Projeto pedagógico: “Releituras: a arte de expressar e brincar”: a importância do processo ensino-aprendizagem na Educação Infantil
Aline Andrade[1]
RESUMO
O presente artigo visa apresentar, de maneira detalhada e fundamentada, elementos qualitativos acerca da importância de projetos pedagógicos na Educação Infantil, uma vez que reconhece-se o processo ensino-aprendizagem como base estruturante e indispensável para uma formação integral, crítica e humanizada do educando. Para atingir tal propósito, tornou-se necessário considerar de forma rigorosa e sistemática os principais documentos legais e normativos que regulamentam a Educação Infantil no Brasil, destacando a centralidade dos direitos da criança, das concepções de infâncias e das práticas curriculares, em consonância com a experiência pedagógica aqui relatada, intitulada “Releituras: a arte de expressar e brincar”. Este projeto foi aplicado em uma turma de crianças entre quatro e cinco anos de idade, oportunizando vivências que aliaram ludicidade, arte e natureza ao processo de construção do conhecimento, valorizando a participação ativa, criativa e autônoma das crianças. Assim, esse texto busca contribuir, assim, com reflexões, questionamentos e desdobramentos acerca de uma prática pedagógica significativa, contextualizada, referenciada e de qualidade, oferecendo uma possibilidade metodológica entre tantas que podem ser elaboradas para se construir sequências didáticas lúdicas e transdisciplinares na Educação Infantil. A intenção foi promover uma apropriação consciente e ativa dos objetivos educacionais na vida escolar e social das crianças, em consonância com as diretrizes legais, mas também em sintonia com as necessidades afetivas, cognitivas, motoras e expressivas da infância.
PALAVRAS-CHAVE: Projeto Pedagógico. Educação Infantil. Processo Ensino-Aprendizagem. Infâncias. Educação Integral.
ABSTRACT
This article aims to present, in a detailed and theoretically grounded way, qualitative elements regarding the importance of pedagogical projects in Early Childhood Education, recognizing the teaching-learning process as the fundamental basis for comprehensive, critical, and humanized student development. To this end, it was necessary to rigorously consider the main legal and normative documents of Early Childhood Education in Brazil, highlighting the centrality of children’s rights, conceptions of childhood, and curricular practices, in line with the pedagogical project “Rereadings: The Art of Expression and Play.” This project was implemented in a class of four- to five-year-old children, providing experiences that combined playfulness, art, and nature in the process of knowledge construction, valuing children’s active, creative, and autonomous participation. Thus, this text seeks to contribute with reflections, questions, and developments on meaningful, contextualized, referenced, and high-quality pedagogical practice, presenting one possible methodological approach among many for constructing playful and interdisciplinary didactic sequences in Early Childhood Education. The aim was to promote the conscious and active appropriation of educational objectives in children’s school and social lives, aligned with legal guidelines and in harmony with the affective, cognitive, motor, and expressive needs of childhood.
KEYWORDS: Pedagogical Project. Early Childhood Education. Teaching-Learning Process. Childhoods. Comprehensive Education.
INTRODUÇÃO
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, constitui um espaço fundamental para a formação integral da criança. De acordo com a Constituição Federal de 1988 e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018), a criança é sujeito de direitos e deve ser compreendida em sua totalidade, considerando aspectos físicos, emocionais, cognitivos, sociais e culturais.
Nesse sentido, os projetos pedagógicos assumem papel de destaque ao se configurarem como instrumentos de articulação das práticas escolares, orientando o trabalho pedagógico de forma a promover aprendizagens significativas e assegurar o desenvolvimento integral das crianças (BRASIL, 2018). O artigo aqui apresentado baseia-se em uma experiência empírica de pesquisa-ação realizada a partir da aplicação do projeto pedagógico “Releituras: a arte de expressar e brincar”, cujo objetivo principal consistiu em proporcionar vivências às crianças em diferentes espaços educativos – tanto em sala de aula quanto em ambientes ao ar livre, em contato direto com a natureza – de modo a valorizar a ludicidade, a imaginação, a expressão artística e a interação social como eixos norteadores do processo ensino-aprendizagem.
