com necessidades educacionais específicas? E como trabalhar com eles? Procure justificar sua resposta com um exemplo.

P.E – “Não. Porque o que aprendemos na faculdade não condiz com a realidade enfrentada em sala de aula e no dia a dia”.

P.T – “Essa questão é bem complexa, pois nos anos anteriores nós professores não tivemos na formação acesso ao ensino para lidar em sala de aula com alunos portadores de necessidades especiais, apontando para uma falha curricular nos anos anteriores, ou seja, houve uma formação deficiente. Atualmente formandos procuram participar em cursos voltados para a LIBRA e o BRAILE”.

7-É trabalhado em sala de aula temas como Novas tecnologias da informação e comunicação como metodologias de estudos relacionados com educação inclusiva? Se sim de que maneira isso ocorre.

P.E – “É trabalhado, mas superficial, pois estou numa sala de alfabetização, e trabalho os temas de acordo com as dúvidas que vá surgindo ou perguntas das crianças referentes ao tema”.

P.T – “Sim. Hoje, a informática e o uso das novas tecnologias de apoio são fundamentais como auxilio de desenvolvimento, com isso, sempre que possível procuro aplicar aulas no laboratório de informática”.

8-E em relação às adaptações curriculares é ensinado aos alunos fazerem-na de acordo com as necessidades individuais educacionais de cada aluno? Pode exemplificar?

P.E – “Sim, mas sempre procuro trabalhar os temas com todos, falando e abordando de maneira geral, e quando necessário individualmente com o aluno”.

P.T – “Sim. Através de atividades de investigação da realidade da escola, propondo leituras e debates”.

9-Seus alunos aprendem a adaptar instrumentos de avaliação para alunos com necessidades educativas? Quais?

P.E – “Não tenho nenhum caso assim”.

P.T – “Sim, com desenhos, vídeos...”.

10-Instrumentos como o computador e a própria internet costuma ser adaptados e utilizados na melhoria da aprendizagem focando as individualidades? Como?

P.E – “Sim, pois é um meio facilitador de ensino e aprendizagem, sem contar que é um instrumento usado por todos em casa também”.

P.T – “Sim. O computador dispõe de recursos como: animação, som, efeitos especiais, fazendo com que o material institucional seja mais interessante e mais atrativo ao aluno com deficiência”.

11-Você considera que os alunos graduandos possuem conhecimentos suficientes para selecionar recursos educativos proporcionando um melhor aprendizado aos alunos com necessidades educacionais?

P.E – “A teoria é vista com mais facilidade de entendimento, mas só na prática você vai adquirir realmente o conhecimento necessário para trabalhar cada necessidade dessas crianças, sendo elas típicas ou atípicas.”.

P.T – “Sim”.

12-Os alunos estão preparados a enfrentar uma sala com diversidades? Pode justificar sua resposta?

P.E – “Como são pequenos é mais fácil trabalhar essa inclusão”.

P.T – “Sim, porque os alunos estão aceitando as mudanças de atitude, no sentido de reconhecer e valorizar as diferenças”.

13-Na sua graduação teve contato sobre as novas tecnologias da informação e da comunicação como metodologias de estudo relacionadas com educação inclusiva?

P.E – “Sim, mas muito superficial, venho aprendendo com a vivência e novos conhecimentos que necessitamos buscar todos os dias”.

P.T – “Sim, pois a cada dia se torna mais necessária a conscientização da necessidade de métodos inovadores para o processo de aprendizagem”.

14- Qual o papel do professor na Educação Inclusiva?

P.E – “         Além de aprender a adaptar o planejamento e os procedimentos de ensino, é preciso que nós educadores olhemos para as competências dos alunos, e não apenas para suas limitações”.

P.T – “No que consiste à educação, o dia a dia da escola e da sala de aula exigem que o professor seja capaz de organizar as situações de aprendizagem considerando a diversidade dos alunos”.

15-Na sua classe alguns alunos identificam-se com algumas dessas necessidades especiais? Marque um X nas correspondentes:

(X) TEA (Transtorno do Espectro Autista)                                             

() deficiente auditivo

() com dificuldades na fala

(X) TDAH (Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade)

(X) TODA (Transtorno Déficit de Atenção)

() deficiente físico

() deficiente visual

() superdotado

P.E- “TEA, TDA”.

P.T – “TDAH”

 

 

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