Transtornos do neurodesenvolvimento: desafios e estratégias na Educação Inclusiva
Thais Dias Alberici Lodi
Tânia Pretes Dias Alberici
RESUMO
A presente reflexão que engloba as inclusão que visa a integração do comportamento que correspondem a um conjunto de condições que afetam o desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental do indivíduo, refletindo diretamente em sua aprendizagem, convivência e adaptação social. No ambiente escolar, reconhecer as possibilidades especiais desses alunos é essencial para garantir práticas pedagógicas inclusivas, capazes de respeitar seus ritmos, valorizar suas potencialidades e promover o desenvolvimento integral. A atuação conjunta entre professores, equipe psicossocial e família é indispensável para oferecer suporte adequado e assegurar o progresso acadêmico e emocional do estudante. Nesse contexto, torna-se fundamental que a escola adote estratégias educacionais diferenciadas, pautadas na empatia, no acolhimento e na valorização da diversidade. O presente artigo tem como propósito refletir sobre as principais situações dos transtornos que visa e apresentar ações pedagógicas que favoreçam a inclusão e o aprendizado significativo, conforme os princípios da Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva.
Palavras-chave: Educação Especial; Inclusão Escolar; Transtornos do Neurodesenvolvimento; Aprendizagem; Práticas Pedagógicas.
1 INTRODUÇÃO
Os Transtornos do Neurodesenvolvimento constituem um grupo de condições que se manifestam precocemente na infância e interferem de forma significativa no funcionamento neurológico, cognitivo, emocional e comportamental do indivíduo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2022), esses transtornos afetam o desenvolvimento global e podem comprometer habilidades fundamentais, como a linguagem, a atenção, o controle motor, o raciocínio e a interação social. Entre os mais conhecidos estão o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), os Transtornos Específicos da Aprendizagem, a Dislexia e a Deficiência Intelectual.
Essas condições, embora apresentem diferentes graus de comprometimento, têm em comum a necessidade de uma abordagem educacional que reconheça a singularidade de cada estudante. No contexto da Educação Especial, compreender as particularidades dos transtornos do neurodesenvolvimento é essencial para promover uma prática pedagógica inclusiva, capaz de respeitar o ritmo e as potencialidades de cada aluno. Segundo Mello (2020), a inclusão não se limita à presença física do aluno com deficiência na sala de aula, mas implica garantir sua participação ativa, seu pertencimento e seu desenvolvimento integral.
A escola, enquanto espaço de formação humana, deve assumir o compromisso de acolher a diversidade e adaptar suas metodologias, currículos e avaliações. Isso envolve a criação de estratégias pedagógicas que facilitem a aprendizagem, como o uso de tecnologias assistivas, recursos visuais, mediação individualizada e atividades interativas que estimulem a autonomia e o engajamento dos estudantes. Cunha (2021) ressalta que o trabalho colaborativo entre professores, equipe multiprofissional e família é determinante para o sucesso do processo de inclusão escolar.
Nessa perspectiva, a educação inclusiva deve ser entendida como um direito humano e social, sustentado por políticas públicas, formação docente e práticas pedagógicas sensíveis às diferenças. Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), toda escola deve ser capaz de atender a diversidade de seus alunos, eliminando barreiras atitudinais, arquitetônicas e pedagógicas.
Portanto, discutir os Transtornos do Neurodesenvolvimento sob a ótica da inclusão é um passo fundamental para repensar a função social da escola e para consolidar uma educação democrática, equitativa e de qualidade para todos. Mais do que adaptar conteúdo, trata-se de transformar a cultura escolar em um espaço de respeito, empatia e valorização das potencialidades humanas.
2 OBJETIVOS
Objetivo geral:Analisar os impactos dos Transtornos do Neurodesenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem, discutindo estratégias pedagógicas que favoreçam a inclusão escolar.
Objetivos específicos:
- Identificar os principais tipos de transtornos do neurodesenvolvimento e suas características;
- Investigar os desafios enfrentados pelos professores na inclusão desses alunos;
- Apresentar metodologias e práticas pedagógicas eficazes para o desenvolvimento integral dos estudantes;
- Refletir sobre a importância da formação docente e da atuação multiprofissional no contexto inclusivo.
- METODOLOGIA
O presente estudo tem abordagem qualitativa e caráter descritivo, fundamentado em uma revisão bibliográfica de livros, artigos científicos e documentos oficiais do Ministério da Educação (MEC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foram analisadas publicações entre os anos de 2015 e 2025, abordando os transtornos do neurodesenvolvimento, suas manifestações e estratégias de ensino inclusivo. A análise buscou identificar conceitos-chave, práticas pedagógicas e experiências de sucesso na inclusão escolar.
- DESENVOLVIMENTO
Os transtornos do neurodesenvolvimento abrangem uma ampla gama de condições, entre elas o TEA, o TDAH, a dislexia e a deficiência intelectual. Cada um apresenta particularidades que exigem do educador sensibilidade e preparo técnico. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) caracteriza-se por dificuldades na comunicação e na interação social, bem como comportamentos repetitivos. Já o TDAH envolve impulsividade, desatenção e hiperatividade, afetando a concentração e o desempenho escolar. A Dislexia impacta a leitura e a escrita, enquanto a Deficiência Intelectual compromete a capacidade de raciocínio e a autonomia do aluno.
