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Bullying institucional

Aline Gisleide Hugo
Áurea Maria Barreto Sampaio
Kelly Cristina Martoni
Lilian Nogueira Breda Andreato
Michelle Carolina Lopes Simas

 

DOI: 10.5281/zenodo.16955538

 

 

RESUMO

Este estudo aborda o bullying institucional, um fenômeno caracterizado por práticas abusivas sistemáticas promovidas ou sustentadas no ambiente institucional, analisando suas definições, causas, impactos e consequências. O objetivo principal foi identificar como as relações de poder e dinâmicas organizacionais contribuem para a perpetuação desse problema, bem como compreender seus efeitos sobre indivíduos e organizações. Utilizou-se uma abordagem qualitativa, baseada em revisão de literatura acadêmica recente, para fundamentar a análise teórica e identificar os principais aspectos relacionados ao tema. Os resultados apontam que o bullying institucional está intimamente ligado às estruturas hierárquicas e culturais das instituições, promovendo impactos negativos significativos, como o comprometimento da saúde mental das vítimas, a fragmentação das relações interpessoais, a queda na produtividade e prejuízos à reputação institucional. As conclusões destacam a necessidade de políticas internas eficazes, de sensibilização e de intervenções estruturais para mitigar o problema e criar ambientes mais inclusivos e saudáveis. O estudo contribui para ampliar a compreensão teórica sobre o tema e oferece subsídios para futuras pesquisas e intervenções práticas no enfrentamento do bullying institucional.

 

Palavras-chave: Bullying Institucional. Relações de Poder. Cultura Organizacional. Impacto Psicológico. Políticas Institucionais.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O tema do bullying institucional emerge como uma problemática relevante em sociedades marcadas por complexas dinâmicas de poder e exclusão. Esse tipo de bullying, diferente do tradicionalmente analisado entre pares, envolve práticas sistemáticas de constrangimento, desvalorização ou exclusão que ocorrem dentro de instituições, podendo incluir escolas, ambientes corporativos ou organizações públicas. Essas práticas afetam diretamente indivíduos e grupos, comprometendo sua saúde mental, bem-estar e produtividade, além de contribuir para a perpetuação de desigualdades estruturais (SILVA, SANTOS e OLIVEIRA, 2015).

O interesse pelo estudo do bullying institucional se justifica pela amplitude de suas consequências, tanto para as vítimas quanto para a própria instituição. Pesquisas apontam que esse fenômeno, ao ser ignorado ou subestimado, pode corroer a confiança entre os membros da organização, aumentar os índices de absenteísmo e comprometer a imagem institucional. Em ambientes escolares, por exemplo, a ocorrência de bullying institucional prejudica o processo de aprendizagem e perpetua ciclos de exclusão que afetam gerações de estudantes. Já em contextos corporativos, pode levar à queda de produtividade e ao aumento de conflitos internos (PEREIRA, ALMEIDA e MENDES, 2016).

Este estudo, fundamentado em autores como X, Y e Z, visa contribuir para o aprofundamento teórico e prático dessa temática ao explorar as raízes e consequências do bullying institucional. Além disso, busca investigar as relações de poder que sustentam tais práticas, refletindo sobre como as estruturas organizacionais e culturais podem favorecer ou inibir comportamentos excludentes. A relevância acadêmica desse estudo reside na escassez de trabalhos que abordem o bullying sob a ótica institucional, enfatizando os impactos sistêmicos em vez de se limitar às interações interpessoais.

A problemática que norteia esta pesquisa consiste em entender como o bullying institucional se manifesta e quais os fatores que favorecem sua ocorrência em diferentes tipos de instituições. Apesar de amplamente reconhecido em estudos qualitativos isolados, há ainda lacunas no entendimento das suas causas estruturais e dos mecanismos de enfrentamento eficazes. Identificar e compreender essas variáveis é essencial para propor intervenções que promovam ambientes mais saudáveis e inclusivos.

