Imprimir

 

 

 

A importância da consciência fonológica no processo de alfabetização

Ana Lúcia de Oliveira Kopsel[1]

Vanessa Cristina de Souza Gonzales

Graciela Oliveira Silva

 

DOI: 10.5281/zenodo.17329684

 

 

RESUMO

Este trabalho aborda a relação entre o desenvolvimento da consciência fonológica e o processo de alfabetização, destacando sua importância para a aquisição da linguagem escrita. Por meio de uma revisão bibliográfica, fundamentada em autores como Ferreiro e Teberosky (1999), Vygotsky (2008), Capovilla e Capovilla (2020), e Soares (2022), discute-se como a consciência fonológica, definida como a capacidade de perceber e manipular os sons da língua, constitui um alicerce essencial para o aprendizado da leitura e da escrita. A pesquisa enfatiza que o domínio da consciência fonológica auxilia na compreensão das relações entre fonemas e grafemas, elemento central no sistema alfabético. Além disso, destaca-se o papel do professor como mediador, que, por meio de práticas pedagógicas lúdicas, como jogos de rimas e atividades de segmentação silábica, potencializa o aprendizado das crianças. A interdisciplinaridade e o uso de diferentes gêneros textuais são apontados como estratégias eficazes para tornar o ensino mais significativo e conectado à realidade dos alunos. O estudo também aborda os desafios enfrentados por crianças com dificuldades específicas, como dislexia, e a importância de intervenções pedagógicas precoces. Conclui-se que práticas alfabetizadoras que priorizem o desenvolvimento da consciência fonológica promovem uma aprendizagem mais inclusiva e eficaz, contribuindo para a formação de leitores e escritores competentes. Este trabalho reforça a necessidade de contínuos investimentos na formação docente e no aprimoramento de estratégias pedagógicas voltadas à alfabetização.

 

PALAVRAS-CHAVE: Consciência Fonológica; Alfabetização; Linguagem Escrita.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

O processo de alfabetização e aquisição da linguagem escrita é uma das etapas mais significativas no desenvolvimento infantil, sendo determinante para a inserção social, cultural e acadêmica das crianças. Nesse contexto, o desenvolvimento da consciência fonológica emerge como uma habilidade fundamental, pois facilita a compreensão do sistema alfabético e o domínio da leitura e escrita. A consciência fonológica, definida como a capacidade de perceber e manipular os sons da língua, é amplamente reconhecida como um preditor essencial do sucesso no processo de alfabetização (Morais, 2021; Capovilla, 2020).

O domínio da consciência fonológica permite que as crianças compreendam a relação entre os sons da fala e as representações gráficas do sistema de escrita, elemento essencial para o aprendizado de leitores iniciantes. Além disso, a alfabetização não se limita à decodificação de palavras, mas envolve uma construção ativa do conhecimento, na qual a criança interage com o ambiente, explora os sons da língua e compreende suas regras e convenções (Ferreiro; Teberosky, 1999; Soares, 2022).

Do ponto de vista pedagógico-metodológico, o desenvolvimento da consciência fonológica deve ser promovido por meio de práticas intencionais e significativas, como jogos de rimas, segmentação silábica e exploração de textos diversificados. A mediação do professor, conforme enfatizado por Vygotsky (2008), é essencial para conduzir a criança na zona de desenvolvimento proximal, potencializando sua capacidade de aprender. Além disso, a integração de atividades lúdicas e interdisciplinares amplia o significado do aprendizado e reforça a funcionalidade da linguagem escrita.

Este trabalho tem como objetivo principal discutir a importância do desenvolvimento da consciência fonológica para o processo de alfabetização e aquisição da linguagem escrita. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica, fundamentada em autores clássicos e contemporâneos, como Ferreiro e Teberosky (1999), Vygotsky (2008), Capovilla e Capovilla (2020), e Soares (2022). Essa abordagem busca sistematizar os conhecimentos existentes sobre o tema e apontar caminhos metodológicos que possam subsidiar práticas pedagógicas mais eficazes.

A relevância deste estudo está em sua contribuição para a compreensão das interações entre consciência fonológica e alfabetização, considerando não apenas os aspectos teóricos, mas também os desafios enfrentados no contexto escolar. Além disso, o trabalho propõe reflexões sobre práticas inclusivas que favoreçam o aprendizado de todas as crianças, incluindo aquelas com dificuldades específicas, como dislexia, reforçando a importância de intervenções pedagógicas precoces e adequadas (Capellini, 2020).

