Afetividade na aprendizagem: relação professor-aluno
Larissa Aparecida Garcia Oliveira Galvan[1]
Maria Glauciane Lima de Sousa
Norma Sueli Peres Rocha
RESUMO:
Este artigo aborda a afetividade como termo indispensável no sistema de orientação de aprendizagem, contudo age de maneira concreta na vida educacional. Através do sentimento de carinho, o aluno obtém todos os aspectos essenciais para ter-se segurança e sentir-se protegido. Desta forma, para que tenha um progresso saudável e apropriado dentro do âmbito escolar é preciso determinar relacionamentos positivos, para se alcançar as metas educativas. Sendo assim foi realizada uma pesquisa de campo na instituição de ensino Escola Estadual Monteiro Lobato com o objetivo de demostrar como o afeto é um facilitador no processo-aprendizagem. Com resultado da pesquisa observou-se que a afetividade serve de alicerce para o desenvolvimento intelectual do aluno no decorrer de sua vida. Como recomendações colocamos que o desenvolvimento da afetividade entre professor e aluno melhora a alto estima de ambos.
Palavras-chave: Afetividade. Aprendizagem. Relação professor-aluno.
ABSTRACT:
This article deals with affectivity as an indispensable term in the learning orientation system, but acts in a concrete way in the educational life. Through the feeling of caring, the student obtains all the essential aspects to have security and feel protected. In order to achieve healthy and appropriate progress within the school environment, positive relationships must be determined in order to achieve educational goals. Thus, a field research was carried out at the teaching institution Monteiro Lobato State School in order to demonstrate how affection is a facilitator in the learning process. As a result of the research it was observed that affectivity serves as a foundation for the student's intellectual development throughout his life. As recommendations, we emphasize that the development of affectivity between teacher and student improves the high esteem of both.
Keywords: Affection; Learning; The teacher - student.
- INTRODUÇÃO
A afetividade está sempre presente no processo psicológico consciente no qual a pessoa assume uma posição valorizada, sintética, que não é exclusivamente passiva e emocional, porém inclui também uma participação intelectual ativa da criança, independente de sua origem, gênero ou classe social.
Todavia, ainda encontramos resistência na valorização da mesma em sala de aula, visto que a escola ainda é vigorosamente influenciada por processos que privilegiam o tradicionalismo que, com frequência desvalorizam a relevância da vivência na formação do discente. Aprofundado este aspecto, Fernández (1991, p. 51) relata que, “Encaramos a aprendizagem como um processo e uma função, que vai além da aprendizagem escolar e que não se circunscreve exclusivamente à criança”.
O discente é convidado a permanecer quieto numa carteira por horas, tornando-se mero expectador do sistema de ensino-aprendizagem, realidade sancionada anteriormente no jeito tradicional de ensino, onde o estudante era visto como um depósito de conhecimentos, e o docente evita se envolverem afetuosamente com o discente, pensando de modo errôneo que o excedente de aproximação com o professor conduziria a um excesso de intimidade e atrevimento e ao fiasco do sistema de aprendizagem.
[...] Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de favorecer processos e integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. (BOSSA 2000, p. 30).
Embora a afetividade na aprendizagem ser muito estudado no meio acadêmico, a partir do final do século XIX vem tendo uma grande modificação, no sentido de desmantelar a pedagogia tradicionalista, reconhecendo uma pedagogia modificada, a escola parece não receber os resultados das várias pesquisas feitas neste meio, porém ainda persiste em permanecer, na maioria das vezes, processos clássicos e antiquados de ensino, muitas vezes imobilizando o discente por horas numa cadeira com exercícios mecanizadas e descontextualizadas, impostas por um docente que age como detentor do conhecimento, o que acaba por deixar de ter estímulo a fluência das emoções e do pensamento.
Portanto, é essencial que o educador possua acesso a dados sobre a colaboração da afetividade no método de ensino-aprendizagem, do relacionamento direto do carinho com a socialização do discente.
Acreditamos que o professor não apenas transmite conhecimentos, mas também pode estabelecer uma relação afetiva com seus alunos facilitando assim o processo de aprendizagem.
O presente artigo visa refletir a relevância da afetividade no processo de ensino-aprendizagem, destacando a necessidade de trazer para o ambiente escolar uma convivência agradável entre todos os que nele estão envolvidos. A interligação da afetividade e da aprendizagem na escola faz com que a criança se relaciona emocionalmente com os colegas e professores em sala de aula, despertando no aluno a motivação, a segurança e a melhora no seu desempenho escolar, a partir de atividades e atitudes que direcionem a um maior conhecimento do aluno e de sua realidade.
