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A subnotificação no registro de alunos do Ensino Fundamental com Altas Habilidades/Superdotação: os desafios da escola e da família

Mayara Mathias Leal[1]

 

Orientadora: Prof. Dra. Sandra Karina Mendes do Vale[2]

 

DOI: 10.5281/zenodo.16755995

 

 

RESUMO

O presente artigo aborda o tema subnotificação no registro de alunos com altas habilidades / superdotação, com o objetivo geral deste estudo é identificar as lacunas de pesquisa e identificar as ênfases temáticas, teóricas e metodológicas das obras analisadas.  Especificamente objetivou-se identificar os primeiros estudos sobre o tema; demonstrar os locais onde é mais pesquisado; identificar os subtemas associados a subnotificação nos registros dos alunos com AH/SD; apontar as principais teorias e autores pesquisados; identificar as principais metodologias e analisar as lacunas em estudos referentes a possibilidades da notificação sobre AH/SD. A metodologia para a construção deste artigo é uma revisão literária, cujos dados foram levantados na plataforma da Scientific Electronic Library Online (SciELO) e no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (BDTD). Os resultados da pesquisa apontaram como lacunas que sendo as AH/SD um fenômeno que pode sofrer mutações durante o tempo, já que é construído socialmente, havendo a necessidade da notificação no registro desses alunos, para que eles não sejam ignorados, assim como, para a potencialização de suas habilidades e encaminhamentos aos programas sociais vigentes, por isso a necessidade de capacitação, para que os profissionais que lidam com pessoas com essa situação, possam tomar decisões em prol dos benefícios dos alunos e de seus familiares. Com isso, entende-se a necessidade do Sistema Educacional reconhecer a potencial habilidades desses alunos, dando-lhes possiblidades para que possam se desenvolver e contribuir com a sociedade, sem os habituais atropelos que vem ocorrendo dentro da escola e da família.

 

PALAVRAS-CHAVE: Família. Escola. AH/SD. Registro. Subnotificação.

 

 

ABSTRACT

This article addresses the issue of underreporting in the registration of students with high abilities/giftedness, with the general objective of this study is to  identify research gaps and identify the thematic, theoretical and methodological emphases of the analyzed works.  Specifically, the objective was to identify the first studies on the subject; demonstrate the places where it is most searched; identify the sub-themes associated with underreporting in the records of students with HA/DS; point out the main theories and authors researched; to identify the main methodologies and analyze the gaps in studies regarding the possibilities of reporting HA/DS. The methodology for the construction of this article is a literature review, whose data were collected on the Scientific Electronic Library Online (SciELO) platform and at the Brazilian Institute of Information in Science and Technology (BDTD). The results of the research pointed out as gaps that HA/SD is a phenomenon that can mutate over time, since it is socially constructed, with the need for notification in the registration of these students, so that they are not ignored, as well as for the enhancement of their skills and referrals to current social programs, hence the need for training, so that professionals who deal with people with this situation can make decisions for the benefit of students and their families. With this, it is understood the need for the Educational System to recognize the potential abilities of these students, giving them possibilities so that they can develop and contribute to society, without the usual abuses that have been occurring within the school and the family.

 

WORD-KEY: Family. School. AH/SD. Register. Underreporting.

 

 

INTRODUÇÃO

 

A presente temática é eixo principal sobre as subnotificações no registro de alunos do ensino fundamental, nas escolas do ensino fundamental, com altas habilidades (AH) e superdotação (SD), tendo como subtema, os desafios da escola e da família, considerando a necessidade da inclusão escolar, tomando como objeto de estudo o registro e o processo de investigação de crianças com AH/SD.

Este artigo desenvolveu análise sobre textos pesquisados na Plataforma Scielo e o BDTD, para compreender como os autores identificam a subnotificação dos alunos com AH/SD dentro das escolas do ensino fundamental. Com isso, pretende-se entender sobre o assunto, mostrando as lacunas que a falta de notificação pode deixar a esses alunos, uma vez que eles ainda permanecem invisíveis perante o âmbito escolar e social, mesmo diante de tantos debates e legislações, como o caso da Lei 10.172/2001, do Plano Nacional de Educação (Nogueira et al, 2021), que determina o atendimento de crianças com diversas especialidades educacionais.

Nogueira et al (2021) são enfáticos em admitir que as crianças brasileiras com a especialidade AH/SD não são devidamente assistidas, tanto na escola, quanto na família, pela falta de identificação. Mesmo que nos últimos anos o número de crianças com AH/SD tenha crescido muito, passando de 2.784 para 13.308, entre os anos de 2003 e 2014, ou seja, um aumento considerável de notificação dessas crianças, ainda assim, a literatura aponta a dificuldade das duas grandes instituições (escola e família), em lidar com essa realidade.

Diante disso, parece que o aluno quando não identificado acaba não recebendo apoio necessário na escola e na família. Pelo visto, nas escolas essa problemática deve ocorrer por falta de apoio e de informações aos docentes, em relação de como agir ao detectar os primeiros sinais de AH/SD. De acordo com Nogueira et al (2021), mesmo que necessária, ainda pode haver muita subnotificação, por isso, é relevante haver estudos e reflexões sobre o tema, a fim de que diminua as dificuldades encontradas pelos educadores e pela família, pois com a identificação desse tipo de especialidade educacional, para que, de forma eficaz, o profissional de educação possa sugerir uma intervenção pedagógica, capaz de contribuir no processo de ensino e de aprendizagem deles.

Isso tudo deve ficar evidenciado na revisão de literatura, em que deve ser observado o que os autores explicitam sobre o tema em questão. Isso porque, a escassez de atendimento às altas habilidades/superdotação nas escolas e nas famílias, conforme se observa em sala de aula, já é uma realidade notada, por esta razão, buscou-se pesquisar em obras científicas nacionais, que já debatem sobre o tema, a fim de enriquecer os debates e subsidiar as discussões, visando ampliar o conhecimento sobre o tema, consequentemente contribuindo com a ampliação do acervo de estudos, propondo com isso, o aumento de ações / propostas com mudanças sobre essa realidade. Os objetivos deste estudo, portanto, são explorar os argumentos defendidos pelos autores das obras pesquisadas, identificando suas metodologias, lacunas, conceitos e teorias, para compreender mais sobre o tema.

