Folclore e educação: perspectivas de diálogo cultural
Demetrius Viveiro Leiva
Kelly Cristina Viveiro Leiva
Natália Andréa Amaral Rios do Nascimento
Bruna Correia
Fabiana Leveghin Grossklauss
RESUMO
Este trabalho aborda o folclore, propondo um diálogo cultural que enriquece a formação dos estudantes. O folclore, como patrimônio imaterial, é uma rica fonte de expressões artísticas que refletem a identidade e as tradições de um povo. Ao integrar elementos folclóricos nas aulas de arte, os educadores podem proporcionar uma experiência educativa mais significativa, promovendo não apenas o aprendizado das técnicas artísticas, mas também a valorização da cultura local. O estudo analisa diferentes manifestações folclóricas, como danças, músicas, contos e artesanato, e como essas expressões podem ser utilizadas como ferramentas pedagógicas no ensino de arte. A pesquisa destaca a importância de contextualizar o aprendizado artístico dentro da realidade cultural dos alunos, estimulando a criatividade e a reflexão crítica. Além disso, o trabalho discute os desafios enfrentados pelos educadores na implementação desse diálogo cultural em sala de aula, incluindo a necessidade de formação continuada e recursos didáticos adequados. Por fim, conclui-se que a integração do folclore no ensino de arte não apenas enriquece o currículo escolar, mas também contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e respeitosos em relação à diversidade cultural.
PALAVRAS-CHAVE: Folclore brasileiro. Patrimônio. Cultura.
- INTRODUÇÃO
Segundo o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, entende-se como Patrimônio Cultural Intangível, também conhecido como patrimônio cultural imaterial, a diversidade cultural como lócus de interesse e ação de reconhecimento oficial. Isso significa que os pesquisadores precisam relativizar seu próprio ponto de vista, pois o que é ou não é patrimonializável para ele e sua comunidade pode não ser para outro alguém em outro lugar. Nesse sentido é crucial o exercício de estranhamento da própria cultura como recurso metodológico que possibilita o entendimento das referências culturais do outro em seu contexto.
Nessas condições, usa-se, também, o termo para designar as referências simbólicas dos processos e dinâmicas socioculturais de invenção, transmissão e prática contínua de tradições fundamentais para as identidades de grupos, segmentos sociais, comunidades, povos e nações.
Assim, Patrimônio Cultural, refere-se à práticas, expressões, saberes e celebrações que são transmitidos de geração em geração e que possuem um significado cultural e social para as comunidades. Diferentemente do patrimônio material, que inclui construções, objetos e sítios arqueológicos, o patrimônio imaterial engloba elementos intangíveis da cultura.
Dessa forma, o folclore pode ser considerado um patrimônio imaterial, devido ao seu papel na transmissão de tradições, crenças e valores de geração em geração. Assim como o casamento une duas pessoas em um compromisso duradouro, o folclore une uma comunidade através de suas histórias, rituais, músicas e práticas culturais compartilhadas. Da mesma forma que o casamento é uma expressão de identidade e união para as famílias envolvidas, o folclore representa a identidade coletiva e a continuidade cultural de um grupo de pessoas.
Entende-se o folclore brasileiro como um tesouro cultural que reflete a diversidade e a riqueza das tradições do nosso país. Suas manifestações, enraizadas na história e nas crenças populares, desempenham um papel fundamental na preservação da identidade nacional e na promoção da interculturalidade. Com suas danças, músicas, mitos e festividades, o folclore brasileiro é uma expressão viva da criatividade e da espiritualidade do povo, transmitida de geração em geração. É essencial que continuemos a valorizar, preservar e promover essas manifestações, reconhecendo seu significado como parte integrante da herança cultural do Brasil.
Quando nos referimos a cultural, temos o conjunto de valores, crenças, comportamentos, tradições e expressões. Ela se manifesta em diversas formas, tais como na língua que falamos, nas festas que celebramos, nas comidas que preparamos, na música e dança que apreciamos, e até mesmo nas normas sociais que seguimos.
A cultura, por sua vez, é transmitida de geração para geração e pode evoluir ao longo do tempo, incorporando novas influências e mudando conforme as necessidades e experiências das pessoas. É uma parte fundamental da identidade de um povo e desempenha um papel importante na forma como percebemos o mundo ao nosso redor.
