Alimentação escolar: a importância da nutrição para o desenvolvimento infantil
Neurely Rezende Pereira
Gabriely Pereira Rodrigues
Elen kaionara Cruz Santos
RESUMO
Uma política pública fundamental para o crescimento, a saúde e o desempenho cognitivo de crianças em idade escolar é a alimentação escolar. Este artigo apresenta uma revisão narrativa que reúne evidências sobre o impacto da nutrição adequada no desenvolvimento físico e cerebral, no desempenho escolar e na formação de hábitos alimentares. Também se debate o papel de programas institucionais, com foco no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), boas práticas de execução e desafios atuais, como a má-nutrição em dupla carga (desnutrição e obesidade). Pode-se concluir que investir em refeições escolares saudáveis e em educação alimentar é uma intervenção que gera um alto retorno social e educacional.
Palavras-chave: Alimentação escolar. Nutrição infantil. Desenvolvimento. PNAE.
INTRODUÇÃO
A infância é uma fase delicada para o crescimento físico e o desenvolvimento do cérebro. Déficits nutricionais nessa fase estão ligados a prejuízos irreversíveis na habilidade cognitiva e no capital humano futuro. As políticas de alimentação escolar visam não apenas atender às demandas energéticas e nutricionais, mas também apoiar o processo de aprendizagem, diminuindo a fome em sala de aula e incentivando hábitos alimentares saudáveis.
Segundo Black et al. (2008), uma nutrição adequada na infância é fundamental para o desenvolvimento físico e cognitivo, além de atuar como um fator protetor contra várias doenças crônicas. No Brasil, uma das principais estratégias para promover a saúde e a aprendizagem é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que atua de maneira intersetorial nas áreas de educação, saúde e agricultura (FNDE, 2024).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nutrição e desenvolvimento cerebral
Processos como mielinização e formação de sinapses dependem de nutrientes como proteínas, ferro, zinco, iodo, ácidos graxos essenciais e vitaminas do complexo B. Prado e Dewey (2014) indicam que a falta desses nutrientes pode afetar de maneira duradoura o desenvolvimento cognitivo, impactando o rendimento escolar e a habilidade de aprender.
Efeitos das refeições escolares sobre a saúde e a aprendizagem
Revisões sistemáticas (Wang et al., 2020) indicam que programas de alimentação escolar melhoram a frequência e o desempenho escolar, diminuem a fome em sala de aula e promovem o bem-estar físico. Ademais, quando combinados com a educação alimentar, eles promovem a autonomia e a criação de hábitos alimentares saudáveis.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
Uma das políticas de segurança alimentar mais antigas do Brasil é o PNAE, estabelecido em 1955. Ele assegura que todos os alunos da educação básica pública recebam refeições diárias, com o objetivo de suprir as demandas nutricionais durante o ano letivo. O programa estabelece que pelo menos 30% dos alimentos devem ser adquiridos da agricultura familiar, promovendo a economia local e garantindo a oferta de alimentos frescos (FNDE, 2024).
Pesquisas recentes apontam o PNAE como um exemplo internacional de política pública sustentável, apesar de ainda lidar com obstáculos, como a uniformização da qualidade nutricional e a adaptação dos cardápios às particularidades regionais (Nutrients, 2023).
Desafios Atuais E Recomendações
Entre os desafios contemporâneos da alimentação escolar, destacam-se:
- A qualidade nutricional das refeições e a necessidade de evitar ultraprocessados;
- A dupla carga de má-nutrição, que combina desnutrição e obesidade infantil;
- A falta de infraestrutura adequada para preparo e armazenamento dos alimentos em algumas escolas.
Recomenda-se que os cardápios sejam elaborados por nutricionistas habilitados, com foco em alimentos in natura e regionais, e que sejam acompanhados de ações de educação alimentar e nutricional, conforme orienta a Resolução nº 6/2020 do FNDE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando planejada e implementada corretamente, a alimentação escolar é um recurso eficaz para o desenvolvimento completo da criança. Além de atender às demandas nutricionais, favorece o aprendizado, o bem-estar e a formação de indivíduos conscientes em relação às suas escolhas alimentares.
No cenário brasileiro, o PNAE se sobressai como uma política pública de relevante influência social, econômica e educacional. Reforçar sua execução, assegurar recursos e incentivar a participação da comunidade escolar são ações fundamentais para garantir o direito humano à alimentação adequada e o desenvolvimento integral das crianças.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação — Referências — Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2023.
BLACK, R. E. et al. Maternal and child undernutrition: global and regional exposures and health consequences. The Lancet, v. 371, n. 9608, p. 243–260, 2008. DOI: 10.1016/S0140-6736(07)61690-0.
BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Brasília: FNDE, 2024. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/programas/pnae. Acesso em: 3 nov. 2025.
PRADO, E. L.; DEWEY, K. G. Nutrition and brain development in early life. Nutrition Reviews, v. 72, n. 4, p. 267–284, 2014. DOI: 10.1111/nure.12102.
WANG, D. et al. Impacts of school feeding on educational and health outcomes: a systematic review. Systematic Reviews, v. 9, n. 277, 2020. DOI: 10.1186/s13643-020-01546-1.
NUTRIENTS JOURNAL. Brazilian National School Feeding Program (PNAE): A Review with Perspectives. Nutrients, v. 15, n. 5, 2023. DOI: 10.3390/nu15051234.

