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A Importância da Horta na Escola

Jorge José de Arruda[1]

Belmira Batista Chaves[2]

 

                                                                                    Resumo                         

Este projeto busca através da prática, desenvolver atividades da área de conhecimento natureza e sociedade. O projeto horta na escola será destinado aos alunos do Ensino Fundamental, onde o aproximam da natureza de maneira efetiva concretizando ações de ensino aprendizagem fora da sala de aula. O projeto visa despertar nos alunos o cuidado com a natureza através do estabelecimento de uma relação direta com o solo, água e as plantas proporcionando o contato com algumas hortaliças e despertando o gosto por esses alimentos. 

Palavras- chave: Alimentos, Conhecimento, Horta escolar, Educação Ambiental.

 

Abstract

This project seeks through practice, develop activities in the area of nature and knowledge society. The garden project at school is intended for students of elementary school, where the approach of effectively teaching nature realizing learning actions outside of the classroom. The project aims to awaken in students the care of nature by establishing a direct relationship with the soil, water and plants providing contact with some greenery and awakening a taste for these foods.

Keywords: Food, Knowledge, Horta school, environmental education.

 

Introdução

 

Ao colocar o projeto horta na escola como centro da ideia, dependendo do encaminhamento pedagógico dado, pode-se abordar e abranger diferentes conteúdos que constituem o currículo escolar, resgatando valores, ampliando o acervo cultural, desenvolvendo habilidades e promovendo hábitos saudáveis para todos os envolvidos.

Os conteúdos ambientais devem envolver todas as disciplinas do currículo e estarem interligados com a realidade da comunidade, para que o aluno perceba a correlação dos fatos e tenha uma visão integral do mundo em que vive. Nesse sentido a escola deverá promover através de ações a preservação e a conservação do meio ambiente para que o aluno tome consciência de sua responsabilidade. E assim com as atividades extraclasse viabilizamos ao aluno o conhecimento e práticas que envolvem todas as dependências da escola estabelecendo a relação entre teoria e prática e os cuidados com a alimentação.

Conforme Pimenta e Rodrigues

 “...a horta, inserida no ambiente escolar, torna-se um laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em educação ambiental e alimentar, unindo a teoria e prática de forma contextualizada, auxiliando no processo de ensino aprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais envolvidos” (Pimenta e Rodrigues, 2011, p.10).

 

O projeto foi pautado em uma abordagem pedagógica interdisciplinar e voltado ao desenvolvimento de habilidades, vivenciando o contato direto com o meio ambiente natural.

 

Desenvolvimento

 

Sendo a escola um espaço onde a criança dará sequência ao seu processo de socialização é fundamental o papel da educação ambiental na formação de jovens responsáveis. A discussão sobre o cuidado com o meio ambiente pode ser aprofundada nas práticas escolares, ocasiões em que o aluno poderá compreender seu papel como cidadão responsável pela preservação da natureza. Todos esses cuidados de informações e orientações certamente tornarão estes alunos capazes de realizar escolhas adequadas, no que diz respeito aos alimentos a serem consumidos e, ainda contribuirão para adoção de uma alimentação mais saudável.

A escola deve abordar os princípios da educação ambiental de forma sistemática e transversal em todos os níveis de ensino. Abordando o tema horta na escola dará oportunidade não só de oferecer alimentos que satisfaçam as necessidades nutricionais dos educandos no período em que estão na escola, mas também de contribuir para a melhoria do processo de ensino aprendizagem e a formação de hábitos e práticas alimentares.

Além da abordagem pedagógica, foram definidas as diferentes etapas de criação da horta:

*escolha do local;

*limpeza e preparo do solo (adubação);

*semeadura;

*manutenção (irrigação e limpeza do mato);

*colheita.

Foi também definida uma área na escola, próxima as salas de aula, para a localização da horta. A partir desse momento, todo o processo foi desenvolvido com a participação dos alunos, que ajudaram na limpeza da área, prepararam os canteiros para que se desse início ao preparo do solo. Fizeram o plantio das mudas e a seguir, eles fizeram a semeadura e a primeira rega do solo sob a orientação dos professores, onde os mesmos observavam as atividades exercidas. Na sala de aula foram formadas equipes com dias e horas marcadas para regar o solo, onde os alunos entravam em contato com a terra. Desde então, passaram a regar o solo todos os dias, vivenciando o desenvolvimento das plantas e as mudanças ocorridas naquele ambiente.

No momento em que as sementes começaram a nascer, os alunos foram levados a observar as mudanças ocorridas e a experimentar sensações diante das plantas que começavam a crescer e da existência de uma variedade de cores, formas, cheiros, texturas e tamanhos.

