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Diversidade linguística e preconceito em sala de aula

Valquiria Mariano Tavares Barroso

 

Orientador: Prof. Especialista Adival José Reinert Junior

 

DOI: 10.5281/zenodo.16786332

 

 

RESUMO

No presente artigo abordaremos o tema: Diversidade Linguística e Preconceito em sala de aula. Nesse intuito abordaremos os seguintes tópicos: variação linguística; tipos de variações linguísticas; normas da língua portuguesa (norma padrão e norma não-padrão); preconceito linguístico (bem como possíveis casos de discriminação em função das variantes dos alunos) e, no segundo momento, observaremos dados de nossa pesquisa, pra tentar responder aos nossos questionamentos iniciais. Para isso buscou-se informações entre alunos de uma escola pública da cidade de Altamira/PA.

 

PALAVRAS-CHAVE: Variação Linguística. Preconceito. Escola.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

Durante toda minha trajetória de discente e também de docente me preocupei com as questões referentes a variação linguística e preconceito linguístico. Sempre me intrigou o fato de porque se apregoa por alguns linguistas que não se deve inculcar nos alunos as regras gramaticais da norma culta da língua portuguesa, se durante a vida desse indivíduo em situações formais (seleções de emprego, vestibulares, concursos, etc) exige-se sempre a norma culta da língua.  Essa inquietude me levou ao interesse pelo estudo da língua portuguesa. Durante meu percurso de acadêmica do curso de letras muitas indagações me foram esclarecidas. Porém outras se formaram em minha mente.

Questões do tipo: Será que em pleno século XXI - em meio a tantos estudos referentes a variação linguística e preconceito linguístico – os alunos estão conscientes de que existem variedades linguísticas e que a língua não é homogênea? Ainda temos casos de pessoas que sofrem com o preconceito linguístico? E para ser ainda mais específica, pergunto: Como os alunos se veem dentro desse processo em sala de aula? Será que os mesmos têm seu modo de falar respeitado?

Em busca dessas respostas realizamos uma pesquisa que utiliza a abordagem do estudo de caso e, como abordagem metodológica, optamos pela pesquisa qualitativa porque envolve a obtenção de dados descritivos através da aplicação de questionário e do contato direto do pesquisador com a situação estudada. Temos como espaço de investigação 4 salas de aula de 6° ano do Ensino Fundamental da rede pública de ensino, localizada no bairro Santa Benedita, na Cidade de Altamira/PA.

Acreditamos que uma boa prática de sala de aula é aquela onde o docente procura repassar para seus alunos que precisam se apropriar da norma padrão da língua portuguesa porém, sem jamais, desrespeitar o modo de falar de cada um, ciente de que cada um traz consigo aprendizados advindos dos meios familiares, comunitários entre outros.

Magda Soares, em seu livro: Linguagem e Escola (Editora Ática), vai nos dizer:

 

Um ensino de língua materna comprometido com a luta contra as desigualdades sociais e econômicas reconhece, no quadro dessas relações entre a escola e a sociedade, o direito que têm as camadas populares de apropriar-se do dialeto de prestígio, e fixa-se como objetivo levar os alunos pertencentes a essas camadas a dominá-lo, não para que se adaptem às exigências de uma sociedade que divide e discrimina, mas para que adquiram um instrumento fundamental para a participação política e a luta contra as desigualdades sociais.( SOARES,2002, p. 78) .

 

O próprio PCN de Língua Portuguesa vai nos mostrar que ao invés da busca insana de decorar regras gramaticais e tentar apropriar-se da tão sonhada norma culta devemos sim nos adequar as circunstâncias de uso. E isso nos leva a pensar um modo diferente de agir em sala de aula enquanto docentes. Logicamente que para ter direito de escolha de qual variedade da língua utilizar (dependendo da situação) se faz necessário conhecer quais são essas variedades, para no momento oportuno fazer uso desta ou daquela variedade.

 

A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e por que se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige. A questão não é de correção da forma, mas de sua adequação às circunstâncias de uso, ou seja, de utilização eficaz da linguagem: falar bem é falar adequadamente, é produzir o efeito pretendido. (BRASIL, 1997,p 26).

 

 

2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

 

A variação linguística é um tema de muita importância na atualidade. A língua, enquanto fato social, é um fenômeno ao mesmo tempo dinâmico e conservador. É conservador porque necessita manter um certo grau de uniformidade para permitir a comunicação em uma dada comunidade linguística; é dinâmico porque se modifica com o tempo, estando também sujeito às influências regionais, sociais e estilísticas responsáveis pelos processos de variação linguística, como explica Preti (1994). Tais processos, que constituem o objeto de estudo privilegiado da sociolinguística, ramo da linguística que estuda as relações entre linguagem e sociedade.

