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Edificando saberes por meio do canteiro sensorial

Rosivane Santana Faria Silva
Geni Aparecida de Oliveira Lemes
Marina Gonçalves Fraga
Cintia Aparecida Lacerda Ferreira
Maria Aparecida de Magalhães

 

DOI: 10.5281/zenodo.17372193

 

 

Introdução

 

O projeto “Canteiro sensorial na escola: edificando saberes, identificando sabores e odores” surge da necessidade de trabalhar de forma intensiva e concreta os sentidos dos educandos matriculados na sala de recurso multifuncional.

A partir do preparo da terra, do plantio, do cultivo de ervas medicinais e plantas ornamentais, os alunos utilizarão dos sentidos: tato, olfato, paladar e visão, para definição de cores, cheiros, sabores e texturas.

Como educadoras, podemos afirmar que a partir da exploração dos diversos tipos de recursos didáticos necessários a execução do projeto, como: cuidados da terra; plantio de sementes/mudas, colheita e consumo das plantas, estimularão aos alunos o desenvolvimento de habilidades e competências que contribuirão para sua integração ao cotidiano escolar e social. Podendo ainda esse projeto servir como fonte de pesquisa observatória aos demais alunos da Instituição de Ensino.

O canteiro sensorial possibilitará o estudo dinâmico de fenômenos naturais, a preservação dos seres vivos, a importância do micro-organismo na terra e sua influência na germinação, crescimento e cultivo das plantas (BRASIL, 2007). Nesse contexto, é possível que os alunos sensibilizem para a preservação da natureza, cuidado e respeito, principalmente com os seres vivos de contato habitual, possibilitando ainda estabelecer uma relação de confiança e respeito pelos colegas.

O projeto contribuirá positivamente para construção de valores, atitudes e hábitos, não só dos alunos da sala de recurso multifuncional, mais também de todos os envolvidos. Além disso, o projeto oportunizará atividades que favorecerão o desenvolvimento dos sentidos.

Além dos trabalhos a serem desenvolvidos com os alunos da sala de recurso multifuncional, será também organizado um cronograma de atividades para que todas as turmas das salas de aulas do matutino e vespertino participem, acompanhem as experiências e desenvolvam suas próprias experiências e pesquisas em conformidade com a exigência curricular de cada turma.

No cotidiano, nos cuidados e interação com o canteiro sensorial, os educandos ao utilizarem os cinco sentidos serão despertadas para novos conhecimentos por meio das rotinas e dinâmicas da vida vegetal, onde suas dúvidas e curiosidades serão sanadas pelo docente da turma, contribuindo significativamente para novos saberes e descobertas, melhorando significativamente a convivência no meio em que está inserido.

O presente projeto tem como principal objetivo edificar saberes através de experiências diárias com inúmeras ações necessárias para o cultivo de plantas até a colheita, poda, replante e outros voltados a essa cultura.

Os alunos serão levados a uma reflexão diária em razão da variedade de recursos de aprendizagem que serão utilizados no cotidiano das aulas, gerando fonte de pesquisa e observação por parte dos envolvidos.

 

 

Desenvolvimento

 

O desenvolvimento do projeto “Canteiro Sensorial na Escola: Edificando Saberes, Identificando Sabores e Odores” será realizado de forma organizada e gradual, dividindo-se em etapas cuidadosamente planejadas para garantir o envolvimento e o aprendizado de todos os participantes. Cada fase será conduzida de modo a promover a interação entre os alunos, as professoras da sala de recurso multifuncional (SRM) e as Agentes de Desenvolvimento Infantil (ADIs), assegurando que todos os envolvidos participem ativamente do processo educativo.

No primeiro momento, acontecerá a apresentação e a discussão do projeto junto à equipe gestora e aos demais profissionais da escola, com o objetivo de alinhar as propostas pedagógicas e definir as responsabilidades de cada integrante. Em seguida, no segundo momento, será realizada uma reunião com a comunidade escolar vinculada à SRM para apreciação, sugestões e estabelecimento de parcerias que fortaleçam a execução do projeto. Após essa fase de planejamento coletivo, o projeto será oficialmente apresentado aos alunos, marcando o início das atividades práticas e experimentais.