Na aprendizagem escolar, a relação entre alunos, professores, conteúdo escolar, livros e escrita, não se dá puramente no campo cognitivo, para aprender é necessário um vínculo de confiança entre quem ensina e quem aprende. O processo de ensino e aprendizagem pode trazer tanto para o educador quanto para o educando momentos de alegria, angústia e tristeza.
É notório a importância de o educador vivenciar os ideais, atitudes e valores que deseja cultivar nos alunos, para que o processo de aprendizagem seja satisfatório, proporcionando um convívio diário saudável, em sala de aula para ambos, professor/aluno.
Conforme ressaltado por Fernández (1991, p. 52): “A aprendizagem é, então, uma das funções para a qual estes níveis podem inter-relacionar-se com o exterior e por sua vez conformar-se, a si mesmos, em um processo dialético”.
Nesse aspecto observamos também que o pedagogo tem que realizar sua parte, buscando estar emocionalmente seguro, para poder interferir nas faltas de entendimentos (brigas) que ocorrem em seu ambiente de aula. Uma boa convivência entre docente e estudante, pautado na consideração, estima e na demonstração de zelo e cuidado proporciona essa mediação.
A afetividade na relação professor-aluno não se restringe apenas ao contato físico, já que essas trocas afetivas se tornam mais complexas e evoluem para respeito, compreensão e diálogo. Neste sentido, cabe ao professor oferecer oportunidades ao aluno para realizar as atividades de acordo com suas possibilidades e com confiança em sua capacidade. De acordo com Bueno, Pacífico e Amaral (2014, p. 121), relata:
A luz do que discorremos, podemos considerar que a qualidade da relação do aluno com o objeto do conhecimento se baseia no vínculo afetivo daquele com o professor, cujas respostas dos alunos evidenciam que a ligação que se estabelece no processo de ensino-aprendizagem é marcadamente afetiva.
Trata-se de um trabalho com pesquisa bibliográfica que visa o embasamento teórico realizado através de livros, dicionários, internet e etc. o estudo de caso: consiste na coleta de dado através de um questionário elaborado sobre o assunto relacionado no local em que acontecem os fenômenos. Destaca-se que é de fundamental importância a consolidação e o cuidado do professor, uma vez que a mesmo é importante para o sucesso e desenvolvimento do aluno.
O aluno vê o professor como uma direção, um percurso o qual busca o aprendizado e o bom relacionamento com afeto e atenção, possibilita ao aluno gostar de aprender. Esta afinidade entre ambos torna prazeroso, motivador e interessante a aprendizagem.
O objetivo deste presente artigo é estudar e argumentar o papel da afetividade no âmbito escolar e no relacionamento entre docente e estudante, tendendo à mudança interna do lecionando consequentemente no sucesso do sistema ensino-aprendizagem.
- METODOLOGIA
O estudo foi desenvolvido na Escola Estadual Monteiro Lobato, esta localizada na Rua Américo Vespúcio, 0, Centro Novo na cidade de Peixoto de Azevedo - MT.
O estudo foi realizado com professor regente e alunos na turma de 4º ano do ensino fundamental de 9 anos, no município de Peixoto de Azevedo. A partir da observação, descrevo experiências e sentimentos sobre as relações de afetividade entre professores e alunos ocorridos nesta unidade de ensino.
Esse estudo se classifica como pesquisa de campo uma vez que busca relacionar a afetividade com aprendizagem; foi uma pesquisa exploratória cujo objetivo foi à formulação de questões a fim de coletar dados através de entrevistas e observação participante, utilizando estudos de procedimentos específicos para a coleta.
O instrumento de coleta de informações para o professor foi não estruturada e não dirigida dialogando sobre o tipo de abordagem do professor com o aluno. A entrevista com o professor abordava a recepção ao entrar e o convívio diário com os alunos em sala de aula (Apêndice 1). A entrevista feita para os alunos foi estruturada com perguntas objetivas, com perguntas sobre a relação com o professor e às atividades que mais gostam de realizar na escola (Apêndice 2). Os dados coletados contribuíram para compreender as relações de afetividade entre os professores e os alunos e sua implicação na aprendizagem.
