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Folclore e cultura popular

Ana Cristina dos Santos Januário

 

DOI: 10.5281/zenodo.17244089

 

 

RESUMO

Este trabalho vem proporcionar aos educadores uma análise crítica da prática pedagógica, provocando um repensar na postura do professor em sala de aula em relação ao folclore enquanto um recurso que auxilia a construção da aprendizagem durante todo o processo de desenvolvimento social e cognitivo. Por intermédio deste trabalho é possível relacionar o folclore na aprendizagem com o desenvolvimento psicológico dos alunos, proporcionando momentos de grande valia para o processo de ensino e aprendizagem. Os espaços construídos em salas de aula, muitas vezes provocam em alguns alunos um sentimento de cobrança, o que pode acarretar insegurança, desmotivação e por fim problemas no processo de ensino e aprendizagem. Por este motivo tenho observado a postura dos meus alunos quando realizam atividades envolvendo o folclore. Para estes alunos o que seria impossível em atividades tradicionais, é extremamente aceitável em atividades envolvendo esta forma de ensinar. Durante aplicação de avaliação interna do município de Araras, pude comprovar que as crianças nos dão a devolutiva daquilo que aprenderam, de forma natural, sem perceber que estão sendo avaliadas. As observações realizadas por mim, me fez crer na ideia de que o professor pode e deve interferir nos processos de avaliação para oportunizar ao aluno momentos enriquecedores na construção do conhecimento.  É muito importante valorizar as brincadeiras, os brinquedos e os folclores infantis. Enfim, as atividades lúdicas que propiciam ensino-aprendizagem dos educandos, interagindo com várias áreas do conhecimento, de modo integrado e prazeroso.

 

Palavras-chave: Folclore. Brincadeira. Educação infantil.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Ao falarmos de educação, sempre devemos levar em consideração que o mundo da criança difere do mundo do adulto, pois nele existe o encanto da fantasia, do faz de conta, do sonhar e do descobrir, as crianças brincam com o que têm nas mãos e com o que têm na cabeça.

Os brinquedos exercem um fascínio sobre a criança devido as suas cores, modelos e atribuições.

A entrada da criança no mundo do faz de conta possibilita sua nova capacidade de lidar com a realidade, pois seu pensamento evolui mediante suas ações, fazendo com que as atividades ganhem importância no desenvolvimento do seu pensamento infantil.

A arte dentro do processo educativo procura encaminhar a formação do gosto pelo folclore, estimular a inteligência, desenvolver criatividade e contribuir para a formação da personalidade do indivíduo, a arte na Educação Infantil, infelizmente, tem sido encarada como uma atividade curricular sem significados, onde a criança apenas risca, rabisca, pinta, cola, ou seja, numa sucessão de atividades sem sentido.

A brincadeira dentro da educação infantil proporciona à criança, além do prazer de exercitar e expor seus sentimentos, a construção de um indivíduo crítico, obtendo experiências que o ajudarão a refletir, desenvolver valores, sentimentos, emoções.

Este tema foi escolhido pela necessidade de compreender e acompanhar a importância da ludicidade no processo de ensino-aprendizagem das crianças da educação infantil, em especial de 4 a 5 anos de idade.

A questão a ser abordada aqui é: de que forma as brincadeiras e os folclores podem colaborar na aprendizagem desses pequenos? Qual a melhor forma de levar a ludicidade e de que maneira o professor deve fazer as intervenções durante as realizações das brincadeiras propostas? Buscar sugestões de atividades para aplicarmos de forma prazerosa para ensinar as crianças os conteúdos de forma que aprendam de maneira agradável.

No meio educacional da criança, o discurso referente ao valor do brincar, na forma de folclore, fez-se e faz-se presente, ora direcionado como proposta de atividade pelo professor, ora como atividade livre, confiando na natureza. Mas, além disso, o que pretendo problematizar é a forma em que as brincadeiras influenciam na aprendizagem da criança, considerando que ela carrega marcas e/ou referências culturais passadas pela família, pela sociedade, pela mídia e pela tecnologia com a qual convive. Trazer a ideia de cotidiano no brincar é lançar um olhar diferenciado no dia-a-dia da criança na escola, é permitir a possibilidade de participação, de relação com o mundo.

Que possamos considerar aquilo que os sujeitos pensam sobre o brincar e, especialmente, suas práticas cotidianas e essa perspectiva teórica leva-nos a considerar os espaços que damos ao brincar, o que fazemos com ele enquanto escola e, sobretudo, a observar as marcas contemporâneas que se fazem presentes no brincar das crianças. Isso requer abertura às possibilidades de intervenção das crianças, como sujeitos ativos, os quais, a partir do mundo em que estão inseridos, têm necessidades, e por isso interagem e são capazes de burlar as regras dos adultos.

Meu principal objetivo com este trabalho de pesquisa é fundamentar a importância que tem o folclore, no processo de ensino-aprendizagem desde a Educação Infantil, assim como também caracterizar o folclore, diferenciar os folclores, brinquedos e brincadeiras e ainda propor sugestões de algumas atividades/brincadeiras que poderão ser usadas na educação infantil.

A pesquisa inserida, no decorrer deste trabalho, foi produzida, de forma descritiva e explicativa, por meio de levantamentos bibliográficos, procurando enfatizar que o ato de brincar pode ser um instrumento importante na socialização da criança na idade pré-escolar.

No primeiro capítulo, será abordada a importância do contato entre as pessoas, de que maneira a interação pode transformar os indivíduos, e como os seres humanos se desenvolvem? 

No segundo capítulo, serão mostrados alguns folclores, brinquedos e brincadeiras, além de explicar a forma como deve-se organizar uma brinquedoteca.

No terceiro capítulo, serão apresentados os eixos de trabalho da Educação Infantil e como são divididos, além de algumas sugestões de atividades lúdicas para serem trabalhadas, de acordo com cada eixo apresentado.

 

 

CAPÍTULO I

 

  1. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM HUMANA

 

De acordo com Oliveira (1993), Vygotsky busca compreender a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos ao longo da história da espécie humana e da história individual, mas não chegou a formular uma concepção estruturada do desenvolvimento humano, para que pudéssemos interpretar o processo de construção psicológica do nascimento até a idade adulta. Mesmo que esse seja objeto privilegiado de Vygotsky, ele não nos oferece uma completa interpretação em suas descobertas, oferece reflexões e dados de pesquisa sobre vários aspectos do desenvolvimento humano.

Durante estudos sobre a questão do desenvolvimento humano, Vygotsky se preocupava com os processos de aprendizado, porque para ele, o aprendizado está relacionado ao desenvolvimento, desde o nascimento da criança.

Ainda segundo Oliveira (1993), existe um percurso de desenvolvimento, em parte definido pelo processo de maturação do organismo individual, pertencente à espécie humana, mas é o aprendizado que possibilita o desenvolvimento que, não fosse o contato do indivíduo com certo ambiente, não ocorreriam.

Nesse caso, se pensarmos em um indivíduo que cresce em um ambiente isolado em uma cultura, que não possui um sistema de escrita, de acordo com Vygotsky esse indivíduo jamais será alfabetizado, pois o interesse pela leitura e escrita não poderá ser despertado sozinho, já que este não terá contato com indivíduo que permita tal aquisição. Somente quando o mesmo for desligado do seu contexto social e da sua convivência e for inserido em um cotidiano que se tem acesso à escrita e à alfabetização. Vygotsky afirma, mediante seus estudos, que será despertada a aprendizagem deste indivíduo devido a mudança de ambiente e será iniciado o aprendizado.

 

É um processo pelo qual o indivíduo adquire informações habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes da informação do ambiente. Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. O termo que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como “processo de ensino aprendizagem”, incluindo sempre aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre essas pessoas. (OLIVEIRA,1993, p.57).

 

Em outro caso, supondo que uma criança normal, que cresce num ambiente somente de pessoas surdas-mudas, ela não desenvolverá sua linguagem oral, mesmo com todos os requisitos inatos necessários para isso. Isso porque as crianças que não possuem contato com outros seres humanos que falam, ficam impedidas de aprender a se comunicar verbalmente, passando a se comunicar de outras formas.