Especificamente objetivos são identificar os primeiros estudos sobre o tema; explicitar os locais onde este é mais pesquisado; identificar os subtemas associados; apontar as principais teorias e autores acionados; evidenciar as principais metodologias utilizadas e analisar as ênfases, lacunas em estudos referentes a possibilidades de identificação da AH/SD dos alunos do ensino fundamental.

Para a construção deste estudo foram encontrados oito (08) artigos que falam sobre Subnotificação e Registros de Alunos do Ensino Fundamental com AH/SD e o Desafios da Escola e da Família para a Devida Identificação, procurados por meio das palavras chaves: Altas Habilidades, Superdotação, Subnotificação no Registro. Esses artigos foram encontrados em bibliotecas digitais de universidades e revistas eletrônicas, em plataformas como Scielo, BDTD, Revistas e Periódicos, identificados no quadro abaixo.

 

Quadro 1: Textos identificados e selecionados para análise

BDTD

PERIÓDICOS / REVISTAS

SCIELO

02 artigos (Tese e Dissertação) sobre AH/SD.

01 artigo Revista Teia da UFRJ, sobre Altas Habilidades e Superdotação.

05 artigos sobre subnotificação no registro de AH/SD.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

 

Este artigo que trata da subnotificação no registro de alunos do ensino fundamental com altas habilidades e superdotação, foi estruturado da seguinte maneira: na seção 2 estão organizados os artigos pesquisados sobre Subnotificação e Registros de Alunos do Ensino Fundamental com AH/SD e o Desafios da Escola e da Família para a Devida Identificação. No item 2.1 estão organizados os primeiros estudos sobre o tema, os locais de pesquisas e os subtemas associados. O item 2.2 traz as principais teorias, metodologias, resultados e lacunas. Na seção 3 se encontram as considerações finais.

 

 

2 SUBNOTIFICAÇÃO E REGISTROS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL COM AH/SD E OS DESAFIOS DA ESCOLA E DA FAMÍLIA PARA A DEVIDA IDENTIFICAÇÃO

 

Bahiense, Rosseti (2014) desenvolveram pesquisa de campo, em Vitória do Espírito Santo, no ano de 2012, em uma Escola Pública, com professores de matemática e português, utilizando o método clínico piagetiano, com análise de dados qualitativo. Em suas reflexões observam que o professor tem mais condições de descobrir se um aluno possui AH/SD, em razão do contato diário com ele. Mas, isso dificilmente acontecesse porque os professores não estão capacitados para tal missão.

Por esta razão, esses alunos, na maioria das vezes são taxados como problemáticos, se tornando invisíveis por parte da comunidade escolar e sua família. Sendo, portanto, que essas invisibilidades estão “estreitamente vinculadas à desinformação sobre o tema e sobre a legislação que prevê seu atendimento, à falta de formação acadêmica e docente e à representação cultural das pessoas com altas habilidades/superdotação” (Bahiense, Rosseti, 2014, p.198). Fato que termina sendo prejudicial ao desenvolvimento pedagógico desse estudante.

As autoras já citadas detalham que por talvez falha no sistema de ensino superior, os professores investigados não possuem formação adequada para entender e diagnosticar um aluno com AH/SD, além disso, não têm condições de lidar, pedagogicamente falando, com esses alunos. Dessa forma, se torna “importante que os professores sejam mais bem orientados e se desliguem de antigos paradigmas, apresentando atitudes e utilizando estratégias pedagógicas que atendam às necessidades de seus alunos” (Bahiense, Rosseti, 2014, p.204), para que assim a instituição educacional possa se tornar um ambiente propício ao atendimento de alunos detentores de certos talentos, que até agora vem sendo negligenciado.

Brero e Rondini (2022) desenvolveram um estudo como um ensaio teórico exploratório, no Rio de Janeiro, em 2022, por meio documental, disponibilizado pelo INEP, em dois documentos diferentes do Censo Escolar: o primeiro sobre os Microdados de matrículas, um arquivo com todas as informações obtidas no Censo Escolar, sem nenhum filtro. O segundo documento, a Sinopse Estatística, que compreende a síntese dos principais dados coletados no Censo Escolar (Brero e Rondini, 2022, p.480).

Para os citados autores, a falta de identificação no Censo Escolar dos casos de AH/SD aponta para a falta de formação da comunidade escolar, sendo que, a ausência de “identificação dos estudantes com AH/SD impacta diretamente na qualidade de vida dos jovens e adolescentes, levando, inclusive, a desajustes na vida adulta, uma vez que a falta de identificação influencia diretamente na construção da identidade do sujeito” (Brero e Rondini, 2022, p.478).

Os impactos da subnotificação ou falta de identificação, que devem atingir a vida da pessoa com AH/SD serão direcionados aos seus direitos como cidadãos, pois vai atingir as políticas públicas que poderiam contribui na sua formação, como, por exemplo, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), previsto no Decreto n. 7.611, de 17/11/2011, Decreto n. 10.656, de 22/03/2021 e Resolução CNE/CBE n. 04/09 (Brero e Rondini, 2022, p.478).

Embora o citado Decreto brasileiro da educação, FUNDEB, garanta aos estudantes de AH/SD “a adaptação de currículos para suplementação, métodos, técnicas, recursos e organizações específicos necessários para atender às suas necessidades; aceleração de estudos; professor com especialização adequada para o atendimento” (Brero e Rondini, 2022, p.478), parece que mesmo com toda essa garantia, isso ainda não se tornou uma realidade geral nas escolas brasileiras, porque a falta de identificação de suas especialidades, permite que ocorra a exclusão desses alunos aos programas políticos e sociais, que podem dar subsídios aos seus desenvolvimentos educacionais e consequente formação.

