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A importância da musicalização na Educação Infantil para crianças pequenas

Taciane Giovana Ribeiro
Taís Eduarda Ribeiro

 

DOI: 10.5281/zenodo.17203228

 

 

RESUMO

Este artigo discorre sobre a relevância de se trabalhar a musicalização na Educação Infantil. Nota-se que a musicalização traz benefícios sociais, cognitivos, linguísticos, motores e emocionais para o desenvolvimento das crianças. O estudo ressalta sobre o valor do professor ser mediador e buscar na música maneiras de utilizá-la como um recurso pedagógico e lúdico no dia a dia. Assim sendo, o presente artigo aborda como a musicalização pode ser benéfica para pessoas com deficiência, desenvolvendo a socialização e a comunicação. Também trata da importância de se trabalhar cantigas populares e brincadeiras culturais, resgatando e preservando a cultura. Conclui-se que a musicalização é um recurso de grande conceito e significado para o desenvolvimento de múltiplas habilidades, contribuindo para a formação da criança. Assim, é de suma pertinência garantir a sua presença no cotidiano escolar, sobretudo na Educação Infantil.

 

Palavras-chave: Musicalização. Educação Infantil. Lúdico. Professor. Inclusão.

 

 

INTRODUÇÃO

 

A música está presente em todos os lugares do mundo, em diferentes culturas, etnias e contextos sociais. Segundo Jeandot (1993), no período gestacional, a música já está presente na vida do ser humano. Quando ainda estão no útero, os bebês já têm seu primeiro contato com a música através do ritmo que está presente nas pulsações do coração da mãe. Dessa maneira, nota-se que a música está presente desde a concepção e continua sendo estimulada por toda a vida, inclusive na fase de bebê, através das canções de ninar, como discorre Brito:

 

As cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo musical têm grande importância, pois é por meio das interações que se estabelecem que os bebês desenvolvem um repertório que lhes permitirá comunicar-se pelos sons; os momentos de troca e comunicação sonoro musicais favorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem como a criação de vínculo fortes tanto com os adultos quanto com a música (BRITO, 2003, p. 49).

 

Logo, ao falarmos de Educação Infantil, devemos falar também da música, linguagem simbólica, que é tão importante para o desenvolvimento das crianças pequenas, que tem papel fundamental no desenvolvimento da comunicação da criança. Assim, compreendemos que a música seguindo os pensamentos de Nogueira (2003, p.01):

 

“[...] acompanha os seres humanos em praticamente todos os momentos de sua trajetória neste planeta. E, particularmente nos tempos atuais, deve ser vista como umas das mais importantes formas de comunicação [...]. A experiência musical não pode ser ignorada, mas sim compreendida, analisada e transformadas criticamente”.

 

A musicalização na Educação Infantil é primordial para o desenvolvimento integral da criança, vista como uma ferramenta lúdica de comunicação. Através da música, a criança explora sons, ritmos e movimentos que estimulam o desenvolvimento cognitivo, raciocínio lógico, habilidades sociais e emocionais. Dessa forma, podemos dizer que a música é peça fundamental para a formação continuada de qualquer criança, indo além do entretenimento, mas fazendo parte da prática pedagógica. Segundo Brito (2003, p.46):

 

“[...] importa, prioritariamente, a criança, o sujeito da experiência, e não a música, como muitas situações de ensino musical consideram. A educação musical não deve visar à formação de possíveis músicos do amanhã, mas sim à formação integral das crianças de hoje”.

 

É importante salientar que a música atua no desenvolvimento da linguagem,etapa de desenvolvimento importantíssima a ser desenvolvida na primeira infância. Assim, utilizá-la como recurso para se trabalhar a fala, cantando em roda, ao iniciar a acolhida, antes do lanche, antes do almoço, do jantar e em variados momentos em que o professor achar oportuno. Todo e qualquer momento é bem vindo para se trabalhar a oralidade através da musicalização. Desde que seja feito de maneira prazerosa, lúdica, que desperte e incentive o interesse da criança. Com base nas ideias de Gainza (1988, p.95).

 

Em todo processo educativo confunde – se dois aspectos necessários e complementares: por um lado à noção de desenvolvimento e crescimento (o conceito atual de educação intimamente ligado a ideia do desenvolvimento); por outro a noção de alegria, de prazer, num sentido amplo. Educar – se na música é crescer plenamente com alegria. Desenvolver sem dar alegria não é suficiente. Dar alegria sem desenvolver tampouco é educar.

