Análise química e funcional de um bioestimulante organomineral classe A: mecanismos de ação homeopáticos, fitoterápicos, biodinâmicos e bioenergéticos na agricultura
Michele Antônia Barbosa[1]
Valdeci Aparecido de Paula[2]
Dra. Daniela Cristina Silva Borges[3]
Dr. Saulo Gonçalves Pereira[4]
RESUMO
O presente trabalho teve como tema a análise química e funcional do produto agrícola H-PLANT CI®, um bioestimulante de base orgânica desenvolvido a partir de compostos naturais. O estudo teve como objetivo identificar e interpretar os compostos presentes na formulação, correlacionando-os às suas funções fisiológicas nas plantas e à melhoria da qualidade do solo. A justificativa fundamenta-se na crescente demanda por tecnologias sustentáveis na agricultura, capazes de substituir parcialmente insumos sintéticos e promover maior equilíbrio edáfico e fisiológico nas culturas. A metodologia consistiu na análise instrumental do produto por Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (GC-MS), com posterior classificação dos compostos segundo suas classes químicas e funções biológicas descritas na literatura. Os resultados revelaram a presença de ácidos orgânicos, aminas e compostos nitrogenados, fenólicos, heterocíclicos e terpenoides, que atuam de maneira integrada no crescimento, defesa e regulação metabólica das plantas. Compostos como o ácido acético, o ácido benzóico, o mentol e as hidrazidas apresentaram potencial antioxidante, antimicrobiano e bioestimulante. Conclui-se que o bioestimulante organomineral Classe A, apresenta uma composição química diversificada e funcional, com propriedades capazes de estimular o metabolismo vegetal, favorecer a absorção de nutrientes, fortalecer os mecanismos de defesa e promover a sustentabilidade agrícola, caracterizando-o como uma alternativa promissora dentro dos sistemas de produção de base biológica.
Palavras-chave: Bioestimulante. Cromatografia gasosa. Metabolismo vegetal. Compostos orgânicos. Sustentabilidade agrícola.
ABSTRACT
This study focused on the chemical and functional analysis of the agricultural product H-PLANT CI®, an organic-based biostimulant developed from natural compounds.** The objective was to identify and interpret the compounds present in its formulation, correlating them with their physiological functions in plants and their contribution to soil quality improvement. The rationale is grounded in the growing demand for sustainable technologies in agriculture, capable of partially replacing synthetic inputs and promoting greater edaphic and physiological balance in crops. The methodology involved instrumental analysis of the product using Gas Chromatography coupled with Mass Spectrometry (GC-MS), followed by classification of the compounds according to their chemical classes and biological functions described in the literature. The results revealed the presence of organic acids, amines and nitrogenous compounds, phenolics, heterocyclics, and terpenoids, which act synergistically in plant growth, defense, and metabolic regulation. Compounds such as acetic acid, benzoic acid, menthol, and hydrazides demonstrated antioxidant, antimicrobial, and biostimulant potential. It is concluded that H-PLANT CI® presents a diverse and functional chemical composition, with properties capable of stimulating plant metabolism, enhancing nutrient absorption, strengthening defense mechanisms, and promoting agricultural sustainability, positioning it as a promising alternative within biologically based production systems
Keywords: Biostimulant. Gas chromatography. Plant metabolism. Organic compounds. Agricultural sustainability.
1 INTRODUÇÃO
O aumento da demanda por alimentos ao longo dos anos induziu a atividade agrícola praticas que acabaram prejudicando a biodiversidade. O Brasil afim de minimizar esses impactos adotou políticas agrícolas que estimulam e proporcionam o bom desempenho do setor. Atualmente é apresentado ao setor agrícola o compromisso de introduzir a conservação ambiental na estratégia de aumento de produtividade (Corrêa et al., 2018; Campos; Sousa; Oliveira; 2020; Conceição, 2022; Freire et al., 2023).
