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A importância do acolhimento na Educação Infantil

Lenir dos Santos Oliveira

 

DOI: 10.5281/zenodo.17525900

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a importância do acolhimento na Educação Infantil como um processo fundamental para o desenvolvimento integral da criança. O ato de acolher vai além da simples recepção no ambiente escolar; envolve criar vínculos afetivos, promover segurança emocional e favorecer a adaptação da criança em um espaço coletivo. A partir de referenciais teóricos como Vygotsky, Wallon e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o texto discute o papel do professor, da família e da instituição na construção de um ambiente de aprendizagem acolhedor, respeitoso e humanizado. Conclui-se que o acolhimento é um processo contínuo, essencial para o desenvolvimento socioemocional e cognitivo das crianças, contribuindo para a construção de uma base sólida de confiança e pertencimento.

 

Palavras-chave: Educação Infantil. Acolhimento. Vínculo. Afetividade. Desenvolvimento.

 

 

  1. INTRODUÇÃO

 

A Educação Infantil representa a primeira etapa da Educação Básica, e nela se estabelecem as bases do desenvolvimento humano. Nesse contexto, o acolhimento assume papel central, pois é o ponto de partida para a inserção da criança em um novo ambiente social e educativo. Mais do que uma recepção calorosa, o acolhimento é uma prática pedagógica e afetiva que contribui para a construção de vínculos, o sentimento de pertencimento e a confiança entre criança, escola e família.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), a Educação Infantil deve assegurar o direito das crianças de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se. Esses direitos só se concretizam em um ambiente onde a criança se sinta acolhida, valorizada e segura. Por isso, o acolhimento deve ser visto como uma ação intencional e contínua, e não apenas como uma atividade de início de ano letivo.

 

 

  1. O SIGNIFICADO DO ACOLHIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

O acolhimento, no contexto educacional, é compreendido como o ato de receber o outro com empatia e respeito, reconhecendo suas necessidades emocionais, sociais e cognitivas. Na Educação Infantil, esse processo é ainda mais significativo, pois as crianças estão vivenciando as primeiras experiências fora do núcleo familiar.

De acordo com Wallon (1942), o desenvolvimento infantil está profundamente ligado às emoções e às relações sociais. O acolhimento, portanto, é condição essencial para que a criança se sinta à vontade para explorar, aprender e expressar-se. Vygotsky (1998), também enfatiza a importância da interação social e da mediação do adulto como base para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Assim, o educador é mediador de experiências e sentimentos, facilitando a adaptação e a aprendizagem.

 

 

  1. O PAPEL DO EDUCADOR NO PROCESSO DE ACOLHIMENTO

 

O educador é o principal agente do acolhimento. Sua postura afetiva, sensível e atenta às necessidades das crianças é determinante para o sucesso dessa etapa. Conforme Tardif (2002), o professor trabalha com saberes que vão além dos conhecimentos teóricos; envolve saberes experienciais e relacionais, fundamentais para lidar com as emoções infantis.

A escuta ativa, o olhar sensível e a construção de rotinas acolhedoras são estratégias que fortalecem a relação entre criança e educador. Atividades de socialização, brincadeiras e momentos de diálogo contribuem para o estabelecimento de vínculos. Além disso, o professor precisa reconhecer e respeitar o tempo individual de adaptação de cada criança, compreendendo que cada uma reage de forma única às mudanças.

 

 

  1. A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO ACOLHIMENTO

 

O processo de acolhimento não se limita ao ambiente escolar; ele envolve uma parceria entre escola e família. A confiança dos responsáveis na instituição e no educador reflete diretamente na segurança emocional da criança. De acordo com Oliveira (2011), a aproximação entre família e escola fortalece o sentimento de pertencimento e contribui para o sucesso do processo educativo.

Reuniões iniciais, momentos de integração e comunicação constante entre professores e famílias são práticas que reforçam esse vínculo. Quando a família é acolhida, ela se torna colaboradora ativa no processo de adaptação e desenvolvimento da criança.

 

 

  1. O ACOLHIMENTO COMO PRÁTICA CONTÍNUA

 

Muitos acreditam que o acolhimento acontece apenas nos primeiros dias de aula. No entanto, ele deve ser entendido como um processo permanente, que perpassa todas as relações e atividades do cotidiano escolar. Acolher é escutar, respeitar, cuidar e garantir que cada criança se sinta parte do grupo, todos os dias.

A BNCC (2018) destaca que o ambiente da Educação Infantil deve promover relações éticas, estéticas e políticas, permitindo que as crianças se expressem e sejam protagonistas de suas experiências. O acolhimento contínuo favorece a autonomia, a autoestima e o desenvolvimento integral, contribuindo para a formação de sujeitos sensíveis e solidários.

 

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O acolhimento na Educação Infantil é um processo essencial que garante o desenvolvimento integral das crianças. Ele proporciona segurança emocional, fortalece vínculos afetivos e cria um ambiente propício à aprendizagem. A presença de educadores sensíveis, o envolvimento da família e a criação de rotinas acolhedoras são elementos fundamentais para que o espaço escolar se torne um local de pertencimento e alegria.

Acolher é reconhecer o outro em sua singularidade, é compreender que o afeto é parte constitutiva do processo educativo. Portanto, investir em práticas pedagógicas de acolhimento é investir na formação humana e integral das crianças, garantindo-lhes uma base sólida para o futuro.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2011.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 1942.