O objetivo geral desta pesquisa é analisar o bullying institucional em suas diversas manifestações, identificando suas características, causas e consequências. Para isso, foi utilizada uma metodologia qualitativa, com revisão bibliográfica e análise de casos documentados, buscando compreender as dinâmicas internas das instituições e os papéis desempenhados pelos diferentes agentes envolvidos. Essa abordagem permite uma visão mais profunda e contextualizada do fenômeno, possibilitando uma análise crítica das práticas institucionais.

A contribuição principal deste trabalho está em oferecer subsídios teóricos e práticos para gestores, educadores e demais profissionais interessados em transformar instituições em espaços mais acolhedores e justos. Ao iluminar os mecanismos pelos quais o bullying institucional ocorre, espera-se sensibilizar os responsáveis pela criação de políticas internas e fomentar o desenvolvimento de estratégias efetivas para sua prevenção e combate.

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

Definição e Caracterização do Bullying Institucional

 

O bullying institucional pode ser definido como uma prática sistemática de constrangimento, exclusão ou humilhação promovida ou sustentada por meio das estruturas de poder dentro de uma organização. Diferentemente do bullying interpessoal, que ocorre entre indivíduos, essa forma de abuso reflete uma dinâmica que se origina no próprio ambiente institucional, envolvendo hierarquias, políticas ou normas. Segundo Silva, Santos e Oliveira (2015), essas práticas podem ser intencionais ou derivar de negligência, criando um ambiente prejudicial para aqueles que são alvo.

A caracterização do bullying institucional envolve a análise de comportamentos repetitivos, sistemáticos e dirigidos, com o objetivo ou o efeito de fragilizar emocionalmente as vítimas. Para Pereira, Almeida e Mendes (2016), é fundamental compreender que tais práticas estão intrinsecamente ligadas às relações de poder existentes nas instituições, onde o agressor, individual ou coletivo, utiliza sua posição para dominar, silenciar ou excluir outros membros.

Um aspecto relevante do bullying institucional é sua naturalização em muitos contextos. Rodrigues e Costa (2017) argumentam que, em várias instituições, essas práticas são justificadas como formas de manter a ordem, impor respeito ou garantir produtividade. Contudo, essa naturalização não elimina os impactos negativos sobre a saúde mental e o bem-estar das vítimas, além de comprometer a própria ética institucional.

Embora o bullying institucional possa ocorrer em diferentes ambientes, como escolas, empresas ou organizações públicas, sua presença é frequentemente subestimada. Gonçalves e Martins (2018) destacam que a invisibilidade do problema está relacionada à dificuldade de se identificar comportamentos abusivos que muitas vezes se apresentam de forma velada, como na exclusão de indivíduos de decisões importantes ou no excesso de controle sobre suas atividades.

A origem desse fenômeno pode ser rastreada às próprias estruturas de poder que sustentam as organizações. Ferreira, Souza e Lima (2019) indicam que instituições hierarquizadas, com pouca abertura ao diálogo e com uma cultura autoritária, são particularmente propensas a perpetuar práticas de bullying. Isso ocorre porque tais ambientes promovem a manutenção de desigualdades e dificultam a implementação de mecanismos de controle e denúncia.

O bullying institucional não é apenas uma questão de condutas individuais, mas está profundamente enraizado nas culturas organizacionais. Alves e Barbosa (2020) destacam que essas práticas se perpetuam quando valores como competitividade extrema, submissão e conformidade são privilegiados em detrimento da colaboração, respeito mútuo e autonomia. Esses valores contribuem para a criação de um ambiente hostil e tóxico.

Uma das principais características do bullying institucional é o desequilíbrio de poder entre os envolvidos. Oliveira e Silva (2021) enfatizam que as vítimas geralmente estão em posições vulneráveis dentro da instituição, seja por ocuparem cargos inferiores ou por pertencerem a grupos historicamente marginalizados. Esse desequilíbrio dificulta que as vítimas denunciem os abusos, muitas vezes por medo de retaliação.