De acordo com Oliveira, Vygotsky dá importância ao papel do outro social no desenvolvimento do indivíduo, porque em sua concepção, é o aprendizado com o outro que possibilita o despertar de processos internos, ligando o desenvolvimento da pessoa a sua relação com o ambiente sócio cultural em que vive.

Continuando o estudo de aprendizado das crianças, Vygotsky buscou descobrir até onde ela chegou, com relação ao seu desenvolvimento. Foram feitos então alguns testes para que, através dos mesmos, fosse levantado o que se sabe ou não referente ao senso de maturidade que a mesma tem para o aprendizado. Quando se constata que a criança já sabe andar, amarrar um calçado sozinho sem a ajuda de um terceiro, fica explicitada a ideia de que a mesma já se tornou independente naquela atividade e que o seu conhecimento é suficiente para o desempenho da função.

Esta forma de avaliação do comportamento infantil busca demonstrar o que se considera como conquista adquirida pela criança, nas situações da vida diária, e que não será mais necessário trabalhar, para que haja um desenvolvimento referente àquela ação ou referente àquela área. A esta capacidade de realizar estas tarefas, Vygotsky chama de nível de desenvolvimento real, que já foram completados, consolidados.

Outro nível de desenvolvimento que Vygotsky chama a atenção, é o nível de desenvolvimento potencial, isto é, a capacidade da criança desempenhar uma atividade necessitando ainda do auxílio de um adulto ou de um companheiro mais capaz. No caso das tarefas em que a criança não consegue realizar sozinha, mas conseguirá se receber os comandos, orientações dadas por outra pessoa.

 

Essa possibilidade de alteração no desempenho de uma pessoa pela interferência de outra é fundamental na teoria de Vygotsky. Em primeiro lugar porque representa de fato, um momento do desenvolvimento: não é qualquer indivíduo que pode a partir da ajuda de outro, realizar, qualquer tarefa. Isto é. A capacidade de se beneficiar de uma colaboração de outra pessoa vai ocorrer num certo nível de desenvolvimento, mas não antes. (OLIVEIRA,1993, p.59).

 

O nível de desenvolvimento potencial do indivíduo ajuda a entender o momento em que as novas informações vão ser inseridas dentro da zona de conhecimento. A partir disso, onde existe o que já é conhecido pela criança (real) e o que o mesmo precisa aprender (ideal), aparece como complemento entre estas duas zonas um “local” referencial conhecido como Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), a qual o indivíduo que ensina precisa saber, para que a criança que está sendo submetida ao aprendizado, e, portanto, depende da ajuda de outras pessoas, seja brevemente, independente em relação ao novo conteúdo proposto.

 

A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de ‘’brotos’’ ou ‘’flores’’ do desenvolvimento, ao invés de frutos do desenvolvimento. (OLIVEIRA, apud Vygotsky 1993, p.60).

 

A questão que intriga quem ensina e quem está envolvido neste processo de aprendizagem, é como atingir esta ZDP? A escola tem o papel de fazer com que a criança avance em sua compreensão de mundo, a partir daquilo que já conhece, tendo como meta etapas posteriores, que ainda não foram alcançadas.

Vygotsky salienta que o único bom ensino é aquele que provoca no aluno o adiantamento do seu conhecimento, mas isso não deve se dar através de uma forma autoritária de ensinar, e sim baseando em uma abordagem que estimule a curiosidade e o interesse da criança.

Vygotsky também fala sobre a importância que julga considerável na ação do meio cultural e das relações sociais que o indivíduo vive diariamente. Pois ele acredita que no relacionamento entre o sujeito e o ambiente, sendo ele cultural ou social, o indivíduo recebe uma carga de informações que o ajuda a reconstruir seus conceitos anteriores e leva a recriar seus novos conceitos e formando assim um aprendizado dialético, que promove individualmente constantes mudanças.

Estas mudanças geram a criação de uma nova cultura, por parte deste indivíduo que mediante este processo elabora uma formação sócio histórica que fundido a outras transformações individuais, constrói a sociedade humana como um todo.

Para Vygotsky, a escola é um interessante ambiente para se aplicar a imitação, como forma de aprendizagem entre os pequenos, e a utilização deste recurso não deve ser enfadonho, mas usada pensando na construção da capacidade da criança de aprender algo novo, através de alguém que pode ajudar a atingir à sua Zona de Desenvolvimento Proximal, proporcionando o conhecimento referente ao que se sabe e algo que se deve aprender.

Ainda segundo Vygotsky apud Oliveira, outra forma de se conseguir atingir a ZDP da criança dentro do ambiente escolar, é estimulando a imaginação da criança, propondo brincadeiras de faz de conta, usando brinquedos como ferramenta.

No mundo da imaginação, a criança constrói seu próprio pensamento, usando diferentes objetos para brincar, como um cabo de vassoura para simbolizar um cavalo, mas dentro de um ambiente visual real, a criança não consegue se desvincular daquilo que está vendo de forma concreta e real.

Quando a criança adquire a linguagem e passa a utilizar a representação simbólica, ela terá condições de libertar a sua imaginação, ligando os elementos concretos presentes no momento atual. Como por exemplo, se ela está visualizando uma pessoa sentada, e o seu relato será de que a pessoa está em pé, mesmo que você peça a ela para falar assim, ela mudará a frase afirmando que a pessoa está sentada.

E quando utiliza um brinquedo, a criança interage com ele através da sua própria imaginação, pois cada um tem um significado que vai além da realidade concreta. O brinquedo proporciona então, uma situação de transição entre o que é real e o que é imaginação, construindo um novo conhecimento que poderá utilizar no seu cotidiano.

Tanto pela criação da situação imaginada pela criança, como pela definição de regras específicas, o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. Assim, ela se comporta de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, separando o objeto de seu significado, contribuindo assim com seu próprio desenvolvimento, aprendendo por meio de folclores e brincadeiras.

 

 

CAPÍTULO II

 

  1. FOLCLORE, BRINQUEDO, BRINCADEIRA E ORGANIZAÇÃO DOS BRINQUEDOS

 

Conforme os estudos realizados para este trabalho, foi possível constatar a importância do folclore no desenvolvimento da criança e como podemos utilizar esse momento no processo de ensino e aprendizagem.  O professor está sempre à procura de caminhos que ajudem nesse processo, tão natural para alguns alunos e tão desconfortável para outros.

O folclore não representa uma fórmula mágica, capaz de sanar os problemas de aprendizagem, emocionais e de mau comportamento na educação, mas representa um meio de auxiliar a aprendizagem. Desta forma, entendemos que o folclore não é um mero passatempo e que brincar é coisa séria!

O professor da educação infantil tem que assumir o papel de mediador nessas atividades, vislumbrando a formação de conceitos e o processo de desenvolvimento de forma geral. Há que se proporcionar momentos de atividades lúdicas livres – porém acompanhada do olhar e análise das situações ou folclores de papeis sociais pelo professor – e as atividades lúdicas dirigidas, com objetivos e intencionalidades específicas.

Sob essa perspectiva, a atividade traz inúmeros benefícios, porque solicita a inteligência, possibilita uma maior e melhor compreensão do mundo, favorece a simulação de situações, antecipa soluções de problemas, sensibiliza, alivia tensões, estimula o imaginário e, consequentemente, a criatividade. Permite, também, o desenvolvimento do autoconhecimento, elevando a autoestima, propiciando o desenvolvimento físico-motor, bem como do raciocínio e da inteligência, sensibilizando, socializando e ensinando a respeitar as regras.

Enfim, o brincar diverte, traz alegria e faz sonhar. Podemos concluir que com o folclore a criança tem a oportunidade de organizar seu mundo seguindo seus próprios passos e utilizando melhor seus recursos. Ao utilizar o folclore como instrumento facilitador no ensino- aprendizagem, percebemos que esta é uma proposta criativa e recreativa de caráter físico ou mental, que permitirá ao educando criar, imaginar, fazer de conta, funcionar como laboratório de aprendizagem.