 

Do mesmo modo, devemos destacar os benefícios de se trabalhar a música para a afetividade e a inclusão em sala de aula. À medida que incluímos a música em nossa rotina escolar, colocamos em prática a participação das crianças, pois através da música temos o lúdico, que desperta o interesse e a atenção da criança em querer ouvir, em querer participar. Dessa maneira, o professor pode buscar na musicalização a base para se criar vivências e recursos oportunos para incentivar a criação de vínculos e a quebra de barreiras das dificuldades apresentadas pelas crianças em geral, sejam elas pessoas com deficiência ou não.

Por fim, reconhecemos como a música é relevante para se preservar as nossas tradições, através das cantigas populares e brincadeiras tradicionais, exploramos formas de se aproximar dos costumes e vivências das famílias e da comunidade. Ademais, a medida que trabalhamos cantigas, músicas de roda, ou quando incluímos a música na rotina escola (na acolhida, antes do lanche ou antes de uma contação de história), estamos auxiliando na ampliação do vocabulário, na vivência simbólica e prazerosa para a criança.

 

 

A atuação da musicalização no desenvolvimento da linguagem na primeira infância

 

A música é uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento da linguagem na primeira infância. Atividades como cantar, ouvir e dançar, influência no desenvolvimento da oralidade e da comunicação da criança. Segundo Gordon (2000, p.307), “A música é a voz cantada, por um lado, e a linguagem é a voz falada, por outro”, logo ambas se complementam sendo fundamentais para o aprendizado infantil. Nesse sentido, destacamos o que diz a Base Nacional Comum Curricular (BNCC):

 

Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mãos etc., são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem a necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvam a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados (BRASIL, 1998, p. 47).

 

Ao cantar uma canção, a criança amplia seu vocabulário e aprende a pronúncia correta das palavras e o ritmo da fala. No entanto, a criança desenvolve sua consciência fonológica, a memória e a capacidade de distinguir entre diferentes sons, elementos importantes para o desenvolvimento da comunicação. Segundo Gainza (1988), a musicalização promove a sensibilidade auditiva e faz com que a criança desenvolva a percepção rítmica. Esses elementos ajudam a aprimorar a organização da fala e a aquisição da linguagem. Segundo Soares e Rubio (2012),

 

A música pode contribuir com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psicomotor e socioafetivo da criança, pois, já que estão todos correlacionados; áreas indissociáveis formam um único ser provido de necessidades, seja social, seja afetiva. (Soares; Rubio 2012, p.1)

 

Por outro lado, a musicalização também influencia no desenvolvimento da expressão corporal da criança. De modo que quando ela entra em contato com a música ela acaba se expressando através de gestos e movimentos de forma prazerosa e natural. Com a exploração do próprio corpo a criança amplia várias habilidades, como: consciência corporal, motricidade, noção de espaço e ritmo. Citando novamente os pensamentos de Gainza (1988):

 

“A música e o som, enquanto energia estimula o movimento interno e externo no homem, impulsionando-o a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidades e grau. (Gainza 1988, p.22)”.

 

Diante do exposto, notamos que a musicalização é de suma relevância para o desenvolvimento de múltiplas habilidades para a criança. Contribuindo de maneira essencial para a sua formação humana. Portanto, devemos garantir que ela se faça presente em seu cotidiano, buscando sempre aprimorar a maneira em que podemos encaixar a música na rotina diária dos pequenos. Conforme os autores Barreto e Chiarelli (2011, p.1):

 

A musicalização pode contribuir com a aprendizagem, evoluindo o desenvolvimento social, afetivo, cognitivo, linguístico e psicomotor da criança. A música não só fornece uma experiência estética, mas também facilita o processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, até mesmo porque a música é um bem cultural e faz com que o aluno se torne mais crítico.

 

Considerando o que os autores dizem, conclui-se que a atuação da música no desenvolvimento da linguagem na primeira infância facilita o processo de aprendizagem de diversas áreas, que são fundamentais para a construção do indivíduo, principalmente na primeira infância. Logo, como educadores devemos buscar alternativas possíveis para incluir a música em nossa rotina escolar, como no momento da acolhida, antes do lanche, do almoço, do jantar, ou de uma contação de história, por exemplo.

 

 

Benefícios e estratégias da musicalização para crianças com deficiência na Educação Infantil

 

A musicalização apresenta diversos benefícios e estratégias para as crianças com deficiência na educação infantil, contribuindo para o desenvolvimento da aprendizagem, da comunicação e da interação social. A música dialoga diretamente com os aspectos humanos de maneira ampla, como observa Gainza:

 

Cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um aspecto humano específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou mais intensamente: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade, a ordem ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou para a restauração da ordem mental no homem. Na prática a música foi apreciadíssima pelo homem e teve uma importância social formidável. A aula de música na escola se transforma: há maior liberdade dos educandos e maior espontaneidade dos educadores aumenta a prática musical expressiva e criativa. Educar musicalmente é propiciar a criança uma compreensão maior de linguagem musical, através de experimentos e convivência orientada. (GAINZA,1988, p.36).