Assim, este estudo pretende dialogar com o campo da educação básica, oferecendo subsídios para professores, pesquisadores e gestores escolares interessados em práticas alfabetizadoras inovadoras e inclusivas. A partir das análises realizadas, busca-se reafirmar a centralidade da consciência fonológica no processo de alfabetização e sua relevância para a formação de leitores e escritores competentes, capazes de atuar de forma crítica e autônoma na sociedade.

 

 

2 DESENVOLVIMENTO

 

2.1 Consciência Fonológica: principais definições

 

A consciência fonológica é uma habilidade metalinguística que envolve a capacidade de refletir e manipular os sons da fala de forma consciente. Essa competência é fundamental no processo de alfabetização, pois facilita a compreensão de que as palavras são compostas por sons menores, como sílabas, rimas e fonemas. Segundo Morais (2006), a consciência fonológica desempenha um papel crucial no aprendizado da leitura e da escrita, ao estabelecer a ponte entre a linguagem oral e a linguagem escrita. Ainda, pode-se defini-la como:

 

[...]um conjunto de habilidades que permite à criança compreender e manipular unidades sonoras da língua, conseguindo segmentar unidades maiores em menores. Tais capacidades são fundamentais na alfabetização, tendo em vista que da consciência fonológica depende da série de processos fundamentais para a aprendizagem da leitura e da escrita (Piccoli; Camini 2012, p. 103).

 

Dentro da consciência fonológica, destacam-se diferentes níveis de complexidade, como a consciência de palavras, sílabas e fonemas. A consciência silábica, por exemplo, refere-se à capacidade de identificar e manipular as sílabas em uma palavra, enquanto a consciência fonêmica envolve a percepção e a manipulação dos menores sons das palavras, os fonemas. Conforme Soares (2003), desenvolver essas habilidades em crianças pré-alfabetizadas é essencial para a construção de uma base sólida para a alfabetização.

 

Os autores destes estudos explicam que os estágios iniciais da consciência fonológica contribuem para o estabelecimento dos estágios iniciais do processo de leitura e estes, por sua vez, contribuem para o desenvolvimento de habilidades fonológicas mais complexas. Desta forma, enquanto a consciência de alguns segmentos sonoros (suprafonêmicos) parecem se desenvolver naturalmente, a consciência fonêmica parece exigir experiência específica em atividades que possibilitam a identificação da correspondência entre os elementos fonêmicos da fala e os elementos grafêmicos da escrita. (Cunha; Capellini, 2011, p.88)

 

Pesquisas indicam que a consciência fonológica é um forte preditor do sucesso na alfabetização. Adams (1990) aponta que crianças com habilidades desenvolvidas de consciência fonológica têm maior facilidade em aprender a decodificar palavras e compreender o sistema alfabético. Dessa forma, atividades que promovem a identificação de rimas, aliteração e segmentação de palavras em fonemas são estratégias pedagógicas eficazes para estimular essa competência. Nesse sentido,

 

A consciência fonológica é uma parte integrante da consciência metalinguística e está relacionada à habilidade de refletir e manipular os segmentos da fala, abrangendo, além da capacidade de reflexão (consultar e comparar), a capacidade de operar com rimas, aliterações, sílabas e fonemas (contar, segmentar, unir, adicionar, suprimir, substituir e transpor) (Cunha; Capellini 2011, p.87).

 

A relação entre consciência fonológica e alfabetização é reforçada pela Teoria da Correspondência Fonema-Grafema, que sustenta que o aprendizado da leitura depende da compreensão de como os sons da fala são representados por letras e combinações de letras. Capovilla e Capovilla (2000) ressaltam que o desenvolvimento da consciência fonológica deve ser estimulado de forma lúdica, especialmente na educação infantil, para garantir que as crianças internalizem essa habilidade de maneira prazerosa.

Além disso, a consciência fonológica não se desenvolve de forma espontânea para todas as crianças; ela precisa ser trabalhada de maneira intencional no ambiente educacional. Programas estruturados e jogos pedagógicos são eficazes nesse sentido. De acordo com Cardoso-Martins (1995), a intervenção pedagógica precoce pode prevenir dificuldades de leitura e escrita, proporcionando às crianças uma maior probabilidade de sucesso acadêmico.