Mendonça, Rodrigues, Capellini (2020) desenvolveram uma pesquisa de campo sobre alunos com AH/SD e como são vistos por seus pais e professores, numa escola estadual de São Paulo, onde entrevistaram alunos, pais e professores, para descobrir como eles se veem em relação aos seus talentos. De onde resultou que nem os alunos, nem seus pais conhecem nada sobre AH/SD e os professores também conheciam muito pouco sobre o tema. Então, diante das pesquisas referenciais, as autoras entenderam que as qualidades observadas em alunos com AH/SD podem ser cognitivas ou não cognitivas. No caso das não cognitivas os dados observados podem ser “motivação, persistência, empatia, perfeccionismo, preocupações éticas, responsabilidade, curiosidade e senso de humor, entre outros” (Idem, p.4).

Para as mesmas autoras citadas “as crianças com AH/SD manifestam o potencial em sua área de domínio em uma idade anterior à esperada e apresentam uma facilidade maior em aprender do que as demais” (Mendonça, Rodrigues, Capellini, 2020, p.4). Se na escola os professores e comunidade escolar não estão preparados para diagnosticar a atender essas crianças, na família, que ao saber que o filho possui AH/SD pode desenvolver dois comportamentos dispares, “um integrante da família ou ambos dispendem uma grande quantidade de tempo estimulando e ensinando a criança, ou fazem sacrifícios para que ela receba treinamento de alto nível dos melhores professores disponíveis” (Idem, p.4).

Todavia, um comportamento como esse exemplo acima pode ser prejudicial para a criança, tendo em vista que ela pode ficar sobrecarregada, então, ao invés disso, a família pode estimulá-la, sem criar esperanças muito altas em relação ao talento, para não prejudicar mais o seu desempenho. Dessa forma, segundo Mendonça, Rodrigues, Capellini (2020), os pais, sendo devidamente orientados sobre AH/SD de seus filhos, podem e devem participar de forma ativa no talento deles, estimulando-os, sem criar muitas expectativas fora da realidade. Por esta razão a importância da identificação dessa condição de AH/SD nas crianças, para evitar problemas futuros e perdas dos talentos delas.

Nakano, Negreiros, Fusaro (2025) desenvolveram uma pesquisa de campo para estudar AH/SD, Rio de Janeiro, tendo sido uma pesquisa online, envolvendo vários profissionais da educação, com o objetivo de descobrir como eles agem para identificar pessoas com altas habilidades ou superdotação. Isso porque há muito tempo que essa especialidade vem sendo compreendida de forma limitada e inadequada, porque é relacionada com a altos níveis de QI e não “como potencial elevado em potencial elevado em qualquer área do desenvolvimento humano” (Idem, p.2).

“Considerando essa concepção ampliada, no Brasil, os estudantes com AH/SD são definidos como aqueles que apresentam potencial superior, isolado ou associado, nas áreas intelectual, acadêmica, criativa, de liderança e psicomotricidade” (Nakano, Negreiros, Fusaro, 2025, p.2). Devido a fatores como o interesse dessas pessoas por uma área específica do conhecimento, onde terminam alcançar a excelência, em outros nem tanto, os processos de notificações se tornam complicados e desafiadores.

Segundo as autoras acima citadas, é preciso que as pessoas AH/SD sejam identificadas e avaliadas, para que os resultados possam ter como meta a delineação dos perfis de cada um, para que possam receber o atendimento necessário para cada caso, a fim de que possa haver o desenvolvimento adequado de suas potencialidades, evitando que haja a exclusão dessas pessoas das políticas públicas, que em geral não os atingem por conta da subnotificação pela qual passam. Além disso, a identificação pode prevenir as vulnerabilidades sociais e emocionais das pessoas superdotadas (Nakano, Negreiros, Fusaro, 2025), muito comum em indivíduos com essa condição.

Oliveira, Capellini, Rodrigues (2020) desenvolveram uma pesquisa descritiva e comparativa acerca das habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica de alunos com AH/SD. O trabalho desses autores envolveu entrevistas com alunos, pais e professores de uma escola pública de Bauru-SP. Os instrumentos utilizados pelos pesquisadores foram Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (SSRS), tratando-se de uma escala produzida nos USA, cujo objetivo foi desenvolver pesquisa sobre as habilidades sociais e problemas de comportamentos dos alunos, sob a ótica dos professores, pais e alunos.

Seguidamente houve uma intervenção de caráter universal com ambos os atores (professores, pais e alunos AH/SD), sobre as questões envolvendo a problemática relativas à idade e comportamentos comuns entre os alunos, os professores e seus pais. Segundo os autores acima citados, depois da intervenção, segundo os próprios entrevistados, houve melhora nos comportamentos e habilidades dos alunos, que hipoteticamente, a família e a escola mudaram suas percepções sobre a especialidade dos alunos (Oliveira, Capellini, Rodrigues, 2020). Deixando evidente que a intervenção melhorou os comportamentos dos pais e dos professores em relação a identificação dos alunos com AH/SD, que já representa um passo a mais para mudanças em termos de subnotificação.

Oliveira (2025) desenvolveu seu estudo sobre dados de alunos com AH/SD no Brasil, analisando a subnotificação de registros identificados no Censo Escolar e pela Sinopse Estatística da Educação Básica de 2022. O objetivo do seu artigo foi analisar a subnotificação de registros com base nos números de alunos com AH/SD identificados pelo Censo, assim como nos números estimados por diversos especialistas. O método adotado por Oliveira para consecução do artigo dividiu-se em duas partes: a primeira foi a pesquisa bibliográfica e a segunda a análise qualitativa e quantitativa dos dados apresentados no trabalho.