Deste modo, o bioestimulantes organomineral Classe A, comercialmente chamado “H‑Plant CI - Fertilizante Organomineral Classe A”, trata-se de um fertilizante organomineral que faz parte da classe A, composto com a tecnologia de homeopatia, fitoterápicos, biodinâmica e bioenergética produzido pela Homeoplant Ltda (HOMEOPLANT, 2024).
Ele atua estimulando os mecanismos do solo, melhorando a microbiota e a defesa das plantas, tanto estruturais quanto metabólicos, promovendo proteção e aumento de produtividade, sendo indicado para diversas culturas, como fruticultura, floricultura, horticultura, café e cereais, e contém magnésio dinamizado, um nutriente essencial para o desenvolvimento vegetal (HOMEOPLANT LTDA, Sd).
Dentre seus benefícios, destacam-se o aperfeiçoamento da fotossíntese e a melhoria na distribuição de amido e outros nutrientes da parte aérea para as raízes, o que auxilia na proteção contra pragas como cigarrinha, herbívoros, entre outras pragas (HOMEOPLANT LTDA, Sd).
Neste interim, e conforme destacam Campos, Sousa e Oliveira (2020),os bioestimulantes estão ganhando destaques nas pesquisas cientificas, com potencial de aumentar a produtividade, melhoria do solo, diminuição dos impactos ambientais e tolerância ao stress ambiental, causado pelo uso de fertilizante inorgânico.
Análises laboratoriais como cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (GC-MS) são técnicas analíticas extremamente eficazes e versáteis, proporcionando alta sensibilidade e seletividade na identificação e quantificação de compostos químicos. A analise GC-MS resulta em uma ferramenta essencial para a análise química moderna e a pesquisa cientifica, valorizando amplamente essa técnica por sua instrumentação avançada e princípios de funcionamento robustos, que permitem uma vasta gama de aplicações que contribuem significativamente para o avanço do conhecimento de diversas áreas. (BIOCHEMIE, 2025).
Os compostos orgânicos presentes em produtos bioestimulantes exercem papel determinante na promoção do crescimento vegetal, na proteção contra estresses e na manutenção da fertilidade do solo. Esses compostos, como os ácidos carboxílicos, aminas, fenólicos e heterocíclicos, influenciam diretamente a dinâmica edáfica e a fisiologia das plantas, contribuindo para a solubilização de nutrientes, o metabolismo energético e a defesa contra pragas e patógenos (Embrapa, 2004; Huffaker, 2015; Campos, 2020). Além disso, substâncias nitrogenadas e peptídicas participam de processos sinalizadores e enzimáticos que regulam o crescimento e a resistência vegetal, destacando a relevância da análise de seus perfis químicos e funcionais em produtos agrícolas de base orgânica.
O tema justifica-se pela busca de alternativas sustentáveis na agricultura, diante dos impactos do uso excessivo de insumos químicos. A utilização de produtos com bases homeopáticas, fitoterápicas, biodinâmicas e bioenergéticas surge como proposta inovadora por reduzir impactos ambientais e fortalecer a fisiologia das plantas. O estudo do produto H-PLANT CI® é relevante por possibilitar a validação científica de seus efeitos e contribuir para o manejo agrícola sustentável, a produção de alimentos mais saudáveis e a preservação dos recursos naturais.
Para tanto, objetivou-se analisar a composição química do produto bioestimulante organomineral Classe A, por meio da técnica de Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (GC-MS), a fim de identificar os compostos presentes e correlacionar suas estruturas com potenciais funções fisiológicas nas plantas, especialmente no que se refere à bioestimulação, resistência a estresses e promoção do crescimento vegetal. Especificamente: Identificar qualitativamente os compostos presentes no produto H-PLANT CI ® a partir do laudo analítico de GC-MS; Classificar os compostos em grupos químicos (ácidos, aminas, fenólicos, aromáticos, heterocíclicos e terpenoides); Descrever, com base em literatura científica, as possíveis funções bioquímicas e fisiológicas de cada composto no metabolismo vegetal; Avaliar o potencial do produto como bioestimulante e alternativa sustentável de manejo agrícola.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Tipo de pesquisa
A pesquisa caracteriza-se como aplicada, experimental e descritiva, com abordagem qualitativa e quantitativa. Foi conduzida a partir da análise instrumental do produto bioestimulante organomineral Classe A e da interpretação dos compostos detectados em relação às suas funções biológicas reportadas na literatura científica (Gil, 2010; Lakatos & Marconi, 2017).