Everardo Rocha, em sua obra O que é o Etnocentrismo traz a seguinte reflexão:
Quando compreendemos o "outro" nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando. Enfim, relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Ver as coisas do mundo como a relação entre elas. Ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado. Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença.
Trazendo a reflexão para prática, pode-se dizer que a relativização é usada para entender que os costumes e as práticas de uma cultura devem ser analisados dentro do seu próprio contexto, sem julgamentos baseados em valores externos. Ou seja, relativizar significa considerar diferentes perspectivas e reconhecer que o que pode ser certo ou aceitável para uma cultura pode não ser em outra, respeitando a beleza que há sem ser e ter algo diferente.
- DESENVOLVIMENTO
Do patrimônio a realidade
No contexto brasileiro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é responsável pela salvaguarda do patrimônio cultural imaterial do país, reconhecendo e valorizando as expressões culturais das diferentes regiões brasileiras.
A valorização e salvaguarda do patrimônio imaterial são fundamentais para a manutenção da diversidade cultural e para a promoção do diálogo intercultural. Muitos países têm adotado medidas de proteção e promoção do patrimônio cultural imaterial por meio de políticas públicas e iniciativas de registro e documentação.
Exemplos de patrimônio imaterial incluem tradições orais, rituais religiosos, festas populares, músicas tradicionais, danças folclóricas, técnicas artesanais, culinária típica, entre outros. Esses elementos refletem a identidade cultural das comunidades, contribuindo para a diversidade cultural e para a preservação de conhecimentos ancestrais.
O folclore brasileiro é uma rica e diversificada manifestação das tradições, crenças, costumes e expressões artísticas que surgiram da mistura de diferentes culturas que compõem o Brasil. Ele abrange uma ampla gama de elementos, incluindo lendas, mitos, danças, músicas, festas populares, artesanato, culinária e rituais religiosos. Tal manifestação reflete a influência das tradições indígenas, africanas e europeias que se mesclaram ao longo da história do país.
Algumas das manifestações mais conhecidas do folclore brasileiro incluem o Bumba-Meu-Boi, o frevo, o maracatu, as festas juninas, as lendas do Saci-Pererê e do Curupira, além de práticas religiosas como a Festa de Iemanjá e o Círio de Nazaré. Essas expressões folclóricas são valorizadas como parte essencial da identidade cultural brasileira e continuam a ser celebradas e preservadas em todo o país, mesmo que em algumas regiões nem sempre são tão evidenciadas ou comentadas.
Assim, o folclore é visto como um conjunto rico e diversificado de tradições, crenças, mitos, lendas e práticas culturais que são transmitidos de geração em geração. Ele reflete a identidade de um povo e suas vivências ao longo do tempo. No Brasil, o folclore é especialmente vibrante, com influências indígenas, africanas e europeias, resultando em uma mistura única que se manifesta em danças, músicas, festas e contos.
Um dos elementos mais conhecidos do folclore brasileiro é o Saci Pererê, um menino travesso com uma perna só que usa um gorro vermelho e tem a habilidade de aparecer e desaparecer. Outro personagem famoso é a Iara, a sereia das águas doces que encanta os homens com sua beleza e canto.
Já em relação as festas populares, como o Carnaval e as festas juninas, também são expressões do folclore, trazendo à tona danças típicas, comidas tradicionais e muitas histórias que envolvem os costumes locais. O folclore não só preserva a história cultural de um povo como também ensina valores e sabedoria através das suas narrativas.
A Constituição Federal e as manifestações artística – o amparo legal.
*art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais;
*art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I- as formas de expressão;
II- os modos de criar, fazer e viver;
III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Dessa forma, pode-se dizer que crenças, lendas, tradições, costumes e tradições, são bens imateriais, que compõem o patrimônio cultural, nos quais estão protegidos juridicamente pelo texto constitucional citado. Tratando assim de bens imateriais difusos de uso comum do povo e que podem ser protegidos pela a ação civil pública (Lei 4.3 / 85).
Em suma, pertencem ao folclore a mitologia, crendices, lendas, folguedos, danças regionais, canções populares, costumes populares, histórias populares ou religiosas, a linguagem típica de uma região, a medicina popular e o artesanato. Que vem sendo trazido e passado em gerações por meio de vivências, memórias, relatos, debates, reuniões, fotografias, entre outros.