Os resultados encontrados pelo citado autor, apontam que em 2022 houve 26.815 de alunos com AH/SD matriculados nas escolas públicas, conforme os dados oficiais. Contudo, esses dados estão aquém das estimativas de alguns especialistas.  Ou seja, diante de um comparativo entre ambos os números reais e potenciais, os resultados mostraram que somente “dois municípios brasileiros ultrapassaram o percentual mínimo de 3%, estabelecido na literatura, de alunos com AH/SD” (Oliveira, 2025, p.10).

Em resumo, Oliveira (2025) aponta que dos 5.570 municípios brasileiros, somente 30% registra matrícula de alunos com AH/SD, enquanto 60% não registra. Já em municípios com grande demografia escolar na Educação Básica, o número de matrícula e identificação de alunos com AH/SD é muito reduzido. Dessa forma, diante dessas informações o autor acima citado, lamenta que haja “um alto e generalizado nível de subnotificação nos registros de matrículas de alunos com AH/SD em todos os sistemas de ensino das Unidades Federativas e dos municípios brasileiros” (Oliveira, 2025, p.19).

Oliveira (2022), desenvolveu sua pesquisa diante de uma abordagem quanti-qualitativa, para coleta e análise de dados sobre alunos precoces com indicadores de altas habilidades/superdotação na educação infantil. Para isso, buscou analisar as experiências e conhecimentos de pesquisadores e professores integrantes de um Comitê de especialistas, que desenvolveram uma Escala de Identificação de Precocidade e Indicadores de Altas habilidades/Superdotação, versão Educação Infantil (EIPIAHS-EI), com 63 itens, que foi respondida por 128 professores de escolas públicas e privadas, de turmas de pré-escola, em municípios de Mato Grosso do Sul.  Para a coleta de dados a autora acima citada utilizou um instrumento checklist, tendo os resultados sidos analisados de forma estatística, por meio da Análise Fatorial Exploratória, tendo como suporte o software estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).

No entendimento de Oliveira (2022, p.61), “para que o discente seja abrangido em sua totalidade, é relevante que sejam identificadas, o mais previamente possível, as suas especificidades de aprendizagem, a fim de receber os estímulos necessários para o desenvolvimento de suas habilidades”. Para tanto, é preciso organizar os processos de observação, identificação e avaliação dos indicadores da AH/SD, por diversos profissionais especialista na área, que junto com a família possam desenvolver um programa de atendimento aos alunos com AH/SD, para que não fique somente na descoberta de potenciais, mas, “focando no reconhecimento e na integralização desse estudante, com um acompanhamento e enriquecimento adequado às suas especificidades e/ou dificuldades de aprendizagem” (Idem, p.62), pois a identificação é um complexo processo que deve continuar.

Reis (2006), desenvolveu sua pesquisa como um estudo de caso, no qual foram examinados procedimentos acadêmicos/pedagógicos referentes à formação de profissionais em nível de Pós-Graduação Lato Sensu, ocorrido no período de 1999 a 2002, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com sua tese sob o título, “Educação Inclusiva é para todos? A falta de informação docente para altas habilidades / Superdotação no Brasil”. A citada autora indica haver necessidade da criação de cursos de habilitação profissional de forma continuada, em nível de pós-graduação, para atendimento de alunos com AH/SD no Brasil, em razão da carência de estudos sobre o presente tema.

Segundo Reis (2006), na época de seu estudo havia uma precariedade de ações efetivas, seja em âmbito governamental, seja por universidades e escolas, para atender os alunos com AH/SD nas escolas públicas e privadas do país. As raras iniciativas identificadas não estabeleciam relação entre si e continuavam isoladas, fato que retardava a conquista de melhores condições de trabalho docente, o que permitiria a continuação de práticas anteriores, já que concretizavam um vaivém de atitudes sobre a oferta e atendimento escolar adequado aos alunos com AH/SD nas escolas.

 

Quadro 2 – Resultados do levantamento

Primeiros Estudos

Local da Pesquisa

Subtemas

Bahiense e Rossetti, em 2001

Espírito Santo.

Percepções de Professores e Prática docente.

Brero e Rondini, em 2005

Rio de Janeiro.

Desorganização ou Acaso?

Mendonça, Rodrigues e Capellini, em 2001

São Paulo.

Percepção dos alunos, das famílias e dos professores.

Nakano, Negreiros e Fusaro, em 2012

Rio de Janeiro.

Relato de profissionais que atuam na área.

Oliveira, Capellini e Rodrigues, em 1990.

Bauru-SP.

Intervenção e Habilidades Sociais.

Oliveira, em 1972.

Rio Grande do Sul.

Subnotificação e Análise de Matrículas no Brasil.

Oliveira, em 2004.

Mato Grosso do Sul.

Instrumentalização docente.

Reis, em 1999.

Rio de Janeiro.                    

A falta de informação docente para altas habilidades / Superdotação no Brasil,

Fonte: Elaborado pelas autoras.

 

Quadro 3 – Resultados do levantamento

Teorias/autores

Metodologias

Resultados e Lacunas

Método clínico piagetiano (Piaget, 1926/2005; Carraher, 1989;

Delval, 2002)

Pesquisa de campo / Entrevista.

A AH/SD é um fenômeno construído socialmente, podendo variar ao longo do tempo. Assumindo diferentes conotações, estando em crenças e valores culturais vigentes em cada época. Para identificar AH/SD nos alunos

deverá haver necessária capacitação para que os profissionais que lidam com pessoas com essa situação.

forma com o objetivo de potencializar suas habilidades.

Microdados e Censo Escolar do INEP.

Pesquisa exploratória e comparativa, tentando compreender o motivo para a queda brusca de matrícula de estudantes com AH/SD no ano de 2019 com o de 2020.

A fragilidade dos sistemas de ensino no que se refere à identificação e ao atendimento educacional de alunos com AH/SD, faz com que haja certa urgência no fortalecimento na área referente a notificação, para que não se percam os estudantes com potencial superior, que podem contribuir para a construção de uma sociedade melhor.