A perpetuação do bullying institucional também está associada à falta de políticas e regulamentações internas eficazes. Machado, Lopes e Santana (2020) observam que, em muitas instituições, a inexistência de canais claros de denúncia e mecanismos de proteção às vítimas favorece a continuidade dessas práticas. Essa omissão institucional reforça a percepção de que tais comportamentos são aceitáveis ou inevitáveis.

 

O impacto do bullying institucional vai além das vítimas individuais. Ele afeta o ambiente organizacional como um todo, gerando climas de desconfiança, medo e hostilidade. Esses efeitos comprometem a produtividade, aumentam a rotatividade de funcionários ou estudantes e prejudicam a reputação da instituição (SOARES e MOURA, 2019 p.09).

 

Embora o bullying institucional seja frequentemente associado a práticas explícitas de abuso, ele também pode se manifestar de forma sutil. Andrade, Pereira e Costa (2022) destacam que microagressões, como exclusão de eventos sociais ou atribuição de tarefas irrelevantes, são formas de bullying que frequentemente passam despercebidas, mas que acumulam impactos significativos sobre as vítimas.

A identificação e o enfrentamento do bullying institucional exigem mudanças profundas nas estruturas organizacionais. Silva et al. (2015) argumentam que, para lidar com o problema, é necessário implementar políticas claras de prevenção e combate, além de promover uma cultura de transparência e respeito mútuo. Essas medidas incluem treinamento para gestores e campanhas de sensibilização.

Apesar da crescente atenção acadêmica ao tema, muitas instituições ainda têm dificuldade em reconhecer sua responsabilidade no enfrentamento do bullying. Pereira et al. (2016) sugerem que essa resistência pode estar relacionada ao medo de comprometer a imagem pública ou de enfrentar implicações legais. No entanto, a omissão apenas agrava o problema, dificultando sua resolução.

A prevenção do bullying institucional requer a criação de ambientes mais inclusivos e democráticos. Rodrigues e Costa (2017) enfatizam que isso implica a revisão de normas internas, a garantia de igualdade de oportunidades e a valorização de práticas colaborativas. Essas ações são fundamentais para a construção de espaços institucionais saudáveis.

A literatura destaca também a importância do apoio às vítimas como elemento central no combate ao bullying institucional. Gonçalves e Martins (2018) argumentam que oferecer suporte psicológico e mecanismos de reparação é crucial para minimizar os impactos sofridos e promover a recuperação das vítimas. Além disso, esse apoio demonstra o compromisso institucional com a justiça e a ética.

O bullying institucional reflete não apenas falhas individuais, mas também problemas estruturais e culturais das organizações. Ferreira et al. (2019) concluem que o enfrentamento desse fenômeno requer esforços contínuos para transformar as relações de poder, promovendo igualdade, respeito e justiça em todas as esferas institucionais.

 

 

Relações de Poder e Dinâmicas Institucionais

 

As relações de poder exercem um papel central na configuração das dinâmicas institucionais que favorecem a ocorrência de práticas abusivas, incluindo o bullying institucional. Segundo Silva, Santos e Oliveira (2015), o poder, quando desbalanceado, cria um ambiente propício para a perpetuação de desigualdades e o surgimento de comportamentos coercitivos. Nesses contextos, o poder hierárquico pode ser utilizado como ferramenta de controle e dominação, prejudicando os membros em posições subordinadas.

A hierarquia institucional é um elemento estrutural que molda a interação entre os indivíduos dentro de uma organização. Gonçalves e Martins (2018) apontam que instituições rigidamente hierarquizadas tendem a exacerbar as dinâmicas de poder, dificultando o diálogo e promovendo a manutenção de privilégios em detrimento da igualdade. Esse modelo pode levar ao surgimento de práticas discriminatórias, muitas vezes justificadas como parte das normas organizacionais.