Manifestações folclóricas significativas que refletem a diversidade do Brasil
- Bumba-Meu-Boi: Originária do Maranhão, festa popular que combina elementos indígenas, africanos e europeus em danças, músicas e representações teatrais que celebram a morte e ressurreição de um boi.
- Festas Juninas: Celebradas em todo o país, as festas juninas homenageiam Santo Antônio, São João e São Pedro. Elas incluem danças de quadrilha, comidas típicas, fogueiras e rituais religiosos.
- Maracatu: Originário de Pernambuco, o maracatu é uma expressão cultural afro-brasileira que envolve música percussiva, dança e performances rituais durante o Carnaval e outras festividades.
- Frevo: Originário de Recife, o frevo é uma dança frenética e contagiante, acompanhada por músicas animadas que fazem parte do Carnaval de Pernambuco.
- Lendas e Mitos Regionais: O folclore brasileiro é rico em lendas e mitos regionais, como o Saci-Pererê, o Curupira, a Iara e o Boitatá, que são transmitidos oralmente e enriquecem as tradições locais.
- Samba de Roda: Uma tradição afro-brasileira originária do Recôncavo Baiano, o samba de roda combina música, dança e poesia. É uma forma de expressão cultural que celebra a herança africana no Brasil.
- Círio de Nazaré: Uma das maiores manifestações religiosas do Brasil, realizada em Belém do Pará. É uma romaria que atrai milhões de fiéis que acompanham a procissão em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré.
- Fandango: Uma dança tradicional que é especialmente popular no estado do Paraná, o fandango é caracterizado por um ritmo animado e a participação de dançarinos que se movimentam em pares. A dança é acompanhada por instrumentos como violão, sanfona e pandeiro.
- Folclore dos Açores: Em Santa Catarina, a influência da colonização açoriana trouxe diversas tradições folclóricas, como as danças de roda e as festas religiosas em homenagem aos santos. A cultura açoriana é celebrada em festivais que incluem música, dança e gastronomia.
- Boi de Mamão: Uma manifestação popular típica de Santa Catarina, o Boi de Mamão mistura teatro, música e dança. É uma brincadeira que narra a história do boi e tem forte ligação com as festas juninas.
- Cultura dos Imigrantes: A região Sul também é marcada pela influência de imigrantes europeus, como italianos e alemães. As tradições folclóricas desses grupos incluem danças típicas (como a Polka) e festas tradicionais (como a Oktoberfest em Blumenau).
- Dança dos Ventos: Uma manifestação cultural que ocorre nas comunidades indígenas do Sul, onde danças são realizadas para homenagear a natureza e os espíritos.
- Festa do Pinhão: Celebrada em várias cidades do Sul, especialmente em Campos do Jordão (SP) e na Serra Catarinense, essa festa valoriza o pinhão como um alimento típico da região, com comidas, músicas e danças folclóricas.
A festa Junina e sua importância
A festa junina tem suas origens em tradições europeias, especificamente nas festividades pagãs em homenagem ao solstício de verão, que eram realizadas no mês de junho. Com a chegada do cristianismo, essas celebrações foram adaptadas para incorporar elementos das festas católicas em honra a São João, Santo Antônio e São Pedro, que têm suas datas comemorativas próximas.
No Brasil, a festa junina foi trazida pelos colonizadores portugueses e se mesclou com as tradições indígenas e africanas, resultando em uma celebração única e colorida. Ela se tornou especialmente popular nas regiões Nordeste e Sudeste do país, onde é vivenciada com grande entusiasmo até os dias atuais.
Durante a festa junina, as comunidades se reúnem para celebrar com danças de quadrilha, músicas típicas, comidas tradicionais (como o milho cozido, a canjica e o quentão), além de brincadeiras e rituais religiosos em homenagem aos santos juninos. A atmosfera é marcada pela alegria, pelas cores vibrantes e pela valorização das tradições populares.
A festa junina se tornou uma das principais manifestações culturais do Brasil, sendo celebrada em escolas, igrejas, clubes e espaços públicos em todo o país. Sua importância vai além do aspecto festivo, pois representa a preservação da identidade cultural brasileira e a manutenção de tradições ancestrais.