BORTONI-RICARDO  defende, pois, que a instituição escolar:

 

... não pode ignorar as diferenças sociolinguísticas. Os professores e, por meio deles, os alunos têm que estar bem conscientes de que existem duas ou mais maneiras de dizer a mesma coisa. E mais, que essas formas alternativas servem a propósitos comunicativos distintos e são recebidas de maneira diferenciada pela sociedade. Alguns conferem prestígio ao falante, aumentando-lhe a credibilidade e o poder de persuasão; outras contribuem para formar-lhe uma imagem negativa, diminuindo-lhe as oportunidades. Há que se ter em conta ainda que essas reações dependem das circunstâncias que cercam a interação. Os alunos que chegam à escola falando “nós cheguemu”, “abrido” e “ele drome”, por exemplo, têm que ser respeitados e ver valorizadas as suas peculiaridades linguístico-culturais, mas têm o direito inalienável de aprender variantes do prestígio dessas expressões. Não se lhes pode negar esse conhecimento, sob pena de se fecharem para eles as portas, já estreitas, da ascensão social. O caminho para uma democracia é a distribuição justa de bens culturais, entre os quais a língua é o mais importante. Essas questões linguístico educacionais têm de ser mais discutidas e a sua importância para a implantação de um estado democrático, redimensionada. (BORTONI-RICARDO, 2005, p. 15-16)

 

 

2.1 TIPOS DE VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

 

A nossa língua, o português brasileiro, não é uma língua homogênea como pode pensar parte da nossa população, ao contrário, nossa língua possui elevado grau de diversidade e variabilidade.

 

Na verdade, como costumo dizer, o que habitualmente chamamos de português é um grande “balaio de gatos”, onde há gatos dos mais diversos tipos: machos, fêmeas, brancos, pretos, malhados, grandes, pequenos, adultos, idosos, recém-nascidos, gordos, magros, bem-nutridos, famintos etc. Cada um desses “gatos” é uma variedade do português brasileiro, com sua gramática específica, coerente, lógica e funcional. (BAGNO, 2007, p.18)

 

As variações linguísticas ocorrem por vários motivos, sejam eles históricos, geográficos, socioculturais e etc.

Variações históricas ocorrem quando a língua passa por transformações ao longo do tempo, ou seja, a cada século que passa, a língua sofre variações, que só são percebidas quando comparamos um texto produzido no século atual, com um texto antigo do século XIX ou XVIII. Variações Geográficas ocorrem de acordo com região cidade e estado, percebe-se quando comparamos a linguagem de um nordestino com a de um gaúcho, onde além do fato de que o sotaque é diferente, o modo o qual as pessoas se comunicam nestas regiões do país, são totalmente diferentes uma da outra. Já as variações socioculturais definem-se por posição social, grau de escolaridade e pelo local em que vivem. Esta variação é vista ao comparar a linguagem de uma pessoa da alta sociedade: advogados, juízes, etc, com uma pessoa sem grau de escolaridade, e que ocupa posição social inferior, a diferença é notada pelo uso de gírias, jargões e dentre outros.

 

 

2.2 NORMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

Toda e qualquer língua viva possui uma norma padrão, esta norma é vista pela gramática como o jeito certo de falar determinada língua. Além da norma padrão, existem as variações da língua, as quais são consideradas como norma não padrão, um modo de usar a língua materna variando historicamente, geograficamente e socioeconomicamente. No caso do Português não poderia ser diferente e ele também apresenta os dois tipos de normas citados acima.

A norma padrão do Português, também conhecida como língua formal, é usada normalmente por pessoas de alto nível de escolaridade e socioeconômico, como professores, jornalistas, escritores e recebe a nomenclatura “padrão” por obedecer às regras da gramática normativa.

 

No momento em que se estabelece uma norma-padrão, ela ganha tanta importância e prestígio social que todas as demais variedades são consideradas “impróprias”, “inadequadas”, “feias”, “erradas”, “deficientes”, “pobres”... E esta norma-padrão passa a ser designada com o nome da língua, como se ela fosse a única representante legítima e legal dos falantes desta língua. BAGNO (2013, p. 25).