2.2 Objeto de Estudo
O objeto de estudo foi o fertilizante organomineral H-PLANT CI®, desenvolvido pela empresa Homeoplant Ltda., produzido com base em tecnologias de homeopatia, fitoterapia, biodinâmica e bioenergética, e indicado para diversas culturas agrícolas. O produto foi obtido em sua forma comercial, lacrado e armazenado conforme recomendações do fabricante.
2.3 Fonte de Dados Analíticos
Os dados químicos analisados foram provenientes do relatório instrumental “Results GC-MS.pdf”, contendo os resultados da análise de amostra realizada pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O método utilizado foi pirolise-fullscan, com varredura de massa entre m/z 35–700, empregando uma coluna de sílica fundida e detecção por impacto eletrônico.
2.4 Procedimentos Analíticos
O equipamento utilizado foi o GC-MS Shimadzu QP2020, com temperatura da interface de 280 °C, fonte de íons a 230 °C e forno programado de 40 °C a 330 °C. A amostra, extraída via SPE (Solid Phase Extraction), foi injetada em modo split 10:1.
Os picos obtidos foram comparados às bibliotecas NIST17 e Wiley para identificação de compostos. A quantificação foi relativa, com base nas áreas cromatográficas.
2.5 Classificação e Interpretação dos Compostos
Os compostos identificados foram agrupados de acordo com suas classes químicas e funções biológicas potenciais. Cada substância foi analisada com base em publicações científicas que abordam sua atuação no metabolismo vegetal, na defesa contra patógenos e na promoção do crescimento. As bases de dados consultadas incluíram Scopus, ScienceDirect, Embrapa e Scielo.
2.6 Análise Funcional e Correlação Biológica
A interpretação dos dados considerou o papel fisiológico de cada composto identificado no relatório GC-MS, com ênfase na possível contribuição para:
- crescimento e desenvolvimento vegetal (ácidos e aminas),
- resistência a pragas e patógenos (compostos aromáticos, fenólicos e halogenados),
- regulação bioenergética e sinalização celular (terpenos e heterocíclicos).
Os resultados foram apresentados em tabela descritiva e discutidos de forma comparativa com a literatura atual sobre biostimulantes e produtos bioativos de origem orgânica.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise por Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (GC-MS) do produto H-PLANT CI® permitiu identificar 18 compostos orgânicos pertencentes a diferentes classes químicas, tais como ácidos graxos e carboxílicos, aminas, compostos aromáticos, fenólicos, heterocíclicos e terpenoides. Esses resultados confirmam que o produto apresenta uma complexa matriz bioquímica, característica de formulações com potencial bioestimulante e regulador do crescimento vegetal.
Foram identificados 18 compostos principais agrupados em 5 classes químicas: ácidos orgânicos, aminas e derivados nitrogenados, compostos fenólicos/aromáticos, heterocíclicos e terpenoides.
