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Gamificação e engajamento de estudantes com TDAH: estratégias pedagógicas no Ensino Fundamental

José Armando Marques de Brito[1]

 

Orientador: Mílvio da Silva Ribeiro[2]

 

DOI: 10.5281/zenodo.16740108

 

 

RESUMO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), caracterizado por dificuldades de atenção, hiperatividade e impulsividade, representa um desafio significativo para o engajamento de alunos no ensino fundamental. A inclusão desses estudantes, embora respaldada por legislações como a Lei Brasileira de Inclusão (2015), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e a BNCC (2018), frequentemente esbarra em práticas pedagógicas tradicionais que não contemplam suas necessidades específicas. A falta de recursos didáticos adaptados, a formação docente insuficiente em neurodiversidade e a ausência de estratégias que capitalizem o potencial de aprendizado de alunos com TDAH resultam em desmotivação e lacunas educacionais. O estigma associado ao transtorno também contribui para abordagens punitivas, em detrimento de intervenções construtivas. A pesquisa é de cunho qualitativa, onde foi realizada buscas com base em material Scielo (The Scientific Electronic Library Online); Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD); Revistas eletrônicas e Google acadêmico. Em síntese, todos os estudos analisados convergem para a importância do engajamento contínuo de alunos com TDAH e no que se refere às estratégias docentes no ensino fundamental, a personalização do currículo e a implementação de estratégias pedagógicas que considerem as especificidades dos alunos com esse tipo de transtorno educacional. Apesar dos avanços, os desafios continuam, principalmente no que diz respeito ao conhecimento dos professores, às práticas inclusivas e a infraestrutura das escolas.

 

Palavras-chave: Educação Inclusiva. TDAH. Gamificação. Estratégias Pedagógicas. Ensino Fundamental.

 

 

1- INTRODUÇÃO

 

Diante desse contexto, este artigo tem como objetivo analisar a eficácia das estratégias pedagógicas inovadoras, com foco na gamificação, no aumento do engajamento e no aprimoramento da aprendizagem de alunos com TDAH no ensino fundamental. A pesquisa utilizará uma abordagem qualitativa, pautada na compreensão das dinâmicas sociais e as contradições no ambiente escolar.

Espera-se que os resultados demonstrem como a gamificação e outras adaptações pedagógicas podem significativamente aumentar o envolvimento e o desempenho acadêmico dos alunos com TDAH, superando barreiras como a desatenção e a impulsividade. A pesquisa evidenciará a importância de uma formação docente continuada em metodologias ativas e o desenvolvimento de materiais didáticos que promovam a interatividade. As considerações finais reforçarão que a aplicação intencional de estratégias pedagógicas adaptadas, aliada ao apoio da gestão escolar, é necessário para construir um ambiente educacional mais inclusivo e eficaz, permitindo que cada estudante com TDAH alcance seu potencial máximo.

Apesar do arcabouço legal, a efetiva inclusão de estudantes com TDAH muitas vezes esbarra em práticas pedagógicas ainda muito tradicionais. Essas abordagens, focadas em métodos uniformes e ritmo padronizado, não conseguem contemplar a rica diversidade de necessidades de aprendizado dos alunos com TDAH. Para esses estudantes, a dificuldade em manter o foco, a necessidade de movimento e a impulsividade exigem estratégias flexíveis e dinâmicas que nem sempre são incorporadas ao dia a dia escolar.

A raiz dessas dificuldades é multifacetada. Primeiro, a falta de recursos didáticos adaptados é um entrave significativo. Muitas escolas não possuem materiais específicos, tecnologias assistivas ou ambientes de aprendizado que facilitem a concentração e o processamento de informações para alunos com TDAH. Em segundo lugar, a formação docente insuficiente em neurodiversidade emerge como um ponto crítico. Muitos professores, mesmo com boa vontade, não receberam treinamento adequado para entender as particularidades do TDAH, identificar suas manifestações em sala de aula e, mais importante, aplicar estratégias pedagógicas eficazes que capitalizem o potencial de aprendizado desses alunos. A ausência desse conhecimento resulta em frustração tanto para o educador quanto para o estudante, levando a desmotivação e lacunas educacionais que se aprofundam ao longo dos anos.