 

Segundo Bagno (2005), a variedade padrão precisa ser ensinada, pois, faz parte da língua materna, mas é preciso ir além do ensino idealizado e imposto por um determinado grupo social. Motivar o uso de uma variante em detrimento de outra, só reforçaria o preconceito social e linguístico, como explica Bagno (2005):

 

[...] a norma-padrão tradicional oferece uma das muitas possibilidades de combinação de recursos existentes no sistema da língua. Essa opção não é, linguisticamente nem mais bonita, nem mais lógica, nem mais certa do que as outras: é apenas resultado de um processo histórico de seleção ( e portanto, também, de omissão). Ela representa, até em alguns aspectos, um empobrecimento, uma redução dos recursos gramaticais à disposição do falante. (BAGNO, 2005, p.158).

 

Já a norma não padrão do português, também chamada de língua informal, portuguesa não padrão (PNP) e norma não culta, é falada por pessoas de classe mais baixa, como, crianças carentes, agricultores, empregadas domésticas, ou seja, a classe mais pobre e desfavorecida. BAGNO (2013, p. 29) se manifesta em relação a isto da seguinte forma: “Estes preconceitos fazem com que a criança que chega à escola falando PNP seja considerada “deficiente” linguística, quando na verdade ela simplesmente fala uma língua diferente daquela que é ensinada na escola”.

 

 

3 PRECONCEITO LINGUÍSTICO

 

De acordo com estudiosos da área o Preconceito linguístico ocorre quando se define o que seria o “certo” e o “errado” em relação a uma língua, sendo estigmatizadas as variações linguísticas que se diferenciam daquela considerada como padrão. E assim como os demais tipos de preconceitos existentes na sociedade é fruto da intolerância e da ignorância.  Segundo Marcos Bagno linguista que tem se debruçado no assunto vai nos dizer:

 

O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo... Também a gramática não é a língua. (BAGNO,2007, p. 9).

 

O mesmo escritor em seu livro: Preconceito linguístico: o que é, como se faz?  apresenta e define o preconceito linguístico como:

 

O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe [...] uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola- gramática- dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, “errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente [...] (BAGNO, 2007, p. 38)

 

O preconceito linguístico pauta-se na existência de uma língua padrão e de uma língua não-padrão. Finca suas raízes ao atribuir ao falante da língua padrão, culta o título de “falante ideal” do português enquanto releva os demais falantes a um nível inferior como se os mesmos não fossem capazes de dominar a sua própria língua materna. Sem contar com o desprestígio que algumas regiões ou comunidades sofrem quando seus habitantes são considerados como não falantes ideais.

 

É preciso abandonar essa ânsia de tentar atribuir a um único local ou a uma única comunidade de falantes o “melhor” ou o “pior” português e passar a respeitar igualmente todas as variedades da língua, que constituem um tesouro precioso de nossa cultura. Todas elas têm o seu valor, são veículos plenos e perfeitos de comunicação e de relação entre as pessoas que as falam. Se tivermos de incentivar o uso de uma norma culta, não podemos fazê-lo de modo absoluto, fonte do preconceito. Temos de levar em consideração a presença de regras variáveis em todas as variedades, a culta inclusive. (Bagno, 2007, p 51).

 

4 ANÁLISE

 

Após a análise do questionário podemos chegar aos seguintes resultados:

Ao responderem a 1ª pergunta, 46% dos entrevistados responderam que sim, falam diferente em relação as outras pessoas e 54% consideram que não falam diferente das demais pessoas.

Ao responderem a 2ª pergunta 84% responderam que falam bem a língua portuguesa, 5% responderam que falam pessimamente e 11% que falam excelentemente.

Na 3ª pergunta 76% responderam que entendem facilmente o que os colegas falam, 19% responderam que têm dificuldades em entender e 4% responderam que só entendem o que os colegas que moram na mesma rua falam.

Na 4ª pergunta 95% dos discentes responderam que sim, já falaram alguma palavra “errada” e foram corrigidos por alguém e 5% responderam negativamente que nunca foram corrigidos ao falar “errado”.

Na 5ª pergunta 14% responderam que se sentiram constrangidos após essa correção, 55% responderam que não ligam para o fato de terem sido corrigidos e 31%  que gostam quando são corrigidos.

Na 6ª pergunta 11% responderam que os professores sempre fazem correções quanto a sua maneira de falar, 65% responderam que as vezes são corrigidos e 24% responderam que os professores nunca os corrigiram.

Na 7ª pergunta 89% dos alunos responderam que se sentem à vontade para se comunicar com seus professores e 11% responderam que não se sentem à vontade pois sempre são criticados.

Na 8ª pergunta 95% responderam que sim, a escola está correta ao exigir dos alunos o aprendizado da norma culta da língua portuguesa e 5% responderam que não, a escola não deve exigir esse aprendizado.

Na 9ª pergunta 73% dos discentes afirmaram que sim, que já sorriram do modo de falar de alguém e 27% do alunado respondeu negativamente, que nunca sorriram do modo de falar de ninguém.