Vale destacar que o projeto pedagógico “Releituras: a arte de expressar e de brincar” fundamenta-se em diferentes perspectivas teóricas.
Segundo Vygotsky (1991), o processo de aprendizagem é sempre socialmente mediado, e as interações entre criança, professor e colegas funcionam como motores essenciais para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Já Piaget (1976) destaca que o brincar é uma atividade central no processo de construção do conhecimento, uma vez que a criança aprende de forma ativa ao interagir com o mundo físico e social, reelaborando constantemente seus esquemas mentais. Dessa forma, projetos pedagógicos que integram arte, ludicidade e natureza se configuram como espaços privilegiados de expressão, significação e reelaboração das experiências infantis.
Assim, busca-se analisar como o projeto contribuiu para o processo ensino-aprendizagem das crianças, relacionando teoria e prática e destacando a relevância da Educação Infantil na promoção de experiências integradoras, lúdicas e significativas.
Para tanto, é fundamental compreender a infância como categoria social, histórica e cultural, que não pode ser reduzida a uma fase de transição ou a uma preparação para a vida adulta. De acordo com Ariès (1981), a concepção de infância é uma construção social e cultural que varia de acordo com os contextos históricos. No campo da Educação, Kramer (2003) reforça que a criança deve ser considerada produtora de cultura e de significados, e não apenas como um “vir a ser”, mas reconhecer a criança como sujeito pleno de direitos.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI, 2010) apontam que a criança deve ser entendida em sua integralidade, respeitando sua identidade, diversidade, seus ritmos próprios e suas formas singulares de expressão. A BNCC (2018) reafirma essa perspectiva ao enfatizar que a aprendizagem na Educação Infantil deve ocorrer prioritariamente por meio de experiências lúdicas, artísticas, culturais e sociais, vivenciadas em interações significativas com outras crianças, com adultos e com o ambiente.
Em relação ao processo ensino-aprendizagem atrelado à ludicidade, destaca-se que para Vygotsky (1991), a aprendizagem é um processo mediado que ocorre nas interações sociais. O conceito de “zona de desenvolvimento proximal” demonstra que, com apoio do professor e dos pares, a criança é capaz de realizar atividades que ainda não faria sozinha, avançando em seu desenvolvimento.
Na perspectiva piagetiana, por outro lado, a aprendizagem se dá a partir da ação concreta da criança sobre o mundo, por meio da assimilação e acomodação de esquemas cognitivos (PIAGET, 1976). Nesse contexto, o brincar é concebido como uma forma privilegiada de aprendizagem, pois permite à criança explorar, experimentar, transformar e reelaborar suas experiências.
A ludicidade, portanto, não deve ser vista como um elemento acessório ou secundário no processo pedagógico, mas sim como um princípio essencial e estruturante da prática educativa. Kishimoto (2011) reforça que o brincar é uma atividade que favorece de maneira ímpar a construção de conhecimentos, valores e atitudes, além de promover autonomia, criatividade, imaginação, socialização e expressão.
METODOLOGIA
O projeto pedagógico intitulado “Releituras: a arte de expressar e brincar” foi idealizado e colocado em prática junto a uma turma de Educação Infantil composta por crianças de quatro e cinco anos de idade, matriculadas em uma escola pública pertencente à rede municipal de ensino. A iniciativa surgiu a partir da necessidade de promover atividades que estimulassem a criatividade, a imaginação e a construção de novos sentidos por meio da arte, da linguagem e do brincar, elementos fundamentais para o desenvolvimento integral nessa etapa da vida escolar.
A escolha dessa proposta para essa faixa etária justifica-se pelo fato de que, entre os quatro e cinco anos, as crianças apresentam um significativo avanço em suas capacidades cognitivas, emocionais e sociais. É um período em que a linguagem oral se encontra em pleno processo de ampliação e sofisticação, permitindo maior clareza na comunicação e nas interações coletivas. Além disso, o pensamento simbólico começa a se consolidar, favorecendo a criação de narrativas próprias, a elaboração de enredos imaginativos e a representação de papéis em situações lúdicas, como as dramatizações.