- RESULTADOS
O professor precisa se conscientizar do quanto os sentimentos e a relação de afetividade é importante para o desenvolvimento do aluno, pois a sua influência é essencial para a formação da personalidade do aluno. De acordo com Piaget (1975, p. 226), “cada um dos personagens do meio ambiente da criança em suas relações com ela uma espécie de esquema afetivo, isto é, resumos e moldes dos diversos sentimentos sucessivos que esses personagens provoca”.
Em diálogo com a professora A, a mesma acredita que a afetividade é facilitadora da aprendizagem, tornando canal direto entre o aluno e o professora. A mesma, respondeu que quando o aluno é agressivo e que não participa das atividades, é preciso conquista-lo procurando cativa-lo para que haja interesse em desenvolver as atividades. Além disso, a afetividade pode ser decisiva para a aprendizagem, pois no momento dos vínculos entre professor e aluno, a comunicação e a compreensão torna-se mais fácil auxilia-lo na aprendizagem, criando um laço de confiança.
Os resultados obtidos dos alunos mostram interesses nas atividades diferenciadas, como a de recreação e as aulas no laboratório de informática. A maioria dos alunos apresenta bom relacionamento com os colegas e professor, demonstrando respeito e carinho. Exceto o aluno C, que tem dificuldades de relacionamentos com a professora e os colegas. A professora procura trabalhar com todos os alunos de forma a não diferenciá-los, sempre elegendo dois alunos por semana para serem os ajudantes da professora dentro das atividades exploradas em sala de aula e extraclasse.
A professora uma vez por semana faz uma roda da conversa delimitando um tema, onde os alunos relatam e dão suas opiniões. Com o aluno C a professora relatou que desenvolve atividades além das citadas acima, de leitura e jogos pedagógicos contra turno duas vezes por semana para melhorar a convivência entre a professora e o aluno e os demais.
- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluí que a afetividade e aprendizagem caminham juntas, uma interferindo na outra. Com dados obtidos na pesquisa mostra a importância do afeto na relação professor-aluno. Através dados apresentados pela professora pode-se constatar que o uso dos sentimentos afetivos é importante no processo de ensino-aprendizagem do aluno.
Ainda por meio das respostas dadas pela professora percebeu-se que a mesma busca envolver vínculos afetivos com o aluno, pois acredita que essa atitude seja facilitadora no processo de aprendizagem.
Hoje, vivemos em um mundo em que muitos buscam soluções na violência e isso faz com que se reflita cada vez mais sobre a contribuição fundamental do afeto não só na sala de aula, mas sim a necessidade que ele também se propague fora dela, que os alunos a levem para sua vida, para que consiga viver um futuro de paz.
- REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
Apêndice 1
QUESTIONÁRIO DESTINADO AO PROFESSOR
Questionário aplicado ao artigo, realizado na Escola Estadual Monteiro Lobato na cidade de Peixoto de Azevedo. A presente pesquisa não tem interesse em revelar informações, mas sim acrescentar conhecimento para fins acadêmico.
- Para você o que é afeto?
- Em quais momentos você percebe que há trocas de afetividade entre você e o aluno?
- Você acredita que em algumas situações as questões afetivas podem auxiliar na aprendizagem? De que forma?
- Para você pode existir relações de afetividade e aprendizagem? Cite um exemplo.
Apêndice 2
- Mora com a mãe? Não( ) Sim( ).
- Mora com o pai? Não( ) Sim( ).
- Como é a sua relação com o professor?
( ) bom
( ) ruim
- O que você mais gosta no professor?
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- Qual é a disciplina que você mais gosta?
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- O que você mais gosta na escola?
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- Você gosta quando o professor conversa com você? Quais são os assuntos que você gosta de falar com os professores?
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- Como você expressa carinho por seus professores?
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[1] * OLIVEIRA, Larissa Aparecida Garcia, Licenciada em Geografia (UNIASSELVI, Peixoto de Azevedo, 2011). Atualmente docente do ensino fundamental e médio na Escola Estadual Vinícius de Moraes, Rua Mato Grosso, nº 365, Aeroporto, na Cidade de Peixoto de Azevedo, Cep.: 78530-000. Escola Educativa Sementinha, Rua Tancredo Neves, nº 346, Centro, Peixoto de Azevedo, Cep.: 78530-000. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.. Julho de 2016.

