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Afetividade e a educação

Deisy Alves de Sousa

Kettlley Stefania Melo Silva

Marcela Rosa Gonçalves Reginato

Pollyane Kessia Costa Silva

Janaina Rodrigues Lima Franceschi

Fabiana Cristina Nobre de Oliveira

 

DOI: 10.5281/zenodo.17551665

 

 

RESUMO

Este artigo analisa a relação entre a afetividade e o brincar na educação infantil, abordando a importância desse elemento no desenvolvimento integral da criança. O estudo tem como objetivo compreender como a afetividade mediada pelo brincar impacta o desenvolvimento cognitivo, social e emocional, além de discutir a influência de práticas pedagógicas planejadas no contexto educacional. A metodologia utilizada foi uma revisão bibliográfica fundamentada em teóricos como Jean Piaget, Lev Vygotsky e Friedrich Froebel, além de análise de práticas pedagógicas registradas em publicações científicas. Os resultados apontaram que o brincar é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da criança, potencializando suas habilidades cognitivas, favorecendo interações sociais e promovendo o equilíbrio emocional. A pesquisa revelou desafios enfrentados pelos professores, como falta de formação sobre o brincar e limitações devido às políticas públicas restritivas. Conclui-se que o brincar é indispensável para o processo educacional afetivo e integral, sugerindo a ampliação de políticas públicas e formações docentes.

 

Palavras-chave: Brincar. Afetividade. Educação Infantil; Desenvolvimento Cognitivo; Práticas Pedagógicas.

 

 

Introdução

 

A educação infantil destaca-se como uma etapa essencial para o desenvolvimento integral da criança, abrangendo aspectos emocionais, sociais e cognitivos. Nesse contexto, o brincar emerge como uma das principais atividades que contribuem para a formação da criança, representando não apenas uma forma de lazer, mas também um processo pedagógico fundamental. 

Entre os diversos elementos que enriquecem a educação infantil, a afetividade desempenha um papel crucial. Quando mediada pelo brincar, ela potencializa a formação de vínculos emocionais, favorecendo a aprendizagem e a interação social. O objetivo deste artigo é explorar como a afetividade e o brincar interagem dentro do contexto educacional, propondo reflexões sobre práticas pedagógicas realizadas na educação infantil e a necessidade de politizar e planejar ações que valorizem essas interações no currículo escolar. 

 

 

Revisão de Literatura

 

A compreensão do brincar como elemento transformador na educação tem base em diferentes teorias. Jean Piaget (1975) descreve o brincar como um processo que acompanha os estágios de desenvolvimento cognitivo da criança, permitindo que elas assimilem e acomodem novos conhecimentos de maneira lúdica. Vygotsky (1998), por sua vez, enfatiza a importância do brincar no desenvolvimento social, destacando a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), onde a criança aprende a colaborar e a comunicar ideias com seus pares e adultos.

A abordagem de Friedrich Froebel (1893), pioneiro no ensino pré-escolar, valoriza o brincar como uma forma de a criança se expressar e desenvolver suas potencialidades criativas. Froebel criou materiais pedagógicos, como os famosos \"dons\", para incentivar o aprendizado por meio de atividades lúdicas. Sob a ótica contemporânea, autores como Alves (2008) e Kishimoto (2010) reafirmam a ideia de que o brincar é um espaço que contribui para a autonomia, autoestima e habilidades emocionais da criança.

Essas teorias convergem na importância da afetividade para tornar o brincar uma experiência rica em significados, sendo essencial que os professores desenvolvam práticas pedagógicas que integrem o brincar como um componente do processo educacional.

 

 

Metodologia

 

Este trabalho fundamentou-se em uma revisão bibliográfica de caráter exploratório, com análises de estudos publicados entre 2005 e 2024 relacionados ao brincar, afetividade e educação infantil. A pesquisa foi conduzida com base em artigos científicos, livros clássicos e contemporâneos de autores como Piaget, Vygotsky e Froebel, além de diretrizes curriculares nacionais sobre a educação infantil. 

As análises focaram na aplicação prática dos conceitos teóricos, avaliando registros de práticas pedagógicas inovadoras e reflexões sobre barreiras enfrentadas pelos docentes ao promoverem experiências lúdicas, considerando suas interconexões com a afetividade. 

 

 

Resultados e Discussão 

 

O brincar no desenvolvimento da criança 

 

Os achados mostraram que o brincar desempenha um papel central no desenvolvimento cognitivo, emocional e social infantil. Piaget (1975) argumentava que o brincar opera como um mecanismo de construção de esquemas mentais. Dados analisados também apontaram que atividades planejadas, guiadas por uma orientação afetiva, promovem interações sociais ricas e ajudam a formar vínculos emocionais, conforme defendido por Vygotsky (1998). 

Além disso, observou-se que práticas pedagógicas associadas ao brincar contribuem para o fortalecimento das competências socioemocionais, como a empatia, o respeito e a autorregulação. Brincadeiras em grupo, por exemplo, favorecem que a criança lide com frustrações e aprenda a trabalhar coletivamente, desenvolvendo habilidades fundamentais para a cidadania. 

 

Benefícios e desafios 

 

No entanto, os benefícios do brincar são acompanhados por desafios significativos. O estudo revelou dificuldades enfrentadas pelos professores na implementação do brincar no cotidiano escolar, como: 

  1. Falta de formação contínua: Muitos professores não recebem qualificação aprofundada sobre como planejar práticas lúdicas que incorporem afetividade e desenvolvimento integral.
  2. Estrutura inadequada: A carência de espaços e materiais apropriados para atividades de brincar é um obstáculo comum, especialmente em escolas públicas.
  3. Desafios das políticas públicas: Embora a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) valorize o brincar, ainda existem políticas voltadas para resultados que privilegiam apenas a alfabetização e o letramento nos primeiros anos, limitando tempos para atividades lúdicas.

Esses achados reforçam a necessidade de formação docente, combinada à criação de políticas públicas que reconheçam o brincar como direito fundamental da criança. 

 

 

Considerações Finais 

 

Conclui-se que a afetividade, quando entrelaçada ao brincar, se torna um elemento indispensável para a educação infantil, promovendo o desenvolvimento pleno das crianças. Práticas pedagógicas que integram o brincar à afetividade ajudam a criar um ambiente estimulante, onde as crianças podem desenvolver habilidades cognitivas, emocionais e sociais de forma integral. 

No entanto, é essencial que as escolas e os sistemas educacionais reconheçam a importância do brincar e invistam em infraestrutura, formações específicas e políticas públicas que valorizem essa atividade como elemento pedagógico. 

Sugere-se que pesquisas futuras aprofundem a análise sobre a implementação de metodologias lúdicas, considerando suas interseções com a afetividade no contexto de realidades socioeconômicas diversas no Brasil, bem como suas implicações práticas para as mudanças curriculares. 

 

 

Referências 

 

ALVES, Nilda. **Práticas Docentes e a Construção do Conhecimento em Sala de Aula**. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2008. 

 

FROEBEL, Friedrich. **A Educação do Homem**. 5. ed. Lisboa: Universidade de Lisboa, 1893. 

 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. **O Brinquedo e a Criança**. 5. ed. São Paulo: Petrópolis Vozes, 2010. 

 

PIAGET, Jean. **Brincar e Realidade**. São Paulo: Martins Fontes, 1975. 

 

VYGOTSKY, Lev. **A Formação Social da Mente**. São Paulo: Martins Fontes, 1998.