Nesse contexto, o projeto não se restringiu apenas à execução de atividades isoladas, mas se constituiu como uma oportunidade de fortalecer a sociabilidade, pois as crianças, ao partilharem momentos de releitura e de produção artística, aprendem a respeitar o ponto de vista do colega, a esperar sua vez de falar e a cooperar em trabalhos coletivos. Do mesmo modo, buscou-se incentivar a autonomia, oferecendo às crianças liberdade para escolher materiais, explorar diferentes formas de expressão e assumir responsabilidades no processo criativo.
Dessa forma, o projeto representou um momento privilegiado para a vivência de experiências diversificadas, envolvendo releituras narrativas de histórias já conhecidas, dramatizações que permitiram dar vida a personagens e situações do cotidiano ou da imaginação, bem como produções artísticas em diferentes linguagens, como o desenho, a pintura, a colagem e a modelagem. Todas essas práticas pedagógicas foram planejadas com o intuito de enriquecer o repertório cultural e expressivo dos alunos, consolidando o brincar como eixo estruturante da Educação Infantil e reforçando a ideia de que a arte é uma poderosa ferramenta de aprendizagem e de desenvolvimento humano.A metodologia adotada foi estruturada em etapas que dialogaram entre si de forma sequencial e cumulativa, respeitando os princípios da BNCC (2018) e das DCNEI (2010):
- Apresentação da história: a narrativa de autoria da professora, Aline Andrade, foi contada em sala de aula, utilizando recursos visuais, como imagens, ilustrações e materiais concretos, de modo a envolver as crianças sensorial e emocionalmente.
- Interpretação e releituras: as crianças foram convidadas a expressar, por meio de desenhos, pinturas, falas espontâneas, podendo mostrar suas percepções sobre a história.
- Atividades ao ar livre: as cenas da história foram experienciadas em contato direto com a natureza, desde permitir as crianças brincarem com as folhas secas caídas ao chão do jardim da escola; sentirem o vento em dias oportunos para tal e reproduzirem balões que puder observar a ação do vento no brinquedo; brincarem com a água da chuva, ao ter sido simulado a chuva com a água da mangueira em um dia de sol; assim como momentos que proporcionaram perceber a intensidade do calor e da luz solar.
- Dramatização e jogos simbólicos: as crianças dramatizaram trechos da narrativa, explorando a linguagem corporal, oral e gestual, construindo coletivamente novas versões e interpretações da história.
- Socialização e registro: as produções e interpretações foram compartilhadas em grupo, fortalecendo a oralidade, a escuta e o respeito às diferentes expressões. O projeto pedagógico “Releituras: a arte de expressar e brincar” teve como objetos finais o livro feito pela criança de modo individual em sala de aula e também o livro desenvolvido ao ar livre feito coletivamente, com todas as crianças da turma, proporcionando interpretações próprias acerca da história.
A metodologia adotada no projeto foi cuidadosamente pensada de forma a integrar diferentes linguagens — verbal, corporal, artística e simbólica — com a utilização de múltiplos espaços educativos, como a sala de aula, o pátio e áreas externas da escola. Essa escolha teve como propósito ampliar as oportunidades de aprendizagem e proporcionar às crianças vivências diversificadas, que favorecessem tanto o desenvolvimento individual quanto coletivo. Ao variar os ambientes e as formas de expressão, buscou-se evitar a monotonia e estimular a curiosidade, a imaginação e a criatividade dos alunos, garantindo que cada criança tivesse a possibilidade de manifestar-se segundo suas preferências e potencialidades.
Essa metodologia foi orientada pelos princípios da Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018), a qual estabelece seis dimensões fundamentais para a Educação Infantil: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. No que se refere à dimensão conviver, o projeto promoveu situações de interação em grupo, nas quais as crianças puderam aprender a lidar com as diferenças, a respeitar regras de convivência e a valorizar a colaboração mútua. Ao mesmo tempo, o brincar foi colocado como eixo central, reconhecido como atividade primordial na infância, permitindo que as crianças vivenciassem experiências significativas de socialização, imaginação e simbolização.