O estigma associado ao TDAH é uma barreira invisível, mas poderosa. A desinformação e o preconceito podem levar a interpretações equivocadas dos comportamentos dos alunos – confundindo hiperatividade com má-criação ou desatenção com desinteresse – resultando em abordagens punitivas em detrimento de intervenções construtivas e compreensivas. Essa atitude não apenas prejudica a autoestima do aluno, mas também impede o desenvolvimento de estratégias pedagógicas realmente eficazes, perpetuando um ciclo de desafios em vez de promover uma inclusão genuína.

Para que a legislação se traduza em realidade, é necessário ir além da mera conformidade legal e investir em formação continuada, recursos adaptados e, sobretudo, em uma mudança de paradigma que celebre a neurodiversidade e entenda o TDAH não como um obstáculo, mas como uma característica que demanda abordagens educacionais inovadoras.

 

 

2- A GAMIFICAÇÃO COMO FERRAMENTAS DE INCLUSÃO SOCIAL

 

A gamificação, definida como a aplicação de elementos e mecânicas de jogos em contextos que não são jogos, tem emergido como uma poderosa ferramenta para a inclusão social, especialmente no ambiente educacional. Ao incorporar elementos como pontos, níveis, distintivos, desafios e narrativas, a gamificação transforma atividades rotineiras em experiências mais envolventes, motivadoras e significativas. Para alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), essa abordagem pode ser particularmente eficaz, pois atende a algumas de suas necessidades de aprendizado e engajamento.

Tradicionalmente, a educação tem se apoiado em métodos que exigem longos períodos de atenção passiva e pouca interatividade, o que pode ser extremamente desafiador para crianças com TDAH, que lidam com dificuldades de concentração e impulsividade. A gamificação, ao contrário, oferece um ambiente dinâmico e responsivo. Por meio de feedback imediato, os alunos recebem informações constantes sobre seu desempenho, o que é importante para manter a atenção e ajustar o comportamento. A progressão por níveis e a conquista de recompensas (virtuais ou tangíveis) criam um senso de propósito e realização, estimulando a motivação intrínseca para superar desafios.

Além do aspecto individual, a gamificação promove a interação social e a colaboração. Muitos jogos são projetados para serem jogados em equipe, incentivando os alunos a trabalharem juntos, a comunicarem-se e a desenvolverem habilidades sociais. Para alunos com TDAH, que por vezes podem ter dificuldades em interações sociais devido à impulsividade, o ambiente estruturado e divertido de um jogo pode ser um espaço seguro para praticar essas habilidades. A competição saudável e a cooperação por objetivos comuns ajudam a construir um senso de pertencimento e a reduzir o isolamento.

Um exemplo prático da aplicação da gamificação na inclusão de alunos com TDAH seria a criação de "missões de aprendizado". Em vez de uma série de exercícios monótonos, os conteúdos poderiam ser transformados em desafios a serem superados, com "pontos de experiência" acumulados, "itens" a serem coletados (conhecimentos específicos) e "chefes" a serem "derrotados" (avaliações). O progresso do aluno seria visível, e pequenas vitórias seriam celebradas, mantendo-o engajado.

Contudo, para que a gamificação seja uma ferramenta de inclusão social efetiva, é fundamental que seja planejada de forma consciente e adaptada. Não se trata apenas de "jogar" na sala de aula, mas de integrar os elementos lúdicos de forma estratégica aos objetivos pedagógicos e às necessidades individuais dos alunos. Isso requer formação continuada para os professores, que precisam entender como projetar experiências gamificadas que sejam inclusivas, acessíveis e que considerem os diferentes estilos de aprendizagem e as particularidades do TDAH.

A gamificação tem o potencial de transformar o processo educacional para alunos com TDAH, tornando o aprendizado mais acessível, divertido e engajador. Ao promover a motivação, o senso de realização e a interação social, ela contribui significativamente para uma verdadeira inclusão, permitindo que todos os estudantes prosperem e desenvolvam seu pleno potencial.