 

Com isso, participaram intensamente do processo de cuidar da horta, molhando as plantas com empolgação e alegria. Esses momentos representaram uma maneira especial de brincar e, por extensão, de aprender juntos a cuidar da natureza.

As hortaliças desenvolveram-se e, quando chegaram a fase de amadurecimento, os alunos passaram a fazer a colheita. Foi um momento bastante rico em interação e aprendizado, pois elas participavam de forma concreta e espontânea dessa experiência, vivenciando diferentes situações envolvendo autonomia, movimento, tempo, espaço, entre outros.

 Os alimentos colhidos na horta foram utilizados na alimentação dos alunos na própria escola, despertando-os para o consumo das hortaliças em forma de saladas. Ao participar do trabalho na horta e do processo de colheita e preparação dos alimentos, eles puderam ampliar sua relação com alimentos mais saudáveis.

A tarefa de garantir a qualidade de alimentação deve ser coletiva. Dela participam não só o nutricionista, mas a merendeira, a direção da escola, os professores, os alunos, os pais, enfim, todos os que fazem parte da comunidade escolar.

O PNAE (o Programa Nacional de Alimentação Escolar) implantado em 1955,

(...) garante por meio da transferência de recursos financeiros, a alimentação escolar dos alunos de toda a educação básica, educação infantil, ensino médio e educação de jovens e adultos matriculados em escolas públicas e filantrópicas. Tendo como objetivo atender as necessidades nutricionistas dos alunos durante sua permanência em sala de aula contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, bem como promover a formação de hábitos alimentares saudáveis (CECANE PARANÁ, 2010).

Cooperar para a aquisição, manutenção ou mudança de hábitos e práticas alimentares, incentivando o consumo de frutas, verduras e legumes, favorece o crescimento e desenvolvimento dos alunos, além da melhoria do rendimento escolar.

Segundo Magalhães

“...utilizar a horta escolar como estratégia visando estimular o consumo de feijões, hortaliças e frutas, torna possível adequar a dieta das crianças. Outro fator interessante é que as hortaliças cultivadas na horta escolar, quando presentes na alimentação escolar, fazem muito sucesso, ou seja, todos querem provar, pois é fruto do trabalho dos próprios alunos”. (Magalhães 2005, p. 5).

 

Durante a realização do projeto, os professores inovaram e criaram o dia da culinária, no qual os alunos produziram alimentos a partir de receitas trabalhadas nas aulas. A maior parte dessas receitas com material retirado da horta pelos próprios alunos. Uma das receitas mais apreciadas foi o bolo de cenoura. No projeto, foram trabalhados conteúdos de diversas áreas do conhecimento, como quantidade, tamanho, espaço, cor, forma e textura, sempre tomando como exemplo as plantas e o solo com os quais os alunos mantinham contato.

Desse modo, elas se envolveram na manutenção e no cultivo dos alimentos, assim como no preparo de algumas receitas culinárias, além de demonstrar mudanças em seus hábitos alimentares, com adesão ao consumo de hortaliças, sobretudo em forma de saladas.

Para Silva

“... a prática da horta na escola caracteriza-se como um processo de mediação que oportuniza viabilizar o ensino com crianças pequenas, uma vez que os aproxima de situações concretas e vividas no cotidiano, favorecendo um trabalho pedagógico que integra prática e teoria. Por meio do processo de mediação e das sensações, a criança é conduzida a interagir com os objetos, estendendo relações para além do próprio corpo, vivenciando e aprendendo novas experiências, o que lhe permite ampliar conhecimentos, vínculos afetivos e cognitivos para apropriar-se do mundo por meio de diversas linguagens, as quais devem ser utilizadas de modo a respeitar cada momento do desenvolvimento infantil.” (Silva, Pasuch e Silva, 2012).

 

Portanto, ao serem criadas na escola situações em que as crianças possam lidar com a terra, regando- a todos os dias e acompanhando o seu crescimento, caminha-se em uma trilha educacional que extrapola as paredes da sala de aula. Além disso, a prática do professor aproxima-se de uma perspectiva de educação mais ampliada e integradora, que tenta superar uma visão reducionista e fragmentada do processo de ensino- aprendizagem, sobretudo com crianças pequenas, as quais compõem por natureza uma espécie de “unidade solidária”.

 

Na perspectiva de Wallon:

“... a psicogênese da criança mostra, através da complexidade dos fatores e das funções, através da diversidade e da oposição das crises que a assinalam, uma espécie de unidade solidária, tanto em cada um como entre todas elas. É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, a criança constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão das suas idades, ela é o único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais suscetível de desenvolvimento e de novidade”. (Wallon, 2005, p. 215)

 

Ao mobilizar ações de ensino-aprendizagem que contemplam as dimensões afetivas, cognitivas, sociais e motora das crianças, o que se deseja é colocar a prática educativa em outro patamar, ressaltando-se a indissociabilidade prática –teórica, abrindo margens a um processo que permita ao professor movimentar a sua ação com o propósito de aguçar o espírito científico das crianças, de forma a atingir a totalidade do ser, a sua inteireza.