Durante a execução, o despertar da curiosidade das crianças será um aspecto central, pois estimulará a formulação de questionamentos, a troca de ideias e o desenvolvimento de valores como respeito, cuidado e cooperação. Essa fase contemplará intensamente a exploração dos sentidos — cores, toques, cheiros e sabores — permitindo que os alunos vivenciem experiências significativas e sensoriais que favorecem o aprendizado de maneira concreta e prazerosa.

Alguns fatores estruturais e ambientais serão considerados para o sucesso do projeto, como a escolha de um espaço adequado, solo fértil, fonte de água próxima, boa incidência solar e fácil acesso. Também serão levadas em conta as especificidades de cada aluno, garantindo que as adaptações necessárias sejam feitas para incluir a todos, especialmente os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que necessitam de previsibilidade e preparação gradual diante de mudanças na rotina.

As experiências pessoais e culturais trazidas pelos alunos terão papel essencial, pois contribuirão para o processo de construção coletiva do conhecimento. As atividades acontecerão de forma prática, dialógica e teórica, e os aprendizados adquiridos serão levados também para o ambiente familiar, incentivando a adoção de hábitos saudáveis e sustentáveis.

A professora da sala de recurso multifuncional (SRM) realizará atividades sensoriais individualizadas, observando atentamente a receptividade de cada criança à metodologia aplicada. Nesses momentos, serão trabalhados os sentidos de forma integrada — explorando cores, formatos, texturas, cheiros e sabores — para estimular o desenvolvimento cognitivo e sensorial.

Para a execução das atividades, serão utilizados materiais de jardinagem, como ferramentas, adubos, sementes, mudas, mangueiras e regadores. A construção dos canteiros e sua manutenção serão realizadas de forma colaborativa, utilizando tanto instrumentos convencionais quanto materiais reaproveitados e confeccionados a partir de sucatas, incentivando a criatividade e a sustentabilidade.

Além disso, será implantada uma composteira escolar, feita com sobras de alimentos da cozinha — como cascas, sementes e restos vegetais —, ensinando aos alunos a forma correta de reaproveitamento e manejo de resíduos orgânicos. Essa prática contribuirá para o aprendizado sobre o ciclo natural dos alimentos e a importância do cuidado com o meio ambiente.

Assim, o projeto visa não apenas desenvolver a sensibilidade e o aprendizado sensorial dos alunos, mas também fortalecer valores de sustentabilidade, cooperação e consciência ambiental, unindo teoria e prática em um processo educativo transformador e inclusivo.

 

 

1ª Etapa: Elaboração do projeto

 

Por meio de reunião, estudos, análises e posterior escrita foi considerando o espaço escolar e a demanda a ser atendida. Coloca-se ainda a disposição da Instituição de Ensino o presente projeto como ponto de partida aos demais profissionais, adequando-o as peculiaridades do alunado.

 

2ª Etapa: Escolha do local

 

Será utilizado para plantio de sementes e mudas canteiros de jardim existente no pátio frontal da Instituição de Ensino, em razão de já existir 04 canteiros em forma circular, com aproximadamente 70 cm de altura e que no momento encontra- se sem nenhum cuidado ou plantio. Para sementeira e composteira será feito canteiro no pátio do fundo da escola, onde existe um grande terreno propício a plantações e outros.

 

3ª Etapa: Escolha das variedades e preparação adequada do solo

 

Antes de iniciar o plantio, é necessário certificar que o solo está pronto para receber a semente ou as mudas. Nessa etapa, importante a seleção prévia das ervas medicinais, plantas ornamentais que serão plantadas ou semeadas, ação que facilita o processo, uma vez que espécies de plantas se adequam conforme o espaço.

Na hora de escolher o que plantar, é preciso levar em consideração aquelas plantas medicinais que são favoráveis ao clima do local, os que sejam da estação, e ainda, como eles podem ser úteis na aprendizagem dos alunos.

Escolhidas as variedades, é hora de preparar os canteiros onde será feita a plantação.