A dimensão participar esteve presente na valorização do protagonismo infantil, incentivando os alunos a se engajarem ativamente nas propostas, a opinarem sobre as atividades e a tomarem decisões de forma coletiva. Já a dimensão explorar foi contemplada através do contato com diferentes materiais, texturas, sons, movimentos e ambientes, despertando a curiosidade natural das crianças e favorecendo a construção do conhecimento por meio da investigação e da experimentação. No âmbito da dimensão expressar, as atividades possibilitaram que os alunos externalizassem sentimentos, ideias e percepções em múltiplas linguagens, fosse pela fala, pelo gesto, pelo desenho ou pela dramatização. Por fim, a dimensão conhecer-se se materializou no estímulo à construção da identidade e da autonomia, permitindo que cada criança pudesse reconhecer suas próprias características, limitações e potencialidades.
Assim, ao articular de maneira intencional e planejada tanto as linguagens quanto os espaços educativos, a metodologia assegurou a integração das seis dimensões propostas pela BNCC, reafirmando a importância de uma prática pedagógica que valorize a criança em sua totalidade, respeitando sua singularidade e estimulando o desenvolvimento pleno em todas as áreas do saber e do convívio social.
O PROJETO PEDAGÓGICO “RELEITURAS: A ARTE DE EXPRESSAR E BRINCAR”
A história desenvolvida narra a amizade de três crianças, Laura, Carlinhos e Niara, que se relacionam de diferentes formas com a natureza: o vento, a chuva e o sol. Pode-se observar que Laura, por exemplo, pode ser a mais introspectiva, encantada pelo mistério do vento que não se vê, mas se sente; Carlinhos, o explorador, vivencia a alegria transformadora da água e da chuva; e Niara, a solar, irradia energia e prefere o calor e a luz intensa. Essa correlação entre personagens e forças naturais não é aleatória, uma vez que serve para personificar as emoções e as diferentes formas de interagir com o ambiente, estabelecendo um ponto de partida concreto para a exploração sensorial e afetiva.
Apesar de suas preferências distintas, o fio condutor da história é a descoberta de que a amizade os une e transcende as individualidades. Este aspecto é crucial, pois reforça o valor da convivência e da aceitação da diversidade, pilares essenciais da Educação Infantil. Ao final, a narrativa oferece um rico substrato para a compreensão de que a totalidade da experiência humana e natural (o ciclo sol-vento-chuva) é mais rica e completa quando compartilhada. Essa base narrativa multifacetada permitiu o desenvolvimento de atividades diversas que potencializaram os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento às crianças de quatro e cinco anos.
A partir dessa narrativa, foram desenvolvidas atividades que possibilitaram às crianças:
- Expressar sentimentos e interpretações por meio da arte do desenho;
- Vivenciar experiências sensoriais com a natureza;
- Recontar a história com suas próprias palavras;
- Dramatizar personagens e cenas;
- Construir vínculos afetivos com os colegas.
O projeto encontra profundo respaldo em Vygotsky (1991), que estabelece a interação social como motor do desenvolvimento. O processo de releitura e dramatização, realizado coletivamente, permitiu que as crianças apoiassem umas às outras nos desafios, atuando na Zona de Desenvolvimento Proximal. Ao discutir a história, ao negociar o papel na dramatização ou ao compartilhar a interpretação de um desenho, a criança aprende com o outro e pelo outro. O professor, neste contexto, não apenas transmitia conteúdo, mas mediava as interações e as descobertas.
A arte, em suas diferentes instâncias, atuou como a linguagem privilegiada para a construção de conhecimento. Conforme Malaguzzi (1999) preconiza, a pedagogia que valoriza a arte reconhece a potência criadora da infância. O forte engajamento e o entusiasmo observados, traduzidos em interpretações ricas e atentas, confirmaram a eficácia de oferecer múltiplos canais de expressão para além da linguagem verbal. A arte mostrou-se, portanto, um caminho de expressão e comunicação necessário e potente durante toda a feitura do projeto pedagógico “Releituras: a arte de expressar e brincar”.
As crianças demonstraram entusiasmo e forte engajamento, revelando compreensões diversas sobre a narrativa. Os desenhos evidenciaram interpretações atentas ao solicitado para cada cena (página), e as dramatizações fortaleceram a oralidade e a cooperação.
A arte mostrou-se fundamental em suas diferentes instâncias, desde produções desenvolvidas em sala de aula até nas interpretações das crianças ao ar livre, construindo cenas e personagens, observou-se ser um caminho de expressão e comunicação às crianças.
