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A importância da contação de histórias na Educação Infantil

Silmara Martins Coimbra

Cleusa Bispo Galvão de Oliveira

Maria Aparecida Nobre

Mauriety Rodrigues Oliveira

Regiane Alves de Souza

 

DOI: 10.5281/zenodo.17516916

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a importância da contação de histórias na Educação Infantil, enfatizando suas contribuições para o desenvolvimento integral da criança. A prática de contar histórias desperta o imaginário infantil, estimula a linguagem oral e escrita, desenvolve a atenção, a escuta e favorece a socialização. A contação de histórias é uma estratégia pedagógica que une emoção, ludicidade e aprendizagem, promovendo experiências significativas que ampliam o repertório cultural e cognitivo das crianças. Por meio de uma abordagem qualitativa e exploratória, o artigo discute como o ato de narrar histórias contribui para o desenvolvimento da imaginação, da empatia e do gosto pela leitura desde a infância.

 

Palavras-chave: Educação Infantil. Contação de histórias. Linguagem. Imaginação. Desenvolvimento infantil.

 

 

ABSTRACT

This article aims to reflect on the importance of storytelling in Early Childhood Education, emphasizing its contributions to the child’s integral development. The practice of storytelling awakens children’s imagination, stimulates oral and written language, develops attention and listening, and fosters socialization. Storytelling is a pedagogical strategy that combines emotion, playfulness, and learning, promoting meaningful experiences that broaden children’s cultural and cognitive repertoire. Through a qualitative and exploratory approach, this paper discusses how storytelling contributes to the development of imagination, empathy, and a love for reading from early childhood.

 

Keywords: Early Childhood Education. Storytelling. Language. Imagination. Child Development.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

A Educação Infantil é uma fase essencial no desenvolvimento humano, pois é nesse período que a criança forma suas primeiras noções de mundo, constrói sua identidade e estabelece vínculos afetivos e sociais. Nesse contexto, a contação de histórias ocupa um papel relevante, uma vez que desperta o imaginário, estimula a linguagem e favorece a formação de leitores desde os primeiros anos de vida.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017) reconhece a importância das práticas de oralidade e literatura infantil, destacando a contação de histórias como uma experiência significativa que possibilita o desenvolvimento das competências comunicativas, cognitivas e socioemocionais. Ao ouvir histórias, a criança amplia sua capacidade de escuta, de imaginação e de interpretação do mundo ao seu redor.

Além de promover o prazer estético, a contação de histórias contribui para o fortalecimento do vínculo entre educador e aluno, pois cria um ambiente acolhedor e afetivo. Por meio das narrativas, as crianças se identificam com personagens, compreendem valores morais e aprendem a lidar com emoções e conflitos de forma simbólica.

Assim, este artigo tem como objetivo analisar as contribuições da contação de histórias para o desenvolvimento integral da criança na Educação Infantil, evidenciando como essa prática favorece a linguagem, a imaginação, a socialização e o processo de aprendizagem.

 

 

  1. DESENVOLVIMENTO

 

A contação de histórias é uma prática milenar e universal, presente em todas as culturas como forma de transmitir saberes, valores e tradições. Na Educação Infantil, a contação de histórias se consolida como um instrumento pedagógico essencial para o desenvolvimento integral das crianças, pois envolve linguagem, emoção, imaginação e interação social. Muito além do simples entretenimento, a narrativa oral é um processo educativo que contribui significativamente para o desenvolvimento cognitivo, linguístico, afetivo e social.

No aspecto linguístico, a contação de histórias favorece a ampliação do vocabulário, o domínio da linguagem oral e o despertar do interesse pela leitura. Durante a escuta das histórias, as crianças aprendem novas palavras, compreendem estruturas gramaticais e reconhecem diferentes formas de expressão. A prática constante da oralidade e da escuta ativa é fundamental para o processo de alfabetização, pois estimula a consciência fonológica, a compreensão textual e a capacidade de recontar e criar narrativas. Assim, a contação de histórias atua como um elo entre a oralidade e a escrita, preparando o terreno para a aprendizagem formal da leitura e da escrita.