 

Segundo (LOURO, 2010), a música pode ser uma ferramenta facilitadora para a aprendizagem na educação com crianças com Necessidades Educacionais Especiais, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo, motor, linguístico e social. A autora ressalta que a maneira que conduzimos uma atividade é o que muda, e não como tratamos o aluno, por consequência todos somos beneficiados e incluídos.

O ensino da música contém diversas vantagens para crianças não verbais ou com dificuldade de linguagem, favorecendo a compreensão de comandos simples através de canções. Alguns exemplos, são: quando utilizamos canções curtas e rítmicas, ajudamos no desenvolvimento da atenção e da concentração da criança. Outro ponto importante é trabalhar a música com brincadeiras de palmas, utilizando instrumentos musicais e pedagógicos, fortalecendo a coordenação motora e estimulando a motricidade. Podemos também, utilizar canções calmas para controle da ansiedade, regulação emocional e da agitação. De acordo com Weigsding e Barbosa (2014, p.48):

 

Mais do que qualquer outra arte, tem uma representação neuropsicológica extensa, com acesso direto à afetividade, controle de impulsos, emoções e motivação. Ela pode estimular a memória não verbal por meio das áreas associativas secundárias as quais permitem acesso direto ao sistema de percepções integradas ligadas às áreas associativas de confluência cerebral que unificam as várias sensações. Exemplo pode ser dado referindo-se à sensação gustativa, olfatória, visual e proprioceptiva as quais dependem da integração de várias impressões sensoriais num mesmo instante, como a lembrança de um cheiro ou de imagens após ouvir determinado som ou determinada música. O conjunto dessas atividades motoras e cognitivas envolvidas no processamento da música é chamado de função cerebral. (WEIGSDING; BARBOSA. 2014. p.48).

 

Desse modo, refletimos o grande valor do estímulo musical na sala de aula para todas as crianças e de modo especial, para o favorecimento da inclusão, não somente das pessoas com deficiências, mas de todos os alunos como um todo. Por isso, nós como educadores devemos pensar em práticas metodológicas que abordam a música, não só como instrumento, mas como ferramenta fundamental para o desenvolvimento integral das crianças. Estevão (2002, p. 33) expõe que:

 

A música no cotidiano escolar pode não somente ajudar as crianças no aprendizado, mas também nos casos de crianças que tenham problemas de relacionamento ou inibição, para isso é preciso aliar música e movimento, como exemplo, atividades de dança que podem contribuir para a adaptação dessas crianças em seu meio escolar.

 

Além disso, utilizar em sala de aula estratégias que fazem diferença no ensino e aprendizagem, tais como: adaptar instrumentos para facilitar a manipulação, repetir músicas, utilizar recursos visuais como cartões com imagens que representem a música, gestos e movimentos corporais, atividades mais curtas e diversificadas, integrar a música em algum momento do dia da criança, tornando uma rotina, deixar a criança participar da escolha da música ou do instrumento musical e ter como objetivo o expressar e a interação da criança.

Cabe ao professor, adaptar estratégias voltadas para as crianças, garantindo que todas sejam incluídas e participem das atividades. Contudo, o professor atua como mediador e facilitador do processo ensino e aprendizagem, trazendo a socialização, a criatividade e a comunicação através da música.

 

 

O papel do professor na mediação da musicalização: a música como recurso pedagógico na Educação Infantil

 

O papel do professor é ser mediador em sala de aula ao longo de todo o processo de ensino e aprendizagem, organizando e estimulando experiências musicais significativas. Para se trabalhar musicalização na Educação Infantil, o professor não precisa ter formação na área da música. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC):

 

Integrar a música à educação infantil implica que o professor deva assumir uma postura de disponibilidade em relação a essa linguagem. Considerando- se que a maioria dos professores de educação infantil não tem uma formação específica em música, sugere-se que cada profissional faça um contínuo trabalho pessoal consigo mesmo (BRASIL, 1998, p. 67).