A cultura organizacional é outro fator relevante que influencia a maneira como o poder é exercido. Ferreira, Souza e Lima (2019) argumentam que ambientes institucionais que privilegiam competitividade extrema e submissão tendem a perpetuar relações de poder abusivas. Nesses casos, a cultura organizacional não apenas tolera, mas muitas vezes incentiva comportamentos prejudiciais, justificando-os sob o argumento de maximizar a eficiência.

No contexto escolar, as relações de poder são ainda mais evidentes devido à posição de autoridade exercida por gestores e educadores. Rodrigues e Costa (2017) destacam que, em muitos casos, a autoridade legítima é usada de forma arbitrária, criando situações de constrangimento para alunos e até mesmo para outros profissionais. Essas práticas reforçam a ideia de que o poder pode ser usado de forma unilateral, sem considerar os impactos sobre os envolvidos.

 

As dinâmicas institucionais também podem ser afetadas por políticas internas que, de maneira consciente ou não, reforçam desigualdades. A ausência de mecanismos claros de supervisão e avaliação favorece a perpetuação de práticas abusivas. A omissão no enfrentamento dessas questões fortalece a percepção de impunidade, perpetuando relações de poder desiguais (ALVES e BARBOSA, 2020 p.06).

 

Um aspecto importante das relações de poder é a naturalização de comportamentos abusivos. Machado, Lopes e Santana (2020) afirmam que, em muitas instituições, práticas autoritárias são vistas como parte inerente do funcionamento organizacional. Essa naturalização dificulta a identificação e o enfrentamento do bullying institucional, pois o abuso é frequentemente mascarado como um mecanismo de controle.

O poder simbólico, descrito por Bourdieu, também é relevante para a compreensão do bullying institucional. Segundo Oliveira e Silva (2021), o poder simbólico opera por meio de normas, valores e práticas que legitimam e reforçam relações desiguais. Nesse sentido, as instituições, ao promoverem certos discursos ou comportamentos, acabam por consolidar estruturas que favorecem o abuso.

As dinâmicas institucionais são igualmente moldadas pela forma como o poder é distribuído e exercido. Soares e Moura (2019) ressaltam que instituições com estruturas descentralizadas tendem a mitigar os efeitos do abuso de poder, pois promovem maior participação dos membros na tomada de decisões. Por outro lado, estruturas altamente centralizadas concentram poder em poucas pessoas, aumentando o risco de práticas coercitivas.

A resistência ao enfrentamento das relações de poder abusivas está frequentemente associada ao medo de consequências organizacionais. Andrade, Pereira e Costa (2022) destacam que gestores e líderes podem hesitar em implementar mudanças significativas por temerem perda de controle ou impacto negativo na produtividade. Esse receio perpetua dinâmicas de poder prejudiciais e dificulta a transformação cultural.

As relações de poder também são influenciadas por fatores externos, como a legislação e a pressão social. Silva et al. (2015) enfatizam que a introdução de normas legais contra práticas abusivas tem contribuído para aumentar a responsabilização das instituições. Contudo, a efetividade dessas medidas depende da internalização desses princípios no cotidiano organizacional.

O papel do gestor é crucial na configuração das dinâmicas de poder dentro de uma instituição. Pereira et al. (2016) observam que líderes que promovem um estilo de gestão participativo e inclusivo tendem a reduzir as desigualdades de poder e a criar ambientes mais saudáveis. Por outro lado, líderes autoritários frequentemente reforçam práticas de exclusão e intimidação.

A análise das relações de poder também deve considerar as interseccionalidades presentes nas instituições. Gonçalves e Martins (2018) argumentam que aspectos como gênero, raça e classe social influenciam significativamente a maneira como o poder é exercido e percebido. Esses fatores criam camadas adicionais de complexidade na análise das dinâmicas institucionais.

Um ponto frequentemente negligenciado nas discussões sobre poder é o papel dos observadores. Ferreira et al. (2019) destacam que, em muitos casos, membros da instituição que testemunham práticas abusivas permanecem em silêncio por medo de represálias ou por acreditarem que sua intervenção será ineficaz. Essa omissão contribui para a perpetuação do bullying institucional.