 

4ª Etapa: Plantio e manutenção

 

Esta etapa envolve o plantio das plantas ornamentais e ervas medicinais. Há algumas que são plantadas em sementes e outras em mudas, para cada uma delas é importante observar o procedimento adequado. Terminada a etapa do plantio, inicia o processo dos cuidados diários, como irrigação, cobertura, limpeza e adubação se necessário.

Chegado o período de colheita, os alunos terão inúmeras experiências sensoriais e coletivas, podendo os professores de outras turmas utilizarem de didáticas que levem os alunos a degustação dos sabores oferecidos pelas plantas medicinais de forma orientada quanto aos benefícios existentes.

 

 

RECURSOS MATERIAIS

 

Ferramentas (pazinhas, enxada de jardim, rastelo de jardim);

Composteira;

Sobras de alimentos;

Adubos orgânicos;

Terra;

Sementes;

Mudas;

Mangueira- regadores.

No decorrer da execução do projeto, os alunos da sala de recurso multifuncional, juntamente com os alunos do ensino regular, participarão ativamente de diversas atividades planejadas com o intuito de promover a inclusão, o aprendizado colaborativo e o desenvolvimento integral. Serão realizadas ações práticas e criativas que farão uso de diferentes materiais didáticos, proporcionando experiências que estimulem a curiosidade, a atenção e a coordenação motora, além de fortalecer o raciocínio lógico e a interação entre os participantes.

Entre as atividades propostas, destacam-se montagens, recortes, colagens, jogos educativos, quebra-cabeças e outras dinâmicas voltadas à exploração do meio ambiente e dos cinco sentidos. Essas propostas permitirão que os alunos aprendam de forma concreta e prazerosa, vivenciando o conteúdo de maneira significativa. O uso desses recursos possibilitará o desenvolvimento das habilidades cognitivas e socioemocionais, favorecendo o aprendizado por meio da experimentação e da descoberta.

A integração entre os alunos da sala de recurso e do ensino regular será um ponto essencial do projeto, promovendo o respeito às diferenças, a empatia e a valorização das potencialidades individuais. As atividades serão elaboradas de modo a garantir a participação de todos, respeitando os diferentes ritmos de aprendizagem e estimulando a cooperação e o trabalho em grupo.

Dessa forma, o projeto busca tornar o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, inclusivo e significativo. Por meio dessas práticas, espera-se desenvolver não apenas o conhecimento cognitivo, mas também as habilidades sociais, afetivas e sensoriais dos alunos, contribuindo para uma formação mais completa e para a construção de um ambiente escolar acolhedor, participativo e transformador.

 

 

Considerações finais

 

Esperamos com a execução do projeto, sensibilizar e despertar os alunos para o respeito e valorização do meio ambiente. Que conheçam sobre algumas plantas medicinais, seu cultivo e seus benefícios para a saúde, despertando para a importância do aproveitamento de restos de alimentos para compostagem e sua importância para o meio ambiente pela sua utilização como adubo natural.

Que os alunos se reconheçam como parte integrante do meio ambiente, respeitando as diferenças, para um convívio harmônico na sociedade.

Sabemos que a criança com limitação cognitiva, apresenta dificuldades em assimilar conteúdos abstratos, assim, faz-se necessário a utilização de material pedagógico concreto, estratégicos metodológicos e práticas para que esse aluno desenvolva suas habilidades cognitivas favorecendo a construção do conhecimento através de atividades significativas.

Assim, o projeto visa também desenvolver atividade com as plantas medicinais disponibilizada de estímulo educativo sensorial para os alunos da sala de recursos multifuncional-SRM, promovendo dinâmicas diferenciadas e concretas no processo educacional de ensino e aprendizagem.

 

 

Referências

 

BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>

 

BRASIL. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Educação Ambiental: aprendizes de sustentabilidade. Brasília, Cadernos Secad, 2007.

 

BRASIL. Política Nacional de Meio ambiente. Lei nº.6938 de 31 de agosto de 1981.

 

BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental: deficiência visual vol. 1 fascículos I – II – III / Marilda Moraes Garcia Bruno, Maria Glória Batista da Mota, colaboração: Instituto Benjamin Constant. Brasília: Ministério da Educação, 2001.

 

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