 

2.1. Legislação e políticas públicas que garantem a inclusão de estudantes com TDAH.

Os direitos educacionais devem ser em estendidos a pessoa com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, conforme garantido na constituição Federal; na Lei  nº 14.254, de 30 de novembro de 2021 em seu Art.02, em relação a educação como um direito de todos, bem como no Art.206, inciso I, que estabelece igualdade de condições de acesso e permanência na escola. Esses direitos estão previstos na lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional 9 Lei 9.394/96), nos Arts. 58 e 59, que oferecem respaldo para que o ensino da pessoa com deficiência (e que apresenta necessidades educacionais especiais) seja ministrado no ensino regular, preferencialmente, assim como em decretos e documentos.

Além disso, há direitos previstos, que institui a política nacional de proteção dos direitos da pessoa com TDAH, designando acesso à educação com as adaptações que contemplem suas necessidades. Santos (2008) afirma que a escola tem papel importante na investigação diagnóstica, uma vez que é o primeiro lugar de interação social da criança separada de seus familiares. É onde a criança vai ter maior dificuldade em se adaptar a regras sociais – o que é muito difícil para um aluno com TDAH.

Um dos maiores desafios da atualidade é proporcionar uma educação para todos, sem distinções, além de assegurar um trabalho educativo organizado e adaptado para atender as necessidades Educacionais especiais dos alunos. Assim, vale refletir que é um direito garantido por lei do atendimento educacional especializado para estudantes com o transtorno em questão, seja na rede de ensino privado ou pública.

Uma das conquistas significativas da Lei 14.254 é a determinação de que “a pessoa com TDAH considera-se pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais’’. Isso confere a elas os mesmos direitos conferidos às pessoas com outras deficiências, garantindo sua inclusão e proteção legal.

A então referida lei foi que determinou o status da deficiência ao autismo e instituiu as diretrizes de inclusão da pessoa com TDAH. A lei prevê que é direito da pessoa autista ao diagnóstico precoce, para que possa ter alcance aos suportes e intervenções necessárias ao seu pleno desenvolvimento.  

A lei garante um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de ensino, assim como também assegura o direito ao acesso aos serviços de saúde, bem como o acesso à educação e ao ensino profissionalizante e a formação inicial e continuada dos profissionais da educação para que possam desenvolver atividades com vistas a inclusão da educando com TDAH nos espaços escolares e relações sociais, também garantindo o seu direito a matrícula no ensino regular, com garantia de atendimento educacional especializado e a possibilidade de profissional de apoio disponibilizado pelo sistema de ensino, para aqueles que tiverem necessidade desse tipo de acompanhamento.

As políticas públicas desempenham um papel crucial na promoção dos direitos e na inclusão das pessoas com TDAH na sociedade, é fundamental continuar a buscar o aprimoramento dessas políticas e a conscientização da população garantindo que cada indivíduo tenha a oportunidade de alcançar seu pleno potencial e viver com dignidade (Oliveira e Souza, 2025).

Conforme Silva, et al (2024), inclusão escolar é um princípio fundamental de uma sociedade inclusiva, onde todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, têm o direito de participar plenamente da vida educacional e social. Para indivíduos com TEA, essa inclusão é especialmente vital, uma vez que pode influenciar positivamente seu desenvolvimento, autoestima e habilidades de vida.

Segundo a lei, assegura o direito das pessoas com TDAH serem acompanhados por um cuidador, que lhe proporcionem um ambiente mais inclusivo e acolhedor, assim como no ambiente escolar garante o direito a um acompanhante especializado em sala de aula para alunos que demonstrem dificuldades acentuadas de convívio social e manejo comportamental.

Dentre as leis estabelecidas, outro direito adquirido por alunos que estão no ensino fundamental é a punição para gestor escolar ou autoridade que negar matrícula ao aluno com TDAH. A Lei Brasileira de inclusão LEI N°13146, de 6 de julho de 2015 que garante inclusão no sistema educacional em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida e oferta de profissionais de apoio escolar, ainda assim a inclusão é um desafio cotidiano.

Portanto o objetivo das leis e políticas públicas asseguram a inclusão de alunos com TDAH no sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem (Art.27°).