Para a incorporação do folclore faz-se necessário uma política educacional que garanta a formação do profissional. Que o educador reflita sobre sua postura em relação ao ensinar, aprender e ao avaliar seu educando dentro da metodologia lúdica.

O brincar e a aprendizagem social, segundo Kostelnik (2015), “mantêm uma relação complexa. Na brincadeira a criança aprende a se autocontrolar, divide papéis e opiniões, aprende a respeitar e valorizar o próximo, entre outros, com o fim de que a brincadeira prossiga sem problemas”. Desse modo, podemos afirmar que não há sequer um elemento da competência social para o qual a brincadeira não contribua.

A brincadeira amplia vários conceitos, possibilita as mais variadas experiências nas diversas áreas do conhecimento. Partindo disso, vejamos como o folclore, o brinquedo e a brincadeira possuem papel didático e não só podem como devem, ser explorados pelos professores.

 

2.1 O folclore

 

O folclore, as brincadeiras, os brinquedos, enfim, as atividades lúdicas, acompanham o desenvolvimento da civilização humana desde seus primórdios. Sommerhalder e Alves (2011) afirmam que em Homo Ludens, HUIZINGA (1980) argumenta que o folclore puro e simples é o princípio vital de toda a civilização, é uma função da vida.

Os indícios de folclores, brinquedos, brincadeiras, não são recentes, ao contrário, em todos os cantos do mundo, são antigos. Segundo Vasconcellos (2006), o Museu Britânico, em Londres, possui em seu acervo, brinquedos com mais de cinco mil anos, pertencentes à civilização egípcia. No Brasil, nas cavernas de São Raimundo Nonato no Piauí, ainda podemos encontrar figuras que estão gravadas as representações de brinquedos e possíveis brincadeiras que crianças e adultos, utilizavam há dez mil anos atrás, com datas da época. Com essas informações, podemos afirmar que o folclore está presente em toda a história da humanidade “(MELLES DE OLIVEIRA, 2005, p. 40).

A ideia que temos hoje, é que o folclore é um produto cultural, é produzido de acordo com a cultura, representando valores, signos, hábitos e costumes produzidos pela sociedade e indivíduos que dela fazem parte.

Se pudermos conversar com pessoas de mais idade, poderemos descobrir muitas brincadeiras que desconhecemos, como também iremos perceber que muitas das brincadeiras que conhecemos, foram reformuladas, recriadas, assim como poderemos descobrir novas brincadeiras e folclores interessantes. Outra forma de descobrir as brincadeiras atuais das crianças, seria observando-as no momento do recreio na escola, passeando pelo bairro onde as crianças brincam pelas ruas.

De acordo com Sommerhalder e Alves (2011), quando falamos em folclores e brincadeiras, nos vem a imagem de nossa infância ou de uma criança brincando, isso porque é difícil imaginar uma criança que não goste de brincar e/ou jogar, pois o prazer com que elas se entregam à estas atividades lúdicas é gratificante. Quem pensa que um dia deixaremos de brincar ou jogar, se engana, pois, nós adultos, não deixamos de brincar, apenas deixamos as simples brincadeiras por outras mais complexas, como esportes, danças, teatros, lutas.

O folclore é nosso ponto de partida, a partir dele, começamos uma fantástica descoberta no mundo da cultura. Daí então, entramos em contato direto com o mundo que nos cerca.

É assim também que o bebê estabelece suas primeiras relações com sua mãe: um folclore de olhares, toques, expressões que permitem que bebê e mãe se relacionem, se conheçam, se reconheçam. Cria-se um espaço intermediário entre bebê e mãe onde as necessidades do bebê se encontram com o desejo da mãe de satisfazê-las, de acolhê-las, possibilitando ao primeiro segurança e suporte para enfrentar as fragilidades de um mundo que está além de si mesmo.

Ainda segundo Sommerhalder e Alves (2011), é através da brincadeira/folclore que a criança busca alternativas e respostas para suas dificuldades e/ou problemas, satisfaz seus desejos. Dessa forma, também aprende e constrói conhecimentos, explorando, experimentando, inventando e criando. Aprende o significado e o sentido da cooperação, da competição, explora e experimenta diversas habilidades motoras, reconhece valores e atitudes de respeito, etc.

Aos olhos da criança o mundo é um grande parque de diversões, é o elo dela com o mundo maior que a cerca, portanto, espaço potencialmente educativo e/ou formativo. Esse é um dos motivos, talvez o mais importante, que possibilita a inserção do folclore ao cenário escolar.

Kishimoto (2006, p.13) argumenta que:

 

Tentar definir o folclore não é tarefa fácil. Quando se pronuncia a palavra folclore cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-se estar falando de folclores políticos, de adultos, crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias, brincar de “mamãe e filhinha”, futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar na areia e uma infinidade de outros.

 

Há estudiosos que descrevem o folclore como elemento da cultura, relacionando-o aos aspectos sociais como o prazer de jogar, “não-seriedade”, por não ter ligação com o dia a dia, as regras existentes, a liberdade de jogar etc. Entretanto, outros autores como Vygotsky apud Oliveira (2003) afirmam que nem sempre o folclore assume essas características, obtendo em alguns casos o prazer e o esforço para alcançar o objetivo da brincadeira. Em suas regras, todo o folclore possui sua característica marcante, seja ela explícita ou implícita.

Os folclores, brinquedos e brincadeiras são atividades fundamentais da infância. Do ponto de vista educacional, o folclore tem um sentido mais específico como: divertimento, brincadeira, passatempo e visa a estimular o crescimento e a aprendizagem das crianças. O folclore é composto de regras, e é considerado um grande aliado na educação. Quando utilizado de forma equilibrada, proporciona grandes desafios e novas experiências, ajudando no amadurecimento e a desenvolver a personalidade. (MACEDO, 2000).

De acordo com Piaget (1990), os folclores se classificam em:

- Folclores de exercícios: aqueles que acompanham quase todo o desenvolvimento da criança representam as primeiras experiências motoras, o simples ato de repetir a mesma ação inúmeras vezes.

- Folclores simbólicos ou faz de conta: a criança se propõe a realizar coisas, resolver problemas ainda não possíveis de soluções na vida real.

- Folclores de construção: Situam-se num período de transição entre folclores simbólicos e os de regras, meio caminho entre folclore e a organização do pensamento.

- Folclores de regras: Possível, após certo desenvolvimento da inteligência, característico do indivíduo socializado.

Segundo Kishimoto (2006, p.27), alguns autores apontaram pontos comuns que entrelaçam a família dos folclores:

 

       1.liberdade de ação do jogador ou o caráter voluntário e episódico da ação lúdica; o prazer (ou desprazer), futilidade, o “não sério” ou o efeito positivo;

  1. as regras (implícitas ou explícitas);
  2. a relevância do processo de brincar (o caráter improdutivo), a incerteza de seus resultados;
  3. a não literalidade ou a representação da realidade, a imaginação e
  4. contextualização no tempo e espaço.

 

Ainda de acordo com as ideias de KISHIMOTO, o uso do brinquedo/folclore educativo funciona como grande instrumento para as situações de ensino-aprendizagem e desenvolvimento infantil. Pois considera-se que a criança aprende de modo intuitivo, espontâneo em processos interativos sociais e afetivos.

 

2.2 O brinquedo

 

E na hora de escolhermos um brinquedo, muitas das vezes, o adulto cria uma ideia de que o brinquedo bom, é aquele sofisticado, que faz tudo sozinho, canta, chora, gira, faz xixi, dança, anda. Uma simples bola de meia, boneca de pano ou mesmo uma vassoura, talvez faça um efeito muito mais significativo em termos de aprendizagem e desenvolvimento da criança do que aqueles objetos mais sofisticados, com designer moderno, fashion e tecnologia de ponta.