Quadro 1 - Results GC-MS.pdf - “H‑Plant CI - Fertilizante Organomineral Classe A”, com a Técnica empregada de Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (GC-MS), modo scan (35–700 m/z)
|
Nº |
Composto identificado |
Fórmula molecular |
Classe química |
Função biológica / fisiológica em plantas |
|
1 |
Isocianato de hidrogênio (HNCO) |
CHNO |
Composto nitrogenado simples |
Participa de reações de aminação e síntese de ureia; possível ação como agente reativo no metabolismo do nitrogênio. |
|
2 |
Ciclobutilamina |
C₄H₉N |
Amina alifática |
Pode atuar como precursora de poliaminas envolvidas em crescimento e diferenciação celular. |
|
3 |
1-Tetrazol-2-iletanona |
C₃H₄N₄O |
Heterocíclico nitrogenado |
Molécula potencialmente bioativa com função antioxidante e reguladora de enzimas nitrogenadas. |
|
4 |
Ácido fórmico |
CH₂O₂ |
Ácido orgânico simples |
Regula pH celular, participa do ciclo do carbono e pode exercer leve ação antimicrobiana e sinalizadora. |
|
5 |
Ácido acético |
C₂H₄O₂ |
Ácido carboxílico (volátil) |
Importante para o metabolismo energético e respiração; contribui para regulação osmótica e crescimento radicular. |
|
6 |
Acetato de amônio |
C₂H₇NO₂ |
Sal nitrogenado |
Fornece nitrogênio assimilável; favorece síntese de proteínas e clorofila. |
|
7 |
5-Metil-2-furfural (5-Methylfurfural) |
C₆H₆O₂ |
Aldeído aromático / composto fenólico |
Derivado de carboidratos; atua como antioxidante e sinalizador de defesa vegetal. |
|
8 |
Benzaldeído (Fenilacetaldeído) |
C₈H₈O |
Aldeído aromático |
Ação antimicrobiana e antioxidante; envolvido em sinalização intercelular e defesa contra pragas. |
|
9 |
Pentanoato de metila, 2-hidroxi-4-metil- (Éster de ácido valérico) |
C₇H₁₄O₃ |
Éster / ácido graxo derivado |
Atua na síntese de lipídios e membranas; pode auxiliar no metabolismo energético celular. |
|
10 |
Ácido 2-hidroxi-4-metilpentanoico (ácido leucínico) |
C₆H₁₂O₃ |
Ácido hidroxicarboxílico (aminoácido derivado) |
Relacionado à síntese de aminoácidos essenciais e à formação de proteínas vegetais. |
|
11 |
4-Hidroxibutirato de hidrazida (butanoato de hidrazida) |
C₄H₁₀N₂O₂ |
Derivado de amina / hidrazida |
Ação antioxidante e potencial reguladora de crescimento e defesa celular. |
|
12 |
Ácido benzóico |
C₇H₆O₂ |
Ácido aromático / fenólico |
Efeito antimicrobiano e antioxidante; reforço da parede celular e resistência a fungos. |
|
13 |
4-Piperidinepropanoato, 1-benzóil-3-(2-cloroetil)-, éster etílico |
C₁₉H₂₆ClNO₃ |
Composto halogenado nitrogenado |
Potencial ação antimicrobiana e reguladora de processos oxidativos. |
|
14 |
Propanal, 2-(benzóiloxi)- (benzoato de propila) |
C₁₀H₁₀O₃ |
Éster aromático |
Atua na sinalização e defesa, podendo exercer efeito repelente a insetos. |
|
15 |
Benzamida, N-(hept-2-inil)-N-isopropil- |
C₁₇H₂₃NO |
Amida aromática |
Atividade biológica potencial, relacionada à sinalização e regulação de proteínas. |
|
16 |
1,2,4-Triazina-3,5-diona, 6-benzotioíla |
C₁₀H₇N₃O₃S |
Heterocíclico nitrogenado e sulfurado |
Possível inibidor enzimático; ação defensiva e antioxidante. |
|
17 |
Mentol (Levomentol) |
C₁₀H₂₀O |
Álcool terpênico |
Ação antimicrobiana, repelente natural e reguladora de crescimento; estimula respostas a estresse. |
|
18 |
Benzeno-2,3-dihidro (benzofurano) |
C₈H₈O |
Heterocíclico aromático |
Atua como antioxidante e composto volátil de defesa vegetal. |
Fonte: Instituição executora: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) - Laboratório: Laboratório de Cromatografia e Espectrometria de Massas – UFVJM (2025).