 

 

3 METODOLOGIA

 

De acordo com Gil (2008, p.02) a metodologia de um trabalho de pesquisa trata-se de uma lógica dos procedimentos científicos em sua gênese e em seu desenvolvimento, não se reduz, portanto, a uma “metrologia” ou tecnologia da medida dos fatos científicos, dessa maneira fazendo com que os fatos se tornem relevante em um processo de investigação.

É importante ressaltar que o percurso de um trabalho científico e qualquer pesquisa deve ser um caminho a ser seguido com ética e pluralidade de ideias para que se possam alcançar objetivos pré-determinados durante a execução da consultoria em questão. Essa parte do trabalho deve ser acompanhada de uma organização de ideias seguido de vários fatores para que se possa ter uma razão do porquê e quais os motivos da escolha do tema investigado.

Segundo Ferreira (2005, p. 25), a metodologia por si só não faz sentido, contudo, é necessário e indispensável que se concretize para a produção do conhecimento científico.

É válido salientar, durante a aplicação de qualquer projeto em seu estado de realização que o indivíduo pesquisador, em hipótese alguma deve manter sua neutralidade na execução do referido trabalho, fazendo com que suas ideias particulares não interfiram nas mais diferentes maneiras de conciliar os resultados concluídos na resolução do mesmo. Daí, diz-se que é importante uma participação ativa e reflexiva do pesquisador enquanto ativo durante o ato de investigação da pesquisa.

Diante disso é que Ferrari (1974, p. 42) mencionam e consideram que, no bojo dessas transformações, uma delas, talvez a principal, seja a da revalorização do sujeito, incluindo a participação dele no processo do conhecer humano.

Segundo os autores citados acima, corrobora-se que o indivíduo participante da pesquisa deve ser um sujeito dentro do processo de investigação científica, isto é, não pode ser ausente durante a execução e resultados obtidos durante o projeto.

Pode-se dizer que a presente pesquisa trará em sua execução dois momentos importantes na realização do mesmo, nos quais serão os métodos e os procedimentos e/ou técnicas para a execução do trabalho de pesquisa.

Segundo o CNPQ[3], um trabalho de pesquisa deve fomentar no indivíduo em processo de investigação científica todos os dados necessários para que os resultados obtidos possam ser significativos no processamento das possíveis soluções encontradas, para isso norteia alguns princípios básicos de classificação que podem contribuir de maneira objetiva na investigação realizada.

O presente projeto de pesquisa no que se refere à sua finalidade é pura ou fundamental. Minayo, (2011, p.22):

 

É aquela cujo objetivo é adquirir conhecimentos novos que contribuam para o avanço da ciência, sem que haja uma aplicação prática prevista. Neste tipo de pesquisa, o investigador acumula conhecimentos e informações que podem, eventualmente, levar a resultados acadêmicos ou aplicados importantes. Há autores que incluem, neste tipo, as pesquisas acadêmicas, aquelas realizadas na instituição de ensino superior como parte das atividades de ensino-aprendizagem, tal como nos trabalhos de conclusão de curso.

 

Quanto ao ambiente a pesquisa investigada é de cunho bibliográfica, ou seja, todos os fatos e atividades serão acompanhadas pelo investigador, realizado sempre que possível uma intervenção para a melhoria das situações e/ou problemas surgidos durante o projeto.

De acordo com Gil (2008): p.08:

 

Não é raro que a pesquisa bibliográfica apareça caracterizada como revisão de literatura ou revisão bibliográfica. Isto acontece porque falta compreensão de que a revisão de literatura é apenas um pré-requisito para a realização de toda e qualquer pesquisa, ao passo que a pesquisa bibliográfica implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório. Na intenção de apresentar a pesquisa bibliográfica sob essa perspectiva, o presente artigo busca abordar a importância que possui a delimitação dos critérios e dos procedimentos metodológicos que permitem definir um estudo como sendo bibliográfico. Através da exposição de exemplos, construídos a partir de uma pesquisa dessa natureza, pretende-se chamar a atenção para as exigências que a escolha por esse tipo de procedimento apresenta ao pesquisador à medida que este constrói a busca por soluções ao objeto de estudo proposto.