De acordo com Sommerhalder e Alves (2011) (BENJAMIN (1984, p. 70) “[...] quanto mais atraentes forem os brinquedos, mais distantes estarão de seu valor como ‘instrumentos’ de brincar; quando ilimitadamente a imitação anuncia-se neles, tanto mais desviam-se da brincadeira viva”. À criança só resta reproduzir. O exercício de criar, recriar, montar, desmontar, cede lugar à reprodução. Isso quer dizer que, quanto mais sofisticado for o brinquedo, mais a criança se tornará prisioneira. Quanto mais simples, mais a criança irá inventar possibilidades.

E para completar, Kishimoto (2006) diz ainda que o brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto folclore. No caso da criança, o imaginário varia conforme a idade: para o pré-escolar de 3 anos, está carregado de animismo; de 5 a 6 anos, integra predominantemente elementos da realidade.

Sommerhalder e Alves (2011) esclarecem que, na percepção da criança, qualquer objeto pode ser um brinquedo quando esse assume uma função lúdica. Ele é um estimulador da imaginação e da fantasia, por expressar, muitas vezes, imagens de representação de aspectos da realidade, oferece à criança a oportunidade de lidar com substitutos de objetos reais. A criança pode ou não se apoiar neste objeto para brincar, sendo qualificado como um bom material, quando maior for a possibilidade do brincante imaginar e criar.

O brinquedo é o suporte usado para desenvolver a imaginação do aprendiz em uma ação lúdica. Trata-se de um elemento cultural que é utilizado pelas crianças independente de sua proposta inicial, sem determinar a brincadeira. Compreende-se que um dos objetivos do brinquedo é substituir os objetos reais para que as crianças os manipulem, os conheçam e interajam com estes e quanto mais este material permitir a expressão da imaginação e da fantasia maior será a sua qualificação educativa (KISHIMOTO, 2006).

Além dos sentidos que as crianças atribuíram ao brinquedo e os significados sociais e culturais que estes assumiram, o brinquedo é também em alguns momentos um objeto transicional, pois se encontravam no meio caminho entre a realidade concreta e a realidade psíquica da criança. Ao utilizar um brinquedo é fundamental que as crianças possam desmontá-lo, sujá-lo, enfim, conhecê-lo. Neste processo de brincar com o objeto folclore (brinquedo), elas experimentam a tarefa constante de construção e reconstrução da realidade interna e externa (ALVES e SOMMERHALDER, 2006).

Segundo Vygotsky (1998), a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD), se dá com o processo de desenvolvimento e a relação do indivíduo com seu ambiente e também com o brinquedo.  O autor define a ZPD, como:

 

A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração companheiros mais capazes. (Vygotsky, 1998, p. 112)

 

O autor afirma, ainda, que a aquisição do conhecimento se dá, por intermédio das zonas de desenvolvimento: real e proximal.  A zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida, de início, com o auxílio de outras pessoas mais “capazes”, que já tenham adquirido esse conhecimento.

Segundo Kishimoto (2006), o brinquedo pode ter funcionalidades lúdicas ou educativas, de acordo com suas considerações, funciona como folclore, quando o brinquedo traz diversão, prazer e até desprazer, quando é escolhido pela própria criança.  E é educativo, quando é colocado pelo professor ou um adulto para completar seu saber e sua apreensão do mundo.

Segundo Kishimoto (2006) o brinquedo é compreendido como um "objeto suporte da brincadeira", ou seja, brinquedo aqui estará representado por objetos como piões, bonecas, carrinhos etc. Os brinquedos podem ser considerados: estruturados e não estruturados. São denominados de brinquedos estruturados aqueles que já são adquiridos prontos, é o caso dos exemplos acima, piões, bonecas, carrinhos e tantos outros.

 

O vocábulo “brinquedo” não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do folclore, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Enquanto objeto, é sempre suporte de brincadeira. É o estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil. (Kishimoto, 2006 p.21)

 

Os não estruturados são aqueles que, não sendo industrializados, são simples objetos como paus ou pedras, que nas mãos das crianças adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo. A pedra se transforma em comidinha e o pau se transforma em cavalinho. Portanto, vimos que os brinquedos podem ser estruturados ou não estruturados, dependendo de sua origem ou da transformação criativa da criança em cima do objeto.

O brinquedo pode favorecer a imaginação, a confiança e a curiosidade, proporcionar a socialização, desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da criatividade, da concentração.

O brinquedo deve sempre estar colocado ao alcance da criança, ele será seu parceiro na brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à ação e a representação, a agir e a imaginar. As situações imaginárias e de faz-de-conta que as crianças vivenciam tem-se manifestado, pode-se dizer, com mais diversidade, as crianças buscam imitar, imaginar, representar e comunicar de uma forma especifica que uma coisa pode ser outra, que uma criança pode ser um objeto ou animal, que o lugar “faz-de-conta” é outro daquele diferente em que está, e assim estará caminhando para a aprendizagem.

A educação lúdica é um grande suporte para o aprendizado das crianças, pois é de forma espontânea.

Acreditamos que o folclore auxilia positivamente no aprendizado das crianças, pois juntamente com as brincadeiras elas desenvolvem também a coordenação motora.

Cabe no folclore que podemos observar o desenvolvimento de cada uma. Além de se expressar de maneira corporal, assimila os conhecimentos transmitidos pelo educador ao professor selecionar os folclores que possuem algum significado positivo na aprendizagem dos seus alunos, passando a ser uma ótima influência para os pequenos aprenderem.

 

2.3 A brincadeira

 

Quem nunca brincou quando criança? Difícil encontrar alguém que diga que nunca fez isso. Muitas brincadeiras como: pega-pega, esconde-esconde, pular corda, brincar de casinha, queimada, futebol, entre outras, fizeram parte da infância de muita criança. Quem não se lembra dessas práticas culturais que alegravam os dias de brincadeiras na escola, com as amiguinhas de infância?

Segundo Kishimoto (2006), a criança quando brinca toma uma certa distância da vida cotidiana, entrando no mundo imaginário. Portanto, assim como o brinquedo que desperta a imaginação e a fantasia, o folclore tem na ação voluntária uma característica marcante. Ao brincar, a criança mostra toda a sua sensibilidade ao duvidar daquilo que vê, que pega. Assim, ao brincar, a criança não está somente ancorada ao presente, mas também tenta resolver problemas do passado ao mesmo tempo em que projeta para o futuro. A menina que brinca com a boneca antecipa sua possível maternidade e tenta enfrentar as pressões emocionais do presente. Brincar de boneca permite-lhe representar sentimentos ambivalentes, como o amor pela mãe e os ciúmes do irmãozinho que recebe os cuidados maternos. Kishimoto (2006) classifica as brincadeiras em: tradicionais, de faz-de-conta e de construção e enfatiza como cada uma delas pode contribuir para a aprendizagem das crianças de Educação Infantil. Para ela, a brincadeira tradicional infantil, filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade. A importância de se trabalhar com essas brincadeiras explica-se pelo poder da expressão oral.

Na visão de Kishimoto (2006) sobre as brincadeiras tradicionais, ela abre espaço para que os brinquedos e brincadeiras sejam resgatados e até mesmo introduzidos nas Escolas. Há que se lutar para que se torne uma realidade presente na proposta pedagógica da escola. Na brincadeira com folclores de construção, o importante é enriquecer, estimular e desenvolver as habilidades, construindo casas e prédios com tijolinhos que estimulam a imaginação.

 

Construindo, transformando e destruindo, a expressa seu imaginário, seus problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades de adaptação, bem como a educadores o estímulo da imaginação infantil e o desenvolvimento afetivo e intelectual. Dessa forma, quando está construindo, a criança está expressando suas representações mentais, além de manipular objetos. (Kishimoto, 2006, p.40).

 

A criança, quando brinca, aprende a se expressar no mundo, criando ou recriando novos brinquedos e participando com eles de novas experiências e aquisições. Assim, consegue o “passaporte” para a realidade.

