Projeto: consciência negra
Cintia Aparecida Lacerda Ferreira
Maria Aparecida de Magalhães
Thelma Pires Geronimo Motta
Marina Gonçalves Fraga
Rosivane Santana Faria Silva
Geni Aparecida de Oliveira Lemes
PÚBLICO-ALVO: Educação Infantil.
PERÍODO: 01 de novembro a 29 de novembro.
JUSTIFICATIVA
O Brasil é o país com a segunda maior população negra do mundo, abrigando milhões de cidadãos que contribuem de forma significativa para a cultura, economia, ciência, política e sociedade em geral. Apesar dessa presença expressiva, situações de racismo ainda ocorrem com certa frequência, afetando a vida cotidiana, as oportunidades e a autoestima de muitas pessoas negras. O preconceito racial se manifesta de diversas maneiras, seja de forma explícita, por meio de agressões verbais ou físicas, ou de maneira velada, como discriminação institucionalizada e desigualdade de acesso a direitos básicos. Nesse contexto, a educação se apresenta como a principal ferramenta para promover mudanças profundas, sendo capaz de desconstruir estereótipos e estimular o pensamento crítico desde a infância até a vida adulta, criando condições para uma sociedade mais justa e igualitária.
A educação, portanto, não deve ser entendida apenas nos termos legais ou curriculares, mas também como um espaço de reflexão e transformação social. Ela deve servir como um meio para fomentar discussões sobre a história e a contribuição da população negra, revisar conceitos historicamente construídos e, sobretudo, estimular práticas e atitudes que promovam o respeito às diferenças. Por meio de projetos escolares, debates, atividades culturais e a valorização de personalidades negras, é possível criar uma consciência crítica nos alunos e na comunidade em geral, contribuindo para que a discriminação racial seja progressivamente eliminada. O papel da escola, nesse sentido, é central, pois é o espaço onde se formam cidadãos capazes de questionar injustiças e agir de maneira ética e responsável diante da diversidade.
Celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra é uma estratégia importante para evidenciar a relevância histórica e social dos negros na formação do Brasil. Essa data permite levantar discussões fundamentais sobre cultura, direitos, conquistas e lutas da população negra, além de servir como incentivo para atividades educativas que promovam o respeito, a empatia e a valorização das diferenças desde a infância. É por meio de ações educativas e culturais que se estimula a mudança de mentalidade, preparando as novas gerações para combater preconceitos e adotar uma postura de inclusão, reconhecimento e igualdade. Assim, a celebração desse dia não é apenas simbólica, mas uma oportunidade concreta de conscientização e reflexão sobre a importância da diversidade racial na sociedade brasileira.
Nos últimos anos, observa-se que diversos estereótipos raciais foram gradualmente sendo questionados e superados, especialmente com o avanço de políticas públicas, campanhas de conscientização e iniciativas educativas. No entanto, ainda existem muitos conceitos equivocados presentes no imaginário popular que necessitam de esclarecimento e desconstrução. Muitas pessoas continuam reproduzindo preconceitos sem perceber o impacto negativo que esses comportamentos têm na vida daqueles que sofrem discriminação. Portanto, é imprescindível manter um esforço contínuo de educação, sensibilização e diálogo para desmistificar ideias preconceituosas, promover a equidade racial e consolidar o respeito pelas diferenças em todos os espaços da sociedade, contribuindo para a construção de um Brasil mais justo e igualitário.
CAMPO DE EXPERIÊNCIAS
O eu, o outro e o nós;
Corpo, gestos e movimentos;
Traços, sons, cores e formas;
Escuta, fala, pensamento e imaginação;
Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações.
DIREITOS DE APRENDIZAGEM
Conviver;
Brincar;
Participar;
Explorar;
Expressar;
Conhecer-se.
OBJETIVO GERAL
O objetivo do projeto é desenvolver a consciência nos alunos e alunas acerca do respeito e da valorização dos povos negros, enfatizando a relevância da cultura africana e afro-brasileira na formação da sociedade brasileira. Essa valorização envolve não apenas o reconhecimento histórico, mas também a apreciação das contribuições sociais, culturais, artísticas e políticas dos negros, promovendo um entendimento mais amplo e profundo sobre a diversidade presente no país.
Ao trabalhar esses conteúdos, busca-se fortalecer a identidade dos estudantes, permitindo que compreendam a importância dos povos negros na construção da história e da cultura do Brasil, bem como os desafios enfrentados ao longo do tempo. Essa abordagem educativa incentiva a reflexão crítica sobre preconceitos, estereótipos e desigualdades, estimulando nos alunos atitudes de respeito, empatia e valorização da diversidade.