No campo emocional, as histórias permitem que a criança vivencie diferentes sentimentos de maneira simbólica e segura. Por meio das narrativas, as crianças aprendem a reconhecer e a lidar com emoções como medo, raiva, alegria e tristeza. Ao se identificar com os personagens, desenvolvem empatia, autoconfiança e aprendem a resolver conflitos de forma imaginativa. Contar histórias é, portanto, uma maneira de auxiliar o desenvolvimento emocional e psicológico, contribuindo para a formação de uma personalidade equilibrada e sensível.

No aspecto social, o momento da contação de histórias é também um momento de convivência e construção coletiva. As crianças aprendem a escutar, a esperar sua vez de falar e a respeitar a opinião dos colegas. Essa interação fortalece vínculos e incentiva o trabalho cooperativo, promovendo o respeito às diferenças e à diversidade cultural. A contação de histórias é uma experiência social rica, pois permite que as crianças compartilhem emoções, pensamentos e experiências.

O papel do educador nesse processo é essencial. O professor é o mediador entre o texto e a criança, e cabe a ele tornar o momento da contação envolvente e significativo. Para isso, é importante utilizar diferentes recursos, como livros ilustrados, fantoches, dramatizações, varal de histórias, tapetes literários e até tecnologias digitais, como vídeos e audiobooks. Esses instrumentos tornam a experiência mais atrativa e favorecem a compreensão da narrativa. Além disso, o educador deve escolher histórias adequadas à faixa etária e aos interesses das crianças, levando em consideração a diversidade cultural e a valorização da literatura infantil brasileira.

Outro aspecto relevante é o incentivo à criação de histórias pelas próprias crianças. Ao inventar narrativas, desenhar personagens ou dramatizar enredos, as crianças exercitam a imaginação, a autonomia e a criatividade. Esse processo fortalece o pensamento simbólico e a capacidade de expressão, habilidades fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e comunicativo. A contação de histórias, quando associada a práticas de leitura e escrita emergente, contribui diretamente para o desenvolvimento do gosto pela leitura e para a formação de leitores críticos e reflexivos.

A contação de histórias também possui um papel cultural e identitário importante. Por meio das narrativas, as crianças entram em contato com valores, costumes e tradições de diferentes povos, aprendendo a respeitar e apreciar a diversidade cultural. As histórias regionais e folclóricas fortalecem o sentimento de pertencimento e contribuem para a formação da identidade da criança, além de valorizar o patrimônio cultural do país.

Por fim, é importante destacar que a contação de histórias é uma prática inclusiva. Crianças com deficiência, dificuldades de comunicação ou transtornos de aprendizagem podem participar ativamente desse momento, pois a linguagem oral e o uso de recursos visuais e gestuais facilitam a compreensão e a interação. Assim, o ato de contar histórias é uma ferramenta poderosa de inclusão e humanização, que acolhe e valoriza todas as formas de expressão e de ser criança.

Em síntese, a contação de histórias, quando realizada de forma planejada e sensível, possibilita uma aprendizagem integral e significativa. Ela une o lúdico, o emocional e o cognitivo, criando um ambiente educativo rico em imaginação, cultura e afetividade, essencial para a formação das crianças na Educação Infantil.

 

 

CONCLUSÃO

 

A contação de histórias é uma prática indispensável na Educação Infantil, pois reúne ludicidade, emoção e aprendizado em um único momento pedagógico. Através dela, a criança desenvolve habilidades cognitivas, linguísticas, emocionais e sociais, além de fortalecer sua imaginação e criatividade. O ato de contar e ouvir histórias promove o encantamento pela leitura, desperta valores humanos e auxilia na construção da identidade infantil. Dessa forma, cabe ao educador reconhecer a contação de histórias como uma ferramenta pedagógica poderosa, capaz de transformar o ambiente educativo em um espaço de descoberta, sensibilidade e aprendizado significativo. Ao valorizar essa prática, a escola contribui para a formação de crianças mais sensíveis, imaginativas e conscientes do mundo em que vivem.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 6. ed. São Paulo: Scipione, 1997.

 

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/bncc. Acesso em: 09 out. 2025.

 

COELHO, Nelly Novaes. A literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.

 

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. São Paulo: Ática, 1999.

 

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