Na 10ª pergunta 79% responderam que sim, já foram vítimas de risos por causa de seu modo de falar.

Na 11ª pergunta 24% responderam que as vezes sentem dificuldades em falar com alguém que more na zona rural, 3% responderam que sempre têm dificuldades, 22% que não têm, mas já tiveram, 49% que nunca tiveram essa dificuldade e 2% que não tinham mas agora têm.

Na 12ª pergunta, 29% responderam que conhecem alguém que não fala por medo de errar, 46% que não conhecem ninguém assim, 18% que conhecem muitas pessoas, 1% conhece um amigo assim e 6% que conhecem poucas pessoas com esse problema.

Na 13ª pergunta 4% dos entrevistados respondeu que acha que no Brasil existe apenas um modo de falar e 96 % responderam que existem vários modos de falar (variação linguística).

Na 14ª pergunta 9% responderam que consideram seu modo de falar igual ao das pessoas que residem em outras regiões do Brasil e 91% não consideram seu modo de falar igual.

Na pergunta 15ª, 46% dos entrevistados concordam sim que fatores geográficos, sociais e econômicos contribuem para o preconceito linguístico existir e 54% considera que esses fatores não interferem.

Na pergunta 16ª, 30% dos alunos responderam que sim, somente dominando norma padrão (gramatical) seremos indivíduos capazes de falar bem a língua portuguesa e 70% acredita que não é necessário o domínio dessa norma para sermos indivíduos capazes de falar bem nossa língua materna.

Na pergunta 17ª ,88% dos discentes afirmaram já ter ouvido falar em preconceito linguístico e 12% afirmaram não ter ouvido falar a esse respeito.

Na pergunta 18ª, 85% responderam que sim, que o preconceito linguístico pode fazer com que um aluno abandone a escola e 15% acredita que não pode causar evasão escolar.

Na 19ª pergunta, 13% responderam que pessoas que possuem maior poder aquisitivo falam melhor o português porque têm acesso a melhores escolas, 3% responderam que sim pois essas pessoas convivem com indivíduos que dominam a norma culta da língua e 84% responderam que não, que esse fato não interfere no modo de falar das pessoas.

Diante dos dados obtidos com a presente pesquisa podemos analisar que boa parte dos alunos ainda acreditam numa suposta homogeneidade da língua pois 54% acredita que não fala diferente das demais pessoas. Um fato positivo é 84% acreditarem que falam bem o português, demonstrando uma possível redução do grande mito de que o brasileiro não fala bem o português. Porém 95% afirma já terem sido corrigidos por falarem “errado”, o que pode sugerir a presença da doutrina do certo e do errado tão enraizada em nosso meio.

No que se refere ao preconceito linguístico, vimos nas respostas dos entrevistados que 88% já ouviu falar nesse termo, ou seja, aponta para o fato de nas escolas os docentes estarem falando sobre o assunto com os alunos. Vimos ainda na pesquisa que, 73% dos discentes já sorriram do modo de falar de alguém e na mesma proporção 79% afirmam já terem sido vítimas de risos por causa de seu próprio modo de falar. O que nos indica que os mesmos estão praticando o Preconceito Linguístico e ao mesmo tempo estão sendo vítimas desse preconceito. Nessa mesma linha de pensamento podemos constatar que 85% consideram o Preconceito Linguístico como um dos fatores causadores de evasão escolar, ao responderem que sim, o aluno pode abandonar a escola ao ser vítima de tal preconceito.

 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No início do presente trabalho nos propusemos a esclarecer questões do tipo: Será que em pleno século XXI - em meio a tantos estudos referentes a variação linguística e preconceito linguístico – os alunos estão conscientes de que existem variedades linguísticas e que a língua não é homogênea? Ainda temos casos de pessoas que sofrem com o preconceito linguístico? E para ser ainda mais específica, pergunto: Como os alunos se veem dentro desse processo em sala de aula? Será que os mesmos têm seu modo de falar respeitado? 

Durante o nosso percurso e análise dos dados da pesquisa, podemos obter algumas respostas e concluir que o tema demonstra está presente no cotidiano desses alunos. Vimos que os mesmos já conseguem compreender o prejuízo que o preconceito linguístico pode acarretar, pois são capazes de avaliar o estrago causado pelo mesmo ao afirmarem que o mesmo pode fazer com que um discente abandone a escola ao ser vítima desse tipo de intolerância.

Vimos também que 89% do alunado se sente à vontade para falar com seus professores. O que indica que esses profissionais não estão praticando um mal ensino no sentido de incutir em seus alunos o medo de falar por “medo de errar”. Demonstrando que têm seu modo de falar respeitado.