 

Empreende-se segundo as explicações do autor que uma pesquisa levantada através de dados bibliográficos é de sua importância para que o sujeito pesquisador já em familiaridade com o tema investigado possa aprimorar seus conhecimentos prévios realizados já por meio de pesquisas anteriores sobre determinado tema em análise.

Ainda, em despeito de um trabalho de cunho bibliográfico, Gil (2008), p. 10, menciona:

 

Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados, influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc.

 

 

Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2008).

Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em português e inglês, com os resumos disponíveis nas bases de dados selecionadas e acesso ao texto completo, no período compreendido entre 2012 a 2025.

A escolha e a inclusão de trabalhos científicos foram feitas a partir das seguintes situações: assuntos atuais sobre o tema, informações verídicas sobre o assunto do trabalho e tendo em vista a importância da pesquisa como contribuição para a comunidade cientifica. Como critério de exclusão, foram desconsiderados artigos muito antigos, e artigos de procedência duvidosa.

Os instrumentos a serem utilizados para que o projeto consiga resultados significativos está no que se concerne, segundo Bardin (2011), envolve a leitura “flutuante”, ou seja, um primeiro contato com os documentos que serão submetidos à análise, a escolha deles, a formulação das hipóteses e objetivos, a elaboração dos indicadores que orientarão a interpretação e a preparação formal do material

 

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Para melhor compreensão dos resultados apresentados acerca do tema em questão construiu-se uma tabela organizacional da literatura que irá compor este segmento, no qual são apresentados os autores, tipo de publicação, objetivos e resultados esperados.

Portanto nesse primeiro momento, foi importante destacar a caracterização da pesquisa, na qual foi necessário identificar os autores, a revista, o ano de publicação e objetivos, em segundo momento foi identificado o título das produções científicas, a metodologia de cada trabalho e os resultados com intuito de aprimorar a ideia central da pesquisa em relação à gamificação e engajamento de estudantes com TDAH no ensino fundamental.

Diante de um contexto da revisão literária elaborou-se os resultados onde os próprios teóricos com suas publicações ajudaram a responder todos os itens levantados, para melhor visualização um quadro tabela contendo os teóricos que mais envolveram a presente pesquisa.

 

AUTORE(S)/ ANO

TIPO DE PUBLICAÇÃO

OBJETIVOS

RESULTADOS ESPERADOS

 

 

 

Ângela Maria Lima de Oliveira

Elisângela Cabral Portal de Souza

Fábio Coelho Pinto

 

 

 

 

 

 

 

Revisão de Literatura

 

 

Identificar subtemas, áreas e locais de produção, e as conjugações teóricas, metodológicas, resultados e lacunas que se destacam nos textos, nos últimos cinco anos

 

A superação das barreiras identificadas requer colaboração entre pesquisadores, gestores educacionais e a comunidade, visando transformar as teorias em práticas acessíveis. Assim, será possível avançar na construção de um sistema educacional verdadeiramente 2 Revista DELOS, Curitiba, v.18, n.69, p. 01-13, 2025 inclusivo, que valorize a diversidade e promova o desenvolvimento integral de todos os alunos, incluindo aqueles com TDAH.

 

 

Davi Souza da Silva, et al

 

 

Bibliográfica

 

 

 

 

Analisar o impacto da gamificação na dinâmica de ensino e aprendizado, com foco nos elementos que a tornam uma estratégia promissora em contextos educacionais

A gamificação é uma estratégia educacional que, quando aplicada com planejamento e suporte adequados, transforma o processo de ensino-aprendizagem

 

. Silvana Maria Aparecida Viana Santos

 

Jéssica Marinho Medeiros

 

Monique Bolonha das Neves Meroto

Revisão sistemática de literatura

Analisar estratégias para implementar a aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais e empregar a Taxonomia de Bloom para estruturar atividades colaborativas online, visando melhorar a qualidade da educação e a satisfação dos estudantes

A integração da aprendizagem colaborativa com a Taxonomia de Bloom no contexto virtual apresenta um potencial transformador na educação, apesar dos desafios identificados

 

Williana Andrade

 

Paulo Victor Rodrigues de Carvalho

Verônica Eloi de Almeida

 

 

 

Bibliográfica e documental

 

Refletir a respeito da gamificação como estratégia pedagógica lúdica para o ensino de Ciências a alunos com TDAH do ensino fundamental dos anos finais com vias a otimização da aprendizagem e engajamento desses estudantes

Confirmou-se que as estratégias pedagógicas como a gamificação podem incentivar e facilitar o processo ensino/aprendizagem desses discentes.