A análise cromatográfica do produto bioestimulante organomineral Classe A evidenciou a presença de compostos pertencentes às classes dos ácidos orgânicos, aminas e compostos nitrogenados, fenólicos e aromáticos, heterocíclicos e terpenoides, os quais atuam de forma sinérgica na promoção do crescimento vegetal, na resistência a estresses e na melhoria da fertilidade do solo. Esses grupos químicos conferem ao produto características compatíveis com as de um bioestimulante de base orgânica, conforme descrito por Colla et al. (2017) e Baltazar et al. (2021).
Os compostos nitrogenados e aminas, como isocianato de hidrogênio, ciclobutilamina, acetato de amônio e derivados de hidrazida, participam de processos metabólicos fundamentais relacionados à divisão celular, elongação de tecidos e diferenciação de raízes e brotos (Colla et al., 2017). As poliaminas, formadas a partir dessas moléculas, regulam o equilíbrio osmótico e a integridade das membranas, promovendo tolerância a estresses abióticos como seca e salinidade (Sun et al., 2024). O acetato de amônio, por sua vez, representa uma fonte assimilável de nitrogênio essencial à síntese de proteínas e clorofila, com reflexo direto no vigor vegetativo e na fotossíntese (Silva et al., 2023). Derivados como o 4-hidroxibutirato de hidrazida apresentam ainda atividade antioxidante, auxiliando na modulação de enzimas como superóxido dismutase e catalase, que reduzem o estresse oxidativo em tecidos jovens (Lin et al., 2016).
Os ácidos orgânicos, fórmico, acético e 2-hidroxi-4-metilpentanoico (ácido leucínico), possuem papel reconhecido no metabolismo energético das plantas, participando de reações do ciclo de Krebs e de processos redox relacionados ao crescimento (Taiz et al., 2017). O ácido acético é associado à indução de tolerância à seca via modificação epigenética de genes de defesa (Souza Júnior et al., 2020), enquanto o ácido fórmico e o ácido leucínico contribuem para a respiração celular e a síntese proteica, respectivamente. Além disso, tais compostos promovem solubilização de nutrientes, especialmente fósforo, e melhoram a estrutura e a microbiota do solo, resultando em um ambiente edáfico mais equilibrado e produtivo (EMBRAPA, 2004; Campos, 2020).
Os compostos fenólicos e aromáticos, como 5-metil-2-furfural, benzaldeído e ácido benzóico, apresentam alta capacidade antioxidante e atividade antimicrobiana, atuando na neutralização de espécies reativas de oxigênio (ROS) e na proteção de membranas e organelas celulares (Lin et al., 2016). O ácido benzóico é um intermediário da via do ácido salicílico, essencial para a resposta sistêmica adquirida (SAR), que aumenta a resistência das plantas a infecções (Cavalcante; Borges; Souza, 2024). Compostos como propanal, 2-(benzóiloxi)- e benzamida, N-(hept-2-inil)-N-isopropil- atuam como voláteis de defesa e podem contribuir para o controle biológico natural, atraindo organismos benéficos ao ecossistema agrícola (Queiroz, 2002).
Os heterocíclicos nitrogenados, entre eles 1-tetrazol-2-iletanona e 1,2,4-triazina-3,5-diona, 6-benzotioíla, desempenham papel relevante na redução de perdas de nitrogênio e no controle de emissões gasosas, por atuarem como inibidores de urease (Oliveira, 2022). Além de sua importância ambiental, essas moléculas apresentam atividade bacteriostática e antifúngica, contribuindo para o controle de microrganismos patogênicos e a sustentabilidade dos sistemas produtivos (Souza, 2021).
Entre os compostos voláteis e terpenoides, destacam-se o mentol e o benzofurano, associados à atividade antimicrobiana, repelência a insetos e resistência térmica. O mentol, derivado do metabolismo dos monoterpenos, atua também na comunicação planta-planta e na ativação de genes de defesa (Reyes et al., 2020), enquanto o benzofurano reforça a ação antioxidante e protetora do produto, potencializando sua atuação sobre a resistência sistêmica das plantas.