Reforçando esse indício 65% responderam que somente as vezes são corrigidos, 24% responderam que os professores nunca os corrigiram e apenas 11% responderam que os professores sempre fazem correções quanto a sua maneira de falar.

Esperamos que esse artigo contribua por um lado, com o combate ao preconceito linguístico, e por outro, para uma melhor prática de ensino em sala de aula no que se refere aos fenômenos de variação linguística.

 

 

6 REFERÊNCIAS

 

BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 17. ed. São Paulo: Contexto, 2013.

 

______________ Preconceito linguístico: o que é, como se faz? 49. ed. São Paulo: Loyola, 2007.

 

______________ Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa. 5 ed. São Paulo: Parábola,2005.

 

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmentros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental _ Língua Portuguesa. Volume: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 1997.

 

SOARES. Magda, Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17a ed. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

 

PRETI, D. Sociolinguística: Os níveis de fala. São Paulo: Edusp, 1994.

 

 

ANEXOS

 

 

QUESTIONÁRIO.

Aluno:_________________________________ idade:________

 

  1. Você acha que fala diferente em relação a outras pessoas?

(  ) Sim           (  ) Não

 

  1. O que você acha da sua fala em relação à língua portuguesa?

 Você fala...

a.( ) Bem   b.( ) Péssimo   c.( ) Muito ruim   d.( ) Excelente  

 

  1. Você entende tudo que seus colegas falam?

a.( ) Facilmente

b.( ) Tenho dificuldades.

c.( ) Só entendo os que moram na mesma rua que eu moro

 

  1. Alguma vez você falou alguma palavra “errada” e alguém lhe corrigiu?

(  ) Sim                          (   ) Não

 

  1. Como você se sentiu diante dessa correção?

a.( ) Constrangido                                                       b.( ) Não ligo para estas coisas

c.( ) Muito bem, gosto quando alguém me corrige    

 

  1. Os professores fazem correções quanto a sua forma de falar?

a.( ) Sempre                     b.( ) As vezes                 c.( ) Nunca fizeram.

 

7- Você se sente à vontade para se comunicar com seus professores?

(  ) Sim, não tenho medo de me expressar da forma que falo.

(   ) Não. Evito falar com eles por medo pois sempre sou criticado quanto ao meu modo de falar.

  

8- Você acha que a escola está correta ao exigir dos alunos o aprendizado da normas gramaticais da língua portuguesa?

(  ) sim                        (  ) não.

 

  1. Você já sorriu do modo de falar de alguém?

(  ) sim    (   ) não

 

  1. Por causa do seu modo de falar você já foi vítima de risos?

(  ) Sim, algumas vezes.  

(  ) Não, nunca passei por esta situação.

 

  1. Você tem dificuldades em falar com alguém que mora na zona rural?

a.( ) As vezes    b.( ) Sempre    c.( ) Não tenho, mas já tive    d.( )Nunca    e.( ) Não tinha, mas agora tenho

 

  1. Você conhece alguém que não fala por medo de errar?

a.( ) Sim                       b.( ) Não                     c.( ) Conheço muitas pessoas

d.( ) Meu amigo     e.( ) Conheço poucas pessoas que não falam por este motivo

 

  1. Você acha que no Brasil existe apenas uma variação linguística (modo de falar) ou existem várias?

a.( ) apenas uma           b.( ) várias

 

  1. Você considera seu modo de falar igual ao das demais pessoas que residem em outras regiões do Brasil?

a.( ) Sim                b.( ) Não

 

  1. Você concorda que fatores geográficos, sociais e econômicos como: falta de emprego, pobreza, faixa etária, sexo, difícil acesso a escola contribui para o preconceito linguístico existir?

a.( ) Sim               b.( ) Não

 

  1. Será que apenas dominando a norma padrão (gramática) seremos indivíduos capazes de falar bem a língua portuguesa?

a.( ) Sim               b.( ) Não

 

  1. Você já ouviu falar em preconceito linguístico?

(  ) sim       (  ) não.

 

  1. Você acha que o preconceito linguístico pode fazer com que um aluno abandone a escola?

(   ) sim                         (  ) não.

 

  1. Na sua opinião as pessoas que possuem mais recursos financeiros falam melhor do que as que possuem menor poder aquisitivo?

(  ) Sim. Porque quem tem mais dinheiro tem acesso a melhores escolas.

(  ) Sim. Porque convivem com pessoas que dominam a língua culta.

(  ) Não. Acredito que esse fato não interfere no modo de falar.

 

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