É através da brincadeira que a criança tem mais espaço para a vida afetiva e mais possibilidades de desenvolver sua capacidade de concentrar sua atenção. Ela explora seus sentimentos, tenta compreender o desconhecido, por isso precisa brincar para se sentir segura.

Para Macedo (2000), a brincadeira é uma aprendizagem social: ela não é inata, aprende-se a brincar. Cabe aos educadores proporcionar e criar um ambiente que estimule a brincadeira, pois a criança se desenvolve pela experiência social e nas interações que estabelece, desde cedo, com a experiência dos adultos e do mundo que por eles foi criado. A brincadeira é uma atividade social privilegiada de interação específica e fundamental, que garante a interação e construção do conhecimento da realidade, vivenciada pelas crianças e de constituição do sujeito-criança como sujeito produtor da história, principalmente na educação infantil.

Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil:

 

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais (BRASIL, 1998, p. 22).

 

A brincadeira é uma linguagem expressa, intensa e preferida pelas crianças, ocorre de forma imaginária, sendo assim oposta à realidade.   Vem carregada de emoções e afetos, o que a caracteriza como uma atividade séria e intensa, especialmente na infância.

Brincar representa a capacidade de mobilizar fantasias que ajudam a criança a compartilhá-las com outras pessoas, de modo que permita a produção de saberes significativos e singulares (SOMMERHALDER; ALVES, 2011).

Por desenvolver-se na dimensão imaginária, é carregada de fantasia e simbolismo, dando a oportunidade de a criança compreender o outro em suas relações humanas e com os objetos da cultura, promovendo inúmeras aprendizagens.

Para PIAGET (1971), quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, e sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui. Ao que ele chama de folclore simbólico, em que a criança atribui novos significados à vários objetos.

 

2.4 Organização dos brinquedos

 

De acordo com Michelet (1992), a organização dos brinquedos e outros materiais folclores é fundamental. Por isso é muito importante ser discutido com os educandos, que deverão compreender que para facilitar o encontro de tudo o que há de legal a ser usado, precisarão manter a brinquedoteca em ordem, pois o espaço será explorado por todas as outras crianças da escola e todos precisam se comprometer e fazer a sua parte.

Para facilitar a visualização e manter os brinquedos organizados em uma brinquedoteca, até mesmo na hora de guardar os mesmos nas estantes e armários, é importante relacionar cores, idade média de utilização, baseando-se na função e no desenvolvimento da criança. Pode-se fazer faixas pintadas ou de fitas nos armários e marcar nomes correspondentes aos brinquedos:

 

  1. Brinquedos para a primeira idade e brinquedos para atividades sensório-motoras (como: chocalhos; mordedores; móbiles; animais e objetos em borracha; pelúcias de 20 a 50 cm; brinquedos para empurrar rolar e puxar; veículos sem pedais; cubos; formas para empilhar; caixas de encaixe de formas e cores; esferas; caixas de música etc.): cor vermelha.
  2. Brinquedos para atividades físicas (como: veículos com pedais, patinetes, triciclos, patins, bolas, cordas, pingue-pongue, pipas, boliches, folclores de argolas, pernas de pau, bambolês, piões etc): cor azul escuro.
  3. Brinquedos para atividades intelectuais (como: quebra-cabeças, caixas científicas e de experiências, brinquedos e folclores de perguntas e respostas, brinquedos didáticos, folclores matemáticos e lógicos, blocos de construção etc): cor amarela.
  4. Brinquedos que reproduzem o mundo técnico (como: fogões, aparelhos eletrônicos reduzidos com a função de imitar o real, robôs, aparelhos audiovisuais com função real, veículos com miniatura, pistas para carros, trens, acessórios – como autoramas – etc.): cor verde.
  5. Brinquedos para desenvolvimento afetivo (como: bonecos, personagens imagináveis, bonecas para vestir, acessórios e móveis de boneca e de casinha, acessórios de beleza, brinquedos de profissões, bebês, casa de bonecas, tapete de folclore, cidades, fazendas, zoológicos, cabanas, tendas, fortes e ranchos, miniatura de figuras de animais, soldadinhos de chumbo etc.): cor rosa;
  6. Brinquedos para atividades criativas: (como: mosaicos; materiais de colagens; origami; caixas de pintura; folclore de desenho; modelagem; adesivos; trabalhos de furar, amarrar, enfiar, traçar e recortar; quadro-negro; brinquedos musicais; marionetes; fantoches; teatrinho etc.): cor azul claro.
  7. Brinquedos para relações sociais (como: folclores de numerais e de letras, folclores de mágica, coleções de folclores, folclore de simulação e de interpretação, folclores de sorte – como dados, bingo – etc.): cor laranja. Sommerhalder e Alves (2011), p. 97.

 

E para facilitar ainda mais, os mesmos autores sugerem que sejam feitos catalogação/registro de todos os brinquedos com número de identificação, data da aquisição ou doação, letra do armário ou cor da estante em que é guardado o brinquedo.

Aflalo (1992) sugere que façam uma ficha para cada brinquedo, colocando desde a foto do brinquedo, recorte ou fotocópia da embalagem e cópia das regras do folclore em anexo. Ele também cita a importância da catalogação de brinquedos, usando ficha contendo código, nome, ano de fabricação, fabricante, local, tipo, descrição detalhada de seus componentes, quantidade do mesmo, doador, preço, local da compra, localização na brinquedoteca, acondicionamento, até mesmo maneiras de guardar o brinquedo, disponibilidade de empréstimo e outras observações. O importante é que o brinquedo tem que estar catalogado dentro da brinquedoteca e que tenha um computador ou um caderno que mostre todos os dados necessários para o usuário.

Seja no computador ou no livro, o registro deve facilitar informações sobre cada brinquedo catalogado, sua localização, quantidade de peças, se está ou não disponível para retirada, fabricante, data de aquisição, última limpeza, saída para limpeza ou conserto ou limpeza, data de retorno, desligamento efetivo, mesmo quando tratarmos de brinquedo de sucata.

Esse trabalho de classificar e catalogar os brinquedos, será uma forma de organizar a brinquedoteca para facilitar a localização, substituição no caso de um deles estiver quebrado e outras informações importantes, assim, não verão a brinquedoteca como um ambiente com amontoado de brinquedos, sem organização e cuidados.

Garon também defende a classificação simplificada de brinquedos e nos apresenta a seguinte proposta:

 

  1. brinquedos para berço, encaixes de formas e cores, brinquedos para apertar, bater, puxar, empurrar, brinquedos para areia e água e outros brinquedos de estimulação e coordenação motora, para ação e descoberta;
  2. bonecas, bonecos, bichos e acessórios destes;
  3. móveis, louças, telefones e outros utensílios de casinha;
  4. veículos e acessórios;
  5. bolas, cordas de pular, boliches, petecas, pingue-pongue, boias, pipas, balanço, escorregadores, bicicletas, patins, taco, redes e outros brinquedos para exercícios físicos e habilidades;
  6. fantoches, marionetes, teatrinho, fantasias, maquilagem, mágica, acessórios que imitam profissões, mini cenários como fazendinhas, forte apaches e outros brinquedos para dramatização;
  7. carimbos, quadro-negro, tintas, massinhas, materiais para tapeçaria, tecelagem, bordado e outros materiais para atividades artísticas e trabalhos manuais;
  8. instrumentos e brinquedos musicais;
  9. brinquedos de construção e montagem;
  10. lotos, dominós, folclores de tabuleiro, pebolim, futebol de botão, cartas, folclores de ação, folclores de estratégia e outros folclores de sociedade;
  11. quebra-cabeças;
  12. folclores e brinquedos de vídeo, informáticos e eletrônicos;
  13. lupa, binóculos, lunetas, caleidoscópios, microscópios, ‘Kits’ de química, biologia, física, brinquedos de letras, números, palavras, línguas, noções de geografia, história e outros objetos para aprendizagem e descoberta;
  14. aparelhos de foto, vídeo, som e outros equipamentos;
  15. livros, revistas. Sommerhalder e Alves (2011), p. 100.