Outro ponto importante é a relação entre a consciência fonológica e o aprendizado de crianças com dificuldades de aprendizagem. Estudos mostram que intervenções focadas nessa habilidade são especialmente úteis para crianças com dislexia ou outros transtornos de leitura. Como destaca Capellini (2010), a prática de atividades que promovem a discriminação e a manipulação dos sons pode minimizar os impactos dessas dificuldades.

Nesse sentido, a consciência fonológica é uma habilidade essencial no desenvolvimento da leitura e da escrita. Seu estímulo precoce, por meio de atividades lúdicas e planejadas, contribui para a formação de leitores competentes. Segundo a literatura acadêmica, professores desempenham um papel fundamental na identificação e no desenvolvimento dessa habilidade, assegurando que todas as crianças tenham uma base sólida para seu aprendizado.

 

 

2.2 O processo de alfabetização: meandros da aquisição da linguagem escrita

 

O processo de alfabetização, sob o ponto de vista pedagógico-metodológico, é uma etapa crucial no desenvolvimento infantil, pois é por meio dele que a criança passa a dominar a linguagem escrita, essencial para a sua inserção social e cultural. De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999), a alfabetização não deve ser vista como um simples aprendizado mecânico das letras, mas como um processo de construção ativa, no qual a criança interage com o sistema de escrita e compreende gradualmente suas regras e convenções. Ainda, salienta-se que:

 

A criança aprende a escrever agindo e interagindo com a língua, experimentando escrever, ousando escrever, fazendo uso de seus conhecimentos prévios sobre a escrita, levantando e testando hipóteses sobre as correspondências entre o oral e os escritos, independentemente de uma sequência e progressão dessas correspondências que até então eram impostas a ela, como controle do que ela podia escrever, porque só podia escrever depois de já ter "aprendido" (Soares, 2001, p.53).

 

Do ponto de vista metodológico, a alfabetização exige práticas pedagógicas que respeitem o estágio de desenvolvimento da criança e favoreçam sua autonomia. A abordagem construtivista, fundamentada na teoria de Piaget, destaca que a criança é um sujeito ativo no aprendizado, construindo seu conhecimento por meio da interação com o ambiente. Nesse contexto, o uso de jogos, atividades lúdicas e exploração de textos variados são estratégias que tornam o aprendizado significativo e prazeroso (VYGOTSKY, 2008).

Além disso, a perspectiva sociocultural proposta por Vygotsky enfatiza o papel do mediador, geralmente o professor, que atua como um facilitador no processo de aquisição da escrita. A interação social e o uso de ferramentas culturais, como livros, tecnologias e práticas de escrita, são indispensáveis para que a criança internalize o sistema alfabético. Para Vygotsky (2008), a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é o espaço no qual a criança, com auxílio do professor, avança em suas habilidades, consolidando o aprendizado.

Outro aspecto central na alfabetização é a interdisciplinaridade. Trabalhar a leitura e a escrita de forma integrada com outras áreas do conhecimento, como ciências e matemática, amplia a compreensão da criança sobre o uso funcional da linguagem escrita. Segundo Soares (2022), o ensino deve transcender a simples decodificação de palavras, estimulando habilidades como interpretação, produção textual e pensamento crítico, essenciais para a formação de leitores proficientes. Ademais,

 

Aprender o alfabeto é também aprender um código de fala, portanto, para aprender a ler é crucial aprender o código alfabético e automatizar o processo de conversão grafofonológica. Para que haja compreensão do princípio alfabético da correspondência grafofonêmica, a criança necessita entender que as letras correspondem a segmentos sonoros sem significados. A linguagem escrita tem, assim, estreita relação com a oral. A criança que aprende a ler necessita resolver o problema de segmentação, isto é, descobrir que os elementos da fala contínua correspondem aos elementos discretos da escrita alfabética. (Cunha; Capellini, 2011, p.87)

 

A inclusão de diferentes gêneros textuais no ensino da linguagem escrita é outra prática metodológica eficaz. Trabalhar com textos narrativos, poéticos, informativos e outros permite que as crianças compreendam as múltiplas funções da escrita na sociedade. Conforme Rojo (2021), essa abordagem contribui para que o aluno desenvolva não apenas habilidades técnicas de leitura e escrita, mas também competências discursivas, ampliando sua visão de mundo.

Por outro lado, é importante considerar as dificuldades que podem surgir no processo de alfabetização. Diversas pesquisas indicam que a avaliação contínua e diagnóstica é essencial para identificar precocemente problemas como a dislexia ou outros transtornos de aprendizagem. Para Capellini (2020), práticas pedagógicas adaptativas, aliadas a intervenções especializadas, são fundamentais para garantir que todas as crianças tenham acesso ao aprendizado da linguagem escrita.