Renata Massalai

 

Camila Marchiori Pereira

 

Diógenes José Gusmão Coutinho

 

 

 

Revisão bibliográfica narrativa

Explorar as contribuições das neurociências para o manejo educacional de alunos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

A criação de um ambiente educacional adaptado pode promover o engajamento nos processos de aprendizagem e regulação socioemocional dos alunos com TDAH

 

Segundo os autores Oliveira, Souza e Pinto (2025), Metodologias como gamificação, aprendizagem baseada em projetos e sala de aula invertida têm sido apontadas como eficazes para aumentar o engajamento e a motivação desses estudantes. Além disso, Moran (2018), destaca o uso de tecnologias digitais e recursos multimodais demonstra potencial para superar barreiras de aprendizagem, desde que integradas a um planejamento pedagógico consistente. Destacam que as metodologias ativas emergem como uma abordagem promissora, colocando o aluno no centro do processo de aprendizagem e utilizando recursos interativos que favorecem a motivação e a retenção de conhecimento. Pois na educação inclusiva, é essencial adotar estratégias que atendam às necessidades desses alunos, promovendo sua participação efetiva. Ao articular teorias consagradas, como a abordagem histórico-cultural de Vygotsky (1991), com estudos contemporâneos sobre inclusão e tecnologia educacional, busca-se oferecer subsídios para uma educação mais equitativa e adaptada às diversidades cognitivas.

De acordo com Silva, et al (2024), A gamificação tem sido aplicada com sucesso em diferentes níveis de ensino, tanto no presencial quanto no híbrido e a distância, demonstrando seu potencial para engajar alunos e melhorar a aprendizagem. Destacam que “a gamificação, quando alinhada às necessidades pedagógicas, pode ser um instrumento poderoso para transformar a dinâmica de sala de aula, promovendo a participação ativa dos estudantes”.

Esse comentário reflete como a personalização das atividades gamificadas pode atender às particularidades de diferentes contextos educacionais, seja no ensino básico ou superior. No ensino presencial, estratégias gamificadas têm promovido resultados positivos. Os autores relataram que “a introdução de elementos de jogos no ensino da matemática nas séries iniciais resultou em maior interesse e retenção do conteúdo pelos estudantes”.

Essa abordagem prática demonstra que a gamificação não apenas torna o aprendizado interativo, mas também contribui para superar desafios relacionados a disciplinas consideradas complexas, como a matemática. No ensino híbrido, que combina atividades presenciais e virtuais, a gamificação tem mostrado ser uma estratégia relevante. Apontam que “em ambientes híbridos, a gamificação facilita a integração entre as atividades realizadas em sala de aula e as propostas no ambiente virtual, promovendo continuidade no aprendizado”. Assim, reforça a ideia de que a gamificação é uma ponte entre os dois formatos de ensino, ajudando a manter a motivação dos estudantes e garantindo a progressão dos estudos.

Santos, Medeiros e Meroto (2024) discutem que A aprendizagem colaborativa é uma abordagem pedagógica que enfatiza o trabalho em grupo e a interação entre alunos para o alcance de objetivos comuns de aprendizagem. Johnson e Johnson (1999) definem a aprendizagem colaborativa como um método educacional no qual alunos trabalham juntos em pequenos grupos para maximizar a aprendizagem própria e dos demais. Essa definição ressalta a natureza interativa e coletiva deste tipo de aprendizagem, onde a troca de ideias e a construção conjunta do conhecimento são fundamentais. Os princípios da aprendizagem colaborativa, incluem a promoção da interdependência positiva, desenvolvimento de habilidades sociais, e a facilitação da interação face a face.