O Patrimônio e sua importância
No Brasil, o governo tem promovido diversas iniciativas para preservar e promover o folclore, reconhecendo a importância dessas manifestações culturais para a identidade nacional. Algumas das principais iniciativas governamentais incluem:
- Instituição de Políticas Culturais: Através do Ministério da Cultura (hoje integrado ao Ministério do Turismo), o governo desenvolve políticas culturais que visam preservar e difundir as expressões folclóricas, proporcionando apoio financeiro e logístico para festivais, encontros e projetos relacionados ao folclore.
- Registro e Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial: O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tem trabalhado ativamente na identificação, registro e salvaguarda de bens culturais imateriais, incluindo manifestações folclóricas. Isso inclui a concessão do título de Patrimônio Cultural do Brasil a expressões folclóricas de destaque.
- Incentivo à Pesquisa e Documentação: Através de programas de fomento à pesquisa e à documentação das tradições folclóricas, o governo busca garantir que esses conhecimentos sejam preservados para as futuras gerações, contribuindo para a valorização e compreensão do folclore brasileiro.
- Promoção do Turismo Cultural: O turismo cultural tem sido incentivado como uma forma de valorizar as manifestações folclóricas, com a criação de rotas turísticas que destacam festas populares, artesanato regional, culinária típica e outras expressões ligadas ao folclore
Folclore e a identidade
O folclore desempenha um papel fundamental na cultura brasileira, pois representa a expressão autêntica das tradições, crenças e costumes do povo. Sua importância pode ser destacada em diversos aspectos, como a preservação da identidade cultural, que o folclore brasileiro preserva, com as raízes culturais do país, transmitindo de geração em geração as práticas, crenças e narrativas que definem a identidade do povo brasileiro.
Outro papel é a promoção da Diversidade que as manifestações folclóricas refletem, pois trazem diversidade étnica, regional e social do Brasil, contribuindo para a valorização e celebração da pluralidade cultural do país. Além do fortalecimento da coesão social, uma vez que as festividades folclóricas promovem a integração comunitária, unindo as pessoas em torno de tradições compartilhadas e fortalecendo os laços sociais.
Podemos citar ainda, o estímulo à criatividade e expressão artística, que o folclore inspira a produção artística e cultural, influenciando a música, dança, literatura, artesanato e outras formas de expressão contemporâneas. E ainda, atração turística e desenvolvimento econômico, na qual as festas populares e manifestações folclóricas constituem importantes atrativos turísticos, promovendo o desenvolvimento econômico de diversas regiões do Brasil.
A relevância do folclore na contemporaneidade
O folclore serve como um repositório de histórias, costumes e tradições que definem a identidade de um povo. Em um mundo cada vez mais globalizado, onde culturas podem se mesclar ou desaparecer, o folclore é uma forma de manter viva a herança cultural e as raízes de uma comunidade. As histórias e lendas folclóricas, por exemplo, podem ser ferramentas poderosas na educação. Elas ensinam valores, ética e moral de uma maneira que ressoa com as pessoas, especialmente crianças. Além disso, promovem o respeito pela diversidade cultural ao apresentar diferentes modos de vida e sistemas de crenças.
O folclore continua a inspirar artistas contemporâneos em diversas áreas, como música, literatura, cinema e artes visuais. Muitas obras modernas incorporam elementos folclóricos, criando um diálogo entre o passado e o presente, o que enriquece a produção cultural atual. Em tempos de crise de identidade ou descontentamento social, muitos buscam no folclore uma conexão com suas raízes. Isso pode fortalecer o senso de pertencimento e comunidade, ajudando as pessoas a se reconectarem com suas origens.
Vale lembrar ainda, que por meio das manifestações artísticas há um papel importante no turismo cultural. Festivais, danças e tradições locais atraem visitantes que buscam experiências autênticas. Isso não apenas gera renda para as comunidades, mas também promove uma maior apreciação pelo patrimônio cultural, que vem evoluindo com o tempo. Muitas tradições são reinterpretadas para se adequar aos novos contextos sociais e tecnológicos, mostrando a adaptabilidade da cultura popular em face das mudanças contemporâneas.
Em suma, o folclore na contemporaneidade não é apenas um vestígio do passado; é uma parte dinâmica da vida social que continua a moldar identidades e enriquecer a cultura global.