Teoria do Empirismo, com cumprimento dos preceitos éticos como a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Escolha.

Pesquisa de campo. O método utilizado foi a entrevista semiestruturada gravada em áudio e transcrita para análise dos dados.

É urgente capacitar os professores para identificar alunos com AH/SD, encaminhá-los para serviços especializados.  A amostra da população participante pequena dificultou a gene­ralização dos dados. Portanto, com investigações com populações maiores podem confirmar ou, ainda, refutar os dados encontrados.

A avaliação psicológica ou neuropsicológica para identificação da AH/SD, as informações provenientes de diferentes medidas psicométricas, incluindo testes para avaliação de aspectos cognitivos e não cognitivos (tais como inteligência, autoconceito, criatividade, traços de personalidade, aptidões, dentre outros) (Heimann; Hennemann, 2022).

Pesquisa de campo: estudo, de caráter exploratório e descritivo.

Na pesquisa surgiram diversas dificuldades que foram relatadas, destacando-se a avaliação de casos de dupla excepcionalidade e diagnóstico diferencial. Os resultados reforçaram a percepção da necessidade de mais estudos voltados à identificação das AH/SD, visando o estabelecimento de uma prática mais consensual e padronizada entre os profissionais.

Perspectiva teórica do

Modelo dos Três Anéis (Renzulli, 1998, 2011).

Pesquisa de campo, Intervenção e Entrevista. Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (SSRS) versão para pais, professores e alunos.

Os resultados apontaram que o repertório social dos estudantes melhorou no ponto de vista deles, de suas professoras e de seus pais, provavelmente devido ao procedimento de intervenção utilizado, que envolveu mais de um segmento. As lacunas: 1) Avaliação do repertório de habilidades sociais das crianças por seus colegas (avaliação oscilométrica); 2) Avaliação da competência social por meio de pesquisas que utilizem métodos observacionais de comportamentos sociais, como, por exemplo, autor registros, registro cursivo e vide gravação; e 3) Caracterização do repertório de habilidades sociais e problemas de comportamento em indivíduos com AH/SD em outra faixa etária, como, por exemplo, adolescentes e adultos.

Relatório Marland, EUA,

cujos conceitos se tornaram referencias em escala global, sendo adaptados as realidades socioculturais

especificas de outros países.

Pesquisa documental no Censo Escolar e pela Sinopse Estatística da Educação Básica de 2022.

As lacunas do estudo são a de não ter realizado uma investigação sistemática sobre as causas que resultaram na subnotificação de matriculas de alunos com

AH/SD. Esse tipo de investigação fica condicionado a realização de

pesquisas futuras sobre o tema.

Checklist de Identificação de Precocidade e Indicadores de AH/SD, Martins e Chacon (2016).

Pesquisa exploratória com o Comitê de Especialista e Checklist. Índice de Validade de Conteúdo (IVC).

Por se tratar de uma pesquisa exploratória, deve ser complementada por contínuos estudos, que possam valorizar e acrescentar novos organismos de identificação dos alunos com AH/SD. Sem esquecer que os alunos alvos desse estudo são crianças da Educação Infantil, que necessitam ter seus direitos respeitados.

Empirismo segundo Yin (2001).

Estudo de caso, pesquisa exploratória e descritiva.

A autora desenvolveu estudos sobre a formação de professores para trabalhar com alunos com AH/SD, porém, não conseguiu aprofundar seus estudos sobre o momento certo para promover o avanço desses alunos dentro da educação.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

 

2.1 Primeiros estudos do tema, local de maior pesquisa e os subtemas associados

 

De acordo com os dados levantados no quadro 2 existe diferenças entre os artigos, todavia nem todos falam da subnotificação, por isso as inconsistências, como por exemplo Reis (2006), cuja pesquisa tem como foco a formação de professores para atender alunos com AH/SD, por esta razão a data que aparece em sua obra seria 1999. Assim como, Oliveira (2025), que explica os seus objetivos de estudo por meio da pesquisa realizada por Marland em 1972, tendo pesquisado em outros, mas como precisa dos primeiros estudos cita-se essa data.

Oliveira, Capellini e Rodrigues (2020), também afirmam que em 1990 os primeiros estudos, mas na verdade foi do Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais, que foi atualizado em 2016. Os demais autores ficaram com as datas entre 2001 e 2012, porém, como foi explicado antes, cada um tem um direcionamento de tema e pesquisa, mas que no final termina contribuindo com o tema em deste artigo.

Em relação ao local onde mais houve pesquisa, a Região Sudeste foi a que mais contribuir com informações a subnotificações no registro de alunos do ensino fundamental, nas escolas do ensino fundamental, com altas habilidades (AH) e superdotação (SD). O Estado com maior número de estudos foi o Rio de Janeiro, havendo apenas um Estado do Sul do país que participou desse estudo.

Os subtemas associados são percepções de professores e prática docente, Bahiense; Rossetti (2014) desenvolveram uma pesquisa e entenderam que “com relação terem participado de cursos de formação após sua graduação, percebesse que os professores, em sua maioria, demonstraram certa insegurança quanto ao seu preparo para atuar com pessoas com necessidades especiais” (Idem, p.204). Portanto, ainda existe insegurança dos docentes para trabalhar com alunos diferentes, como os AH/SD.

A desorganização ou descaso? É o subtema de Brero e Rondini (2022), que hipoteticamente demonstra uma redução significativa de 2019 para 2020, afirmando que pode ter ocorrido “algum erro no lançamento dos dados, uma vez que, não ocorreu uma redução no número geral de matrículas de estudantes que justificasse esta queda abrupta” (Idem, p.484).  Outro motivo que “impactou na acentuação da subnotificação de estudantes com AH/SD é a possível baixa identificação nos primeiros anos de educação” (Ibidem, p.484). Isso abre precedente para criação de instrumentos para auxiliar a identificação desses alunos.