Além disso, o projeto visa integrar os conhecimentos teóricos à prática, promovendo atividades que evidenciem a presença e a influência da cultura africana e afro-brasileira no cotidiano, nas artes, na música, na dança, na culinária, nas tradições e nos saberes locais. Dessa forma, os estudantes desenvolvem não apenas o conhecimento histórico e cultural, mas também competências socioemocionais, como tolerância, cooperação e cidadania.
Portanto, ao longo das atividades, pretende-se que os alunos percebam a riqueza e a diversidade da sociedade brasileira, compreendam a importância do respeito às diferenças e reconheçam a contribuição fundamental dos povos negros na formação da identidade nacional, consolidando valores de equidade, justiça e inclusão em sua formação pessoal e social.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS.
O projeto tem como objetivo promover a reflexão sobre a igualdade racial, incentivando os alunos a compreenderem a importância do respeito mútuo entre diferentes grupos étnicos e culturais. Por meio dessa reflexão, busca-se sensibilizar os estudantes para a necessidade de combater atitudes discriminatórias, reconhecendo que todos possuem direitos iguais, independentemente de sua cor, origem ou cultura.
Além disso, o projeto visa estimular o respeito às diferenças, promovendo a valorização da diversidade e o reconhecimento das contribuições históricas e culturais de diferentes povos, especialmente os africanos e afro-brasileiros. Ao conscientizar os alunos sobre a pluralidade cultural existente no Brasil, pretende-se fortalecer a empatia, a tolerância e a convivência harmoniosa em todos os espaços sociais.
Outro objetivo é conhecer as tradições africanas e identificar de que maneira elas influenciaram a cultura brasileira, destacando elementos presentes na música, na culinária, na religião, na língua e nas manifestações artísticas. Essa abordagem permite que os estudantes compreendam que a cultura africana é parte integrante do cotidiano brasileiro, enriquecendo a identidade nacional e contribuindo para a formação de uma sociedade mais plural e inclusiva.
O projeto também busca desconstruir o conceito de que os africanos eram naturalmente escravos, esclarecendo que eles foram subjugados e escravizados por outros povos, principalmente europeus, durante o período colonial. Essa reflexão histórica é essencial para corrigir concepções equivocadas, promover a valorização da memória e da resistência dos povos africanos e evidenciar a injustiça da escravidão como prática imposta, e não como condição natural.
Além dos aspectos históricos e culturais, as atividades incluem o trabalho com expressão corporal, permitindo que os alunos experimentem danças, movimentos e práticas que reflitam a influência africana na cultura brasileira. Também são promovidas conversas sobre discriminação e preconceito baseado na aparência das pessoas, oferecendo espaços seguros para debate e reflexão sobre atitudes discriminatórias e seus impactos sociais.
Por fim, todas essas ações têm como propósito construir uma consciência crítica e reflexiva nos estudantes, reforçando a importância de respeitar as diferenças, valorizar a diversidade cultural e reconhecer a contribuição dos africanos e afro-brasileiros na formação da identidade do povo brasileiro. Dessa forma, o projeto busca formar cidadãos conscientes, éticos e comprometidos com a justiça social e a equidade racial.
PROCEDEMENTO METODOLÓGICOS:
Roda de conversa sobre o tema abordado
Roda de leitura com o livro Menina Bonita do Laço de Fita – Ana Maria Machado.
Ilustração da história usando tinta guache e folha sulfite.
Exibição de filmes que aborda o tema.
Apresentar o continente africano, localizando-o no mapa mundial, contando um pouco sobre alguns dos países, enfatizando as diferenças entre eles, com o objetivo de desconstruir o conceito de que a África é um continente homogêneo;
Confecção de painel ou cartazes com imagens de personalidades negras notáveis em todo o mundo. Apresentar de forma resumida a história e importância deles para a desconstrução do preconceito;
Confecção de murais sobre o tema consciência negra
Exposição de cartazes confeccionados pelos alunos referente ao tema trabalhado.
Músicas. Parodias relacionadas ao tema.
Poemas relacionados ao tema
Experiências com material concreto relacionada ao tema.
Brincadeira pular na terra, nadar no mar.
Apresentação de números artísticos (danças, teatro, etc.)
Produções de desenhos.