A presença indireta de peptídeos e fragmentos proteicos, inferida a partir de derivados nitrogenados como o ácido leucínico, sugere a atuação de compostos sinalizadores envolvidos em crescimento, diferenciação celular e defesa vegetal (Vanyushin et al., 2017). Esses peptídeos regulam vias hormonais associadas às auxinas e citocininas, além de participar de respostas a estresses bióticos e abióticos (Zhang et al., 2025). Substâncias como a sistemina e o ZmPep3, descritas por Picchi et al. (2009) e Huffaker (2015), exemplificam essa função ao ativar genes de defesa e mediar a atração de inimigos naturais de herbívoros.
De forma integrada, os compostos detectados no H-PLANT CI demonstram uma composição bioquímica multifuncional, na qual ácidos e aminas estimulam o metabolismo energético e proteico, fenólicos e terpenoides protegem contra estresses e microrganismos, e heterocíclicos nitrogenados otimizam o uso do nitrogênio e a sustentabilidade do solo. Esses resultados confirmam que o produto atua de modo simultâneo sobre o crescimento vegetal, a defesa fisiológica e o equilíbrio edáfico, promovendo maior eficiência nutricional e resiliência ambiental das plantas.
CONCLUSÃO
A composição química do bioestimulante organomineral Classe A, determinada por GC-MS, revelou a presença de compostos com ações complementares que favorecem o crescimento, a defesa e a sustentabilidade das plantas. As principais classes, ácidos orgânicos, aminas e compostos nitrogenados, fenólicos, heterocíclicos e terpenoides, atuam de forma integrada, estimulando o metabolismo energético, a síntese proteica e a resistência a estresses bióticos e abióticos.
Esses resultados reforçam a caracterização do produto como um bioestimulante orgânico multifuncional, capaz de promover o desenvolvimento vegetal, reduzir a dependência de insumos químicos e contribuir para um manejo agrícola mais sustentável. Assim, o H-PLANT CI® representa uma alternativa tecnicamente consistente e ecologicamente viável, alinhada às tendências de uma agricultura de base biológica e de baixo impacto ambiental.
REFERÊNCIAS
BARTELS, S. et al. Quo vadis, Pep? Plant elicitor peptides at the crossroads of immunity and growth regulation. Journal of Experimental Botany, v. 66, n. 17, p. 5183–5193, set. 2015. Disponível em: https://academic.oup.com/jxb/article/66/17/5183/540979. Acesso em: 20 out. 2025.
BIOCHEMIE. Fundamentos de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS). 2025. Disponível em: https://biochemie.com.br/quimica-analitica/fundamentos-de-cromatografia-gasosa-acoplada-a-espectrometria-de-massas-gc-ms. Acesso em: 20 out. 2025.
CAMPOS, Thiago Souza; SOUSA, Westefann dos Santos; OLIVEIRA, Valdivino Júnior Domingos de. Uso de bioestimulantes no incremento da produtividade de grãos. Revista Agrotecnologia, v. 11, n. 1, 2020. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/index.php/agrotecnologia/article/view/9730. Acesso em: 20 out. 2025.
CAVALCANTE, M. A.; BORGES, W. L.; SOUZA, T. M. de. Compostos fenólicos a partir de vegetais: uma revisão sobre os métodos de quantificação e avaliação das propriedades antioxidante e antimicrobiana. Peer Review, v. 6, n. 10, 2024. Disponível em: ainfo.cnptia.embrapa.br. Acesso em: 20 out. 2025.
CHEN, Y. L. et al. The role of peptides cleaved from protein precursors in plant defense signalling. New Phytologist, v. 228, n. 5, p. 1298-1310, 2020. Disponível em: https://nph.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/nph.16241. Acesso em: 20 out. 2025.