 

Outra possibilidade de organizar brinquedos seria através de carteirinha com número de inscrição ou matrícula. Há várias formas de se organizar uma brinquedoteca, mas devemos nos atentar para que esta ação não dificulte o uso destes, pois a ação do brincar deve ser privilegiada pelas crianças.

 

 

CAPÍTULO III - OS EIXOS DE TRABALHO E SUGESTÕES PARA TRABALHAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

É importante o professor conhecer os eixos de trabalho ou áreas de conhecimento para trabalhar na educação infantil, tanto para seu conhecimento, quanto para a formação social da criança.

 

3.1 Movimento

 

Segundo BRASIL (2002) movimento é um eixo muito importante para o desenvolvimento do ser humano, este não pode ser deixado de lado. Desde o nascimento, a criança vai ganhando experiência, confiança, através do contato com o mundo. Cabe ao professor e ou monitor, enriquecer o ambiente para que fique mais acolhedor, interativo, seguro e prazeroso.

A atividade de movimento envolve uma pluralidade de manifestações do ato motor que promovem o desenvolvimento de vários aspectos específicos da motricidade, estes são fundamentais para as crianças conseguirem agir sobre o meio físico. Devemos respeitar as capacidades, diferenças, limites e a faixa etária.

Os conteúdos do eixo movimento estão organizados em dois blocos. No primeiro, são destacadas as questões de reconhecimento do próprio corpo e as expressões de sensações e ritmos gestuais com crianças de zero a três anos. Já o segundo, trata dos aspectos progressivos das crianças de quatro a seis anos de idade, aprofundando e ampliando o trabalho, considerando a expressão, estruturas rítmicas através de danças e brincadeiras, além dos limites e potencialidades dos movimentos.

Brincadeiras de roda, danças circulares, são recursos folclores para propor às crianças, de modo a favorecer o ritmo corporal individual e coletivo. Durante a comunicação e expressão corporal, cultural, estarão interagindo e se reconhecendo, além de explorar seu próprio corpo, melhorando o equilíbrio corporal (BRASIL, 2002).

No segundo bloco, são destacados os assuntos tratando a importância na participação de brincadeiras e folclores de correr, escorregar, descer e subir, de forma a ampliar o conhecimento e controle de seu próprio corpo (BRASIL, 2002)

 

3.1.1Atividade 1

 

Arremesso

Objetivos:

- Exercitar os músculos e a coordenação motora.

- Perceber a noção de espaço e distância das crianças.

- Estimular a organização de dados.

- Promover a interação das crianças no desenvolvimento da     atividade.

         

Materiais:

Fita crepe, garrafas plásticas cheias de areia e uma fita métrica.

Organização:

As crianças farão o arremesso das garrafas uma por vez.

 

Procedimentos:

O professor irá traçar uma linha reta no chão utilizando fita crepe. As crianças deverão arremessar as garrafas cheias de areia, para frente. Assim o professor irá medir a distância dos arremessos utilizando uma fita métrica. Ao final da atividade pode-se elaborar um gráfico explicativo com as crianças em relação à distância dos arremessos e pesos das garrafas.

 

3.1.2 Atividade 2

 

Cabra-cega

 

Objetivos:

- Estimular a percepção auditiva e tátil das crianças.

- Promover o exercício de movimento.

- Perceber a capacidade de locomoção e socialização das crianças

 

Material:

Um lenço.

 

Procedimentos:

As crianças elegem um coleguinha para ser a cabra-cega. Usando o lenço vendamos os olhos da criança escolhida. Enquanto a cabra-cega roda em torno de si mesma, ela e as outras crianças podem recitar a seguinte parlenda.

 

Crianças: Cabra-cega de onde vieste?

Cabra-cega: Do moinho.

Crianças: O que trouxeste?

Cabra-cega: Pão e vinho.

Crianças: Me dá um pouquinho?

Cabra-cega: Não dou, não.

Uma das crianças toca a cabra-cega e fala:

- Então vai procurar quem te bateu.

 

Após o recital, a cabra-cega sai tentando pegar uma criança. Quando conseguir, deve acertar o nome do amigo que pegou. A criança pega será então a cabra-cega, e o folclore recomeça. Se a cabra-cega errar o nome do amigo, o folclore continua sem mudanças.

 

3.2 Música

 

A música representa a linguagem, com ela podemos nos comunicar, expressar, sentir. Ela está presente em quase todas as culturas e diversas situações de nossa vida, além de ser uma ótima ferramenta para o desenvolvimento da expressão corporal e interação social.

O trabalho com a música está dividido em dois blocos de conteúdos. O primeiro bloco trata-se da exploração, reconhecimento, expressão e produção de silêncio e som. Além de tratar de brincadeiras envolvendo dança, folclores com fazeres musicais, diferentes repertórios de canções, variando velocidades e produções (BRASIL, 2002).

Seguindo o referencial citado, o segundo bloco diz sobre os conteúdos de escuta de obras musicais de diferentes gêneros, com participações de canções, musicais e movimentos corporais, além de elementos musicais com informações sobre obras ouvidas e seus compositores.

 

3.2.1 Atividade 1

 

Música e coreografia caranguejo não é peixe

 

Objetivos:

- Perceber as variações rítmicas.

- Identificar segmentos do corpo.

- Promover o contato físico entre as crianças e o contato com a música.

 

Organização:

As crianças deverão estar dispostas em uma grande roda de mãos dadas.

 

Procedimentos:

Os alunos de mãos dadas giram em roda cantando a primeira parte da música.

 

Caranguejo não é peixe

Caranguejo peixe é

Caranguejo só é peixe

Na enchente da maré

 

Ao terminarem a primeira parte, param de girar e soltam as mãos do colega. Inicia-se então a segunda parte da música, acompanhando-se a letra com os seguintes movimentos:

 

Palma, palma, palma – batem palmas três vezes.

Pé, pé, pé – batem três vezes com o pé no chão.

Roda, roda, roda – giram com o corpo uma volta completa sem sair do lugar.

Caranguejo peixe é.

 

A seguir voltam a formar a roda de mãos dadas para cantar a última parte da música.

Caranguejo não é peixe

Caranguejo peixe é

Caranguejo só é peixe

Na vazante da maré

 

3.2.2 Atividade 2

 

Escravos de jó

 

Objetivos:    

- Trabalhar a atenção e os reflexos.

- Exercitar a coordenação motora grossa.

- Cantar a música em diferentes entonações.

- Aprimorar a destreza nos movimentos.

 

Materiais:

Uma garrafa pet de 250 ml, grãos de feijões ou milho, cola colorida ou adesivos para decorar.

 

Como fazer:

Colocar os grãos de feijão ou milho dentro da garrafinha, em seguida encher a garrafa com os grãos e fechar, pode-se decorar a garrafa com cola colorida, adesivos.

 

Organização:

Dispor as crianças em um grande círculo.

 

Procedimentos:

Assim que os alunos começarem a cantar vão passando o chocalho para o aluno da direita, de acordo com o ritmo (lento, devagar). Na palavra “tira” os alunos seguram o chocalho, em seguida na palavra “põe” colocam o chocalho a sua frente a parte “zigue-zigue-za” os alunos levam o chocalho até o aluno da direita, e sem larga-lo trazem-no de volta para sua frente, só largando o chocalho na sílaba “za”. Na primeira vez a música é cantada pela letra. Na segunda vez, é cantada com Lá, lá, lá...Lá, lá, lá... Na terceira vez é “cantada” com a boca fechada: Hum, hum, hum... Hum, hum, hum... Na quarta vez, é assobiada de acordo com o ritmo; e, na quinta vez, joga-se em silêncio, marcando o ritmo pela passagem do chocalho.

 

Escravos de Jó

Jogavam o caxangá.

Tira, põe, deixa ficar.