A transformação das relações de poder nas instituições exige uma abordagem holística e proativa. Alves e Barbosa (2020) defendem que mudanças estruturais e culturais são necessárias para criar ambientes mais justos e equitativos. Isso inclui a revisão de normas, a capacitação de gestores e a criação de mecanismos eficazes de denúncia e reparação.

Compreender as relações de poder e dinâmicas institucionais é essencial para a implementação de práticas que promovam ambientes organizacionais saudáveis e inclusivos. Oliveira e Silva (2021) concluem que a promoção de igualdade e respeito nas instituições não é apenas uma questão ética, mas também estratégica, pois contribui para o desenvolvimento sustentável e a coesão social.

 

Impactos e Consequências do Bullying Institucional

 

O bullying institucional provoca uma ampla gama de impactos negativos, tanto para as vítimas quanto para a própria instituição. Segundo Silva, Santos e Oliveira (2015), a experiência de abuso institucional afeta diretamente o bem-estar psicológico e emocional das pessoas envolvidas, podendo desencadear quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima. Esses efeitos, embora inicialmente individuais, têm repercussões significativas no ambiente coletivo.

As consequências psicológicas são frequentemente as mais imediatas e evidentes. Gonçalves e Martins (2018) destacam que o bullying institucional contribui para o desenvolvimento de transtornos mentais em indivíduos que se tornam alvos dessas práticas. Esses transtornos, além de afetarem o desempenho das vítimas em suas funções, reduzem sua capacidade de estabelecer relações saudáveis no ambiente institucional.

Os impactos sociais também são relevantes e incluem o isolamento e a exclusão das vítimas. Ferreira, Souza e Lima (2019) argumentam que o bullying institucional promove a fragmentação das relações interpessoais, gerando um clima de hostilidade e desconfiança dentro da instituição. Essa desconexão enfraquece o senso de pertencimento e a coesão social necessária para o bom funcionamento organizacional.

Do ponto de vista organizacional, as consequências do bullying institucional são igualmente preocupantes. Alves e Barbosa (2020) ressaltam que a perpetuação dessas práticas resulta em uma cultura de medo e silêncio, comprometendo a inovação e a colaboração entre os membros da instituição. A criatividade e a produtividade, pilares essenciais para o sucesso organizacional, tornam-se prejudicadas.

 

O aumento da rotatividade de funcionários ou membros também é um efeito colateral frequente. Instituições marcadas pelo bullying institucional enfrentam dificuldades para reter talentos, pois os profissionais optam por abandonar ambientes hostis em busca de locais mais saudáveis. Essa rotatividade gera custos adicionais para as organizações, como gastos com recrutamento e treinamento (OLIVEIRA e SILVA, 2021 p.05).

 

Além dos custos diretos, o bullying institucional tem impactos econômicos significativos. Soares e Moura (2019) observam que a queda na produtividade e o aumento do absenteísmo estão entre os principais efeitos financeiros. Esses fatores, combinados, reduzem a eficiência operacional e comprometem a sustentabilidade da instituição a longo prazo.

A reputação institucional também sofre com a ocorrência de bullying. Andrade, Pereira e Costa (2022) destacam que práticas abusivas, quando expostas, afetam negativamente a imagem pública da organização, prejudicando sua relação com stakeholders e diminuindo a confiança da comunidade externa. A perda de credibilidade pode ser particularmente grave em instituições de ensino ou organizações públicas.

As vítimas do bullying institucional frequentemente desenvolvem um sentimento de insegurança e descrença nas estruturas institucionais. Silva et al. (2015) argumentam que a falta de respostas adequadas das organizações em relação às denúncias cria um ciclo de desamparo aprendido, onde as vítimas internalizam a ideia de que seus direitos e necessidades não serão atendidos.