COLLA, G.; ROUPHAEL, Y. Bioestimulantes na horticultura. Ciência Horticulturae, v. 196, p. 1–2, 2015. DOI: 10.1016/j.scienta.2015.10.044. Acesso em: 20 out. 2025.
CONCEIÇÃO, Júnia Cristina Péres Rodrigues da. Integração pecuária-lavoura: avanços e principais desafios. Integração Pecuária-Lavoura: avanços e principais desafios, [s. l], v. 1, n. 1, p. 1-1, 28 jul. 2022. Mensal. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/entities/publication/d387072d-c786-40d4-b718-5213ebb9bd04/full. Acesso em: 14 jun. 2025.
CORRÊA, Juliano Corulli et al. Fertilidade do solo e produtividade agrícola com aplicação de fertilizantes organominerais ou minerais nas formas sólidas e fluidas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 53, n. 5, p. 633-640, 2018. DOI: 10.1590/S1678-3921.pab2018.v53.24615. Disponível em: https://apct.sede.embrapa.br/index.php/pab/article/view/24615. Acesso em: 20 out. 2025
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (Embrapa). Uso da compostagem em sistemas agrícolas orgânicos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2004. 20 p. (Documentos,89). Disponível em:https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/418734/1/Dc089.pdf. Acesso em: 26 set. 2025
FALEYE, O. S.; BOYA, B. R.; et al. Halogenated antimicrobial agents to combat drug-resistant pathogens. Pharmacological Reviews, v. 75, n. 4, p. 563–589, 2023. DOI: 10.1124/pharmrev.123.000863. Acesso em: 20 out. 2025.
FREIRE, J. L. de O.; CAVALCANTE, L. F.; DANTAS, M. M. M.; SILVA, A. G. da; HENRIQUES, J. da S.; ZUZA, J. F. C. Estresse salino e uso de biofertilizantes como mitigadores dos sais nos componentes morfofisiológicos e de produção de glicófitas. Revista Principia, v. 1, n. 29, p. 30-38, 2023. DOI: 10.18265/1517-03062015v1n29p29-38. Disponível em: https://periodicos.ifpb.edu.br/index.php/principia/article/view/401. Acesso em: 27 set. 2025.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Acesso em: 25 set. 2025
HOMEOPLANT LTDA. H-PLANT CI: fertilizante organomineral Classe A. Pinheiros-ES: Homeoplant, [s.d.]. Disponível em: https://homeoplant.com.br/h-plant-ci/. Acesso em: 20 out. 2025.
HOMEOPLANT. H-PLANT CI – Homeoplant. 2024. Disponível em: https://homeoplant.com.br/h-plant-ci/. Acesso em: 20 out. 2025.
HUFFAKER, A. et al. Plant elictor peptides are conserved signals regulating direct and indirect anti-herbivore defense. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 110, n. 41, p. E3465–E3474, out. 2013. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23509266/ . Acesso em 01 out. 2025
HUFFAKER, Alisa. Plant elicitor peptides in induced defense against insects. Current Opinion In Insect Science, [S.L.], v. 9, p. 44-50, jun. 2015. Disponível em: Peptídeos elicitores de plantas na defesa induzida contra insetos - ScienceDirect. Acesso em: 03 out 2025
HUFFAKER, Alisa. Plant elicitor peptides in induced defense against insects. Current Opinion In Insect Science, [S.L.], v. 9, p. 44-50, jun. 2015. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.cois.2015.06.003. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2214574515000966?via%3Dihub. Acesso em: 05 abr. 2025.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. Acesso em: 25 set. 2025.
LIN, D.; ZHANG, Y.; WANG, J.; ZHOU, Q. Exogenous application of plant growth regulators reduces oxidative stress in young plant tissues. Plant Physiology and Biochemistry, v. 105, p. 1–8, 2016. DOI: 10.1016/j.plaphy.2016.04.002. Acesso em: 25 set. 2025.