Guerreiros com guerreiros

Fazem zigue-zigue-za. (Bis)

 

3.3 Artes visuais

 

Segundo o RCNEI (BRASIL, 2002), na primeira parte, o conteúdo das artes visuais está relacionado ao fazer artístico e a apreciação. Exige que se tenha uma atenção às peculiaridades e esquemas de conhecimentos próprios a cada faixa etária e nível de desenvolvimento. Tal conteúdo busca a exploração e a manipulação de materiais, diferentes movimentos gestuais e o cuidado com os materiais e trabalhos produzidos sejam individuais ou coletivamente.

Um dos principais modos de trabalho, seria deixar que a criança desenhe livremente, usando diferentes materiais como areia, cartolinas, lixas e papeis. Além disso, dá-se ênfase para que a criança faça desenhos, pinturas e colagens a partir de seu próprio repertório, explorando e experimentando diferentes suportes.

E na segunda parte, tratam-se da apreciação, observação e identificação de imagens diversas, apreciação da própria produção e das dos outros. Além disso, trabalha-se com diferentes leituras de obras de artes, partindo da observação dos elementos da linguagem visual (ponto, linha, forma, textura, etc.). (BRASIL, 2002).

 

3.3.1 Atividade 1

 

Criando figuras

 

Objetivos:

- Expressar a criatividade.

- Utilizar a atividade como forma de representação de seus desejos, sentimentos, sonhos.

- Falar sobre a criação.

 

Materiais:

Folhas de revista, jornais, folhas de papel sulfite, cola e tesoura.

Organização:

Em um espaço ao ar livre ou outro espaço de preferência do professor, todas as crianças receberão os materiais para realizar atividade individualmente.

 

Procedimentos:

Propor para as crianças recortarem partes isoladas de diferentes figuras e, como um quebra-cabeça, pedir que colem as partes em uma folha de sulfite, descobrindo a nova figura criada. Em seguida orientar a cada criança expor oralmente sua criação.

 

3.3.2 Atividade 2

 

Desenho mágico

 

Objetivos:

- Manusear diferentes materiais, como o palito de dente.

- Realizar diferentes técnicas de pintura.

- Estimular a expressão por meio da arte.

- Incentivar a criatividade.

 

Materiais:

Folhas de sulfite, giz de cera, tinta guache preta e palitos de dente.

 

Organização:

A atividade será realizada individualmente pelas crianças

 

Procedimentos:

Propor as crianças para colorir a superfície de um lado da folha com giz de cera. Oferecer em seguida tinta guache preta para colorir a pintura a giz. Depois de seco, podemos contar uma história para as crianças e propor que desenhem o personagem principal ou a parte que acharam mais interessante da história, utilizando o arame. Para finalizar a atividade é possível organizar uma exposição dos desenhos.

 

3.4 Linguagem oral e escrita

 

A linguagem oral e a escrita representa um elemento importante de formação do ser humano, pois é através desses elementos que acontece a interação entre as pessoas e a inserção no mundo social. É por meio da comunicação e da expressão de ideias com acesso ao mundo letrado. E a educação infantil é a etapa essencial para se promover experiências significativas de aprendizagem da língua.

Considerando que a criança constrói seu conhecimento dentro de um contexto, podemos dizer que é por meio do diálogo que a comunicação acontece, e quanto mais puderem se falar, mais rápido irão desenvolver suas capacidades comunicativas. Além disso, quanto mais contato com o mundo letrado, mais eficientes se tornarão para elaborar hipóteses sobre a escrita. (BRASIL, 2002).

Os conteúdos abordados nessa área, se referem ao uso da linguagem oral para conversar, relatar vivências e expressar desejos, vontades, sentimentos. Além disso há a participação do aluno ouvindo diferentes gêneros textuais feito pelo professor ou outro adulto para as crianças de zero a três anos.

Já para as crianças da faixa etária de quatro a seis anos de idade, os conteúdos são divididos em três partes: Falar e escutar, práticas de leitura e práticas de escrita.

No primeiro bloco, amplia-se o uso da linguagem oral nas diversas situações de interação. Há o trabalho de perguntas e respostas em diferentes contextos, com necessidades de argumentação e explicações. Também há o relato de experiências vividas e a narração de fatos em sequência temporal e o reconto de histórias conhecidas. Além do conhecimento e reprodução oral de folclores verbais (BRASIL, 2002).

No segundo bloco, trabalha-se da participação da criança em situações em que os adultos leem textos de diferentes gêneros, com o reconhecimento do próprio nome dentro do conjunto de nomes do grupo, observando e manuseando materiais impressos. Além da participação em situações em que as crianças leiam ainda que não de forma convencional (BRASIL, 2002).

No terceiro bloco, de acordo com o referencial citado, os conteúdos abordados são os seguintes: participação em situações cotidianas de uso da escrita, escrita do próprio nome quando necessário, produção de textos individuais e ou coletivos ditados oralmente ao professor, prática de escrita de próprio punho, respeito pela produção própria e alheia (BRASIL, 2002).

De acordo com o mesmo referencial, ainda neste bloco a criança aprende a habilidade da escrita, fazendo texto da forma que sabe, de próprio punho, trocando comunicações de grandes valores sociais e comunicativos. Recomenda-se que faça grupos escolhendo crianças com a heterogeneidade dos conhecimentos, para que as situações de interação aconteçam de forma mais significativa. Porém, é interessante em algumas ocasiões, deixar que possam montar seus grupos de preferências.

 

3.4.1 Atividade 1

 

Sequência de cenas

 

Objetivos:

- Desenvolver a oralidade e criatividade das crianças.

- Perceber a capacidade de narração das crianças utilizando a

- Sequência lógica.

- Estimular o faz-de-conta.

 

Materiais:

Cartolina branca, régua, tesoura, cola e figuras de uma história com cenas em sequência.

 

Como fazer:

Risque na cartolina quadrados com tamanho de 10 cm por 10 cm. Em seguida cole as cenas da história nos quadrados e recorte.

 

Organização:

Um aluno por vez realiza a contação da história.

 

Procedimentos:

Apresentaremos uma sequência de cenas incentivando os alunos a inventarem uma história a partir das imagens e contá-la para os amigos.

 

3.4.2 Atividade 2

 

Folclore da memória com fotos

 

Objetivos:

- Estimular a memória visual.

- Conhecer e reconhecer os amigos da sala.

- Promover a interação entre as crianças.

 -Perceber a correspondência que as crianças estabelecem entre imagem e o amiguinho, professora.

 

Materiais:

Cartolina branca cola régua, tesoura, lápis e pares de fotos 3x4 das crianças.

 

Como fazer:

Risque na cartolina retângulos de 5 cm por 4 cm, recorte e cole as fotos nos retângulos.

 

Organização:

As crianças estão organizadas em um grande grupo para jogar a ordem de quem dos jogadores pode ser de acordo com o número da chamada.

 

Procedimentos:

Misturamos todas as peças sobre uma mesa, viradas com a foto para baixo, as crianças cada uma na sua vez, devem virar duas peças, sem tirá-las do lugar, guardando na memória sua localização. As crianças devem encontrar duas fotos de um mesmo amiguinho. Vence quem ao final conseguir mais par.

 

3.5 Natureza e sociedade

 

É importante que se trabalhe na educação infantil os conhecimentos sobre a natureza e sociedade para que se explore a curiosidade para buscar respostas para tantas perguntas sobre diversos fenômenos e acontecimentos.

O trabalho com as crianças menores está relacionado aos conceitos sobre a participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, folclores e canções que digam respeito às tradições culturais. Além do mais, a exploração de diferentes objetos, o contato com pequenos animais e plantas e, o reconhecimento do próprio corpo por meio da exploração de suas habilidades (BRASIL, 2002).

Os conteúdos são divididos em cinco blocos.

O primeiro, “Organização dos grupos e seu modo de ser, viver e trabalhar”), trata-se do conhecimento de modos de ser, viver e trabalhar de alguns grupos sociais do presente e do passado. Além da identificação de papeis sociais existentes em grupos de convívio, valorização do patrimônio cultural e interesse por diferentes formas de expressão cultural, dentre outros.