 

O importante é ser criativo e explorar os sons e ritmos junto às crianças, aprendendo, experimentando, fortalecendo vínculos afetivos, tornando algo mais rico e prazeroso. Contudo, o professor sendo criativo, faz com que o trabalho seja lúdico, cooperando para o desenvolvimento das crianças. Segundo Borges (2003):

 

“[...] é preciso insistir quando à necessidade de se recuperar sua verdadeira função. Isto só será possível na medida em que o professor for também sensível à expressão musical. Não que precise ser um especialista em música, ou saber tocar, necessariamente, algum instrumento. Porém, deverá estar consciente de que, em contato com a música, a criança poderá: manter em harmonia a relação entre o sentir e o pensar; proteger a sua audição, para que não se atrofie diante do aumento de ruídos e da desqualificação sonora do mundo moderno; habituar-se a isolar um ruído ou som para dar-lhe sentido, especificidade ou perceber a beleza que lhe é própria”.

 

Dessa forma, destaca-se que a música já tem um valor muito importante para o desenvolvimento da criança, despertando emoções, movimentos e expressões. Entretanto, é papel fundamental do professor transformar a música como um recurso pedagógico, contribuindo para o desenvolvimento integral da criança. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):

 

Nessa perspectiva, o professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas. (BRASIL, 1998).

 

Nesse sentido, quando trabalhamos a música na Educação Infantil de forma diária e não isolada, é criado um vínculo afetivo entre o professor e a criança. No momento em que utilizamos diferentes recursos musicais, estamos estimulando o desenvolvimento da memória, atenção, linguagem e coordenação motora. Assim, trabalhar atividades interativas, que abordam a vivência socioafetiva na qual as crianças se envolvam e sejam protagonistas reforçam o desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Segundo Rosa (1990, p22-23):

 

A linguagem musical deve estar presente nas atividades [...] de expressão física, através de exercícios ginásticos, rítmicos, jogos, brinquedos e roda cantadas, em que se desenvolve na criança a linguagem corporal, numa organização temporal, espacial e energética. A criança comunica-se principalmente através do corpo, ela é ela mesma, ela é seu próprio instrumento.

 

Outro ponto relevante a ser analisado, para o bom desenvolvimento da linguagem musical em sala de aula, é o planejamento da atividade pelo educador, pois ele é peça fundamental na busca do objetivo que queremos conquistar e desenvolver na criança. Seguindo o pensamento de Jeandot (1990) e Brito (2003) é de suma importância que o educador busque alternativas para estimular a criança e pesquisar novas possibilidades para ampliar seu repertório musical. Assim, caberá ao professor buscar maneiras diversificadas de trabalhar a música em sala de aula, de forma que traga conhecimentos e vivências culturais de diferentes povos, sejam eles próximos ou distantes. Segundo Becker:

 

A música auxilia no ensino e aprendizagem em algumas disciplinas, sendo que cabe ao educador determinar seu tempo de trabalho, bem como definir o seu interesse, procurando planejar e construir novas técnicas que auxiliarão no seu dia a dia, de acordo com a capacidade dos estudantes, critérios didáticos, pedagógicos, currículo escolar de maneira a relacionar à sua realidade (BECKER, 2006. p.27).

 

Por fim, é possível observar que o professor tem o papel fundamental de inserir a música no cotidiano da sala de aula, buscando estar sempre inovando seus métodos de ensino, a fim de despertar o interesse das crianças.

 

 

Brincadeiras musicais: o resgate de cantigas e jogos tradicionais na Educação Infantil

 

O professor pode utilizar diversas estratégias para praticar a musicalização em sala de aula e uma delas é através da brincadeira e dos jogos. De acordo com Ilari:

 

Os jogos musicais, quando utilizados de forma lúdica, participativa e não-competitiva podem constituir uma fonte rica de aprendizado, motivação e neurodesenvolvimento. Em geral, os jogos acontecem em aulas coletivas o que obviamente visa a estimulação dos sistemas de orientação espacial e do pensamento social. Jogos de memória de timbres, notas e instrumentos, dominós de células rítmicas e brincadeiras de solfejo podem ativar os sistemas de controle de atenção, da memória, da linguagem, de ordenação sequencial e do pensamento superior. Já os jogos que utilizam o corpo, tais como mímica de sons imaginários, brincadeira de cadeira, cantigas de roda, encenações musicais e pequenas danças podem incentivar o sistema da memória, de orientação espacial, motor e do pensamento social, entre outras. Além de prazerosos, os jogos musicais de participação ativa podem constituir exemplos típicos do aprendizado divertido (ILARI 2003).