Para atender a essa diversidade, o professor deve adotar metodologias ativas e adaptadas, como o uso de recursos visuais, jogos pedagógicos, atividades interativas e apoio tecnológico. A avaliação contínua e individualizada também é essencial, pois permite reconhecer o progresso do estudante em vez de compará-lo aos demais. A atuação da equipe multiprofissional — composta por psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e assistentes sociais — complementa o trabalho docente, oferecendo suporte emocional e cognitivo aos alunos e suas famílias. Além disso, a formação continuada dos professores é indispensável para o desenvolvimento de práticas inclusivas eficazes.
“A inclusão escolar de estudantes com transtornos do neurodesenvolvimento exige mais do que adaptações curriculares; demanda uma mudança de postura ética e pedagógica por parte da escola” (MELLO, 2020, p. 45).
“O Transtorno do Espectro Autista caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação e na interação social, acompanhados de padrões restritos e repetitivos de comportamento” (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2022, p. 57).
“A avaliação do aluno com deficiência deve considerar suas potencialidades, e não apenas suas limitações” (BRASIL, 2008, p. 16).
Segundo Vygotsky (2018, p. 89):
“A aprendizagem é um processo social que se dá nas interações entre o indivíduo e o meio. A criança com deficiência, ao participar de contextos educativos ricos e colaborativos, desenvolve novas formas de pensamento e comunicação, desde que receba o apoio adequado.”
...
Conforme Cunha (2021, p. 72):
“O professor que atua com alunos com Transtorno do Espectro Autista deve planejar suas aulas considerando a previsibilidade, o uso de recursos visuais e a valorização de pequenas conquistas. Essas estratégias reduzem a ansiedade e ampliam as possibilidades de aprendizagem.”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2022), os transtornos do neurodesenvolvimento são condições de origem biológica que afetam o funcionamento cerebral e podem comprometer habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Para Mello (2020), a educação inclusiva requer práticas pedagógicas diversificadas que permitam o desenvolvimento de todos os alunos, especialmente daqueles com algum transtorno do neurodesenvolvimento.
Vygotsky (2018) enfatiza que o desenvolvimento das funções psicológicas superiores ocorre na interação social, e, portanto, o ambiente escolar deve ser estruturado para favorecer a participação ativa de alunos com diferentes necessidades.
Segundo Cunha (2021), o trabalho em equipe entre professores, família e profissionais da saúde potencializa os avanços no comportamento e na aprendizagem de crianças com TEA. A Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) reforça a importância de uma educação que respeite as diferenças, valorize a diversidade e garanta o direito de todos à aprendizagem significativa.
Os estudos analisados demonstram que escolas que investem em formação docente e práticas pedagógicas inclusivas apresentam avanços significativos na aprendizagem e no comportamento dos alunos com transtornos do neurodesenvolvimento. A presença de uma equipe de apoio e o envolvimento da família fortalecem o processo educativo, promovendo maior participação e integração escolar. Verifica-se, porém, que muitos professores ainda se sentem inseguros ao trabalhar com esses alunos, o que evidencia a necessidade de políticas públicas que ampliem o suporte pedagógico e psicológico dentro das escolas.
- CONSIDERAÇÃO FINAIS
Conclui-se que os Transtornos do Neurodesenvolvimento exigem uma abordagem educacional pautada na compreensão, no acolhimento e na flexibilidade pedagógica. Esses transtornos, por afetarem dimensões cognitivas, emocionais e comportamentais do desenvolvimento, demandam da escola uma postura que vá além da simples adaptação de conteúdo — requerem uma transformação nas práticas, nas relações e nas concepções de ensino e aprendizagem.
A escola inclusiva deve reconhecer as diferenças como parte constitutiva da diversidade humana, compreendendo que cada estudante aprende de forma singular e que todos têm potencial de crescimento. De acordo com Mello (2020), a inclusão só se concretiza quando o ambiente escolar é capaz de eliminar barreiras e construir oportunidades reais de participação, respeito e pertencimento.
Nesse sentido, a formação continuada dos educadores é um elemento essencial para o avanço da educação inclusiva. O professor precisa compreender as especificidades dos transtornos do neurodesenvolvimento, bem como desenvolver competências pedagógicas, socioemocionais e comunicativas que o capacitem a lidar com diferentes perfis de aprendizagem. Além disso, o trabalho colaborativo entre professores, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e familiares se mostra indispensável, pois a inclusão é um processo coletivo, que exige diálogo constante e corresponsabilidade (CUNHA, 2021).
A utilização de metodologias diversificadas, como o ensino por projetos, recursos visuais, tecnologias assistivas e estratégias lúdicas, amplia as possibilidades de aprendizagem e favorece o desenvolvimento global dos alunos. É fundamental que a avaliação seja contínua e formativa, voltada para o progresso individual, e não para a comparação com os demais colegas.
Por fim, mais do que adaptar o ensino, é preciso transformar as práticas escolares em experiências humanas de empatia, equidade e respeito. A verdadeira inclusão se realiza quando a escola se torna um espaço de convivência democrática, no qual as diferenças são reconhecidas como riquezas e oportunidades de aprendizagem mútua. Dessa forma, reafirma-se o compromisso com uma educação que acolhe, valoriza e desenvolve cada sujeito em sua totalidade.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5-TR. 5. ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2022.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: https://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 13 nov. 2025.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 jul. 2015.
CUNHA, E. Transtorno do Espectro Autista: guia completo para pais e profissionais. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2021.
MELLO, A. G. Educação Inclusiva: fundamentos e práticas pedagógicas. São Paulo: Cortez, 2020.
SILVA, M. C.; OLIVEIRA, R. L. Educação Especial e Inclusiva: desafios e possibilidades no contexto escolar. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2018.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação Internacional de Doenças – CID-11. Genebra: OMS, 2022.