Outra orientação é que o trabalho pedagógico busque tanto o conhecimento de hábitos e costumes socioculturais diversos quantas correlações com aqueles em que as crianças conhecem, como por exemplo, os valores e os hábitos de várias famílias e grupos (BRASIL, 2002).

No segundo bloco (“Os lugares e suas paisagens”), são evidenciadas a observação da paisagem local e a valorização de atitudes de manutenção e preservação dos espaços coletivos e do meio ambiente.

No terceiro bloco (“Objetos e processos de transformação”) trata-se da questão da participação em atividades que envolvam processos de confecção e objetos e dos cuidados no uso dos objetos do cotidiano (BRASIL, 2002).

No quarto (“Seres vivos”), aborda-se o conhecimento dos cuidados básicos de pequenos animais, percepção de cuidados necessários à preservação da espécie e do meio ambiente.

No quinto e último bloco, (“Os fenômenos da natureza”) trata-se da questão da relação entre os fenômenos da natureza de diferentes regiões e das formas de vida dos grupos sociais, participação de diferentes atividades de observação, pesquisa sobre a ação da luz, som, força e movimento.

 

3.5.1 Atividade 1

 

Meios de comunicação – dramatizando o uso do telefone

 

Objetivos:

- Conhecer este meio de comunicação e sua utilidade

- Desenvolver a oralidade

- Criar situações de diálogo

- Dramatizar o uso do telefone

 

Materiais:

Papel firme (papel cartão ou um pedaço de caixa de sapato), fita adesiva, um pedaço de barbante ou lã e uma caixa de creme dental.

 

Como fazer:

Desenhe o teclado do telefone em um pedaço de papel firme, dobre para dar mais firmeza. Com fita adesiva prenda um pedaço de barbante ou lã ao “telefone”, na outra ponta do fio amarre o “fone”, que pode ser uma caixa de creme dental.

 

Organização:

A atividade pode desenvolver-se livremente, onde cada criança poderá confeccionar seu aparelho de telefone.

 

Procedimentos:

As situações de diálogo podem ser apresentadas às crianças, porém deixe que elas criem os diálogos. A partir das propostas de atividades apresentadas, levantamos possibilidades e sugestões de trabalho para enriquecer e auxiliar o fazer pedagógico na educação infantil. É preciso, então, que os professores se coloquem como participantes, acompanhando todo o processo da atividade, mediando os conhecimentos por meio da brincadeira e do folclore, afim de que estes possam ser reelaborados de forma rica e prazerosa.

 

3.6 Matemática

 

O mundo em que vivemos é constituído de fenômenos naturais e sociais. E os conhecimentos matemáticos fazem parte dele em vários momentos de nossas vidas, nos levando a participar de situações que envolvem números, medidas, noções espaciais, de quantidade. E para as crianças não é diferente.

Diante de nossas necessidades, utilizamos a contagem, marcamos pontos em situações de folclore, distribuímos objetos, brinquedos, guloseimas... e nem paramos para pensar, mas estamos usando a matemática quase sempre.

De acordo com o RCNEI (BRASIL, 2012), a abordagem matemática para as crianças da educação infantil, auxilia na organização de informações, desenvolvem o raciocínio lógico e assim, elas adquirem novos conceitos matemáticos para compreender melhor o mundo à sua volta.

Com a faixa etária de zero a três anos, o professor pode explorar a contagem oral, noções de quantidade, de tempo e espaço, utilizando músicas, folclores e brincadeiras.

O educador também poderá oferecer diferentes materiais para manipulação e exploração dos folclores, brinquedos, próprios para que descubram as características e propriedades de cada um (empilhar, rolar, encaixar etc.) (BRASIL, 2012).

Com as crianças maiores, há um aprofundamento maior dos indicados anteriormente, enfatizando a construção específica dos conceitos matemáticos.

O primeiro bloco (“Número e sistemas de numeração”) envolve a utilização da contagem oral nas brincadeiras e em situações diversas, da noção de cálculo mental para resolver problemas, a comunicação de quantidade por meio da linguagem oral e da notação numérica, a identificação da posição de objetos ou números numa série, além da identificação de números em diferentes contextos e da comparação de escritas numéricas (BRASIL, 2012).

O segundo bloco de conteúdo (“Grandezas e medidas”), as noções de comprimento, peso, volume e tempo são introduzidas aos educandos. Além disso, há o trabalho de experiências com o dinheiro em brincadeiras, o registro do tempo, etc.

O terceiro bloco (“Espaço e forma”), estão presentes as noções de representação de pessoas por meio de pontos, a exploração e identificação de propriedades geométricas de objetos e de figuras. Há também representações de pequenos percursos e trajetos, solicitando a identificação de pontos de referências.

É importante ressaltar que, as abordagens para noções de matemática na educação infantil devem ser realizadas utilizando recursos folclores, folclores de construção e de regras, ou a utilização de folclores cooperativos, tornando as aulas mais divertidas e cooperativa, em que os erros e desafios não sejam vistos como fracasso ou dificuldade, mas como oportunidade de crescimento em conjunto com o outro.

 

3.6.1 Atividade 1

 

Trilha Geométrica

 

Objetivos:

- Identificar as figuras geométricas de forma prazerosa.

- Exercitar a coordenação motora grossa juntamente com agilidade.

- Perceber a capacidade de associação das crianças em relação a números e quantidades.

 

Materiais:

Fita crepe, fita durex de várias cores, azul, amarela e vermelha. Um dado enumerado de 1 a 6. Para confeccionar o dado, usaremos cartolina colorida, régua e cola.

 

Como Fazer:

Iremos desenhar um tabuleiro no chão com fita crepe, contendo dentro figuras geométricas. O tabuleiro deverá possuir 12 quadrados, com diâmetro de 50 cm por 50 cm cada quadrado. Dentro dos quadrados podemos desenhar as figuras geométricas com durex colorido de modo que as crianças consigam perceber as figuras pela forma e cor.

 

Confecção do dado:

Riscar na cartolina uma cruz medindo 20 cm na vertical e 15 cm na horizontal. Dividir a cruz em quadrados de 5 cm cada. Em seguida deixar um espaço de 1 cm nas diagonais dos quadrados para colar as laterais do dado. Ao final dobre os quadrados e cole as laterais.

 

Organização:

Em fila. As crianças jogam o dado uma por vez para realizar o percurso da trilha.

 

Procedimentos:

Para iniciar a brincadeira, lançamos o dado, assim cada criança deverá percorrer dentro da trilha o número de casas que o dado indicar. Em seguida deverá dizer o nome da figura geométrica onde parou. Caso não consiga dizer o nome da figura a criança pagará um mico. Vence quem chegar ao final primeiro.

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Após esta pesquisa bibliográfica, vimos que a criança aprende enquanto brinca. De alguma forma, a brincadeira se faz presente e acrescenta ingredientes indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Por meio da brincadeira, a criança envolve-se no folclore e partilha com o outro, ou seja, se conhece e conhece o outro. Além da interação, que a brincadeira e o folclore proporcionam, são de fundamental importância como mecanismo para desenvolver a memória: a linguagem, a atenção, a percepção, a criatividade e a habilidade para melhor desenvolver a aprendizagem.

Vimos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade, mas principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não apenas como diversão, mas com objetivo de desenvolver as potencialidades da criança, visto que o conhecimento é construído pelas relações interpessoais e trocas recíprocas que se estabelecem, durante toda a formação do sujeito.

Por meio das brincadeiras, os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem. A valorização do professor, pelo caráter folclore e educativo dos folclores e brincadeiras na educação infantil, tornará o espaço de sala de aula um espaço adequado ao desenvolvimento da criança, assim como o aprendizado dos conhecimentos escolares.

Conclui-se, então, que o desenvolvimento do aspecto folclore, facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, intelectual, social e cultural, facilitando os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento, é preciso que o professor se conscientize que na brincadeira as crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre os mais diversos aspectos do conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginária.

 

 

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