Percepção dos alunos, das famílias e dos professores, segundo Mendonça; Rodrigues; Capellini (2020), os alunos conhecem muito de suas potencialidades; os pais “até identificam que seu filho é diferente dos demais, mas não têm conhecimento suficiente para saber como ajudá-los” (Idem, p.18). Já os professores necessitam ser “preparados para identificar alunos com AH/SD, encaminhá-los para serviços especializados, bem como para oferecer a eles, oportunidades de desenvolvimento proporcionando ativi­dades que atendam suas necessidades também no contexto da classe comum” (Ibidem, p.18).

Relato de profissionais que atuam na área de Nakano, Negreiro e Fusaro (2025), segundo as pesquisas com os profissionais que relataram suas dificuldades com a definição e identificação de alunos com AH/SD, além da falta de atendimento educacional especializado para esses alunos nas escolas. Além, de que, parte dessas dificuldades tem a ver com o desconhecimento deles (profissionais) “sobre os conceitos, características e procedimentos a serem considerados nos processos de identificação, mas, também, um número limitado de profissionais que atuam na área” (Idem, p.16).

Intervenção e Habilidades Sociais de Oliveira, Capellini e Rodrigues (2020), cujos resultados apontaram que com a intervenção, os alunos de AH/SD demonstraram melhores habilidades sociais, assim como, houve também constatação por parte da família e dos professores. “Em termos de implicações para intervenções com professores e pais, pode-se apontar a necessidade de mais encontros, tanto com o tema de AH/SD, quanto com o de habilidades sociais” (Idem, p.136). Portanto, a participação do professor demostrou ser imperativa no processo de ensino dos alunos com AH/SD, já que há necessidade de estratégias pedagógicas, para a promoção de um ambiente inclusivo para esses alunos.

Subnotificação e Análise de Matrículas no Brasil por Oliveira (2025, p.19), em sua pesquisa detectou “em todas as Unidades Federativas, existe um acentuado nível de subnotificação de matrículas de alunos com AH/SD” (Idem, p.19).  Em São Paulo, a subnotificação conta com 2.693.361 matrículas totais na Educação Básica em 2022, com somente 551 matrículas de alunos com AH/SD, o que termina por resultar em somente 0,02% em relação ao total de matrículas desses alunos. O que conclui que no Brasil é muito pouca a identificação de alunos com AH/SD nas escolas públicas e privadas, o que termina por gerar um prejuízo muito grande com a perda de talentos brasileiros.

Instrumentalização docente defendido por Oliveira (2022), que explica que os professores e gestores das escolas pesquisadas, não reconhecem alunos com AH/SD, criando estereótipos sobre os alunos, aceitando que os alunos com AH/SD são somente os que se destacam nas atividades realizadas em sala de aula. Que na escola só existe alunos com dificuldades de aprendizado. Dessa forma, a formação acadêmica e continuada dos professores é de suma necessidade, pois durante a pesquisa a maioria dos professores afirmou que na escola não existe estudantes com AH/SD, pois não há alunos extremamente inteligentes e perfeitos na escola.

A falta de informação docente para altas habilidades / Superdotação no Brasil, por Reis (2006), corroborando com Oliveira (2022), afirma que os professores necessitam de formação continuada para poder identificar os alunos com AH/SD em sala de aula, mas também que os docentes sejam reconhecidos como geradores de conhecimento, partilhada com o pesquisador, para que consigam reconhecer o talento, a preciosidade, as altas habilidades/superdotação e a genialidade, aprendendo a identificar as várias maneiras de aprender e de ensinar. “Dentre as atitudes deste profissional: ética, disponibilidade para compartilhar ideias, aceitação no que se refere às diferenças e aceitar e trabalhar com a perspectiva de inclusão” (Idem, p.206).

 

2.2 Principais Teorias, Metodologias, Resultados e Lacunas

 

Os resultados encontrados no quadro 3, referente a revisão literária que envolveu oito (08) artigos, entre os anos de 2006 a 2025, sobre “a subnotificação no registro de alunos do ensino fundamental com altas habilidades / superdotação: os desafios da escola e da família”. Cinco (05) autores desenvolveram pesquisa de campo, com ênfase em entrevistas e estudo de caso; 02 (dois) desenvolveram pesquisa documental e 01 (um) desenvolveu pesquisa exploratória, todavia todos tinham o mesmo objetivo, demonstrar as dificuldades que os alunos com AH/SD possuem para ser incluído nos programas sociais, diante da subnotificação no registro sobre suas especialidades educativas.

As metodologias aplicadas nestes estudos variaram desde a pesquisa de campo até a exploratória, que segundo Severino (2013), trata-se de uma forma de levantar as informações pertinentes a um dado tema, tratando-se, pois, de um preparo para a pesquisa explicativa,  que nada mais é que a pesquisa  que busca “registrar e analisar os fenômenos estudados, busca identificar suas causas, seja através da aplicação do método experimental/matemático, seja através da interpretação possibilitada pelos métodos qualitativos” (Idem, p.7).

Os resultados variaram desde a confirmação por Bahiense; Rossetti (2014), de que a prática docente não está devidamente organizada para atender os alunos com AH/SD, devido desconhecerem suas especialidades educativas. As lacunas, portanto, seria o fato de que para os docentes e a escola identificarem a AH/SD nos alunos, deveria haver necessária capacitação para que os profissionais que lidam com pessoas com essa situação, de forma a potencializar suas habilidades.

Brero; Rondini (2022), por meio do seu ensaio teórico exploratório busca através do Censo escolar de 2020 com alunos AH/SD refletir sobre a diminuição das matrículas desses alunos em comparação com 2019. A fragilidade do sistema de ensino no que refere a identificação desses estudantes, assim como, o atendimento educacional, são os possíveis motivos desse fato. Por isso sugerem a urgência no fortalecimento nessa notificação, para que os alunos talentosos possam ser mais valorizados e assim para que haja a construção de um mundo melhor.