Andrade, Carvalho e Almeida (2025) comentam que o lúdico, em suas inúmeras exposições, necessita ser reconhecido nos estabelecimentos de ensino. A utilização de tarefas prazerosas, como jogos e brincadeiras, melhora as interações, oportunizam alcançar preceitos constantemente ignorados. O aperfeiçoamento educacional, a anexação de ideias modernas e o avanço de competências coletivas e a imaginação são condições relevantes que as tarefas lúdicas podem proporcionar. Declaram que o avanço digital jamais deve ser desprezado pelas instituições de ensino e docentes, no qual o domínio do lúdico do jogo promove um recurso extenso no sistema de aprendizado, visto que, possibilita efetivamente o avanço das características relativas ao campo do aprendizado, da emoção, global, de linguagem e motriz, dentre outros

Os autores Massalai, Pereira e Coutinho (2024) citam que O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma das condições neuropsiquiátricas mais comuns na infância, dados epidemiológicos apontam para prevalência mundial de 4 a 10% entre crianças Caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, o TDAH pode ter um impacto significativo nos processos de aprendizagem, no funcionamento social e na saúde emocional dos indivíduos afetados. Apesar dos avanços significativos na compreensão neurobiológica do TDAH, há uma lacuna na tradução desses conhecimentos para práticas educacionais eficazes que atendam às necessidades individuais dos alunos com esse transtorno.

 

 

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A pesquisa sobre as estratégias pedagógicas e o engajamento de alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no ensino fundamental visa lançar luz sobre a complexidade e as necessidades específicas desse processo. Os resultados esperados poderão indicar que, apesar do respaldo legal para a inclusão, muitas escolas ainda enfrentam desafios na implementação de práticas pedagógicas que realmente promovam o engajamento desses alunos. A falta de formação específica para os professores e a escassez de recursos didáticos adaptados são barreiras recorrentes que impactam a eficácia das intervenções.

Este estudo busca proporcionar uma visão aprofundada sobre as estratégias que podem favorecer o engajamento, como a gamificação, mas é necessário reconhecer suas limitações, uma vez que a amostra da pesquisa, está restrita a uma única escola, a Euclides Cumaru, e a um número específico de professores. Essa delimitação, embora permita uma análise detalhada de um contexto particular, significa que os achados podem não ser plenamente generalizáveis para a totalidade das escolas brasileiras, que possuem realidades e recursos variados.

Portanto, futuras pesquisas poderiam expandir a proposta, incluindo instituições de diferentes perfis (públicas e privadas, urbanas e rurais) e de diversas regiões do país. Seria valioso, por exemplo, investigar comparativamente a aplicação da gamificação em escolas com diferentes níveis de infraestrutura tecnológica ou comparar a percepção de docentes com variados tempos de experiência. Estudos longitudinais também seriam importantes para avaliar o impacto das estratégias de engajamento a longo prazo no desenvolvimento acadêmico e socioemocional dos alunos com TDAH.

O engajamento de alunos com TDAH é um desafio significativo, mas não insuperável. Acreditamos que, com a aplicação intencional de estratégias pedagógicas adaptadas, como a gamificação, e um investimento contínuo na formação docente, é possível criar um ambiente escolar mais dinâmico, inclusivo e equitativo. Espera-se que este estudo sirva como um ponto de partida para novas investigações e ações práticas, incentivando educadores e gestores a buscarem formas inovadoras de garantir que todos os alunos com TDAH tenham a oportunidade de participar ativamente e alcançar seu pleno potencial no processo de aprendizagem.

 

 

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[1]Discente do Curso de Mestrado em Ciências da Educação, pela Facultad Interamericana de Ciências

Sociales interamericana/FICS, Especialista em Gestão Supervisão e Orientação (FADESA 2015/2016),

Educação Infantil com Ênfase nas Serie Iniciais (FACIMAB 2018), Educação Especial (FACIMAB

2018/2019), Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica (FAEL 2021), Fundamentos para Alfabetização e

Letramento e a Psicopedagogia Institucional (FAEL2021/2022), Educação Especial e Inclusiva (FAEL

2022), Especialização em Didática e Metodologia do Ensino de Geografia (FAEL 2022/2024)

E-mail: armandobritobb2020@gmail.

[2]  Doutor em Geografia pelo Programa Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará (PPGEO-UFPA). Pedagogo, Geógrafo. Instituição: Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG). E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1118-7152

[3] Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico. É uma agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

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