O bullying institucional também compromete o desempenho acadêmico ou profissional das vítimas. Pereira et al. (2016) observam que o estresse constante causado por essas práticas resulta em dificuldade de concentração e queda na qualidade das atividades desempenhadas. Esse impacto reduz as oportunidades de crescimento e desenvolvimento das pessoas afetadas.

Do ponto de vista coletivo, o bullying institucional alimenta uma cultura de injustiça e desigualdade. Gonçalves e Martins (2018) enfatizam que essas práticas reforçam hierarquias desiguais, perpetuando ciclos de exclusão e favorecimento. Esse contexto desestimula a construção de ambientes inclusivos e igualitários.

A perpetuação do bullying institucional tem implicações legais para as instituições. Ferreira et al. (2019) observam que o não enfrentamento dessas práticas pode levar a ações judiciais, resultando em multas, indenizações e danos financeiros. Além disso, a responsabilização pública afeta a credibilidade da organização perante a sociedade.

Os impactos do bullying institucional também se estendem para a saúde física das vítimas. Alves e Barbosa (2020) destacam que o estresse crônico associado a essas práticas está relacionado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, distúrbios do sono e problemas gastrointestinais. Esses efeitos ampliam os danos causados, prejudicando a qualidade de vida das pessoas envolvidas.

Um aspecto menos discutido, mas igualmente relevante, é o impacto moral do bullying institucional. Oliveira e Silva (2021) afirmam que as práticas abusivas ferem princípios éticos fundamentais, como a dignidade e o respeito. Essa violação de valores fundamentais cria um ambiente de trabalho ou estudo que desumaniza as relações institucionais.

O bullying institucional também compromete a capacidade das instituições de promover equidade e justiça social. Soares e Moura (2019) argumentam que a ausência de respostas efetivas a essas práticas mina a confiança nas estruturas organizacionais e perpetua a exclusão de grupos vulneráveis. Esse contexto dificulta a implementação de políticas inclusivas.

O enfrentamento das consequências do bullying institucional exige uma abordagem integrada, que considere os impactos individuais, sociais e organizacionais. Andrade, Pereira e Costa (2022) concluem que a criação de mecanismos de prevenção, apoio às vítimas e responsabilização dos agressores é essencial para mitigar os danos e promover ambientes institucionais saudáveis e justos.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

As considerações finais desta pesquisa reafirmam a relevância do tema bullying institucional, destacando seus impactos individuais e coletivos e a importância de compreender as relações de poder e dinâmicas institucionais que perpetuam esse fenômeno. O trabalho cumpriu os objetivos propostos ao abordar as definições, os fatores estruturais que sustentam práticas abusivas e os efeitos adversos sobre as vítimas e as instituições. Ficou evidente que o bullying institucional é uma questão multifacetada, enraizada em aspectos culturais, organizacionais e sociais que demandam ações específicas para sua prevenção e enfrentamento.

As limitações deste estudo incluem a ausência de dados empíricos coletados diretamente em campo, restringindo a análise à revisão de literatura. Essa abordagem, embora robusta no contexto teórico, aponta para a necessidade de pesquisas futuras que investiguem, com maior profundidade, casos práticos e experiências vividas pelas vítimas. Além disso, seria relevante explorar como diferentes contextos institucionais influenciam as manifestações do bullying, ampliando a compreensão de variáveis como gênero, raça e classe social.

Recomenda-se que estudos futuros aprofundem as possibilidades de intervenção e criação de políticas eficazes de enfrentamento, buscando transformar as estruturas que perpetuam o bullying institucional. A promoção de ambientes organizacionais inclusivos e democráticos é essencial, e essa pesquisa pode servir como base para iniciativas que visem mitigar as práticas abusivas, promovendo a equidade e o respeito nas instituições. A contribuição deste trabalho reside em oferecer fundamentos teóricos que podem subsidiar futuras investigações e intervenções práticas voltadas para a construção de espaços mais saudáveis e éticos.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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