Mendonça; Rodrigues; Capellini (2020), por meio do empirismo, ao desenvolver uma pesquisa de campo, objetivaram descrever como os alunos com AH/SD são vistos por seus pais e professores, para arriscar sugestões apontando a necessidade de várias ações que podem contribuir com a inclusão desses alunos no sistema educacional. Dentre as ações citam-se o enriquecimento curricular, orientações para os pais, formação acadêmica dos professores e a parceria entre família e escola. É urgente capacitar os professores para identificar alunos com AH/SD, encaminhá-los para serviços especializados.  A amostra da população participante pequena dificultou a gene­ralização dos dados. Portanto, com investigações com populações maiores podem confirmar ou, ainda, refutar os dados encontrados.

Nakano; Negreiro; Fusaro (2025) desenvolveram uma pesquisa de campo, de caráter exploratório e descritivo, utilizando a teoria da avaliação psicológica ou neuropsicológica para identificação da AH/SD, porém relataram a complexidade do assunto, em razão de vários fatores, entre eles, o caso do duplo diagnóstico que inviabiliza essa identificação, deixa evidente a necessidade de ampliação de estudos nesse setor específico. Os resultados reforçaram a percepção da necessidade de mais estudos voltados à identificação das AH/SD, visando o estabelecimento de uma prática mais consensual e padronizada entre os profissionais.

Já Oliveira; Capellini; Rodrigues (2020) realizaram uma intervenção numa escola de São Paulo, para comparar o acervo de habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica de alunos com Altas Habilidades/Superlotação, numa perspectiva teórica do Modelo dos Três Anéis, mas, depois dessa intervenção esse repertório tem resultado positivo em relação a família e a escola, que mudou a concepção e a prática de acolhimento desses alunos. Deixaram as seguintes lacunas: 1) Avaliação do repertório de habilidades sociais das crianças por seus colegas (avaliação oscilométrica); 2) Avaliação da competência social por meio de pesquisas que utilizem métodos observacionais de comportamentos sociais, como, por exemplo, autor registros, registro cursivo e vide gravação; e 3) Caracterização do repertório de habilidades sociais e problemas de comportamento em indivíduos com AH/SD em outra faixa etária, como, por exemplo, adolescentes e adultos.

Oliveira (2025), que realizou uma pesquisa documental no Censo Escolar e na Sinopse Estatística da Educação Básica de 2022, utilizando o Relatório Marland, EUA, cujos conceitos se tornaram referencias em escala global, sendo adaptados as realidades socioculturais especificas de outros países, desenvolveu as seguintes lacunas: não ter realizado uma investigação sistemática sobre as causas que resultaram na subnotificação de matriculas de alunos com AH/SD. Esse tipo de investigação fica condicionado a realização de pesquisas futuras sobre o tema.

Oliveira (2022), realizou uma pesquisa exploratória utilizando uma Checklist de Identificação de Precocidade e Indicadores de AH/SD, diante do Comitê de Especialista e Checklist. Índice de Validade de Conteúdo (IVC). Suas lacunas por se tratar de uma pesquisa exploratória, deve ser complementada por contínuos estudos, que possam valorizar e acrescentar novos organismos de identificação dos alunos com AH/SD. Sem esquecer que os alunos alvos desse estudo são crianças da Educação Infantil, que necessitam ter seus direitos respeitados.

Reis (2006), em sua tese de doutorado desenvolveu uma pesquisa exploratória e descritiva, num estudo de caso numa faculdade do Rio de Janeiro, realizando estudos sobre a formação de professores para trabalhar com alunos com AH/SD, fazendo isso do empirismo como teoria, porém, não conseguiu aprofundar seus estudos sobre o momento certo para promover o avanço desses alunos dentro da educação, mas corroborou com os outros estudiosos, sobre a necessidade de avanço na formação continuada de professores para trabalhar com alunos AH/SD.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS       

 

Diante dos estudos realizados de revisão bibliográfica sobre 08 (oito) artigos, dissertação e tese de doutorados, sobre a identificação de lacunas, metodologias, teorias utilizadas pelos autores pesquisados, os resultados apontaram que a subnotificação no registro de alunos do ensino fundamental com altas habilidades / superdotação: os desafios da escola e da família, não tem sido benéfico para esses estudantes e seus familiares, porque tem trazido muito prejuízos em médio e longo prazo, uma vez que, ao serem ignorados, eles tendem a desenvolver vários comportamentos prejudiciais, tanto para eles mesmos, quanto para a sociedade. É preciso, portanto, que o Sistema Educacional reconheça o potencial desses alunos, dando-lhes possiblidades para que possam desenvolvê-los, sem os habituais atropelos que vem ocorrendo dentro da escola e da família.

Sem a identificação de cada caso, sem a informação adequada a família e sem a capacitação profissional dos educadores, esses potenciais talentos continuaram a se perder no espaço e no tampo. Fala-se que a lei existe, mas inexiste subsídios para garantir que haja a inclusão das pessoas AH/SD, como uma especialidade educacional, passível de participação nos programas sociais, que garantem esses subsídios, o que não só vai contribuir com o avanço nesse setor, como vai ajudar esses estudantes e deixarem de ser considerados de maneira errônea, como de mal comportamentos e desinteressados. E, mesmo fazendo parte da educação inclusiva terminam ficando fora das discussões.

Encerrando esse estudo, neste momento, só resta, antes de tudo, deixar o caminho aberto para continuidade na busca por novas informações que possam enriquecer o tema. Todavia, convém mencionar que, a subnotificação traz muito prejuízos aos alunos com altas habilidades ou superdotação, isso em virtude de que, ao serem negligenciados, ficam de fora de toda política pública educacional, perdendo, por isso, as oportunidades de desenvolvimento potencial. Isso, pode representar uma lacuna de conhecimento, que termina por tornar-se um empecilho para que o pleno potencial dessas pessoas seja desenvolvido.