De acordo com Silva

“A criança está inteira em todos os momentos da instituição, aprendendo, elaborando hipóteses, sentindo e conhecendo o mundo com todo o seu corpo, com fantasia, imaginação, razão, criatividade e afetividade. As experiências diversificadas que lhes possibilitamos viver necessitam promover a relação da criança de modo integrado com múltiplas linguagens, objetos e conhecimentos” (Silva, Pasuch e Silva, 2012, p. 110).

 

Esse projeto tem cultivado grande interesse no aluno, onde na prática aprendem como manejar uma horta melhorando o aprendizado. Também aprendem a valorizar e trabalhar com cooperação e responsabilidade compartilhada.

Nesse projeto procurei algo que estivesse em contato constante com o cotidiano do educando, algo que fosse fácil de acesso para elaborar um material interessante e que diversificasse as aulas ao mesmo tempo.

A partir desse projeto, muitos alunos que não gostavam de comer verduras e hortaliças no almoço passaram a aderir este hábito. Talvez isso se explique pelo fato de encararem aqueles alimentos como o fruto de uma experiência que, para eles, era uma brincadeira: brincar de cuidar da horta. Para todos aqueles que estavam envolvidos no projeto, ficou o aprendizado de que os alunos, mesmo em tenra idade, são capazes de executar tarefas consideradas complexas, as quais muitas vezes pensaram que os alunos não são competentes o suficiente para realizar.

Assim, passa a ser a responsabilidade de todos que trabalham no espaço escolar garantir uma alimentação saudável e, ainda, contribuir para o desenvolvimento de hábitos e práticas alimentares saudáveis e para a escolha de alimentos adequados a serem consumidos dentro e fora da escola.

     

Conclusão

 

Com a implantação da horta na escola obteve-se novos conhecimentos, onde os alunos descobriram técnicas de plantio, manejo do solo, cuidado com as plantas, assim como técnicas de proteção da estrutura do solo.  

Portanto, percebe-se que a horta contribuiu tanto para o consumo diário do aluno, como também pela mudança de seus hábitos alimentares.

A importância desse projeto foi de grande relevância, pois o tema horta contribuiu de forma positiva que foi dar oportunidade de aprender a cultivar plantas utilizando-as como alimentos.

Desta forma constatou-se que o equilíbrio do ambiente é fundamental para o planeta e que a vida depende do ambiente.

 

REFERÊNCIAS

 

CECANE PARANÁ. A agricultura familiar e o programa nacional de alimentação escolar – PNAE. Curitiba, 2010.

 

FAVARETTO, José Arnaldo, CLARINDA, Mercadante. Biologia. São Paulo: Moderna, 2003.

 

LINHARES, Sérgio, GEWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia Hoje- Os Seres Vivos. São Paulo: Ática, 1997.

 

MAGALHÃES, A. M.A horta como estratégia de educação alimentar em creche. Santa Catarina, 2003. 120f. Dissertação (Mestrado em agrosecossistemas). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

 

PAULINO, Wilson Roberto. Biologia Atual. São Paulo: Ática, 2002.

 

PIMENTA, J.C.;RODRIGUES, K.S.M. Projeto horta escola: Ações de educação ambiental na Escola Centro Promocional Todos os Santos, de Goiânia (GO).II Simpósio de Educação Ambiental e Transdisciplinaridade, Universidade Federal de Goiânia, Goiânia, maio de 2011.

 

Projeto-A Horta na Escola 12

 

SILVA, A. P. S. da; PASUCH, J.; SILVA, J. B. da. Educação infantil do campo. 1. Ed. São Paulo: Cortez, 2012.

 

WALLON, H. Psicopedagogia e educação da infância. Lisboa: Estampa,  1975.

 

 

 



[1] Formado em Ciências habilitação Biologia, Pós-graduado em Biologia Vegetal pela Universidade Cândido Mendes Atua na escola Selvino Damian Preve na cidade de Santa Carmem, Mato Grosso no ensino de ciências do 6 ao 9 anos.

[2] Formada em Pedagogia pela universidade Federal de Mato Grosso, Pós-graduada em Filosofia e Sociologia pela Universidade Cândido Mendes. Trabalha na escola municipal  Selvino Damian Preve na cidade de Santa Carmem, Mato Grosso nas séries inicias do Ensino Fundamental.