OLIVEIRA, Breno Germano de Freitas. Síntese de heterociclos derivados de aminoácidos e anilinas aromáticas como inibidores de ureases. 2022. 139 f. Tese (Doutorado em Ciências - Química) – Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química, Belo Horizonte, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstreams/63e80f10-9c5a-4cfe-b212-45307c5ce18f/download. Acesso em: 19 out. 2025
PICCHI, Douglas Gatte et al. Peptídeos cíclicos de biomassa vegetal: características, diversidade, biossíntese e atividades biológicas. Química Nova, [S.L.], v. 32, n. 4, p. 1010-1022, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422009000400030&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 05 abr. 2025.
QUEIROZ, Neide. Síntese enantiosseletiva de amidas e ésteres catalisada por lipases. 2002. Tese (Doutorado em Química) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Físicas e Matemáticas, Florianópolis. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/82444. Acesso em: 22 out. 2025.
RUIZ, C.; NADAL, A.; FOIX, L.; et al. Diversity of plant defense elicitor peptides within the Rosaceae. BMC Genetics, v. 19, Art. 11, 2018. Disponível em: https://bmcgenomdata.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12863-017-0593- . Acesso em: 20 out. 2025
SILVA, M. A. A., et al., A Relação Do Nitrogênio Com O Desenvolvimento Das Plantas E Suas Formas De Disponibilidade. RECIMA21 - Revista Científica Multidisciplinar - ISSN 2675-6218, [S. l.], v. 5, n. 1, p. e514762, 2023. DOI: 10.47820/recima21.v5i1.4762. Disponível em: https://recima21.com.br/recima21/article/view/4762. Acesso em: 19 out. 2025.
SOUZA JÚNIOR, J. M. de; SOUSA, A. R. de O.; COELHO FILHO, M. A.; SOARES FILHO, W. dos S.; GESTEIRA, A. da S. Aplicação de ácido acético como indutor de tolerância à seca em citros. Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2020. Acesso em: 20 out. 2025.
SOUZA, Luiz Felipe de. Modulação redox de peroxirredoxinas e a participação dos sistemas da GSH e da Trx na proteção/função celular. 2021. Dissertação (Mestrado em Bioquímica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/182600. Acesso em: 22 out. 2025
SUN, Nan; HUANG, Lin; ZHAO, Hongcheng; ZHANG, Nan; LIN, Xianyong; SUN, Chengliang. Beneficial BacteriumAzospirillum brasilenseInduces Morphological, Physiological and Molecular Adaptation to Phosphorus Deficiency inArabidopsis. Plant And Cell Physiology, [S.L.], v. 63, n. 9, p. 1273-1284, 21 jul. 2022. Oxford University Press (OUP). http://dx.doi.org/10.1093/pcp/pcac101. Acesso em: 22 out. 2025.
TAIZ, L.; ZEIGER, E.; MOLLER, I. M.; MURPHY, A. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Acesso em: 22 out. 2025.
VANYUSHIN, B. F.; ASHAPKIN, V. V.; ALEKSANDRUSHKINA, N. I. Regulatory peptides in plants. Biochemistry (Moscow), [S.L.], v. 82, n. 2, p. 89-94, fev. 2017. DOI: 10.1134/s0006297917020018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28320293/. Acesso em: 03 jun. 2025.
ZHANG, J. et al. Regulatory peptides in plant growth and development. New Phytologist, [S.L.], v.01, n. 35, 2024. Disponível em: https://dictionary.cambridge.org/dictionary/portuguese-english/artigo. Acesso em:05 out.2025.
[1] Graduanda em Eng. Agronômica, FPM, 2025. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
[2] Graduando em Eng. Agronômica, FPM, 2025. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
[3] Doutora em Saúde Animal; Mestra em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), especialista em Didática do Ensino Superior pela Faculdade Patos de Minas (FPM), professora orientadora da Faculdade Patos de Minas (FPM) e Faculdade Cidade de João Pinheiro (FCJ). Email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
[4] Biólogo, Pedagogo, Professor de Botânica, coorientador da pesquisa FPM, 2025). Email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.