São várias relativas a essas perdas, com a subnotificação, dentre estas, o potencial desses não reconhecidos, por isso deixados de lado, pode fazer com que haja frustração, desmotivação e até problemas emocionais e comportamentais. O que resulta num obstáculo ao acesso de conhecimentos e experiências especializadas, que o aluno com AH/SD poderia ter, reforçando as desigualdades educacionais, além de limitar a diversidade de talento no Sistema Educacional, assim como, o acesso a pesquisas e políticas sociais.

Sendo assim, sugestiona-se que, para que haja a reversão do cenário de subnotificação, é preciso construir um sistema de conhecimento, que envolva a capacitação e conscientização tanto dos educadores quanto das famílias. Para isso necessita-se que a formação e capacitação dos professores seja realizada; as Políticas Públicas e Instrumento de Avaliação para os alunos com AH/SD; a integração família e escola é de primordial importância, para que haja um avanço substancial nesse tema.

Por esta razão, cabe ressaltar que uma abordagem crítica sobre a subnotificação dos alunos com altas habilidades na Educação Básica, deve contribuir para expor as barreiras culturais, institucionais e cognitivas, que limitam o reconhecimento e o apoio integral a essas crianças. A mudança de paradigmas sobre superdotação, por meio da prática informada e da conscientização de todos os envolvidos, é fundamental para consentir que estudantes com AH/SD tenham acesso pleno a uma educação, que respeite e desenvolva suas potencialidades, dentro do parâmetro social, cultural e econômico da sociedade.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BAHIENSE; Taisa R. Smarssaro; ROSSETTI, Claúdia Broetto. Altas Habilidades/Superdotação no Contexto Escolar: Percepções de Professores e Prática Docente. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v. 20, n. 2, p. 195-208, abr.-jun., 2014. Disponível no site:

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BRERO, José Guilherme D. RONDINI, Carina Alexandra. Subnotificação Censitária de Estudantes com Altas Habilidades/Superdotação em 2020: desorganização ou descaso?  Revista Teias v. 23 • n. 71 • out./dez. 2022.

 Disponível no site:

 https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistateias/article/view/65416. Acesso em março de 2025.

 

MARCONI, Mariana de A; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica.  5. ed. São Paulo: Atlas 2003.

 

MENDONÇA, Lurian D.; RODRIGUES, Olga M. P. R.; CAPELLINI, Vera L. M. F. Alunos com altas habilidades/superdotação: como se veem e como são vistos por seus pais e professores. Educar em Revista, Curitiba, v. 36, e71530, 2020. Disponível no site:

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NAKANO, Tatiana de Cassia; NEGREIROS, Júlia Reis Negreiros; FUSARO, Luana Hillary. Práticas na identificação das altas habilidades/superdotação segundo relato de profissionais que atuam na área. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.33, n.126, p. 1-24, jan./mar. 2025, e0254246. Disponível no site: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/jLhB95Jnzhw9whtDnV96J8s/ Acesso em abril de 2025.

 

NOGUEIRA, Iasmim F; MENEZES, Meylane B. de Sá; ALBUQUERQUE, Ana Clara A; MACHADO, Júlia Lyssa C; COSTA, Marcella M. P; PASSOS, Natália Oliveira; FILGUEIRAS, Karina Fideles. Altas habilidades/superdotação e ambiente escolar: Uma revisão de literatura. Rev. Psicopedagogia 2021; 38(117): 416-32. Artigo disponível no site:

 https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862021000300010. Acesso em abril de 2025.

 

OLIVEIRA, Ana Paula de; CAPELLINI, Vera Lucia M. Fialho; RODRIGUES, Olga Maria P. Rolim. Altas Habilidades/Superdotação: Intervenção em Habilidades Sociais com Estudantes, Pais/Responsáveis e Professoras. Rev. Bras. Ed. Esp., Bauru, v.26, n.1, p.125-142, jan.-Mar., 2020. Disponível no site: https://www.scielo.br/j/rbee/a/LX78WqRVjrHLNfPfMJ6fKCS/. Acesso em março de 2025

 

OLIVEIRA, Livio Luiz Soares de. Altas Habilidades/Superdotação: Subnotificação e Análise de Matrículas no Brasil. Rev. Bras. Ed. Esp., Dourados, v.31, e0218, p.1-22 2025. Disponível no site: https://www.scielo.br/j/rbee/a/MmwDNQz65B6T7p77XGkwXDz/?format=pdf&lang=pt. Acesso em maio de 2025.

 

OLIVEIRA, Mariana Patrícia Soares de.  Alunos Precoces com Indicadores de Altas Habilidades/Superdotação na Educação Infantil: Instrumentalização Docente Corumbá, MS. 2022. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação do Câmpus do Pantanal, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação. Disponível no site: https://repositorio.ufms.br/retrieve/ Acesso em maio de 2025.

 

REIS, Haydéa M. M. de Sant’Anna. Educação Inclusiva é para todos? A falta de informação docente para altas habilidades / Superdotação no Brasil. 2006. Tese de doutorado. Universidade do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação. https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UERJ_b9e7a998a86262e9416e0d27117bd96a. Acesos em maio de 2025.

 

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico [livro eletrônico]. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2013. Disponível no site: https://www.ufrb.edu.br/ccaab/images/AEPE/Divulga%C3%A7%C3%A3o/LIVROS/Metodologia_do_Trabalho_Cient%C3%ADfico_-_1%C2%AA_Edi%C3%A7%C3%A3o_-_Antonio_Joaquim_Severino_-_2014.pdf. Acesso em maio de 2025.

 

[1] Mestrando(a) em Ciências da Educação, Pedagogo(a), E-mail: E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

2 Doutora em Educação, Pedagoga. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.