AVALIAÇÃO:
O processo de avaliação será contínuo e permanente, buscando valorizar e respeitar o conhecimento prévio de cada educando, reconhecendo que cada criança possui ritmos, habilidades e formas de aprendizagem diferentes. Durante o desenvolvimento das atividades, a observação será feita de forma criteriosa, permitindo identificar o desempenho, a participação e o interesse das crianças, além de verificar se os objetivos propostos estão sendo efetivamente alcançados.
A avaliação também considerará o envolvimento dos alunos em atividades individuais e em grupo, analisando como interagem, colaboram e aplicam os conhecimentos adquiridos. Esse acompanhamento possibilita ao professor ajustar estratégias pedagógicas de acordo com as necessidades identificadas, garantindo que todos tenham oportunidades de aprendizagem significativas e efetivas.
Para assegurar um registro detalhado e organizado, os dados da avaliação serão sistematizados em forma de relatórios, elaborados no caderno de campo, permitindo o acompanhamento contínuo do progresso de cada estudante. Esse registro não apenas documenta o desempenho, mas também serve como ferramenta de reflexão para os professores, contribuindo para o planejamento das próximas etapas do ensino.
Além disso, o processo de avaliação será entendido como um instrumento de feedback tanto para alunos quanto para professores, possibilitando identificar pontos fortes, dificuldades e estratégias de melhoria. Dessa maneira, a avaliação contínua torna-se parte integrante do processo de ensino-aprendizagem, promovendo um acompanhamento personalizado, garantindo a evolução dos educandos e fortalecendo o planejamento pedagógico de forma consciente e reflexiva.
RECURSOS DIDÁTICOS:
Para o desenvolvimento das atividades previstas no projeto, serão utilizados diversos materiais pedagógicos e recursos didáticos, capazes de estimular a criatividade, a expressão artística e a aprendizagem significativa dos alunos. Entre os materiais destacam-se sulfite, cartolina, cola quente, TNT, EVA, tinta guache, lápis de cor, giz de cera, pincel atômico, que possibilitam a realização de trabalhos manuais, artes visuais e atividades de recorte e colagem, contribuindo para o desenvolvimento da coordenação motora e da expressão individual.
Além disso, serão utilizados recursos tecnológicos e audiovisuais, como aparelho de som, celular, televisão e DVD, que permitem a apresentação de músicas, vídeos e contações de histórias, enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem e tornando as atividades mais interativas e dinâmicas. Para complementar, serão disponibilizados livros de contos infantis e jogos pedagógicos, que estimulam a leitura, o raciocínio lógico e a socialização entre os alunos, promovendo também a construção do conhecimento de forma lúdica e prazerosa.
Outros materiais como crepom e outros recursos de artesanato serão utilizados para atividades de expressão artística, decoração de ambientes e projetos colaborativos, incentivando a criatividade, o trabalho em grupo e a valorização do esforço coletivo. A diversidade de materiais e recursos garante que os alunos possam explorar diferentes linguagens, desenvolver múltiplas habilidades e se envolver de maneira ativa em todas as etapas do projeto, tornando a aprendizagem significativa, inclusiva e prazerosa.
Dessa forma, a combinação de materiais tradicionais e tecnológicos permite atender às diferentes necessidades e interesses dos alunos, tornando o processo educativo mais dinâmico, criativo e eficiente, ao mesmo tempo em que promove o engajamento e a participação efetiva de todos.
CULMINÂNCIA:
Vamos fazer a socialização das atividades realizadas durante o projeto no grupo do WhatsApp e apresentações pedagógica e artística no termino do projeto, como forma de mostrar todo processo, desde o seu início, no decorrer de seu desenvolvimento e finalização do referido projeto. Será feita uma amostra das atividades realizadas pela turma neste projeto no pátio da instituição e apresentação da música você não é igual a mim para as demais turmas de alunos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988.
BRASIL. Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Dispõe sobre a inclusão da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana” nos currículos escolares. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 nov. 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação infantil. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
Diretrizes Curriculares para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, Brasília, MEC, outubro, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 55. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. São Paulo: Salamandra, 2015.
NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.
OLIVEIRA, Maria do Carmo; SANTOS, Ana Paula; PEREIRA, Carlos; SILVA, Joana; FERREIRA, Marcos. Educação e tecnologia: ferramentas digitais no ensino contemporâneo. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.
SILVA, Lúcia. Consciência negra e diversidade na educação: reflexões e práticas pedagógicas. São Paulo: Cortez, 2018.