O ensino de Arte e o folclore
O ensino de arte no Brasil, pautado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), busca garantir que todos os estudantes tenham acesso a uma formação integral que valorize a expressão artística como parte fundamental do desenvolvimento humano. A BNCC estabelece diretrizes que orientam os currículos das escolas, promovendo uma educação que estimule a criatividade, o pensamento crítico e a sensibilidade estética.
Um dos principais objetivos do documento é integrar as diferentes linguagens artísticas — como artes visuais, música, dança e teatro — de forma que os alunos possam explorar suas potencialidades e se expressar de maneira autêntica. Essa abordagem multidisciplinar permite que as crianças e jovens desenvolvam habilidades variadas, desde a capacidade de criar e interpretar obras artísticas até o entendimento da cultura e da história por meio da arte.
Uma abordagem interessante é explorar as diferentes manifestações artísticas do folclore, como danças, músicas, artesanato e pintura. Por exemplo, os alunos podem aprender sobre as danças folclóricas de várias regiões e criar suas próprias coreografias inspiradas nessas tradições. Além da produção de artesanato que pode ser uma atividade prática onde os estudantes recriam objetos típicos de suas culturas locais.
Através do estudo das lendas e personagens folclóricos, como Curupira ou Iara, os alunos têm a oportunidade de desenvolver habilidades narrativas e visuais. Eles podem ilustrar essas histórias ou criar quadrinhos que representem o enredo e os ensinamentos dessas narrativas. Outro ponto importante é aspecto criativo, que com o ensino do folclore nas artes também promove a valorização da diversidade cultural. Os alunos aprendem a respeitar e apreciar as diferenças entre as várias tradições que existem no Brasil e no mundo, estimulando um ambiente inclusivo e colaborativo.
Ademais, o ensino de arte deve estar alinhado com as competências gerais propostas pela BNCC, que incluem o desenvolvimento da empatia, do trabalho colaborativo e da autonomia. Ao trabalhar em projetos artísticos em grupo, os alunos aprendem a se comunicar melhor, a respeitar opiniões diferentes e a colaborar para alcançar objetivos comuns.
Além do aspecto criativo, o ensino do folclore nas artes também promove a valorização da diversidade cultural. Os alunos aprendem a respeitar e apreciar as diferenças entre as várias tradições que existem no Brasil e no mundo, estimulando um ambiente inclusivo e colaborativo.
- CONCLUSÃO
O folclore é um exemplo claro de patrimônio imaterial, que abrange as práticas, representações, expressões e conhecimentos transmitidos de geração para geração. Ao reconhecer o folclore como patrimônio, valorizamos não apenas as tradições em si, mas também os modos de vida e as narrativas que elas carregam. Ele reflete a história, os valores e as crenças de um povo, permitindo que as novas gerações compreendam suas origens e se conectem com sua herança cultural.
Ao considerar o folclore como patrimônio, promovemos a diversidade cultural e o respeito pelas diferentes expressões artísticas e culturais. Isso é especialmente importante em sociedades multiculturais, onde a convivência entre diferentes tradições pode enriquecer o tecido social.
Embora o folclore seja um importante patrimônio cultural, ele enfrenta desafios na era moderna, como a globalização e a homogenização cultural. No entanto, esses desafios também trazem oportunidades para reinventar e revitalizar tradições, garantindo sua relevância para as novas gerações. Por fim, a preservação do folclore como patrimônio requer um compromisso coletivo entre comunidades, governos e instituições culturais. Iniciativas para apoiar práticas folclóricas, documentar histórias e promover festivais podem assegurar que essas ricas tradições continuem a prosperar.
Em suma, o folclore é um tesouro cultural que deve ser reconhecido, valorizado e protegido. Ao fazê-lo, não apenas honramos nossas raízes, mas também garantimos que futuras gerações possam desfrutar e aprender com esse legado inestimável, sendo uma fonte inesgotável de conhecimento, inspiração e orgulho para a cultura do país. Sua preservação e promoção são essenciais para a valorização da identidade nacional e para o enriquecimento da experiência cultural brasileira.
Por fim, ao incorporar o folclore no ensino de arte, estamos não apenas preservando essas tradições, mas também incentivando uma nova geração a se interessar por sua cultura e herança. Isso cria um ciclo positivo de aprendizado e valorização que pode impactar profundamente a formação dos jovens artistas.
REFERÊNCIAS
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