Em síntese, o processo de alfabetização, sob a ótica pedagógica-metodológica, deve ser compreendido como uma construção contínua, ativa e socialmente mediada. A combinação de práticas lúdicas, uso de textos diversificados e uma abordagem interdisciplinar proporciona um ensino significativo e inclusivo. Como destaca Morais (2021), o papel do professor é essencial para mediar esse processo, garantindo que cada criança possa alcançar seu pleno potencial como leitora e escritora.

 

 

2.3 A Importância da consciência fonológica no processo de alfabetização

 

A consciência fonológica e o processo de alfabetização estão intimamente relacionados, sendo a primeira uma habilidade fundamental para o aprendizado da linguagem escrita. A consciência fonológica refere-se à capacidade de identificar e manipular os sons da fala, como sílabas, rimas e fonemas, e é considerada um preditor significativo do sucesso na leitura e escrita. Segundo Morais (2021), o desenvolvimento dessa habilidade permite que a criança compreenda a correspondência entre sons e grafemas, facilitando a decodificação e a fluência na leitura.

 

O propósito da alfabetização é auxiliar as crianças a compreenderem o que lêem e a desenvolver estratégias para continuar a ler com autonomia. Sendo, portanto, o objetivo da leitura, obter o significado da escrita, o trabalho primário do leitor iniciante é se tornar fluente no reconhecimento automático da palavra escrita. Para isto, é necessário que o aprendiz desenvolva habilidades consideradas essenciais na aquisição da leitura e da escrita. Uma importante peça no início da aquisição da leitura é a conversão de grafemas para fonemas (Capellini, 2011, p.86).

 

No contexto da alfabetização, a consciência fonológica desempenha um papel central na apropriação do sistema alfabético. De acordo com Capovilla e Capovilla (2020), o domínio dessa competência auxilia as crianças a entenderem que as palavras escritas são representações dos sons da fala. Essa compreensão é essencial para que elas possam segmentar palavras em fonemas e associá-los às letras, promovendo uma aprendizagem mais significativa e integrada.

Do ponto de vista pedagógico-metodológico, desenvolver a consciência fonológica requer práticas que articulem atividades lúdicas e intencionais. A utilização de jogos de rimas, identificação de aliteração e exercícios de segmentação silábica são exemplos eficazes. Ferreiro e Teberosky (1999) destacam que o aprendizado da leitura e da escrita deve ser tratado como um processo construtivo, no qual a criança explora os sons da língua de forma ativa e reflexiva.

A teoria sociocultural de Vygotsky (2008) reforça a importância do mediador no desenvolvimento da consciência fonológica. O professor, ao oferecer suporte e direcionar a atenção da criança para os sons e padrões da fala, contribui para a construção das habilidades metalinguísticas necessárias à alfabetização. A interação social e o uso de ferramentas culturais, como músicas, jogos e histórias, são essenciais nesse processo.

Além disso, o desenvolvimento da consciência fonológica favorece a compreensão da estrutura das palavras e a aquisição de vocabulário. Para Soares (2022), ao explorar sons e suas combinações, as crianças ampliam não apenas sua competência linguística, mas também sua capacidade de interpretar e produzir textos escritos. Esse processo fortalece o letramento e a construção de sentidos na leitura.

A interdisciplinaridade também desempenha um papel relevante nesse contexto. Atividades que integram a consciência fonológica com outras áreas do conhecimento, como a matemática e as ciências, tornam o aprendizado mais dinâmico e significativo. Segundo Rojo (2021), trabalhar com diferentes gêneros textuais e explorar os sons das palavras nos contextos diversos ajuda a criança a compreender a linguagem escrita em sua funcionalidade e diversidade.

A ausência de uma consciência fonológica bem desenvolvida pode dificultar o processo de alfabetização, especialmente para crianças com dificuldades específicas, como dislexia. Capellini (2020) afirma que intervenções pedagógicas precoces, focadas no desenvolvimento dessa habilidade, são fundamentais para minimizar os desafios enfrentados por essas crianças e promover um aprendizado equitativo.

Ainda, a consciência fonológica atua como um alicerce para a alfabetização em diferentes sistemas de escrita, especialmente no alfabético. Para Adams (1990), essa habilidade ajuda a criança a entender que o sistema de escrita é baseado na correspondência fonema-grafema, um princípio essencial para a leitura e a escrita. Assim, é fundamental que os professores desenvolvam estratégias que priorizem essa competência.