 

Os jogos e as brincadeiras musicais, trazem vivências significativas para as crianças, podendo despertar habilidades motoras e emocionais, principalmente quando trabalhamos de forma lúdica. Segundo Kishimoto (1994):

 

Por meio de uma aula lúdica, o aluno é estimulado a desenvolver sua criatividade e não a produtividade, sendo sujeito do processo pedagógico. Por meio da brincadeira o aluno desperta o desejo do saber, a vontade de participar e a alegria da conquista. Quando a criança percebe que existe uma sistematização na proposta de uma atividade dinâmica e lúdica, a brincadeira passa a ser interessante e a concentração do aluno fica maior, assimilando os conteúdos com mais facilidades e naturalidade. (KISHIMOTO, 1994).

 

Outro fator importante que os educadores podem buscar para praticar a música é resgatar a cultura popular de diferentes povos e tradições, por meio das cantigas de roda, jogos e brincadeiras, que recordem e valorizem os aprendizados do passado, transmitido de geração em geração, reforçando o vínculo entre escola e família. De acordo com Brito (2003):

 

Por isso, tão importante quanto conhecer e preservar nossas tradições musicais é conhecer a produção musical de outros povos e culturas e, de igual modo, explorar, criar e ampliar os caminhos e os recursos para o fazer musical. Como uma das formas de representação simbólica do mundo, a música, em sua diversidade e riqueza, permite-nos conhecer melhor a nós mesmos e ao outro – próximo ou distante. (BRITO, 2003, p. 28).

 

Ademais, o educador pode buscar construir instrumentos com materiais recicláveis para ensinar as crianças os diferentes tipos de sons e ritmos que existem. Segundo Brito (2003):

 

Construir instrumentos musicais e/ou objetos sonoros é atividade que desperta a curiosidade e o interesse das crianças. Além de contribuir para o entendimento de questões elementares referentes à produção do som e às suas qualidades, à acústicas, ao mecanismo e o funcionamento dos instrumentos musicais, a construção de instrumentos estimula a pesquisa, a imaginação, o planejamento, a organização, a criatividade, sendo, por isso, ótimo meio para desenvolver a capacidade de elaborar e executar projetos.[...] As criança se relacionam de modo mais íntimo e integrado com a música quanto também produzem os objetos sonoros que utilizam para fazer música, o que não significa que essas peças devam substituir o contato com instrumentos convencionais, industrializados ou confeccionados artesanalmente.(BRITO, 2003, p. 69).

 

Diante do exposto, observamos que as brincadeiras musicais contribuem para aprendizagem significativa e quando somamos a música nessa atividade tão importante, estamos contribuindo para uma formação lúdica e prazerosa que resultam no desenvolvimento de diversas habilidades da criança, tais como: a memória, a atenção, coordenação motora e a socialização. A autora Brito (2003) explica que:

 

A criança é ser ―brincanteǁ e, brincando, faz música, pois assim se relaciona com o mundo que descobre a cada dia. Fazendo música, ela, metaforicamente, ―transforma-se em sonsǁ, num permanente exercício: receptivo e curiosa, a criança pesquisa materiais sonoros, ―descobre instrumentosǁ, inventa e imita motivos melódicos e rítmicos e ouve com prazer a música de todos os povos. (BRITO 2003, p.35).

 

Por fim, constata-se que a música pode ser trabalhada em sala de aula de diversas formas, desde cantigas de roda, jogos e brincadeiras. Tudo isso, só reforça o significado da ludicidade para a aprendizagem na educação infantil. Logo, como educadores,devemos buscar metodologias que tragam juntamente com a música a cultura popular, costumes e valores que propiciem uma vivência com sentido para a aprendizagem da criança.

 

 

CONCLUSÃO

 

Nessa pesquisa, nota-se que a Educação Infantil é de grande relevância para o desenvolvimento integral da criança, principalmente quando utilizada de forma lúdica. A música desempenha um papel muito importante para o desenvolvimento cognitivo, emocional, linguístico, social, motor, inclusivo e transforma a criatividade da criança, vivenciando de forma prazerosa e significativa. O professor tem um papel fundamental em transformar a música em recursos lúdicos, significativos e orientador das crianças em suas atividades. É possível observar que o professor é um mediador indispensável para transformar a música em uma ferramenta para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem. Cabe ao professor preservar a cultura da música, por meio de cantigas populares e brincadeiras tradicionais, trazendo a música na rotina diária da criança, fazendo com que ela participe e desperte o interesse em participar. Portanto, conclui-se que a musicalização deve ser vista como uma ferramenta de grande significado, que podemos utilizar em nossas práticas pedagógicas ajudando no desenvolvimento integral da criança. Precisamos garantir que a música esteja presente em nossas escolas, sendo parte da formação das crianças, trazendo a diversidade, a inclusão e a ludicidade.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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