Para Malaguzzi (1999), criador da abordagem de Reggio Emilia, a criança possui “cem linguagens”, ou seja, múltiplas formas de se expressar, como o desenho, a música, a dança e o teatro. A pedagogia que valoriza a arte reconhece a potência criadora da infância, ressaltando o quão significativa foi a experiência de reproduzir as cenas da história ao ar livre, em contato com a natureza.
Segundo Louv (2005), o contato com ambientes naturais amplia a curiosidade, estimula a criatividade e promove o bem-estar infantil. Assim, unir práticas pedagógicas em sala de aula e na natureza fortalece uma educação integral, permitindo que a criança explore diferentes espaços e linguagens.
Por fim, a integração da natureza como ambiente pedagógico, apoiada por Louv (2005), permitiu que a teoria fosse vivenciada com os cinco sentidos. A experiência de reproduzir as cenas da história ao ar livre não apenas estimulou a criatividade e a curiosidade, mas também a saúde e o bem-estar infantil. Unir as práticas pedagógicas da sala de aula (onde se construiu conceitos) e da natureza (onde se experienciou conceitos) fortaleceu a proposta de uma educação integral, onde o corpo, a mente e a afetividade estão em sintonia, permitindo que a criança explore e se aproprie das diferentes linguagens e espaços de forma conectada e significativa. A natureza, assim, forneceu o contexto, o espaço e a matéria-prima para a imaginação e as aprendizagens, solidificando os objetivos do projeto de forma lúdica durante a sequência didática estabelecida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto pedagógico “Releituras: a arte de expressar e brincar” evidenciou que práticas fundamentadas na arte, na ludicidade e no contato com a natureza contribuem significativamente para o processo ensino-aprendizagem na Educação Infantil.
Observou-se que a aprendizagem se tornou mais significativa quando as crianças perceberam-se como protagonistas de toda a ação desenvolvida ao longo do projeto, ao expressar-se em diferentes linguagens e vivenciar experiências dentro e fora da sala de aula.
As crianças puderam se reconhecer como sujeitos ativos de sua aprendizagem ao participarem de atividades que estimularam a imaginação, a criatividade, a expressão artística e a convivência social. O brincar foi compreendido como direito e como meio essencial de aprendizagem, confirmando sua potência transformadora.
Assim, conclui-se que o projeto pedagógico “Releituras: a arte de expressar e brincar” favoreceu o desenvolvimento integral da criança, atendendo às diretrizes da BNCC (2018) e das DCNEI (2010). Além de reforçar a importância da criatividade, da imaginação e da ludicidade nas práticas pedagógicas, contribuindo para o fortalecimento das competências socioemocionais, da linguagem oral e da expressão artística.
Em vista disso, esse artigo sugere e discute a importância de sequências didáticas em que a criança seja protagonista de ações pedagógicas, evidenciando-a como capaz de realizar desafios ao ter oportunidades de se ver inserida nas atividades. Também destaca a necessidade de ampliar o contato com a natureza como espaço pedagógico e de fomentar novas pesquisas que investiguem os impactos de projetos transdisciplinares na Educação Infantil, dando oportunidades aqueles que articulem arte, cultura e meio ambiente.
Dessa forma, objetiva-se que o projeto pedagógico “Releituras: a arte de expressar e de brincar” possa servir como inspiração para outras práticas educativas que, ao integrarem narrativas, arte e natureza, reconheçam a criança como sujeito de direitos, potente, criativo e capaz de transformar o mundo em que vive.
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VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
[1] Pedagoga formada na Universidade Estadual de Campinas, Professora de Educação Básica I na rede municipal de Araras/SP desde 2020, Pós-graduada Lato-Sensu em: Educação Especial e Educação Inclusiva pela Faculdade Única, Educação Integral pela Faculdade IMES, Gestão Educacional: Direção, Coordenação e Supervisão pela Faculdade Iguaçu, Fundamentos e Práticas Educativas na Educação Infantil pela Faculdade Iguaçu e Educação em Direitos Humanos, Diversidade e Questões Étnicos-Sociais ou Raciais pela Faculdade Iguaçu.