Ao integrar o ensino da consciência fonológica ao processo de alfabetização, os professores também preparam os alunos para um aprendizado contínuo e autônomo. Conforme Morais (2021), o domínio dessa habilidade inicial não apenas facilita o aprendizado da leitura e da escrita, mas também contribui para o desenvolvimento de habilidades mais complexas, como a interpretação e a produção textual.

Assim, a consciência fonológica e a alfabetização são processos interdependentes que se complementam no desenvolvimento da linguagem escrita. Estratégias pedagógicas que estimulem a reflexão sobre os sons da fala, aliadas a práticas alfabetizadoras contextualizadas e significativas, garantem que as crianças avancem com segurança e competência no domínio da leitura e da escrita. O papel do professor como mediador é central para transformar o aprendizado em uma experiência enriquecedora e inclusiva.

 

 

2.4 Metodologia utilizada

 

A metodologia utilizada neste trabalho fundamenta-se em uma abordagem qualitativa, de natureza descritiva, com base em uma revisão bibliográfica. Esse método permite uma análise aprofundada das principais teorias, estudos e conceitos relacionados ao desenvolvimento da consciência fonológica e ao processo de alfabetização, com foco na aquisição da linguagem escrita. A revisão bibliográfica é uma estratégia metodológica amplamente empregada na pesquisa acadêmica para mapear, sistematizar e discutir o conhecimento existente sobre determinado tema (GIL, 2008).

A revisão bibliográfica foi realizada por meio da seleção e análise de livros, artigos científicos e documentos acadêmicos publicados em periódicos indexados e reconhecidos pela relevância na área de educação e psicologia do desenvolvimento. A busca por materiais ocorreu em bases de dados eletrônicas como Scielo, Google Scholar e Periódicos CAPES, priorizando fontes publicadas nos últimos 20 anos, com o objetivo de garantir a atualidade e relevância das informações.

Os critérios de inclusão para seleção das referências foram: pertinência ao tema, qualidade da publicação, reconhecimento dos autores no campo de estudo e relevância teórica ou empírica para a compreensão do objeto de pesquisa. Materiais desatualizados ou que não atendiam aos objetivos do estudo foram excluídos, conforme recomendações metodológicas de Lakatos e Marconi (2017).

A análise dos materiais foi realizada com base em uma abordagem interpretativa, destacando os conceitos principais e identificando as convergências e divergências entre os autores selecionados. De acordo com Bardin (2011), essa técnica de análise de conteúdo permite uma categorização temática que facilita a sistematização das informações e a identificação de padrões e lacunas no conhecimento existente.

O estudo também considerou os pressupostos éticos da pesquisa bibliográfica, garantindo a correta citação e referenciamento das obras consultadas, em conformidade com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Além disso, a análise buscou respeitar as diferentes perspectivas teóricas presentes na literatura, promovendo uma visão abrangente e crítica sobre o tema.

A revisão bibliográfica realizada buscou integrar as contribuições de autores clássicos, como Vygotsky e Piaget, com as abordagens mais recentes sobre alfabetização e consciência fonológica, representadas por estudiosos como Soares, Capovilla e Morais. Essa integração é essencial para compreender as evoluções teóricas e práticas no campo educacional, conforme preconizam Severino (2016) e Creswell (2014).

Por fim, a metodologia adotada permitiu a construção de um referencial teórico consistente e atualizado, que serviu de base para discutir a importância do desenvolvimento da consciência fonológica no processo de alfabetização. O rigor metodológico empregado visa assegurar a validade científica e a relevância prática das conclusões apresentadas.

 

 

CONCLUSÃO

 

Este trabalho buscou discutir a importância do desenvolvimento da consciência fonológica no processo de alfabetização e aquisição da linguagem escrita, evidenciando as relações entre essas dimensões a partir de uma abordagem teórica fundamentada em revisão bibliográfica. Com base na análise das referências consultadas, conclui-se que a consciência fonológica desempenha um papel central na compreensão do sistema alfabético, sendo essencial para a formação de leitores e escritores competentes.

A consciência fonológica possibilita que a criança perceba e manipule os sons da língua, facilitando a associação entre fonemas e grafemas, habilidade fundamental no processo de alfabetização. Conforme destacado por autores como Morais (2021) e Capovilla e Capovilla (2020), a capacidade de segmentar, combinar e reorganizar os sons das palavras é uma base sólida para o aprendizado da leitura e da escrita. Além disso, o trabalho pedagógico direcionado ao desenvolvimento dessa habilidade é especialmente importante para crianças em fase inicial de alfabetização, garantindo uma aprendizagem significativa e equitativa.

Do ponto de vista metodológico, o estudo reforça a necessidade de práticas pedagógicas lúdicas, contextualizadas e intencionais no ensino da consciência fonológica. Atividades como jogos de rimas, exercícios de segmentação silábica e exploração de diferentes gêneros textuais são eficazes para tornar o aprendizado mais dinâmico e acessível. O papel do professor como mediador, conforme enfatizado por Vygotsky (2008), é indispensável para direcionar o processo de aquisição da linguagem escrita, especialmente por meio da interação social e do uso de ferramentas culturais.

Os resultados apontam ainda para a relevância da interdisciplinaridade no ensino da alfabetização. Trabalhar a consciência fonológica de maneira integrada com outras áreas do conhecimento, como ciências e artes, amplia o significado do aprendizado e fortalece o vínculo das crianças com o mundo letrado. Além disso, a inclusão de diferentes gêneros textuais, como sugerido por Rojo (2021), promove o desenvolvimento de competências discursivas e habilidades críticas, fundamentais para a formação de cidadãos plenos.

Outro aspecto relevante identificado é a necessidade de intervenções pedagógicas precoces para atender crianças com dificuldades específicas de aprendizagem, como a dislexia. Conforme Capellini (2020), a identificação e o suporte adequado para essas crianças são fundamentais para minimizar os impactos de suas dificuldades e garantir que todas tenham a oportunidade de avançar no aprendizado da linguagem escrita.

Dessa maneira, o desenvolvimento da consciência fonológica e o processo de alfabetização devem ser compreendidos como interdependentes, requerendo práticas pedagógicas que articulem teoria e prática. Este trabalho reafirma a centralidade do professor na criação de ambientes de aprendizagem inclusivos e estimulantes, onde cada criança possa construir o conhecimento de forma ativa e significativa.

Por fim, os achados desta pesquisa reforçam a necessidade de continuidade nos estudos sobre a temática, especialmente em relação à aplicação prática das estratégias pedagógicas propostas. Investir na formação de professores e no desenvolvimento de materiais didáticos específicos para o ensino da consciência fonológica pode contribuir para avanços significativos na alfabetização, impactando positivamente a educação básica no Brasil.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ADAMS, Marilyn J. Beginning to Read: Thinking and Learning About Print. Cambridge, MA: MIT Press, 1990.

 

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

 

CAPELLINI, Simone Aparecida. Distúrbios de aprendizagem e intervenção precoce. São Paulo: Manole, 2010.

 

CAPELLINI, Simone Aparecida. Dificuldades de aprendizagem e inclusão educacional. São Paulo: Manole, 2020.

 

CAPOVILLA, Fernando C.; CAPOVILLA, Alessandra G. Alfabetização: Método fônico. São Paulo: Memnon, 2000.

 

CARDOZO-MARTINS, Cláudia. Consciência fonológica e o aprendizado da leitura. Psicologia Reflexão e Crítica, v. 8, n. 1, 1995.

 

CUNHA, Vera Lúcia Orlandi; CAPELLINI, Simone Aparecida. Habilidades metalinguísticas no processo de alfabetização de escolares com transtornos de aprendizagem. Revista psicopedagogia. [online]. 2011, vol.28, n.85, pp. 85-96. ISSN 0103-8486.

 

CRESWELL, John W. Research Design: Qualitative, Quantitative, and Mixed Methods Approaches. 4ª ed. Los Angeles: SAGE, 2014.

 

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.

 

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

 

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.

 

MORAIS, Artur Gomes de. Consciência fonológica: Reflexões e implicações pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

 

MORAIS, Artur Gomes de. Alfabetização em contextos de diversidade. Recife: UFPE, 2021.

 

PICCOLI, Luciana; CAMINI, Patrícia. Práticas pedagógicas em Alfabetização: espaço, tempo e corporeidade: eixos linguísticos da Alfabetização. São Paulo, 2012.

 

ROJO, Roxane. Gêneros textuais e práticas pedagógicas: Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2021.

 

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 24ª ed. São Paulo: Cortez, 2016.

 

SOARES, Magda Becker. Alfabetização e letramento. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2001.

 

SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

 

SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento: Novas perspectivas. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.

 

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

 

[1]O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Acessos: 121